quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

FERNANDO BRANT » Quosque tandem?‏


Estado de Minas: 30/01/2013 
Meu baú de esperança parece não ter fundo. Por mais que os fatos insistam em jogar baldes e baldes de água fria em minhas crenças eu, teimoso, costumo agir como diz a minha letra de Coração civil: “se o poeta é o que sonha o que vai ser real, bom sonhar coisas boas que o homem faz e esperar pelos frutos no quintal”.

Mas o que vemos acontecer e o que se fala no Brasil de hoje, e certamente também de outros tempos, é de desanimar. Os eleitos para administrar a nação, está cada vez mais evidente, não estão preparados para enfrentar os desafios que o Brasil precisa superar para alcançar a grandeza que nosso povo merece. Ou enxergam com as viseiras da ideologia ou da busca de se enriquecer na atividade pública, ou falta-lhes noção e ciência para planejar e gerir o nosso presente, caminho necessário para a construção do futuro que teima em não chegar. Ele está logo ali, dizem, mas a vitória não vem nunca. Todas as oportunidades são jogadas no lixo pela procura de conquistar e manter o poder político, objetivo único dos que deveriam conduzir a trajetória.
Meu amigo Paulo Rogério não cansa de se indignar. Uma hora contra as mineradoras, que saqueiam Minas Gerais, levam nossas riquezas, deixando crateras enormes, ferindo nossa natureza e matando brasileiros a toda hora pelo estrago que fazem em nossas rodovias. Ele é um dos responsáveis pela luta por royalties justos para a terra mineira e a paraense.

Agora ele esteve em Portugal, percorrendo o trajeto que vai de Lisboa a Évora, patrimônio cultural da humanidade. De uma ponta a outra, 105 quilômetros de estrada de rodagem moderna, segura, pistas duplas. Um passeio deslumbrante. Mas de que reclama o meu amigo?

É que no dia da viagem por cima do Atlântico, ele ficou sabendo da intenção presidencial de construir um aeroporto a 30 quilômetros de Ouro Preto, para desenvolver o turismo na Vila Rica, também patrimônio cultural da humanidade. 
Para que gastar milhões de reais para se construir um aeroporto se, com muito menos dinheiro público, poder-se-ia, agora que parece que vão duplicar a estrada que liga Belo Horizonte a Juiz de Fora, modernizar e tornar segura a Rodovia dos Inconfidentes?

Com rodovia decente e levando-se em conta a paisagem monumental que envolve o caminho, teríamos uma viagem de 100 quilômetros desde Belo Horizonte até o berço da conjuração e da cultura mineiras. Sem falar nas vidas que deixaríamos de perder nos acidentes rodoviários. Pois, com ou sem aeroporto local, quase todos os brasileiros continuariam a utilizar os carros e os ônibus. Até quando abusarão de nossa paciência?

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