terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Caxirola pode ser aprovada‏ - Bruna Sensêve

Estudo conclui que instrumento criado para Copa 2014 não representa riscos à audição, ao contrário das vuvuzelas, usadas no torneio passado


Bruna Sensêve

Estado de Minas: 10/12/2013



Carlinhos Brown mostra sua criação em frente ao Mané Garrincha: ainda não está definido se a caxirola será permitida nos estádios da Copa (Bruno Peres/CB/D.A Press - 27/9/12)
Carlinhos Brown mostra sua criação em frente ao Mané Garrincha: ainda não está definido se a caxirola será permitida nos estádios da Copa


O estridente e perturbador som da vuvuzela roubou muitos holofotes na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, passando de instrumento oficial a objeto proibido nos estádios. E o incômodo não se restringiu apenas aos gramados. O alto grito das cornetas perturbou não só jogadores, torcedores e árbitros, mas também locutores e até mesmo o público que assistia aos jogos pela televisão. Ficava difícil se concentrar nas partidas com a animada e controversa trilha sonora.

Uma nova polêmica musical aguarda os entusiastas do futebol no ano que vem. A caxirola, criada por Carlinhos Brown para a competição de 2014, já enfrentou uma batalha perdida na Copa das Confederações este ano, quando foi proibida, e aguarda uma decisão sobre se terá ou não a chance de conquistar os amantes da bola daqui a alguns meses (leia Saiba Mais). Enquanto uma definição não sai, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) se adiantaram e testaram se o instrumento tem o mesmo potencial da vuvuzela para incomodar os ouvidos. O professor Stephan Paul e a aluna Talita Pozzer estudaram detalhadamente a forma de manuseio e a acústica do instrumento percursivo.

O trabalho – apresentado na semana passada durante a 166ª Reunião da Sociedade Acústica da América, em São Francisco, nos Estados Unidos – foi dividido em três etapas. Inicialmente, os autores perceberam que era necessário compreender como uma pessoa sem contato prévio com o instrumento o manusearia. Vinte voluntários que nunca haviam visto a caxirola foram convocados para essa fase de testes, deixando claro que a forma como as pessoas movem a criação de Carlinhos Brown varia, gerando diferentes resultados acústicos.

De acordo com os dados coletados, quando a caxirola é sacudida “em pé”, sua potência sonora no ouvido do usuário chega a 82 decibéis (dB), o equivalente a uma rua muito movimentada no Centro da cidade. Se o gesto for com a peça “deitada”, cai para 74dB, algo como uma televisão, um rádio ou um aspirador de pó ligado. “O volume dela é expressivo, mas não chega à pressão sonora de uma vuvuzela, muito longe disso”, diz Stephan Paul – a corneta sul-africana alcança estridentes 109dB. O professor, no entanto, garante que a caxirola, apesar de não representar riscos aos usuários, é capaz de se fazer ouvir nos estádios. “Setenta e quatro decibéis não são pouca coisa.”

Nos estádios Apesar de parecer uma diferença pequena, um pulo da casa de 70dB para a de 80dB representa uma grande diferença em termos de acústica. “O nível de pressão sonora é uma grandeza logarítmica que descreve razoavelmente bem nossa sensação de volume sonoro. O aumento em 10dB significa o dobro da pressão sonora”, explica Paul. Se comparado ao caxixi, instrumento que serviu de inspiração para o chocalho brasileiro, a diferença é gritante, pois o último alcança somente entre 36dB e 37dB em potência.

Os resultados indicam que a caxirola não deve atormentar os torcedores caso se torne mesmo o instrumento oficial da Copa de 2014. Os 109dB gerados pela vuvuzela são compatíveis ao barulho de um poderoso cortador de grama, de uma motocicleta, de um trator agrícola ou mesmo da decolagem de um jato ouvida a 305 metros de distância. Esse índice pode levar a sérios danos de exposição por oito horas. Isso significa que uma única vuvuzela produz o mesmo nível de pressão de 500 a 4 mil caxirolas, dependendo de como elas são agitadas.

