quinta-feira, 4 de abril de 2013

O rei do rock (in Rio)

folha de são paulo

THALES DE MENEZESENVIADO ESPECIAL AO RIOComeça hoje, às 10h, a venda de ingressos para o Rock in Rio 2013, quinta edição do festival, que acontece entre 13 e 22 de setembro.
Depois de 140 mil ingressos comprados em pré-vendas, serão oferecidos pela internet 455 mil ingressos.
Num cenário em que grandes shows no Brasil começam a dar sinais de saturação, com cancelamento de festivais, o publicitário Roberto Medina, 66, descarta tornar anual o bem-sucedido evento que criou em 1985.
"Eu fico um ano e meio trabalhando para fazer o negócio direito. Mesmo se conseguisse organizar a coisa em menos de um ano, acho que tornar o festival anual banalizaria o evento. Boa parte do sucesso vem dessa expectativa, de curtir a espera. É como Copa do Mundo."
Medina criou um modelo de evento musical para o Brasil e para exportação. O Rock in Rio é o único festival brasileiro que tem edições em Portugal (cinco eventos desde 2004) e na Espanha (três eventos desde 2008).
Para 2015, que marca 30 anos de festival, Medina negocia levar o Rock in Rio a mais dois países, além de uma edição brasileira que pretende ser especial.
Em 2011, os ingressos foram vendidos em 72 horas. Desta vez, a organização investiu mais em divulgação, como na ação da última terça, quando 2 milhões de lembretes amarelos, como um post-it, foram espalhados pelo Rio, anunciando a venda.
Medina destaca o perfil nacional do evento. Na pré-venda, os ingressos foram adquiridos por gente de todos os Estados do país.
"Só não é mais 'nacional', ainda mais espalhado, pelo preço das coisas no Brasil. É um absurdo o que a pessoa paga para se deslocar aqui dentro. Na época do Rock in Rio é pior. Empresas aéreas e hotéis sobem o preço."
Nos últimos três meses, o site do Rock in Rio tem recebido mais visitas de paulistas do que de pessoas de qualquer outro Estado.
"São Paulo bate o Rio por pouco, mas está na frente. Talvez a escalação do festival deste ano, por ter um perfil mais rock pesado, mais metaleiro, explique essa movimentação. São Paulo é mais rock, o Rio é mais pop."
Dos sete dias do festival, quatro têm perfil de metal ou rock clássico. As atrações principais dessas datas são Bon Jovi, Bruce Springsteen, Metallica e Iron Maiden.

    "Não poderia reunir só rock", diz Medina
    Empresário diz que festival sempre misturou estilos e que, sem isso, não é possível viabilizar um evento desse porte
    Fã de James Taylor e Frank Sinatra, sem intimidade com o rock, ele aposta neste ano em Bruce Springsteen
    DO ENVIADO AO RIORoberto Medina diz que muita gente compra o ingresso do festival menos pelos artistas e mais para sentir a experiência de ir ao Rock in Rio.
    Segundo ele, isso explica por que boa parte dos ingressos foram comercializados em pré-venda, antes do anúncio das atrações do evento.
    Fã de James Taylor e de Frank Sinatra, Medina admite que tem pouca intimidade com o ritmo que escolheu como título de seu festival.
    Para definir a escalação das atrações do evento, o publicitário usa pesquisas.
    "Sou um publicitário que produz shows e não um especialista", diz.
    "Meu mundo de música é outro", revela, lembrando que, na edição do evento de 2011, queria mesmo era ver Elton John e Stevie Wonder.
    Nesta edição, ele aposta muito no sessentão em alta Bruce Springsteen ("Vai ser o grande show do evento").
    Medina acha graça nas reclamações de que o festival não tem só rock, que também surgiram na edição 2011.
    Diz que, desde o primeiro Rock in Rio, de 1985, é assim: teve Ivan Lins, George Benson e Elba Ramalho entre bandas de rock. Para ele, não é possível fazer um evento desse porte só com rock.
    "Fiz um de dia new wave, um de rock brasileiro... Mas o cara do pop não se manifesta, é o roqueiro que fica reclamando na rede. Você vai aprendendo a lidar."
    PREÇO EXAGERADO
    Criador de um produto que vingou mesmo realizado em diferentes épocas e contextos econômicos -1985, 1991, 2001 e 2011-, Medina diz que "está difícil viver no país" por causa dos preços.
    "No caso da música, já se começa a ver que a coisa não é bem assim. Madonna não vendeu nada, Lady Gaga também não vendeu."
    Para o empresário, em ambos os casos, o preço do ingresso -"muito exagerado"- foi o vilão da história. "Lady Gaga poderia lotar aquele espaço, que é gigante [o estádio do Morumbi], mas a R$ 600 fica difícil."
    Segundo Medina, a solução para a crise no setor de entretenimento musical passa por reajustes nos cachês dos artistas.
    Medina afirma que, com mercado reduzido na Europa, por causa da crise, Ásia e Brasil se tornaram players importantes.
    "Como é que o Rock in Rio, com 14 horas de shows por dia em uma grande estrutura e com conforto, custa R$ 260?", questiona.
    "O ingresso mais barato de outro festival brasileiro é R$ 350. Como pode? Esse valor é, no mínimo, estranho."
    Roberto Medina conta casos do Rock in Rio
    folha.com/no1256566

      Venda de ingressos começa às 10h e terá checagem de meia-entrada
      DE SÃO PAULO
      Hoje, a partir das 10h, começa a venda de ingressos para o Rock in Rio 2013, com preço único de R$ 260 por dia (meia-entrada por R$ 130), no site www.ingresso.com.
      Dos 595 mil ingressos disponibilizados para esta edição -85 mil por dia-, 140 mil foram vendidos entre a pré-venda do Rock in Rio Card, em outubro de 2012, a pré-venda para clientes do banco patrocinador, até 21 de março, e para os portadores do cartão Rock in Rio Club, realizada até a última segunda-feira.
      A organização do festival entregou à Polícia Civil a base de dados dos compradores da pré-venda pelo Rock in Rio Card e fará o mesmo com os próximos ingressos vendidos.
      Se houver fraude na documentação da meia-entrada, a venda pode ser cancelada e os compradores podem responder por tentativa de estelionato.

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