sábado, 4 de janeiro de 2014

Novo ciclo - Carolina Braga

Novo ciclo 
 
Maria Mariana busca se reinventar como artista e dirige documentário relacionado ao filme Confissões de adolescente. Obra chega aos 21 anos depois de fazer sucesso no teatro e na TV 
 
Carolina Braga
Estado de Minas: 04/01/2014


Maria Mariana faz ponta no filme Confissões de adolescente, inspirado no diário escrito por ela nos anos 1990 (Sony Pictures/divulgação)
Maria Mariana faz ponta no filme Confissões de adolescente, inspirado no diário escrito por ela nos anos 1990

Não é novidade que Maria Mariana desacelerou. E desacelerou mesmo. Nem a volta de Confissões de adolescente à mídia faz com que ela altere o ritmo da vida que escolheu ter há mais de 10 anos, quando deixou de vez a carreira de atriz, escritora e roteirista para assumir em tempo integral o papel de mãe de Clara, Laura, Gabriel e Isabel.
Marcado para sexta-feira, o lançamento do filme inspirado no diário que ela escreveu entre os 10 e os 19 anos, e que deu origem às elogiadas peça e série de TV, continua sem afetar a rotina da artista. Na verdade, obriga-a a exercitar outros talentos. Um em especial: o de mãe de adolescente, pois Clara, a filha mais velha, tem 13 anos. Maria Mariana assume também a faceta de documentarista.

“Este momento é muito interessante, como se fosse uma revisão de toda a minha história. Fecha-se um ciclo para iniciar outro”, diz. Calma e prática, desde que vendeu os direitos dos diários para o diretor Daniel Filho Mariana lavou as mãos. Manteve-se distante do processo de atualização do roteiro, agora assinado por Matheus Souza para o cinema, e só entrou na jogada quando recebeu convite para documentar os bastidores do longa-metragem.

Com previsão de lançamento para o início de 2015 e produzido especialmente para a TV, o documentário percorre os 21 anos de trajetória do projeto. “É um filme por trás do filme. Traz a história que faz parte dele e muita gente não conhece. Uma geração nos acompanhou”, conta. Mariana recuperou imagens de arquivo e, claro, esbaldou-se nos bate-papos com as antigas companheiras de lida.

Como são mais de duas décadas e várias versões de elenco, há nos bastidores a brincadeira de chamar todas as atrizes envolvidas de “confessetes”. Do time da telinha, além de Mariana, fizeram parte da série Daniele Valente, Georgiana Goés e Deborah Secco – todas muito jovens. A adaptação para os palcos reuniu time bem maior: Ingrid Guimarães, Carolina Dieckmann, Luana Piovani, Gabriela Duarte e Carol Machado, entre outras atrizes.

Mariana reconhece: é curioso pensar o quanto Confissões de adolescente já se transformou desde os anos 1990. O objetivo do documentário é mostrar isso, principalmente o modo como adolescentes são retratados. Se “na época dela” o diário, ou a camuflada agenda, era protagonista, hoje detalhes confidenciais não circulam nas redes sociais.

“Muda tudo e não muda nada. É meio dúbio, mesmo quando se trata de ser humano, das questões relativas ao amor e ao desenvolvimento pessoal”, afirma Mariana. A atriz já viu o filme pelo menos três vezes. Fica feliz ao perceber que, apesar de atualizado, o longa tem muito a ver com o que ela escreveu. “Ali está a essência do Confissões...: a busca de mostrar a realidade das coisas sem fazer o estereótipo das adolescentes”, comenta.

Maturidade


Aos 40 anos, casada e mãe de três meninas e um menino, Maria Mariana trocou recentemente a vida em Rio das Ostras, no litoral fluminense, pela capital. Chegou a dar aulas de literatura na escola dos filhos. A mudança se deve às crianças. “A prioridade continua sendo a minha família. É uma missão realmente grande. Vou voltando devagar, com calma, sem estresse”, adianta.

