quarta-feira, 27 de março de 2013

Livro revê 120 anos da Confeitaria Colombo

folha de são paulo

fABIO BRISOLLA
DO RIO

O poeta Olavo Bilac pedia sempre o empanado de camarão. Já o escritor Machado de Assis preferia os salgadinhos folhados da Confeitaria Colombo, ponto de encontro da alta sociedade carioca no início do século 20.
Tomás Rangel/Folhapress
O salão da Confeitaria Colombo, no Rio
O salão da Confeitaria Colombo, no Rio
Parte dessa história, incluindo algumas receitas centenárias, ganha um registro oficial com o lançamento do livro "Confeitaria Colombo - Sabores de uma Cidade", escrito pelo historiador Antonio Edmilson Martins Rodrigues e por Renato Freire, desde 2000 chef-executivo da cozinha do tradicional endereço no centro do Rio.
Com 200 imagens, a publicação combina de cenas de arquivo a registros recentes do cardápio feitos pelo fotógrafo Pepe Schettino.
A lista inclui pastel de nata, biscoitos casadinhos, camarão com chuchu e bacalhau crespo de baroa. São 20 receitas, algumas prestes a completar 120 anos, como o mil-folhas de creme.
SÉCULO 19
Inaugurada em setembro de 1894 na rua Gonçalves Dias, a Colombo extrapolou o conceito de confeitaria.
Pepe Schettino/Divulgação
Mil-folhas da Confeitaria Colombo
Mil-folhas da Confeitaria Colombo
No auge, o estabelecimento fundado pelo português Manuel Lebrão chegou a ter restaurante, mercado, fábrica de doce (onde se produzia a geleia de mocotó Colombo) e um serviço de "catering" que atendia com frequência as recepções do Itamaraty.
Frequentador assíduo, Olavo Bilac atraiu para o local seus colegas da Academia Brasileira de Letras.
Em pouco tempo, o lugar virou um ponto de encontro de intelectuais, políticos, empresários, artistas e demais personagens que circulavam por ali. Por lá passaram Lima Barreto, Machado de Assis, Aluísio de Azevedo, Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek.
De acordo com os registros da confeitaria, Heitor Villa-Lobos chegou a estar entre os músicos que se apresentavam na casa em 1922.
O declínio veio com a transferência da capital para Brasília em 1960 e acentuou-se nas décadas seguintes.
"As receitas tradicionais foram esquecidas ao longo do tempo. Quando fui convidado para assumir a cozinha, procurei resgatar essas referências", lembra Freire, há 13 anos na confeitaria.
A mudança começou em 1999, com a venda para os irmãos e empresários Maurício e Roberto Assis, que contrataram o chef Danio Braga para reorganizar a casa.
Freire ainda se lembra da primeira conversa com Danio no salão da Colombo: "A casa estava escura, vazia, os funcionários visivelmente desanimados".
Atualmente, a Colombo serve em média 3.000 pessoas por dia em suas duas unidades. A segunda delas surgiu em 2003, no forte de Copacabana, onde as receitas de doces e salgados dos séculos passados são servidas com um diferencial deslumbrante: a vista das praias da zona sul da cidade.
Confeitaria Colombo, sabores de uma cidade
Autores: Renato Freire e Antonio Edmilson Martins Rodrigues
Editora: Casa da Palavra
Quanto: R$ 98 (256 págs.)

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