segunda-feira, 11 de março de 2013

Conflito entre aliados cria risco para Dilma nos Estados

folha de são paulo

PT e PMDB planejam lançar candidatos próprios a governador em nove Estados
Tensão entre as duas maiores legendas do bloco governista pode causar embaraços para campanha à reeleição
LUIZA BANDEIRADE SÃO PAULOOs dois maiores partidos da coalizão que sustenta o governo da presidente Dilma Rousseff estão em conflito na montagem dos palanques da disputa pelos governos estaduais nas eleições de 2014.
A um ano e meio da disputa, PT e PMDB preveem que estarão em campos opostos em 16 Estados. As duas siglas governistas devem lançar candidatos próprios a governador em nove desses Estados.
A rivalidade poderá criar dificuldades para a campanha de Dilma à reeleição, prejudicando a mobilização das máquinas dos dois partidos a seu favor nesses lugares.
Do ponto de vista do governo, a situação atual é mais preocupante do que a observada em 2010, quando Dilma foi eleita. Naquele ano, PT e PMDB estiveram em campos adversários em 13 Estados.
O PMDB é o principal aliado de Dilma. Além de ser a legenda do vice-presidente Michel Temer, é a sigla que comanda a Câmara e o Senado.
Numa convenção realizada no início do mês, o partido aprovou uma resolução contra a participação de seus integrantes nos palanques de candidatos adversários.
A tensão com o PT é grande no Rio de Janeiro. O senador Lindbergh Farias (PT) anunciou que concorrerá ao governo estadual, mas o PMDB quer o apoio do PT para lançar o atual vice-governador, Luiz Fernando Pezão.
Na Bahia, o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) quer disputar o governo estadual, mas o governador Jaques Wagner (PT) prefere alguém do PT para a sua sucessão.
Nas eleições de 2010, quando Geddel concorreu contra Wagner, um acordo que previa a participação de Dilma na campanha do peemedebista jamais foi cumprido.
Em Mato Grosso do Sul, onde o PMDB também planeja lançar candidato próprio, o partido considera até mesmo a possibilidade de apoiar o senador Aécio Neves (PSDB-MG) para presidente, afastando-se da campanha de Dilma.
Líderes das duas siglas ainda acham possível chegar a um acordo em alguns Estados. "Só desisto na última hora. Faremos todas as tentativas para que haja convergência com a chapa nacional", disse o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO).
"O esforço do PMDB, do PT e dos outros partidos da base é para ter palanque único", afirmou o senador Wellington Dias (PT-PI). "Mas sempre tem caso em que a gente não consegue fazer isso."

    ANÁLISE
    História ensina necessidade de nacionalizar as candidaturas
    RAFAEL SANTOS CORTEZESPECIAL PARA A FOLHAA história ensinou aos partidos a necessidade de nacionalizar as candidaturas a fim de garantir competitividade na disputa pelo cargo mais importante da República.
    O bom desempenho na região de origem do candidato é insuficiente para voos nacionais, como atestam as experiências fracassadas de líderes estaduais como Paulo Maluf, Orestes Quércia e Leonel Brizola, entre outros.
    As bases de apoio são construídas pela articulação das disputas federais e estaduais. Assim, o candidato nacional recorre aos seus parceiros da base para encontrar nomes competitivos nos Estados.
    Não por acaso, PT e PMDB iniciaram um processo de barganha que afeta a estratégia da candidatura da presidente Dilma Rousseff.
    A negociação é complexa. Embora aliados no plano federal, PT e PMDB têm ambições estaduais. No mundo ideal, um candidato em cada Estado representaria o campo dilmista, refletindo a nacionalização da disputa.
    Os dois partidos, porém, são adversários históricos em algumas regiões, o que resulta em palanques duplos. O risco para Dilma está num possível acirramento do conflito, o que limitaria a mobilização partidária.
    A nacionalização das candidaturas faz parte da estratégia de comunicação governista. Em tese, o alinhamento da base deveria facilitar o processamento das mensagens políticas pelo eleitor.

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