O próximo, e último, passo da pesquisa será medir os níveis de poder do som da caxirola, explica Talita Pozzer. Ao contrário dos níveis de pressão sonora, eles são dependentes da distância e do ambiente. Por esse motivo, é preciso que os cálculos tenham como base os lugares em que a peça será utilizada, nesse caso, os estádios de futebol. Talita já coletou os dados de algumas arenas, mas ainda não tem certeza se esses serão os escolhidos para o experimentos. Os pesquisadores planejam publicar um artigo em revista especializada assim que concluírem os resultados.

Efeito questionado Mesmo não representando riscos à saúde, a caxirola ainda terá o desafio de atender a expectativa dos torcedores, que, geralmente, gostam de fazer muito barulho nos estádios. Na avaliação de Samir Gerges, especialista em controle de ruídos e vibrações e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o volume de som produzido pela caxirola não deve ser suficiente para transpor o som que é produzido naturalmente pela torcida. Por esse motivo, acredita, não deve atrair o público. “Vai ter um som estranho no estádio, desagradável, que não reflete a felicidade do ser humano ao ver seu time marcando um gol”, aposta.

Gerges explica que a arquitetura do estádio de futebol pode até chegar a alterar esse volume, mas o efeito não é tão grande se for uma arena aberta e sem teto. “No caso, o estádio precisaria ser mais fechado, com paredes altas e teto. As reflexões do som seriam fortes, e o som ficaria mais alto”, detalha. Um dos poucos estádios que tem esse efeito é o da Bombonera, em Buenos Aires. “A voz das torcidas vai continuar existindo, e bem mais alta que as caxirolas. O efeito da torcida é muito importante para estimular os jogadores de futebol, ao contrário dos tenistas, por exemplo, que precisam de concentração. Por isso, é exigido o menor ruído possível dos torcedores.”

Aaiba mais
À ESPERA
DO LAUDO

A liberação da caxirola passou a ser questionada depois de um jogo entre Bahia e Vitória, no primeiro semestre do ano. Em determinado momento da partida, os torcedores, que haviam recebido o instrumento de brinde, começaram a jogá-lo no gramado. A confusão preocupou a Fifa e o Comitê Organizador Local, que baniram o instrumento de plástico nas partidas do Mundial para evitar qualquer tipo de risco físico.
No fim do mês passado, sete peritos da Polícia Federal foram ao Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, a pedido da Secretaria Extraordinária de Segurança e Grandes Eventos, para testar os impactos da liberação da caxirola. Com direito a simulação, coleta de dados e testes laboratoriais, eles vão produzir um laudo técnico que será entregue ao órgão responsável. Só de posse do estudo é que o Ministério da Justiça definirá se o instrumento será mesmo banido da Copa do Mundo.



INSPIRAÇÃO AFRICANA

O instrumento criado por Carlinhos Brown foi adaptado do caxixi, instrumento percursivo de origem africana. Nos dois casos, o som é gerado pelo impacto de partículas rígidas nas paredes de uma cesta fechada. A caxirola contém bolinhas de metal e é feita de polímeros ambientalmente corretos, enquanto o caxixi é produzido com componentes naturais, como sementes.

LA DOCE
O Estádio La Bombonera é a casa do mais popular clube argentino, o Boca Juniors, com capacidade para 57.395 espectadores. A forma pouco usual de sua arquitetura faz com que ele tenha uma acústica única, amplificando bastante o barulho da torcida. A arena dos hermanos é famosa exatamente por essa característica, que torna o jogo muito mais difícil para as equipes visitantes. Por esse motivo, o estádio foi apelidado pelos fãs de La Doce (A Doze), uma vez que  arena cumpre a função do 12º jogador do Boca.

A casa é sua - Walter Sebastião

Bibliotecas conquistam o cidadão em BH oferecendo mais que livros. Ambiente para estudo e centros irradiadores de cultura, elas funcionam em diversos pontos da capital mineira 
 
Walter Sebastião

Estado de Minas: 10/12/2013


Elione Cavalcante e Ana Paula de Paula são frequentadoras assíduas   da biblioteca do Centro de Cultura Lindeia Regina (Fotos: Beto Magalhães/EM/D.A Press)
Elione Cavalcante e Ana Paula de Paula são frequentadoras assíduas da biblioteca do Centro de Cultura Lindeia Regina


Discretas, elas são encontradas em toda a capital. De tão presentes na vida cotidiana de BH, as bibliotecas correm o risco de passar despercebidas. Mas o público comparece: algumas delas são campeãs de visitação. Este ano, nada menos de 28 mil leitores têm procurado, mensalmente, a Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, na Praça da Liberdade. A maioria é estudante, tem de 17 a 30 anos e ensino médio completo. As mulheres predominam.

