domingo, 30 de junho de 2013

Novo líder do Irã defende liberdades individuais a jovens

folha de são paulo
Humilhar as pessoas não é algo aceitável, mas notificar educadamente é correto', diz Rowhani durante discurso
Presidente eleito diz que política de 'moderação' usada na campanha será aplicada também nas questões externas
SAMY ADGHIRNIDE TEERÃO presidente eleito do Irã, Hasan Rowhani, defendeu ontem mais liberdades individuais, principalmente para jovens, e reiterou que a política de "moderação" prometida durante a campanha deverá ser aplicada também na política externa.
"Devemos falar com meninos e meninas da mesma maneira com que falamos aos nossos filhos. A dignidade das pessoas deve ser preservada", disse Rowhani, um clérigo xiita conhecido por posições conciliadoras, em discurso transmitido pela TV.
A declaração foi uma crítica ao aumento da repressão moral desde que o atual presidente, o conservador Mahmoud Ahmadinejad, chegou ao poder, em 2005.
Com patrulhas espalhadas pelo país, a polícia da Orientação Islâmica tornou-se cada vez mais impopular por prender moças cuja aparência for considerada imprópria para os padrões legais do Irã.
Há abundantes relatos de abuso policial, inclusive humilhações e agressões verbais por parte das policiais mulheres encarregadas de prender quem estiver vestida com véu supostamente incorreto, com excesso de cores ou usando maquiagem.
"Humilhar as pessoas não é aceitável, mas notificar educadamente é correto", disse Rowhani, num aparente esforço para não alienar setores da sociedade opostos à liberalização dos costumes.
Como parte desse mesmo aceno, ele prometeu incluir conservadores em seu gabinete para formar um governo de unidade nacional.
Mas o alvo principal do discurso de ontem parecia claramente ser a parcela da sociedade contrária à atual política, que mescla repressão interna e retórica abrasiva na diplomacia.
"Nesta eleição, as pessoas disseram: queremos mudança'. (...) A melhor linguagem popular é a voz das urnas", afirmou Rowhani, que tomará posse em agosto.
O presidente eleito voltou a mencionar a ideia, martelada ao longo da campanha, de que a adoção de uma nova agenda externa de "moderação" ajudaria a aliviar as sanções ao programa nuclear iraniano, que causam desemprego e inflação.
Mas Rowhani insistiu em que isso não significa "submissão" ou "passividade" diante da pressão ocidental, corroborando a previsão pela qual ele será mais propenso a eventuais concessões, mas não suspenderá o enriquecimento de urânio.
Céticos lembram que decisões sobre o programa nuclear cabem ao líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, adepto da linha dura nas negociações.
Mas analistas enxergam a bênção do regime à eleição de Rowhani como possível sinal de mais disposição para um acordo.

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