sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Da Europa para o mundo


Da Europa para o mundo
A decisão do Banco Central Europeu (BCE) de socorrer países muito endividados que se comprometam com reduções drásticas do deficit orçamentário diminuiu sensivelmente o risco de que tais nações se vejam obrigadas a abandonar o regime de moeda única. Diminuir o risco, porém, não significa que as dificuldades estejam a ponto de ser superadas.
O rebaixamento da nota de crédito da França pela agência Moody's é apenas a manifestação mais recente do círculo vicioso em que ainda se encontra a Europa: a necessidade de cortar gastos públicos acarreta crescimento ainda menor do PIB, o que por sua vez compromete o próprio ajuste (pois uma economia que produz menos também recolhe menos tributos).
Não foi por outra razão que se adiou a parcela de € 44 bilhões do socorro à Grécia. A recessão veio muito mais profunda do que o esperado, aniquilando a chance de estabilizar a dívida pública grega em 120% do PIB até 2020. Apesar da resistência de vários governos, como o da Alemanha, um perdão parcial da dívida é inevitável.
A perspectiva é a de estagnação na eurozona em 2013. O FMI projeta crescimento de 0,2%, mas já se fala até em recessão moderada.
No restante do mundo desenvolvido, o cenário tampouco é animador. Nos EUA, o risco de recessão cresce com a vertigem do "abismo fiscal", a subtração de 4% do PIB que ocorrerá se o Congresso não se puser de acordo sobre um programa de reequilíbrio orçamentário até o início de 2013.
Mesmo que haja acordo, é pouco provável que os EUA escapem de uma contração moderada do dispêndio governamental e de um crescimento anêmico de 2% no PIB em 2013. Reino Unido e Japão permanecem estagnados.
Do lado dos emergentes, há otimismo contido, insuficiente para alterar o quadro global. A retomada na China, moderada, trará crescimento entre 7,5% e 8% no curto prazo, mas a dificuldade de ajustar a economia para um formato ancorado em consumo privado, e não só no investimento estatal, pode resultar em desaceleração mais séria nos próximos anos.
O Brasil deve andar melhor em 2013, com alta do PIB de 3% a 3,5% (contra 1,5% em 2012). Nada exuberante; tampouco uma catástrofe.
A perspectiva global permanece medíocre. O ano de 2013 ainda será de ajuste de contas e, exceto pela incerteza criada pelo impasse parlamentar nos EUA, os riscos maiores ainda se concentram na combalida Europa.

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