Calcula-se que uma centena de endereços de instituições públicas e privadas, com os mais diversos perfis, receba leitores em BH. De acordo com especialistas, o fato se deve ao bom trabalho desenvolvido em silêncio, há décadas. “Os números são expressivos, mas precisamos ampliá-los. O ideal é termos uma biblioteca em cada bairro”, afirma Marina Nogueira Ferraz, diretora do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas Municipais de Minas Gerais. “Leitura é um direito do cidadão. Quem domina o mundo letrado tem mais facilidade de se inserir no mundo”, observa.

Fenômeno pouco percebido, houve multiplicação e descentralização das universidades em BH e várias regiões da capital ganharam bibliotecas importantes. A UFMG mantém em caráter experimental duas unidades que funcionam 24 horas por dia nas faculdades de Ciências Econômicas e de Letras, ambas no câmpus da Pampulha.

“Quem chega a uma biblioteca universitária tem contato com um ambiente que pode mudar os rumos de sua vida”, afirma Wellington Marçal de Carvalho, diretor do Sistema de Bibliotecas da UFMG. Para ele, biblioteca de verdade deve ter instalações, mobiliário e acervos adequados, além de pessoal qualificado. “Não pode ser um amontado de livros e a placa dizendo que é biblioteca”, adverte.

Waney Alves Reis coordena a biblioteca do Centro Cultural Salgado Filho, na Região Oeste de Belo Horizonte. “Oferecemos o que as pessoas demandam. Quer livro emprestado? Precisa fazer pesquisa? Quer conhecer literatura? Pode vir. Meu público não sai sem resposta”, garante Waney, que cadastra de 14 a15 novos leitores por mês, sobretudo de 8 a 16 anos. “É o nosso forte”, conta ela, ressaltando a clientela acima dos 40 anos, com presença expressiva de aposentados.

Waney detectou uma novidade: adultos podem até não ser leitores, mas incentivam os mais novos a ler. “Isso é muito positivo. Vivemos um momento difícil, marcado pelo consumo de drogas e violência. A literatura traz algo mais para a vida, é alívio para dia a dia complicado”, analisa.

Marly Eustáquio Diniz, de 63 anos, mora no Salgado Filho. Ao fazer ioga no centro cultural do bairro, ela descobriu a biblioteca e mergulhou na literatura brasileira. “Gosto de pegar romances para me distrair, de ler livros que me deixam alegre e feliz”, conta. Ela adorou Memórias de um fusca, de Origenes Lessa, e ficou impressionada com Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Marly mantém o hábito de ler histórias para a neta. “É importante ir colocando na cabecinha dela que leitura é importante, inclusive para o desenvolvimento escolar”, explica.

“Minha vida atual é correr e estudar”, brinca o aposentado José Adão Pereira Lopes, de 75, sentado numa das mesas do anexo da Biblioteca Luiz de Bessa, na Praça da Liberdade. Depois do curso de filosofia, ele está às voltas com as aulas de francês. “Aqui, o material de consulta é amplo e mais confiável que a internet”, garante. Rafael Peduti, de 17, estuda matemática na mesa em frente à de Lopes. “Este local é lugar apropriado para estudar, até melhor do que em casa. É só você e o livro, não tem distração, barulho”, elogia o rapaz, às voltas com exames para o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).

O aposentado José Adão Pereira Lopes garante: biblioteca é mais confiável que a internet
O aposentado José Adão Pereira Lopes garante: biblioteca é mais confiável que a internet
Marly Diniz busca seus livros no centro cultural do Bairro Salgado Filho
Marly Diniz busca seus livros no centro cultural do Bairro Salgado Filho


Príncipe

A mineira Ana Paula de Paula, de 36, e a maranhense Elione Cavalcante, de 44, conheceram-se ao levar os filhos a oficinas no Centro de Cultura Lindeia Regina, na Região do Barreiro. Ambas se cadastraram na biblioteca. “Até gosto de ler, mas só aqui comecei a pegar livros”, conta Ana, que adorou O pequeno príncipe, do francês Saint-Exupéry.

