terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Tereza Cruvinel - Ano novo‏

Os últimos vinte anos foram bem aproveitados pelo Brasil. Hoje começa um ano que vem com déficits mas tem tudo para ser produtivo e manter o país na trilha dos avanços%u2019 

Estado de Minas: 01/01/2013 
Comecemos o ano com poesia, ainda que buscando a leitura política. “Os dias do futuro estão em frente a nós/ como uma longa fila de círios acesos/ Dourados, quentes, vivos, pequeninos círios/ Os dias do passado ficam para trás/ como triste fileira de apagados círios”’(Konstantyn Kavafys).

Somos todos feitos de tempo, de círios que não devem ser queimados em vão: as pessoas, as instituições, os países. Os últimos 20 anos foram bem aproveitados pelo Brasil. Hoje começa um ano que vem com déficits mas também com as condições para ser produtivo e manter o país na trilha dos avanços.

Não haverá eleições, com suas tensões, interdições e fortes antagonismos. Novos prefeitos tomam posse hoje, herdando problemas mas olhando para frente. A presidente e os governadores poderão se dedicar inteiramente à gestão, ainda que pensando em faturar eleitoralmente no ano que vem. O Congresso, com as mesas diretoras renovadas, deve buscar o prestígio perdido. O Judiciário, em bom momento, deve conter o ímpeto hegemonista.

Na economia, as medidas contra a crise externa já foram tomadas. A reação demorou, mas começou no final de 2012. O crescimento foi baixo mas o emprego e os salários fecharam em alta. A nova classe média se consolidou, fortalecendo o mercado interno. Esses são os elementos favoráveis a que o ano seja menos conturbado e mais produtivo para o Brasil.

Mas há problemas e elementos nefastos e o dia é propício a recordá-los. Haverá crescimento este ano, garantem analistas céticos e economistas engajados. Mas para crescer sustentavelmente, o foco no consumo terá que ganhar uma inflexão pró-investimento. O governo tomou medidas para modernizar e ampliar a infraestrutura, atraindo o setor privado para as parcerias. Mas faltam ainda iniciativas na área de inovação e tecnologia, o que exigirá mudanças drásticas na educação. As políticas sociais, o crédito e a distribuição de renda reduziram indiscutivelmente a pobreza e a desigualdade, mas a inflação nos espreita e, se tiver chance, pode devorar os ganhos obtidos pelos mais pobres.

A união federativa resistiu a muitos solavancos desde a independência mas o ano começa com a maioria dos municípios empobrecidos e disputas entre os estados e a União. Continuam irresolvidos problemas como a distribuição dos royalties do petróleo e dos recursos do Fundo de Participação dos Estados (FPE), a unificação das alíquotas do ICMS e a correção das dívidas estaduais, entre outros. Começa também com disputas entre os poderes, com o Judiciário avançando sobre os espaços normativos que o Congresso não ocupou. Por fim, há uma antecipada ansiedade com a disputa eleitoral de 2014. PT e PSDB, partidos polares do sistema, bem podiam se conter, sem deixar de se preparar para ela. O ano nos traz favores e desfavores mas, na balança, as condições permitem que a luz do círio seja bem queimada em 2013.

Feliz Ano Novo ao Brasil e aos brasileiros.

Preliminar

A reunião que o senador Aécio Neves teve após o Natal com os economistas Armínio Fraga, Pedro Malan e Edmar Bacha, presente o ex-presidente Fernando Henrique, foi uma preliminar para a formulação de seu discurso na pré-campanha presidencial. Denúncias de corrupção e temas polêmicos, como aborto, darão lugar a critica permanente aos pontos fracos da gestão Dilma. “Aécio apresentará um projeto alternativo. O mercado e os investidores estão muito inseguros, a médio e longo prazos, com alguns traços do governo, como o viés estatista e intervencionista e a incerteza regulatória. Isso não é bom para o Brasil”, diz o deputado Marcus Pestana, um dos arqueiros de Aécio.

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