sábado, 18 de maio de 2013

Entrevista Guilherme de Paula - Mariana Sallowicz

folha de são paulo

Parceria com OGX ofereceu a chance de entrar na exploração
Grupo Malasiano que é um dos maiores do mundo se associou a Eike em cenário de crise
MARIANA SALLOWICZDO RIOO Brasil é visto como um dos principais mercados com potencial para exploração de petróleo no mundo pela malasiana Petronas, um dos maiores conglomerados do setor no mundo.
Após recente negócio com a OGX, petroleira de Eike Batista, a companhia deve estrear na extração de óleo no país -a transação depende da aprovação de órgãos reguladores. A produção deve começar no segundo semestre.
Guilherme de Paula, presidente do grupo para a América Latina, disse em entrevista àFolha que a companhia viu a parceria como uma oportunidade de explorar petróleo no Brasil.
A Petronas comprou da OGX 40% do campo de Tubarão Martelo (na bacia de Campos) por US$ 850 milhões.
O negócio ocorreu em meio a uma crise de confiança de investidores com a petroleira de Eike, após a empresa não ter cumprido metas de produção em 2012, seu primeiro ano de operação efetiva.
A estatal malasiana também fez nesta semana dois lances para compra de áreas de exploração na 11ª rodada de licitações da ANP (Agência Nacional de Petróleo), mas não saiu vencedora.
A companhia atua no país com a divisão de lubrificantes e tem uma fábrica em Contagem (MG). De Paula diz que a empresa planeja construir uma nova unidade.
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Folha - Como ocorreu o processo de decisão da exploração no país e a escolha da OGX como parceira?
Guilherme de Paula - A Petronas entende que o Brasil é um dos principais mercados potenciais de exploração [de petróleo]. Essa [parceria] é a entrada da Petronas no Brasil. Estar associado ou ter uma participação num bloco com outra empresa é normal nesse setor.
Por que a empresa escolheu a OGX?
A oportunidade que apareceu foi com o grupo OGX, como poderia ter sido com qualquer outro.
O conhecimento de exploração da Petronas vai ajudar a OGX?
O know-how que a Petronas tem é o mesmo que aplica em outras reservas e blocos em todo o mundo. A OGX é que pode responder pelos benefícios para ela. Nosso objetivo é entrar no mercado brasileiro e explorar um bloco. Coincidentemente, a OGX é a parceira. Na área de exploração é comum vender e comprar participações. Isso ocorre porque o volume de investimentos para exploração é muito significativo.
A OGX foi a mais atrativa?
Tecnicamente sim. Foi feita uma análise técnica e profunda e entendeu-se que seria uma oportunidade da Petronas vir para o mercado brasileiro.
Pretendem ampliar a exploração no Brasil?
Não posso responder. É cedo para falar de futuro.
Existe um receio do mercado em relação à OGX por causa da produção abaixo do previsto. Como vê essa questão?
Não estou autorizado a comentar isso. Fizemos uma análise técnica da área de exploração.
O endividamento do grupo preocupa?
Não estou autorizado a falar sobre isso.
Em relação ao segmento de lubrificantes, quais são os planos?
A empresa tem um plano robusto de investimentos nos próximos cinco anos, em torno de R$ 300 milhões na América Latina. O negócio é considerado estratégico pela Petronas porque podemos "linkar" tecnologia com marca, diferentemente de outros negócios.
Quanto será investido?
Estão previstos R$ 160 milhões. Neste ano, investimos R$ 110 milhões na conclusão do projeto de expansão da fábrica de Contagem (MG). A fábrica exporta hoje para 15 países da América Latina. Os outros R$ 140 milhões serão feitos em aquisições e entradas em novos mercados na América Latina.
Além do aumento de capacidade da fábrica de Contagem, há novos projetos de expansão no Brasil?
Estamos vislumbrando uma nova ampliação em dois anos. O nosso plano de crescimento, a princípio, será orgânico no Brasil.
Existe a possibilidade de construir uma nova fábrica?
Estamos avaliando isso. Uma das hipóteses é construir fora de Minas Gerais. Vamos medir o nosso crescimento em 2014 e desenvolveremos um plano para começar a construção a partir de 2015 ou 2016. A produção deverá ter início no final de 2017 ou início de 2018.
O local foi definido?
Em relação à logística, os principais mercados são Rio e São Paulo. Temos que observar também Pernambuco.
Quanto será investido?
Se nossas ambições de crescimento se realizarem nos próximos anos, faríamos uma fábrica com capacidade entre 40 milhões e 50 milhões de litros. Nesse caso, seria em torno de R$ 110 milhões.
A Petronas fechou 2012 com 8,6% do mercado de lubrificantes, a sexta posição. Qual a meta a ser atingida?
Temos um plano de crescimento robusto para o Brasil até 2017. Fechamos 2012 com os 8,6% e o acumulado até março é de 9,1%. Temos a ambição de chegar aos 13%

    RAIO X PETRONAS
    Faturamento (mundo), em 2012: US$ 100 bilhões É a quinta maior companhia global de óleo e gás
    Faturamento (Brasil), em 2012: R$ 900 milhões
    Projeção para 2013: de R$ 1,1 bi e R$ 1,2 bi
    Negócios no Brasil: fábrica de lubrificantes em Contagem (MG) e 40% do campo de Tubarão Martelo (na bacia de Campos)
    Participação em lubrificantes no país: 8,6%

      Petroleiras reduzem promessa de conteúdo local
      Comprometimento no leilão de terça é o menor desde que exigência se tornou obrigatória
      DO RIOO comprometimento das companhias de petróleo com o conteúdo local mínimo atingiu, na rodada de licitações de área desta semana, o menor nível desde que a exigência se tornou obrigatória, em 2005.
      No leilão de terça-feira, o conteúdo nacional médio prometido para a etapa de exploração, foi de 62,25%, e, na etapa de desenvolvimento e produção, 75,97%.
      No leilão de 2008, os compromissos foram respectivamente de 79% e 84%. Em 2007, ficaram em 69% e 77%, e, em 2005, em 74% e 81%.
      O índice de conteúdo nacional é utilizado para compor a nota das concessionárias no leilão, junto com os bônus de assinatura e os investimentos.
      Segundo a diretora-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo), Magda Chambriard, a redução reflete o medo de multa das concessionárias pelo não cumprimento das metas prometidas.
      Entre 2011 e 2012, a ANP aplicou R$ 33,7 milhões em multas pelo não cumprimento de conteúdo local, a maioria paga com desconto legal que reduziu o montante para R$ 24,6 milhões.
      A maior multa foi aplicada à estatal Petrobras, no valor de R$ 29 milhões, reduzida para R$ 20,4 milhões com o desconto legal.
      ESTRANGEIRAS
      Dados divulgados ontem pela ANP mostraram ainda que nunca tantas empresas estrangeiras fizeram ofertas em uma rodada de licitações de áreas de petróleo e gás.
      Na rodada de terça-feira, 27 petroleiras estrangeiras fizeram lances, ante 23 em 2000, até então o maior número. Desse total, 18 saíram vencedoras, o mesmo nível registrado em 2001.
      REBAIXAMENTO
      A agência Fitch reduziu a nota de classificação de risco da dívida em moeda estrangeira e local da OGX, petroleira de Eike Batista. As notas das dívidas foram de B para B-. O rating nacional de longo prazo também foi alterado de BBB- para BB+.

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