Elione passava de ônibus diante do centro cultural quando viu cartazes anunciando a biblioteca. “Vim porque gosto de ler e não tenho como comprar livro. Leitura é viagem sem sair do lugar, você vai a outros mundos”, explica. Além disso, trata-se de “diversão sem gasto”. Elione pegou emprestados De primeira-dama a prostituta, de Adelaide Carraro, e um livro de Stephen King que virou filme. Depois de ensaiar escrever um romance, a maranhense agora se dedica à poesia.

Oferta descentralizada

Belo Horizonte conta com 23 bibliotecas públicas. É a segunda cidade brasileira com mais equipamentos públicos dessa natureza. São Paulo tem 132.

Há 15 unidades em centros culturais da capital mineira e em três regionais da prefeitura, além da Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de Belo Horizonte (na antiga Fafich, no Bairro Santo Antônio) e a unidade que funciona no Centro de Referência da Moda (na esquina de Avenida Augusto de Lima com Rua da Bahia, no Centro). Aos domingos, funciona um Ponto de Leitura no Parque Municipal.

A Fundação Municipal de Cultura calcula que anualmente os equipamentos ligados à prefeitura atendem 160 mil pessoas, emprestam cerca de 40 mil livros e promovem cerca de 800 atividades, entre oficinas, rodas e clubes de leitura e palestras de escritores. O acervo conta com 160 mil volumes.

Em BH, o cidadão conta com bibliotecas no Espaço Cento e Quatro, Museu de Arte da Pampulha, Museu Histórico Abílio Barreto, Arquivo da Cidade de Belo Horizonte, Associação Brasileira dos Judeus Descendentes da Inquisição, Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha), Sesc MG e a Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, além de unidades ligadas às universidades UFMG, Izabela Hendrix, Newton Paiva, Fead, UNA, UFMG, Fumec, Uemg, PUC Minas, UniBH e Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia.

LEITURA DINÂMICA

97%
dos 5,4 mil municípios brasileiros têm biblioteca pública

61%
dos usuários no Sudeste procuram bibliotecas para pesquisas escolares

835
dos 853 municípios mineiros contam com biblioteca pública, de acordo com o IBGE

2,12
bibliotecas por 100 mil habitantes na Região Sudeste

4,14
bibliotecas por 100 mil habitantes em MG, o terceiro estado no ranking nacional

CINEMA » A retomada de Paulínia‏

CINEMA » A retomada de Paulínia 

 
Festival ganha edição enxuta a partir de amanhã. Retorno prepara terreno para o evento de julho de 2014, que vai se tornar internacional. Na abertura, Confia em mim, de Michel Tikhomiroff 

 
Gracie Santos
Estado de Minas: 10/12/2013


O troféu é símbolo desse rito de passagem. Início de processo de reconstrução do polo -a Mônica Trigo, secretária municipal de Cultura de Paulínia (Alexandre Honório/Divulgação)
O troféu é símbolo desse rito de passagem. Início de processo de reconstrução do polo -a Mônica Trigo, secretária municipal de Cultura de Paulínia

 Depois da “pausa” forçada no ano passado, anunciada em abril, quando foi suspenso pelo então prefeito José Pavan Junior (PSB), o Paulínia Festival de Cinema volta à cena. O evento será reduzido, de amanhã a sábado, e não haverá mostra competitiva. A proposta é homenagear vencedores das quatro edições anteriores com entrega de troféus e exibição dos filmes, além de promover workshops e reabrir o Polo Cinematográfico. Na sessão de abertura, será exibido, às 20h, Confia em mim, de Michel Tikhomiroff, rodado na cidade, com lançamento previsto para março do ano que vem. Para encerrar, dia 14, Serra Pelada, de Heitor Dhalia, que reproduziu a mina de ouro brasileira na cidade paulista. As sessões são abertas ao público e têm entrada franca. A cerimônia de abertura começa às 19h, no Theatro Municipal Paulo Gracindo.

A decisão de retomar o evento, ainda que de forma tímida, foi tomada para que o festival ganhe força e possa, como planeja a secretária Municipal de Cultura, Mônica Trigo, não apenas recuperar o espaço perdido como se tornar internacional em julho 2014. “2013 não podia passar em branco. A gestão atual assumiu em julho e tinha que tomar pé da situação. O 5º Paulínia Festival de Cinema vai marcar a retomada. O próximo será realizado na última semana de julho, em 2014, com mostra competitiva e a participação de filmes estrangeiros”, conta Mônica. Nesta edição, serão homenageados 138 premiados nas anteriores.

