sábado, 15 de dezembro de 2012

Marcos Caramuru de Paiva


Segunda linha na China
As oportunidades para acoplar-se ao futuro chinês estão nas pequenas cidades que crescem rapidamente
A CIDADE de Chongqing, uma das novas metrópoles chinesas, já bem servida de hotéis de luxo, planeja ter mais cem hotéis cinco estrelas em cinco anos.
Doze deles ficarão numa rua dedicada a diversões, com 18 quilômetros de extensão, que ainda não existe. Afinal, não é fácil promover Chongqing, com concorrentes onde a natureza é especial ou a história atrai naturalmente o visitante.
A China tem 182 aeroportos. 130 deles foram deficitários em 2011. Deficit total de US$ 320 milhões (aproximadamente R$ 663 milhões).
Esse número, para alguns, é prova de ineficiência. Para outros, é pequeno diante dos ganhos implícitos para qualquer cidade em um aeroporto novo: um melhor ambiente para negócios, um inegável "upgrade" de imagem.
O problema é limitar o entusiasmo de prefeitos com aeroportos em locais onde o gasto a ser incorrido não será compensado em futuro previsível. Até 2015, a China terá 56 novos aeroportos construídos, 16 reconstruídos e 91 ampliados.
Quando Xangai encerrou a Exposição Universal de 2010, todos se perguntavam o que fazer com as pessoas que se empregaram por três anos na organização e realização do evento. Xangai começou a preparar a construção de uma Disney.
Mesmo bonita, rica e cheia de charme, Xangai precisava de algo novo para garantir um fluxo de turistas compatível com o dos meses da EXPO. O jeito foi investir em algo que chamasse realmente a atenção e empregasse a mão de obra ociosa.
O crescimento da China dá-se, em larga medida, de baixo para cima. É a autoridade local que determina o que fazer para que os índices de sua cidade sejam compatíveis com as expectativas. O prefeito opera como uma espécie de presidente de empresa. Sua missão é produzir resultados. O bônus por desempenho é ascender na hierarquia do partido.
Quem visita a China hoje ainda se impressiona com a vibração renovada dos centros urbanos. Apesar do crescimento econômico mais fraco e das dúvidas sobre o preço futuo dos imóveis, há projetos imobiliários, sobretudo hoteleiros, shoppings, lojas de departamento em toda parte.
Os empreendimentos chineses abundam e os estrangeiros estão entrando mais. A famosa Galerias Lafayette, ponto obrigatório de turistas em Paris, abrirá em 2013, em Pequim, o seu primeiro empreendimento em território chinês.
A Lafayette pretende, em cinco anos, estar presente em 10 a 15 outros lugares, aí incluidas cidades como Hangzhou, Tianjing, Chengdu. A luxuosa loja de departamentos japonesa Takashimaya, que inaugura sua primeira unidade em Xangai em dezembro, tem planos semelhantes.
Há cerca de um mês, o "Economist Intelligence Unit" publicou um estudo em que mapeou treze novas megalópoles na China, algumas delas cidades até há pouco sem visibilidade. Não sem razão.
O que mais surpreende no cenário urbano sempre cambiante do país é o desempenho das cidades de segunda linha. Elas explodem e ingressam aceleradamente no cálculo dos que querem ganhar dinheiro.
É lá onde estão as grandes oportunidades para quem exporta, investe ou planeja, de alguma maneira, acoplar-se ao futuro chinês.[folha de são paulo]

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