terça-feira, 1 de janeiro de 2013

61º prefeito de São Paulo, Haddad assume com impasse sobre inspeção

FOLHA DE SÃO PAULO

Mudança na vistoria de veículos faz futuro secretário pedir aval do Partido Verde para assumir cargo
Petista implanta cinco comitês para gerenciar andamento de projetos; posse ocorre hoje às 15h em evento na Câmara
Adriano Vizoni/Folhapress
DE SÃO PAULOEleito com 3,4 milhões de votos, Fernando Haddad, 49, assume hoje como o 61º prefeito de São Paulo, tendo como prioridade o enfrentamento de velhos problemas vividos pela população.
Entre eles estão enchentes, má qualidade dos serviços na saúde e educação, gargalos no planejamento urbano, falta de moradias no centro e de empregos na periferia e, os mais recentes deles, o fim da cobrança da taxa de inspeção veicular e as mudanças na política de vistoria de veículos.
O futuro secretário do Verde e do Meio Ambiente, vereador Ricardo Teixeira (PV), esteve numa reunião com integrantes de seu partido ontem, como antecipou o jornal "O Estado de S. Paulo".
Folha apurou que ele mesmo procurou a direção do PV porque ficou desconfortável com a decisão de Haddad de dar fim à inspeção anual -o petista vai flexibilizá-la, tornando-a obrigatória a cada dois anos e só para carros com cinco anos ou mais de uso.
O PV é defensor da inspeção como está. A direção do partido, porém, diz que, por ser um convite pessoal, o próprio vereador decidirá se segue ou não no cargo.
Segundo a assessoria de Haddad, Teixeira é aguardado na posse e deve assumir. Procurado, ele não retornou às ligações da Folha.
FINANÇAS
Haddad terá ainda de equalizar a situação financeira da prefeitura, principalmente a dívida com a União.
Seus primeiros decretos, que serão publicados amanhã no "Diário Oficial" da cidade, reorganizam as 27 secretarias municipais e criam cinco comitês temáticos destinados a cuidar de projetos comuns de determinada área.
Cada comitê terá um gerente de projeto, que fará relatórios trimestrais sobre o estágio de cada atividade.
A posse de Haddad será às 15h, na Câmara. Ele e a vice-prefeita Nádia Campeão (PCdoB) serão empossados por Toninho Paiva (PR), 70, o mais velho dos vereadores.
Depois, Haddad vai à prefeitura receber o cargo de Kassab. Entre os 1.500 convidados para a cerimônia, está o ex-presidente Lula.

    Posse de Haddad terá 1.500 convidados, entre eles Lula
    DE SÃO PAULOA maratona de Fernando Haddad (PT) em seu primeiro dia como prefeito de São Paulo começa hoje às 15h, na Câmara Municipal, quando tomará posse do cargo.
    Haddad decidiu passar o Réveillon com familiares e amigos e não ir à avenida Paulista, na festa da virada.
    O prefeito e a vice-prefeita, Nádia Campeão (PC do B), e os 55 vereadores eleitos serão empossados por Toninho Paiva (PR), 70, o mais velho entre os parlamentares.
    Encerrada a posse, prefeito e vice deixarão a Câmara para se encontrar com Kassab e a ex-vice-prefeita Alda Marco Antonio (PSD) na prefeitura para a transmissão oficial do cargo.
    Foram convidadas 1.500 pessoas para a cerimônia, no terceiro andar do edifício Matarazzo. O convidado mais ilustre é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, padrinho político de Haddad.
    Os secretários indicados por Haddad também devem participar, com exceção dos cinco vereadores, que continuarão na Câmara para participar da eleição da nova mesa diretora da Casa -José Américo (PT) deve ser eleito presidente, tendo Claudinho de Souza (PSDB) como primeiro secretário.
    TELÕES E FESTA
    Foi instalado um enorme toldo em frente à prefeitura, no viaduto do Chá, para os convidados que não conseguirem lugar dentro do prédio. Há, ainda, dois telões -um debaixo do toldo, outro na praça do Patriarca, para que não tiver convite e quiser assistir aos discursos.
    Após os discursos, Haddad e Nádia receberão os cumprimentos dos convidados.
    O dia do prefeito não termina aí. Ele desistiu de comemorar a posse em um bar no centro de São Paulo, mas ninguém nega que essa festa, sem hora para acabar, vá acontecer em outro local.

