sábado, 15 de dezembro de 2012

"Não quero morrer", gritavam crianças


Alunos foram escondidos em banheiros e armários durante tiroteio; ao sair do prédio, muitos fecharam os olhos
Pânico tomou conta de pais, que chegaram logo após a matança; escolas de Newtown fecharam as portas por precaução
Adrees Latif/Reuters
Familiares de vítimas choram em frente à escola Sandy Hook, em Newtown, Connecticut, após o massacre que deixou ao menos 20 crianças mortas
Familiares de vítimas choram em frente à escola Sandy Hook, em Newtown, Connecticut, após o massacre que deixou ao menos 20 crianças mortas
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIASAo ouvir os primeiros tiros, a professora Kaitlin Roig não teve dúvidas. Levou todos os seus alunos da primeira série primária da escola Sandy Hook para um banheiro e trancou a porta.
Tentou acalmá-los, garantindo que todos sairiam dali vivos e poderiam celebrar o Natal com suas famílias.
"As crianças me diziam: 'Eu não quero morrer, eu só quero comemorar o Natal'. Eu tentei ser positiva", disse a professora à rede ABC News. "As crianças foram tão bondosas. Perguntavam se podiam sair para ver se tinha mais alguém lá fora", contou.
Assim como Roig, muitos outros funcionários da escola foram considerados heróis pelos pais após o massacre na pequena cidade de Newtown, em Connecticut, que deixou 20 crianças mortas.
Até a chegada da polícia, foram eles que protegeram os cerca de 700 estudantes -distribuídos do jardim de infância à quarta série primária.
A estudante Brendan Murray, 9, estava no ginásio da escola na hora do tiroteio e disse que seus professores ordenaram a todos os alunos que entrassem num armário. Ficaram ali por 15 minutos.
Na hora de retirar os alunos do prédio, a preocupação foi que as crianças não vissem as cenas de horror.
Em fila, com as mãos apoiadas nos ombros dos colegas, muitas delas visitamente chocadas e com os olhos fechados, foram escoltadas por policiais até a rua.
"A polícia disse para a gente se abraçar, pegarmos nas mãos uns dos outros e fecharmos os olhos", disse Vanessa Bajraliu, 9, ao jornal local "Hartford Courant".
O atirador identificado como Adam Lanza, 20, teria entrado em apenas duas salas. De acordo com a polícia, uma pessoa atingida sobreviveu.
Connecticut, Estado onde ocorreu o massacre, tem grande presença brasileira.
Segundo informações preliminares do consulado do país no Estado, não há informações de brasileiros entre as vítimas.
Do lado de fora do edifício, as ruas foram tomadas por veículos policiais e de familiares, que chegavam desesperados por informações sobre os estudantes.
DESESPERO
Richard Wilford, um dos pais que correram para a escola ao saber do massacre, contou ao jornal local que seu filho Richie, 7, ouviu um som que se assemelhava com o de "panelas caindo" durante a ação do atirador.
"O que passa pela cabeça de um pai enquanto está vindo para a escola onde houve um tiroteio? É o momento mais aterrorizante da vida de um pai", disse Wilford.
Já Lisa Procaccini, mãe de uma aluna de oito anos, disse à rede CNN ainda estar em "estado de choque".
"Ainda não sei como vou falar com a minha filha sobre toda a situação", desabafou.
Uma igreja metodista e um posto do Corpo de Bombeiros próximos à escola foram usados para atender os alunos e suas famílias.
A notícia do massacre se espalhou rapidamente pela cidade, e todas as escolas de Newtown foram fechadas na sequência.

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