quinta-feira, 4 de abril de 2013

Kenneth Maxwell

folha de são paulo

Os desafios da zona do euro
O desemprego chegou a um patamar recorde na zona do euro nesta semana. A Eurostat, agência estatística da União Europeia, sediada em Luxemburgo, reportou que, em janeiro e fevereiro deste ano, o desemprego chegou a 12%, o nível mais elevado desde a criação do euro.
Isso representa um pano de fundo desanimador para a reunião mensal do Comitê de Política Monetária do Banco Central Europeu (BCE), marcada para hoje em Frankfurt.
A atual ortodoxia de medidas de equilíbrio do orçamento para reduzir a demanda geral evidentemente não está funcionando, embora seja muito improvável que o presidente do banco, Mario Draghi, disponha-se a admitir o fato.
Draghi é um economista italiano e já foi definido pelo jornal sensacionalista alemão "Bild" como "o mais alemão entre todos os candidatos restantes à presidência do BCE".
O "Bild", conhecido pelo conservadorismo e pelo nacionalismo, é o mais vendido entre os jornais alemães e é propriedade da Axel Springer AG. O jornal chegou a elogiar a promessa de David Cameron de promover um referendo sobre a participação britânica na União Europeia.
O vice-presidente do BCE é Vítor Constâncio. Economista português, ex-presidente do Banco de Portugal, Constâncio foi secretário-geral do Partido Socialista Português e muita gente o culpa pelo resgate a dois bancos portugueses falidos que vinham acumulando prejuízos havia anos por conta de maus investimentos, desfalques e fraudes contábeis. A política monetária de Portugal, como a da Grécia, está sujeita à supervisão da "troika" formada por Fundo Monetário Internacional (FMI), União Europeia e BCE.
Draghi enfrentará questões sobre as ações do BCE em relação a Chipre e sobre a imposição de controles de capital no país. Também sobre a capacidade do BCE para determinar taxas de juros válidas para todos os 17 países da zona do euro, onde dois blocos emergiram, separando os países do norte, que desfrutam de juros baixos, dos países do sul, que, na prática, não o fazem.
O desemprego na Alemanha está em 5,4% e, na Áustria, em 4,8%. Na Grécia, o índice é de 26,4% e chega a 58,4% entre os jovens. Na Espanha, é de 26,3% e de 55,7% entre os jovens. Em Portugal, é de 17,5% e de 38,2% entre os jovens.
Não surpreende que as estatísticas da Eurostat mostrem uma queda no padrão de vida em muitos países da zona do euro, e que 10% da população europeia tenha reportado que não pode arcar com o custo de uma refeição que contenha carne de boi, frango ou peixe, ou um substituto vegetariano, a cada dois dias.
No Brasil, em contraste, o desemprego ficou em 5,6% em fevereiro.

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