domingo, 7 de abril de 2013

EM DIA COM A PSICANÁLISE » Duas páginas de uma folha Regina Teixeira da Costa‏


Estado de Minas: 07/04/2013 

Volto ao tema da falta de noção. É impossível fugir do tema nesta altura do campeonato, quando a novela das 21h da TV Globo apresenta o exagerado e caricatural Celso, pai de Raíssa e ex de Antonia.

Fica claro ali que o entendimento e o recurso crítico são prejudicados em situações de paixão, quaisquer que sejam elas. E aquelas envolvidas em casos de alienação parental parecem próximas do nonsense pós-moderno, porém de perto é coisa tão antiga quanto a humanidade.

Trata-se de paixão frustrada, angústia de separação insuportável. Vazio e raiva. Interessa-nos que a paixão embota a capacidade de controle dos impulsos, joga o sujeito no desespero e ele age sem medir consequências, só porque agir traz alívio momentâneo da angústia ou promove uma vingança.

A pessoa envolvida numa separação não percebe o mal causado à criança dividida entre dois amores em guerra. E nem se dá conta da manipulação criminosa que tem nome: síndrome da alienação parental.

Para esse crime foi sancionada lei que prevê medidas desde o acompanhamento psicológico até a aplicação de multa, ou mesmo a perda da guarda da criança para pais que estiverem alienando os filhos. A Lei da Alienação Parental (12.318) foi sancionada em 26 de agosto de 2010.

A difamação do pai ou da mãe, feita pelo outro, omissão de informações sobre a saúde e a educação, a manipulação dos sentimentos, o favorecimento financeiro visando a manter o filho ao lado do mais poderoso, do que dá mais... Tudo isso configura alienação parental.

O tema é delicado e sutil. O manejo que se pode fazer é difícil de perceber porque há sentimentos fortes envolvidos. A dependência da criança em relação aos pais é grande. Ela não tem opções. Não pode escolher quem ela quer que cuide dela e deve suportar tudo que vem deles. E, quando não suporta, sucumbe, apresentando sintomas que são de fato respostas com as quais participa do jogo de relações entre os pais.

Por meio do sintoma, ela representa e diz tudo o que se passa em casa. Encena o que percebe. Uma criança não se distrai de seus pais, principalmente quando as coisas não vão bem. É muito perceptiva e “pega no ar” aquilo que está em cena, mesmo que sem palavras. É o termômetro dos pais.

O problema é os pais não compreenderem a importância de suas atitudes e a magnitude delas para o futuro adulto, pois são os pilares da formação e estruturação da criança.

Se os pais pensam diferente, não é exatamente um problema, porque ninguém é igual e isso é bom. Se um tem temperamento mais impulsivo e o outro é mais calmo, fazem boa parceria. Se um fica nervoso, bravo, o outro socorre a criança, não desautorizando o companheiro, mas colocando um limite para a criança não ficar desprotegida demais diante do adulto.

E até mesmo a presença de um terceiro separando a simbiose entre mãe e filho é desejável, para que a mãe entenda que uma criança é criada para o mundo, e precisa ser autorizada pelo pai, avalizada a seguir em frente.

 A alienação é um sério problema que coage a criança a tomar partido ou se dividir atônita entre os dois. São comentários, críticas que denigrem o outro e ensinam a criança a desrespeitar o outro e despertam uma suspeita minando a confiança.

A criança sempre vai escolher o lado tranquilizador, embora não possa abrir mão do outro. E o ódio é uma paixão como o amor. Duas faces do mesmo, como duas páginas fazem parte da mesma folha.

Leia mais em: www.alienacaoparental.com.br.

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