No ano passado, ela escreveu e protagonizou, sob a direção do pai, Domingos de Oliveira, o monólogo Barco de papel. Ainda que não seja tão confessional quanto o projeto que a tornou conhecida no país, essa peça aborda conflitos da vida adulta. São crônicas cotidianas de mulheres maduras. O espetáculo estreou no Rio de Janeiro e ficou apenas alguns meses em cartaz. Retomá-lo está nos planos para 2014.

Maria Mariana quer voltar a escrever para adolescentes. Agora, o desejo nasce da observação de sua primogênita, devoradora de romances do tipo Crepúsculo e A culpa é das estrelas. “É uma faixa bem rica. Ainda dá para formar opinião, trabalhar o caráter e outras coisas em um nível intelectual interessante”, comenta.

Depois de alcançar o sucesso muito jovem e de optar pela vida em família, Maria Mariana conserva uma característica do pai: o exercício permanente de se descobrir como artista. “Realmente, é preciso ter coragem. A gente nasce e morre muitas vezes. A maternidade mexe muito com a pessoa. Mudei muito, tenho muitas outras visões de mundo”, conclui.

O diretor Daniel Filho e o elenco do longa-metragem, que estreia na sexta-feira   (Sony Pictures/divulgação)
O diretor Daniel Filho e o elenco do longa-metragem, que estreia na sexta-feira



Pontas

Maria Mariana classifica como “uma brincadeira” a sua participação afetiva na adaptação de Confissões de adolescente para o cinema. No filme dirigido por Daniel Filho ela interpreta uma advogada prestes a contratar a filha mais velha de Paulo. As “ex-garotas” Daniele Valente, Georgiana Goés e Deborah Secco também fazem uma pontinha no longa, em cartaz em sessões de pré-estreia em BH.


Confissões no…


» TEATRO
O palco tornou Confissões de adolescente conhecido no país. No início dos anos 1990, Maria Mariana ouviu os conselhos do pai, Domingos de Oliveira, e transformou seus diários em peça. Com orçamento de US$ 300, a montagem estreou no porão do Teatro Laura Alvim, no Rio de Janeiro. Desde então, inúmeras atrizes passaram pelo elenco: Ingrid Guimarães, Carolina Dieckmann, Luana Piovani e Gabriela Duarte. Em 2009, o texto foi readaptado por Matheus Souza e Clarice Falcão. Somando todas as temporadas, Confissões... ficou 20 anos em cartaz, atraindo cerca de 1 milhão de espectadores.

» LITERATURA
Embalado pelo sucesso no teatro, o livro Confissões de adolescente reuniu as revelações íntimas da garota. Lançado na década de 1990 pela Editora Agir, vendeu mais de 200 mil exemplares. Em 2009, ganhou reedição, com texto revisado por Maria Mariana e ilustrações de seu diário original.

» TV
Daniel Filho comprou os direitos de adaptação da peça no segundo dia depois da estreia. Em agosto de 1994, o seriado estreou na TV Cultura, protagonizado por Maria Mariana (Diana), Daniele Valente (Nathalia), Georgiana Goes (Bárbara), Deborah Secco (Carol) e Luís Gustavo (Paulo). Foram 40 episódios, divididos em duas temporadas, também exibidas na Band e no Multishow. O último foi ao ar em 28 de outubro de 1996.

Pai e filhas: Daniele Valente, Deborah Secco, Luís Gustavo, Georgiana Goes e Maria Mariana   (TV Cultura/Divulgação)
Pai e filhas: Daniele Valente, Deborah Secco, Luís Gustavo, Georgiana Goes e Maria Mariana


» CINEMA
O diretor Daniel Filho adquiriu também os direitos da peça para o cinema. O projeto ficou guardado muitos anos. O roteiro, assinado por Matheus Souza, atualiza os conflitos adolescentes e incorpora a dinâmica da garotada do século 21. O longa, que estreia na sexta-feira, é protagonizado por Sophia Abrahão (Tina), Bella Camero (Bianca), Malu Rodrigues (Alice), Clara Tiezzi (Karina) e Cássio Gabus Mendes (Paulo).

SUCESSO
NACIONAL


20
anos em cartaz no teatro


1 milhão
de espectadores da peça


40
episódios do seriado da TV Cultura


200 mil
livros vendidos

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