sábado, 23 de março de 2013

Biblioteca Nacional perde duas coordenadoras ao mesmo tempo

folha de são paulo

Em cartas, demissionárias criticam a gestão de Galeno Amorim
DA COLUNISTA DA FOLHA
Duas coordenadoras de área da Fundação Biblioteca Nacional (FBN) deixaram a instituição anteontem com fortes críticas à gestão do presidente Galeno Amorim.
São elas: Elisa Machado, coordenadora geral do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP), e Cleide Soares, coordenadora geral de Leitura -uma unidade da Diretoria do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (DLLLB).
Elisa estava no cargo desde 2011, a convite de Galeno, então recém-empossado na FBN. Em carta enviada anteontem aos coordenadores estaduais de bibliotecas, disse que enfrentou "uma longa batalha internamente" antes de pôr o cargo à disposição.
"Em função de novas configurações que se estabeleceram na FBN, e com a vinda da DLLLB, as barreiras para garantir a continuidade de um trabalho alinhado com os princípios que entendo serem básicos ao sistema de bibliotecas públicas se tornaram intransponíveis", escreveu.
O sistema de bibliotecas tradicionalmente pertence à FBN. Já a diretoria de livro e leitura passou a ser gerida pela instituição em 2012 -uma causa pela qual Galeno trabalhou desde que assumiu a FBN e que teve o aval de Ana de Hollanda, ministra da Cultura entre 2011 e 2012.
Em novembro passado, dois meses após assumir o Ministério da Cultura, Marta Suplicy disse à Folha que a FBN não parecia ser a instância adequada para as políticas de livro e leitura do país. Neste ano, a ministra indicou a intenção de levar de volta a Brasília a diretoria em breve.
Marta conhece Elisa Machado, que coordenou o Sistema Municipal de Bibliotecas em São Paulo durante sua gestão como prefeita da cidade.
Cleide Soares atuou de 2003 a 2012 no Ministério do Desenvolvimento Agrário, cuidando do programa de bibliotecas rurais Arcas das Letras. Em julho de 2012, foi convidada por Galeno a assumir a Coordenação-Geral de Leitura. "Vivi embates diários com a DLLLB pela total inoperância na área", escreveu ontem no Facebook.
À Folha, disse que a atual gestão da FBN é "autoritária e limitada a interesse específico de uma parte pequena do mercado editorial", referência ao programa de aquisição de livros a preço baixo -que, num primeiro momento, foi a bandeira de Galeno na FBN.
Procurada, a FBN não se manifestou sobre o caso até a conclusão desta edição.
Mas informou que, no dia 2, disponibilizará o relatório final da primeira fase do programa. A instituição considera a fase encerrada com 60% das bibliotecas tendo recebido ao menos 50% do material pedido -total de 930 mil livros entregues a 1.625 bibliotecas.
Segundo a FBN, as bibliotecas não atendidas na primeira etapa acumularão créditos para compra de livros na segunda fase, ainda neste semestre.

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