sábado, 8 de junho de 2013

Eduardo Almeida Reis - Emoções‏

Todos os que estavam na agência, funcionários e clientes, sem exceção de um único, desandaram a cantar comigo 


Eduardo Almeida Reis

Estado de Minas: 08/06/2013 


Roberto Carlos passou a noite de ontem para hoje cantando em Juiz de Fora, show anunciado com grande antecedência: deve ter sido um sucesso. Não fui, porque já passei da idade de ir a shows noturnos, mas me lembrei de uma tarde em que entrei na agência dos Correios, em Três Rios, cantarolando uma de suas músicas e todos os que estavam na agência, funcionários e clientes, sem exceção de um único, desandaram a cantar comigo. O episódio diz bem do prestígio do filho de Lady Laura na década de 1970, há mais de 35 anos, sedução que continua até hoje.
Nascido em abril de 1941, o artista anda pelos 72 aninhos e não para de trabalhar. Deve estar muito bem de vida, a exemplo de seu colega Sir James Paul McCartney, que faz 71 no próximo dia 18 e está com o burro amarrado à sombra, sem deixar de trabalhar. Por mais que tenham jatinhos, secretárias, suítes presidenciais, massagistas e quejandos – essa movimentação é cansativa até para cavalheiros mais jovens. Pena que o incessante labutar dos dois e de outros poucos, igualmente ilustres, não sirva de exemplo para milhões (bilhões?) de trabalhadores em todo o planeta, que só falam de aposentadoria.
Não pense o leitor que o seu philosopho tenha o hábito de entrar cantando nas agências dos Correios. Deu-se que o gerente do Banco do Brasil em Três Rios, paulista de Taubaté, excelente amigo, sabendo de minhas relações com a então diretoria do banco, pediu-me que fosse ao Rio para tentar conseguir sua transferência para uma agência paulista, pleito considerado impossível.
Combinamos a data, saí da fazenda de terno e gravata, o gerente conseguiu emprestado o bimotor do frigorífico trirriense. Meia hora depois estávamos no Aeroporto Santos Dumont, onde o piloto ficou à nossa espera. De táxi logo chegamos ao prédio do BB, procurei o chefe do gabinete do presidente, que consultou a lista de gerências disponíveis e descobriu uma agência no Vale do Paraíba a 20 minutos de automóvel da cidade onde nasceu o bancário. Transferência autorizada no ato.
Foi sorte e foi fácil: o “impossível” acontece. Emocionado, quase chorando, o gerente me convidou para almoçar num ótimo restaurante do hipercentro do Rio. Excedi-me nos uísques e devo admitir que, depois do rápido voo de volta, cheguei a Três Rios ainda muito bêbado. O que explica o fato de, engravatado, entrar na agência dos Correios cantando as músicas de Roberto Carlos Braga.

Toda nudez
Peço ao leitor que não espalhe, mas em 1963 o philosopho já era nascido. Ainda não estava na redação de O Globo, o que só aconteceu, precoce que era, alguns anos depois. Vejo agora, na edição de 12 de março e na seção “Há 50 anos” daquele jornal, esta pérola de notícia: "Manifestantes enfrentaram o inverno, em frente à Casa Branca, protestando contra a nudez dos animais em geral, e, em particular, dos cavalos em que Jacqueline Kennedy e sua filha Caroline passeiam nos jardins presidenciais. São membros da Sociedade contra a Indecência dos Animais Nus, que alega ter milhares de associados nos EUA”.

Pois é: já existiu uma Sociedade contra a Indecência dos Animais Nus, meio século antes das ativistas do grupo Femen, que exibem seus peitinhos por qualquer motivo e até sem motivo algum. Venho dando tratos à bola para escrever algo que as irrite, porque sonho com ativistas do Femen de peitos de fora aqui na calçada, ou, o que seria muito melhor, uma de cada vez no apê do philosopho. Mais que uma não dá e com umazinha já vai ser difícil, mas a gente tenta; só não sei a gente guenta. Pela atenção, muitíssimo obrigado.

O mundo é uma bola
8 de junho de 68: Galba é declarado imperador pelo Senado Romano. Lucius Livius Ocella Servius Sulpicius Galba foi o primeiro dos quatro imperadores de 69, conhecido como “o ano dos quatro imperadores”. Estatura mediana, careca, olhos azuis, nariz aquilino, tinha as mãos e os pés tão desfigurados pela gota, que não podia suportar calçados nem desenrolar um papiro.

Teve brilhante carreira política e foi assassinado aos 72 anos quando resolveu implantar política de austeridade. Conheço gente que trata da gota comendo salsinha. Dizem que a gota é consequência dos litros que o paciente entornou.
Em 452, Átila invade a Itália. Ele mesmo, o Flagelo de Deus, o mais poderoso rei dos hunos. Baixo de estatura, peito largo e cabeça grande, olhos pequenos, barba fina e salpicada de fios brancos. Tinha o nariz chato e era moreno, evidenciando sua origem. Seu império era imenso. Morreu aos 47 anos depois de celebrar sua última boda com uma goda.
É o que sempre digo: na avançada idade de 47 anos o cavalheiro tem mais é que sossegar o facho, sem essa de casar com uma goda, nativa do povo germânico que, no Ocidente, granjeou fama de bárbaro. Átila tinha um harém e sua favorita chamava-se Kreka, com quem teve três filhos.
Hoje é o Dia do Citricultor, bem como do Oceanógrafo e do Oceanólogo.

Ruminanças
“Laranja madura na beira da estrada tá bichada, Zé, ou tem marimbondo no pé.” (Ataulfo Alves, 1909-1969)

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