sábado, 10 de novembro de 2012

Meu mundo caiu - Xico Sá


XICO SÁ
Meu mundo caiu
Espero que o Palmeiras não faça a Maysa, trágica mulher de 'meu mundo caiu', e os clichês voltem
Amigo torcedor, amigo secador, ao contrário do meu corvo Edgar, o maior agourento do futebol do planeta, espero que o time do Palmeiras não faça a Maysa, a trágica musa de "meu mundo caiu", neste final de semana. Para o torcedor verde, valem todas as rezas e mandingas. Vale até falar com "a veia" do Luiz Américo, aquela que tem força na encruzilhada. Vale tudo nessa peleja antiqueda. Nada dói mais, diz quem já passou por isso, do que o baque da Segundona.
Até parece que foi ontem que o Palmeiras caiu. E tudo pode se repetir domingo, no jogo mais dramático do certame brasileiro. Contra o Fluminense, que tem deixado o tio Nelson Rodrigues com uma risada de glutão em banquete palaciano.
Espero não ver aquelas imagens que levam os câmeras e os secadores ao orgasmo ludopédico. Imagens típicas da queda: uma mulher bonita em prantos, um machão com o choro contido e uma criança em desespero. Poupem as crianças desse terceiro ato da tragédia palestrina.
Óbvio que, nessa hora, sempre vem aquele comentário, digno da linha autoajuda, do cara da televisão e do rádio: a segunda divisão faz muito bem a um time, é a chance de se reerguer e voltar mais forte. Toda essa lenga-lenga tipo David Copperfield, como dizia o menino do "Apanhador no Campo de Centeio".
O corvo Edgar não vê a hora. Ele ama o clichê sentimentaloide do futiba. Dramalhão é com a minha agourenta ave. Aprecia mesmo testemunhar uma tragédia anunciada. É perverso. "Nada como as lágrimas de uma mulher que frequenta estádios", vaticina a queda. "Eu quero ver o navio incendiar para comer peixe assado", detona o peste, com o seu mantra predileto.
Agora mesmo, concentrado em seu poleiro, o corvo já canta de véspera: "Meu mundo caiu / E me fez ficar assim / Você conseguiu / E agora diz que tem pena de mim".
Não caçoa, miserável, de quem vive o delicado momento. A torcida palmeirense não tem culpa de ter um time que teima em ser pequeno, só para contrariar a incomensurável história. Estamos falando de um octocampeão brasileiro.
Um time que, na próxima temporada, pode estar entre o céu e o inferno. Na Segundona e na Libertadores. Duas competições, aliás, que exigem não apenas bons jogadores, mas verdadeiros cowboys da Pompeia no agreste e nas cordilheiras.
Espero que o corvo Edgar esteja errado e amanhã não seja o dia da queda. Mas, caso não tenha jeito, amigo palmeirense, aconselho um belo refúgio para confortar sua alma depois da partida. Lá em Prudente tem uma das melhores casas consoladoras de homens tristes.
Aquela mesma que o Ronaldo frequentou antes de um jogo do Corinthians. Sim, o Pop's Drinks, onde reina, entre outras deusas, a Bruna Paraguaia, infinitamente mais linda do que a Larissa Riquelme, a musa da última Copa do Mundo.

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