“O troféu é símbolo dessa retomada, desse rito de passagem. O início de um processo de reconstrução do polo. Vamos retomar também a escola, os editais”, anuncia a secretária, que espera aprovar na Câmara Municipal, até dia 31, orçamento para a realização da sexta edição no ano que vem. Mônica Trigo garante que dos cinco estúdios de Paulínia, quatro estão prontos para operar imediatamente. “Podem começar a rodar amanhã. Vamos lançar editais de curtas até o fim do mês, depende apenas da aprovação do orçamento”, afirma, admitindo que a realização desta quinta edição visa sensibilizar o Legislativo municipal para a importância do festival e do polo cinematográfico. Os editais para os longas virão na sequência.

A programação do 5º Paulínia Festival de Cinema vai exibir ainda Entre vales, de Philippe Barcisnki, e O lobo atrás da porta, de Fernando Coimbra. Uma história de amor e fúria, de Luiz Bolognesi, será mostrado diariamente na programação infantojuvenil, antecedido por filmes dos alunos da escola de stop motion. Haverá seis mesas debatedoras com personalidades do meio cinematográfico nacional e internacional. Na pauta, workshop sobre a experiência de filmar em Paulínia e de experiências bem-sucedidas no mundo.
O suspense Confia em mim, com Fernanda Machado e Mateus Solano, abre o festival (Downtwon/Paris)
O suspense Confia em mim, com Fernanda Machado e Mateus Solano, abre o festival

PAIXÃO Está nos planos da secretária, para 2015, abertura de espaço para a produção de TV no polo de Paulínia. Mônica Trigo também anuncia que foi assinado, em setembro, acordo de cooperação com o governo federal por meio de adesão ao Sistema Nacional de Cultura. “É o início, teremos um Conselho Municipal de Cultura e vamos abrigar câmaras setoriais para promover discussões em torno do audiovisual e de outras artes, com a participação da sociedade civil, trabalhando alinhados com os governos estadual e federal”. Para Mônica Trigo, “tem que ter paixão e o Paulínia Festival de Cinema está sendo retomado pela paixão”.

Retrospectiva


>> Em 2005, começou a ser desenhado o Polo Cinematográfico de Paulínia, complexo de estúdios destinado à produção de filmes brasileiros. Com cinco estúdios (inclusive de animação), a Escola Magia do Cinema e o Theatro Municipal de Paulínia, o polo gerou centenas de empregos e movimentou a economia da cidade.
>> Em 2008, com o desenvolvimento do polo e os primeiros filmes rodados foi criado o 1º Paulínia Festival de Cinema, que consagrou o terror Encarnação do demônio, de José Mojica Marins, o Zé do Caixão.
>> Em 2009, a segunda edição teve o maior número de inscritos entre longas e curtas. Olhos azuis, de José Jofilly, faturou seis prêmios, entre eles os de filme, roteiro, ator coadjuvante (Irandhir Santos) e atriz coadjuvante (Cristina Lago).
>> Em 2010, a terceira edição consagrou 5x favela, agora por nós mesmos, produção coletiva de Manaíra Carneiro, Wagner Novais, Rodrigo Felha, Cacau Amaral, Luciano Vidigal, Cadu Barcellos e Luciana Bezerra, num projeto idealizado por Cacá Diegues – foram seis prêmios, entre eles os de filme, roteiro e montagem.
>> Em 2011, a quarta edição teve na abertura Corações sujos, adaptação de Vicente Amorim para livro de Fernando Morais. Febre do rato, de Cláudio Assis, foi o grande vencedor, levando o prêmio de melhor filme.
>> Em 2012, o então prefeito suspendeu o festival e as atividades do Polo Cinematográfico.

