sábado, 4 de janeiro de 2014

Sonoridade pessoal [Iara Rennó] - Ana Clara Brant

Sonoridade pessoal 
 
A cantora e compositora Iara Rennó lança terceiro disco, primeiro solo de sua carreira. Com produção de Moreno Veloso, CD tem participações de Ricardo Dias Gomes e Leo Monteiro 
 
Ana Clara Brant
Estado de Minas: 04/01/2014


Visual escolhido para embalar o disco dialoga com a proposta estética e musical de Iara Rennó  (Helo Duran/Divulgação  )
Visual escolhido para embalar o disco dialoga com a proposta estética e musical de Iara Rennó

O mercado fonográfico não é novidade para a cantora e compositora Iara Rennó. Afinal, ela já lançou três álbuns ao lado de bandas e coletivos. Mas gravar um que tenha a sua cara e sozinha é a primeira vez. Não é à toa que o CD ganhou o nome de Iara e ainda tem praticamente todas as faixas assinadas pela artista. “Não deixa de ser um disco de estreia. Não tinha nada ainda só como Iara Rennó. E meu nome tem um quê de mistério, porque remete ao ser mitológico, por isso o disco tem essa arte visual diferente, revela um ser para além de mim”, filosofa.

O projeto, lançamento do selo Joia rara, conta com trio de músicos de peso que inclui Ricardo Dias Gomes, substituindo o habitual baixo por um pocket piano (um tipo de minissintetizador eletrônico que mais parece um brinquedo), além da própria Iara na guitarra e Leo Monteiro na bateria, percussão eletrônica e ruídos. Mas é a produção de Moreno Veloso que dá um brilho especial ao CD.

Iara é toda elogios ao amigo e parceiro e conta que já há algum tempo queria voltar a trabalhar com ele, que já tinha produzido os primeiros demos de Macunaíma Ópera Tupi, disco conceito inspirado na obra-prima de Mario de Andrade. “Eu já o conheço há muitos anos e como Moreno voltou a morar no Rio, a gente conseguiu conciliar. Ele sabe tirar o melhor de cada instrumento, tem um ouvido impressionante e ouve coisas que ninguém ouve. Tivemos uma conjunção perfeita nesse CD”, comemora.

Todas as músicas foram compostas por Iara Rennó, sozinha ou em parceria. A única exceção é o samba Roendo as unhas, de Paulinho da Viola, que ganhou uma roupagem moderna. Entre os destaques, a canção Arroz sem feijão, samba-canção abolerado ao melhor estilo dor de cotovelo, que ganhou um arranjo à la Kraftwerk (célebre grupo alemão, um dos precursores da música eletrônica), e Já era, que abre o disco. “Escolhi essa instrumentação mais crua e quis mostrar também minha verve de compositora, já que é um disco só meu. Todas as letras são minhas”, lembra. Iara diz que é complicado definir seu estilo. Um pouco de rock, de pop e até de eletrônico. “É difícil categorizar. Foi a sonoridade que busquei e imaginei fazer”, define.

De família musical – ela é filha da cantora Alzira Espíndola e do compositor Carlos Rennó, sobrinha de Tetê Espíndola, prima do cantor e compositor Dani Black e irmã da cantora Luz Marina –, Iara revela que até tentou não enveredar pela música e chegou a seguir a vida como atriz. No entanto, foi inevitável. “Ainda mexo com teatro. Na verdade, gosto de me envolver com todas as linguagens artísticas. Mas o fio condutor é a música e é ela que acaba sendo o elo entre a nossa família. Porém, apesar disso, ninguém interfere no trabalho do outro. Cada um tem a sua personalidade e, ao mesmo tempo em que admira, sabe respeitar a individualidade do outro”, destaca.

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