      FOCO
      Kassab é o terceiro prefeito a ficar mais tempo no cargo
      DE SÃO PAULOSeis anos, nove meses e um dia. Esse é o tempo que Gilberto Kassab (PSD) passou à frente da Prefeitura de São Paulo, desde a renúncia de José Serra, em 31 de março de 2006, até hoje, passando pela eleição de 2008.
      É um recordista, ou quase. No livro recém-lançado "Em Busca da Melhor Cidade", editado pelo PSD, partido do qual é presidente, Kassab recebe o crédito de "prefeito que ficou mais tempo no cargo" na história da cidade.
      O livro está errado. Sexagésimo prefeito efetivo de São Paulo -desconsiderando intendentes e interinos-, Kassab é o terceiro com mais tempo no cargo.
      Antonio Prado foi o primeiro prefeito paulistano, nomeado pela Câmara na época. Ficou no cargo 12 anos e 8 dias -de 7 de janeiro de 1899 a 15 de janeiro de 1911.
      Realizou obras que mudaram a cara do centro. Construiu, por exemplo, a av. Tiradentes, a Pinacoteca do Estado, a estação da Luz e o Theatro Municipal (entregue meses após sua saída).
      Francisco Prestes Maia é o segundo prefeito mais longevo. Entre 1º de maio de 1938 e 10 de novembro de 1945, ficou sete anos, seis meses e nove dias na prefeitura, nomeado pelo então interventor Adhemar de Barros. Em 1961, desta vez eleito, ficou mais quatro anos no cargo.
      Prestes Maia pode ser superado por Fernando Haddad (PT) como segundo prefeito com mais tempo ininterrupto no cargo, caso o petista termine dois mandatos. Mesmo assim, no entanto, Prestes Maia ainda manterá o posto de segundo no ranking da prefeitura, somando seus dois períodos.

        Desafios de Haddad
        Primeiros dias serão dedicados à prevenção das chuvas e data do reajuste da tarifa de ônibus; só depois entram prioridades da gestão como saúde, emprego e moradia
        EVANDRO SPINELLIDE SÃO PAULOAdvogado, professor universitário, ex-ministro da Educação, Fernando Haddad (PT), 49, toma posse hoje, às 15h, como o 61º prefeito da cidade de São Paulo.
        Eleito com 3,4 milhões de votos, ele terá o desafio de tentar solucionar uma série de problemas que há décadas afligem os moradores da maior metrópole brasileira.
        Entre as metas estão melhorar o atendimento na saúde e promover mudanças urbanas e econômicas que gerem empregos na periferia e moradia de qualidade no centro, incluindo a aprovação de um novo Plano Diretor, Código de Obras, Lei de Zoneamento e novas operações urbanas.
        Mas, em seus primeiros dias de despacho no quinto andar do edifício Matarazzo, no centro, Haddad deve colocar em sua agenda dois temas prioritários: a situação financeira da prefeitura e as fortes chuvas que atingem a cidade.
        ALERTA PARA CHUVAS
        O prefeito já determinou aos secretários das áreas envolvidas atenção total ao problema. As prioridades são monitorar as áreas de risco -para evitar mortes em alagamentos e deslizamentos- e fiscalizar com rigor o trabalho das empresas de limpeza pública, para garantir que o lixo não entupa as bocas de lobo.
        Haddad recebe a prefeitura sem grandes preocupações financeiras. Ele tem cerca de R$ 6 bilhões em caixa, sendo R$ 2,5 bilhões comprometidos com despesas já feitas em 2012 e R$ 3,5 bilhões "carimbados" em áreas como saúde, educação e obras de operações urbanas -como o túnel de ligação da av. Roberto Marinho com a rodovia dos Imigrantes, que iniciou efetivamente na semana passada.
        Para poder cumprir seus compromissos de campanha, ele precisa reduzir gastos e aumentar a receita.
        Por isso, vai se dedicar nos próximos dias a definir a data em que entrará em vigor o aumento da tarifa de ônibus. Ele disse que não fará reajuste superior à inflação. Como o último reajuste foi há dois anos, a inflação já acumula 11,84%, o que elevaria a tarifa a R$ 3,36, no máximo.
        O reajuste visa conter o crescimento dos subsídios às viações, que em 2012 atingiram o recorde de R$ 961 milhões. A cada mês sem aumento de tarifa, ele gastará R$ 35 milhões a mais em subsídios. Para 2013, estão previstos R$ 660 milhões.

          BICICLETAS
          Cicloativistas marcam ato para a posse
          Um protesto para cobrar a retomada de um projeto de 2008, que prevê a construção de 142 km de ciclovias permanentes em São Paulo, foi organizado pelo Facebook para ocorrer a partir das 13h, na Câmara, horas antes da posse de Haddad. Ontem, mais de 800 pessoas haviam confirmado presença pelo site.

            Nenhum comentário:

            Postar um comentário