domingo, 28 de julho de 2013

Favor não confundir ato de repúdio com violência e opressão. - Cynthia Semíramis

Interessantíssimo ver gente que nunca se incomodou ou se manifestou contra a invasão e destruição de terreiros comparando essa agressão à performance de ontem na Marcha das Vadias do Rio de Janeiro. Não tem nada a ver: estão confundindo opressão com ato de repúdio.

Invadir um local de culto pra quebrá-lo e aniquilá-lo é bem diferente de, dentro de uma atividade política específica que é a Marcha das Vadias, ser feita uma performance quebrando algumas estátuas que simbolizam a opressão religiosa católica contra mulheres.

Vamos lembrar aqui do básico: em relação aos direitos das mulheres (que é o foco da Marcha das Vadias), a Igreja Católica e seus símbolos são opressores porque impõem um estilo de vida que trata a mulher como inferior e procura controlar seu corpo e sua sexualidade. Quebrar esses símbolos significa dizer que não concorda com a opressão que eles impõem: é um ATO DE REPÚDIO a um posicionamento religioso opressor.

Cristão invadindo e destruindo terreiro é opressão, é violência. Estão agindo pra manter a ordem religiosa que exclui quem não é cristão.

Os resultados dos atos são bem diferentes. O ato de repúdio na marcha das vadias não vai mudar a estrutura da igreja, os cultos católicos continuam existindo, a doutrina católica vai continuar agredindo mulheres (vide a distribuição de fetos e terços de fetos durante a Jornada Mundial da Juventude, demonstrando que não-nascidos são mais importantes que mulheres), inclusive influenciando políticas públicas que violam o Estado laico. A violência que é a invasão do terreiro é opressão, pois impossibilita a prática religiosa e cala a voz dos seus fieis. São dimensões bastante diferentes, não tem como comparar nem dizer que são equivalentes.

Favor não confundir ato de repúdio com violência e opressão.

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