sábado, 17 de novembro de 2012

"Os rumos da prosperidade" no Cifras&Letras - Álvaro Fagundes


CIFRAS & LETRAS
CRÍTICA ECONOMIAS EMERGENTES
Indiano se contrapõe à visão de prosperidade para os Brics
Em livro cético, executivo do Morgan Stanley desconstrói previsões de rival
ÁLVARO FAGUNDESEDITOR-ADJUNTO DE “MERCADO”A nomeação nesta semana de Xi Jinping, 59, como secretário-geral do Partido Comunista chinês e a confirmação de que assumirá a Presidência do país em março do ano que vem são sinais de problemas para quem aposta na "futurologia" ao analisar os mercados emergentes.
Embora pouco se saiba sobre as ideias de Xi, atual vice-presidente do país que é hoje o principal motor do PIB global, surgem -com uma frequência assustadora- novas previsões ou estudos sobre os rumos da economia mundial em 30, 40 anos.
A cautela, por sua vez, é uma das marcas de "Os Rumos da Prosperidade", e este é um dos méritos do livro do indiano Ruchir Sharma, chefe do fundo de mercados emergentes do banco norte-americano Morgan Stanley.
Sharma vai na linha oposta à de Jim O'Neill, o economista do Goldman Sachs que criou o acrônimo Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) e que não se absteve de prever o futuro desses países até 2050.
Previsões com mais de dez anos para as economias emergentes, observa o indiano, estão fadadas a ficar obsoletas, seja pelo surgimento de uma nova tecnologia (como a internet), seja pela troca de lideranças -o chinês Xi e a incógnita sobre o que pensa formam um caso claro.
A vantagem de quem olha o mundo com tamanha distância, lembra, é que "não pode ser responsabilizado por essas previsões", em uma clara estocada em O'Neill -é necessário lembrar que Goldman Sachs e Morgan Stanley, os dois maiores bancos de investimento dos EUA, são rivais ferozes.
Ao mirar um prazo mais curto, e com ceticismo, o indiano não acredita que a "era dourada" dos emergentes, vista na década passada, vá perdurar nem que "novas Chinas" surgirão com a facilidade vendida por muitos, já que a ascensão das commodities, aposta, chegará ao fim.
SEM EUFORIA
"Os Rumos da Prosperidade" ganha força quando, com seu olhar de investidor, Sharma mostra a sua visão sobre os emergentes consolidados no nosso imaginário nos últimos anos -Brics, México, África do Sul, entre outros.
A China, por exemplo, não é recebida com a euforia de quem acredita que mais anos de crescimento de 10% virão pela frente, mas também não é vendida -como apostam alguns- como caminhando para repetir a queda de alguns tigres asiáticos após a crise de 1997-1998.
Para o Brasil, ele vê uma promoção exagerada e prevê uma década difícil por vários dos motivos já conhecidos: infraestrutura falha, gastos excessivos do governo etc.
O livro de Sharma derrapa, porém, quando ele tenta vender os seus próximos "milagres econômicos". As regras firmes que ele cobra dos emergentes mais conhecidos perdem vigor na hora avaliar as Filipinas ou a Indonésia.
O presidente filipino Benigno Aquino 3º é mostrado como uma esperança, apesar da pouca expressividade como senador. A corrupção na Indonésia é vista com mais condescendência por ser mais "eficiente": é rápido e relativamente fácil descobrir quem subornar.
OS RUMOS DA PROSPERIDADE
AUTOR Ruchir Sharma
EDITORA Campus-Elsevier
QUANTO R$ 69,90 (288 págs.)
TRADUÇÃO Maria Lúcia de Oliveira
AVALIAÇÃO Regular


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