quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Osesp e Nelson Freire dão brilho a Villa-Lobos em discos de fora

FOLHA DE SÃO PAULO

CRÍTICA MÚSICA ERUDITA
SIDNEY MOLINACRÍTICO DA FOLHADesde meados do século 19, quando Liszt (1811-86) formatou o moderno recital e Brahms (1833-97) apontou novos caminhos formais, piano e sinfonia têm estado fortemente integrados à estrutura dos concertos de música clássica.
Villa-Lobos (1887-1959), por outro lado, tem sido mais conhecido pela incontestável importância de sua obra para violão e pelas formações idiossincráticas de seus "Choros" e "Bachianas Brasileiras", que nem sempre encontram espaço nos formatos convencionais das temporadas.
Por isso os lançamentos internacionais, por selos prestigiados, do primeiro volume integral das 11 sinfonias pela Osesp regida por Isaac Karabtchevsky (Naxos, R$ 40,60) e do álbum "Villa-Lobos & Friends" pelo pianista mineiro Nelson Freire (Decca, R$ 34) apontam novos caminhos para o processo de recepção da obra do carioca.
O CD da Osesp traz a "Sinfonia nº 6 - Sobre a Linha das Montanhas" (1944) e a "Sinfonia nº 7" (1945). São obras densas e opacas: trazem um Villa-Lobos diferente, estranho em sua maturidade.
Forma, harmonia e orquestração viram um só bloco, que parece se sobrepor inesperadamente a melodias e ritmos. O Brasil que está nelas viu ao longe a Segunda Guerra e passou pelo Estado Novo. É um Brasil mais real, menos pretensioso.
O CD de piano, por outro lado, traz Nelson Freire no auge da forma tocando música de Villa-Lobos e de outros sete compositores nacionais. É uma coleção de pequenas peças (a maioria utilizada como bis por Freire), todas velhas conhecidas dos pianistas brasileiros.
Mas é certo que a maioria dessas peças ainda é nova para o público habitual no exterior.
E nada melhor, neste momento, do que o som e o senso de equalização de Nelson Freire para apresentá-las.
Versões como as da "Valsa da Dor" (de Villa-Lobos) e o tríptico dedicado a Guarnieri (1907-93) estão no mesmo patamar de suas melhores performances de Chopin (1810-49) ou Debussy (1862-1918).
VILLA-LOBOS: "SINFONIA Nº 6" E "SINFONIA Nº 7"
AVALIAÇÃO ótimo
BRASILEIRO: VILLA-LOBOS & FRIENDS
AVALIAÇÃO ótimo

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