quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Janio de Freitas

folha de são paulo

A bolada
As providências brasileiras diante da trama internacional de manipulação de resultados têm de ser do governo
O silêncio e a aparente inação do governo brasileiro, particularmente do Ministério do Esporte, diante da trama internacional de manipulação de resultados do futebol, são no mínimo inadmissíveis.
Entre os 680 jogos com indícios de resultados fabricados por centrais de apostas, com centro em Cingapura, a polícia da União Europeia inclui também partidas realizadas na América do Sul. Logo, o interesse suscitado no mundo pelo futebol brasileiro bastaria, pelo risco implícito, para que o Brasil já estivesse integrado às investigações europeias. Não está, nem consta qualquer outra providência.
Não só pelos precedentes de corrupção em jogos no Brasil, ainda ontem citados por editorial da Folha, mas até pelos envolvimentos dos dois imperadores da CBF em corrupção do futebol internacional -João Havelange e Ricardo Teixeira-, as necessárias providências brasileiras têm de ser do governo. Se entrar no caso, a CBF só deve sê-lo como investigada.
É interessante que, estourado o escândalo na Europa com a prisão imediata de 50 dentre 450 envolvidos já relacionados, o Ministério do Esporte se saísse com esta informação repentina: "prepara um relatório" sobre "a criação de uma agência para regulamentar as apostas esportivas". A notícia, publicada na Folha de ontem por Eduardo Ohata, refere-se a "aproximadamente R$ 2 bilhões que hoje circulam em bancas de apostas no exterior". Sobre a trama descoberta, na qual o futebol "da América do Sul" tem representantes, o ministério silenciou.
Não é só aí que está devendo. Muito.
CARA E COROA
O governador pernambucano Eduardo Campos, do PSB, é a atual estrela do noticiário político. Tudo na política do presente e no futuro da política, a julgar por esse noticiário, gira em torno dele.
Por mais um motivo além dessa situação especial, Campos está exibindo muita felicidade: o candidato do PSB à presidência da Câmara, Júlio Delgado, apesar de traído pelo PSDB e por outros declarados opositores a Henrique Alves, teve desempenho honroso e honrado na disputa. O governador, diz ou dizem, foi o artífice nos bastidores de tal desempenho.
Se fez alguma coisa por trás das portas, não se notou. Mas é seguro que se negou, até publicamente em certa medida, a empenhar-se e ativar o PSB em favor da candidatura Delgado. Ou faltou coragem política para encarar o risco ou conveniências de imaginada sucessão presidencial o tolheram. A segunda hipótese merece preferência, dadas as repetidas exibições de Eduardo Campos no que é visto como esperteza política.
Mas, em política, a esperteza tem um limite. E, a partir dele, torna-se o oposto.
EM TEMPO
O Conselho Nacional de Justiça parece disposto, em nova tentativa, a proibir todo patrocínio ou apoio privado a eventos, viagens e mesmo pessoas de magistrados. Com o prazo de 60 dias para o início do rigor. Com tempo, pois, de se concluírem o verão com seus seminários em resorts e outras ocorrências árduas.

    Nenhum comentário:

    Postar um comentário