SAIBA MAIS
Dança das cadeiras

O atual prefeito de Paulínia, Edson Moura Júnior (PMDB), tomou posse em 16 de julho. Assumiu o cargo ocupado por José Pavan Júnior (PSB). A decisão da substituição foi da ministra Carmen Lúcia, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), depois da batalha judicial travada desde as eleições. Moura Júnior foi o candidato mais votado nas últimas eleições, mas sua candidatura foi contestada pelo Ministério Público porque, um dia antes do pleito de 2012, ele substituiu o pai e candidato oficial, Edson Moura. Júnior venceu, mas teve o registro cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Maria Esther Maciel-Era uma vez‏

Estado de Minas: 10/12/2013 



Nos tempos de criança, a palavra “carochinha” me intrigava. Um dia, perguntei seu significado à professora, mas ela despistou e começou a falar de fadas e bruxas. Acho que foi minha avó quem me contou, na ocasião, que o termo era o diminutivo de “carocha”. Deu na mesma, pois eu não eu não tinha a mínima ideia do que fosse isso. Até que, anos depois, descobri os vários significados do termo, entre eles, os de “carapuça de papel que se colocava nas crianças como castigo na escola” e “feiticeira, bruxa”. É, também, sinônimo de “barata”, o inseto. Em Portugal, pelo que soube, chamam a história da Dona Baratinha de A Carochinha e o João Ratão. Mas o fato é que as histórias da carochinha ficaram no nosso imaginário como um outro nome para os contos de fada.

Ocorre-me isso agora enquanto folheio os dois volumes dos Contos maravilhosos infantis e domésticos (1812-1815) dos irmãos Wilhelm e Jacob Grimm, publicados pela Editora Cosac & Naify, em 1912. Disposta numa caixa, a edição dupla inclui 156 histórias traduzidas diretamente do alemão por Christine Röhrig, desde as mais cultuadas, como Branca de Neve,Chapeuzinho vermelho” e A gata borralheira, até outras menos conhecidas, como “O noivo bandido” e “Os sapatos gastos de tanto dançar”. Os volumes contêm, ainda, os prefácios e notas dos autores, bem como as xilogravuras originalíssimas do artista e cordelista pernambucano J. Borges. As páginas coloridas dos dois tomos dão um charme especial ao conjunto, que, sem dúvida, é um presente e tanto para as crianças (e adultos interessados) neste Natal.

Tenho pensado muito, ultimamente, na falta que o maravilhoso – próprio dessas narrativas da tradição oral – faz nos dias de hoje. Podem me chamar de nostálgica ou utópica que não estou nem aí, mas penso que o mundo precisa recuperar um certo encantamento perdido. E esse reencantamento passa, sem dúvida, pela abertura da imaginação às coisas impossíveis, inexplicáveis pela razão ou pela ciência. Sinto que a capacidade de imaginar anda cada vez mais rarefeita. Até mesmo entre as crianças, que sempre foram mais abertas às coisas prodigiosas.

Não faz muito tempo, tive essa certeza ao sair com uma menininha do interior de Minas que veio, pela primeira vez, a Belo Horizonte com a mãe. Como queria dar-lhe um presente, chamei-a para ir a um shopping próximo de onde estávamos. Quando chegamos à entrada do prédio, falei: “Agora você vai ver uma porta mágica”. Aproximamo-nos da porta, e fiz um gesto com a mão, dizendo: “Abre-te sésamo”. E a porta abriu. Mas a menininha, nos seus quase 4 anos, virou-se para mim com os olhos repreensivos e me corrigiu: “Não, a porta não é mágica não. É automática”. Sua voz mostrava indignação, como se quisesse dizer: “Nossa, que mulher mais boba essa, que acha que porta automática é mágica...” Fiquei toda desconcertada. “Sou uma boba mesmo”, pensei. E acabei por concordar, com um “ah, sim, tinha esquecido.” Todo o encanto se quebrou de repente. Ou melhor, me dei conta de que não havia mais encanto nenhum.

Relendo, hoje, alguns contos de fadas (ou da carochinha), vejo que eles continuam capazes de mostrar o que de maravilhoso há nas dobras do mundo visível.

Se é que, de fato, o maravilhoso ainda existe em nosso mundo.

Tv Paga

Tv Paga : 10/12/2013

 (Panda Filmes/Divulgação)


Uma coprodução Brasil/Argentina, o filme A casa elétrica estreia hoje, às 22h, no Canal Brasil. A direção é de Gustavo Fogaça e no elenco estão André Di Mauro, Juan Arena e Nicola Siri (foto), nos papéis de três irmãos imigrantes italianos que abriram a primeira fábrica de gramofones da América Latina, em Porto Alegre, em 1913. A história da música na América do Sul caminha junto à realização dos sonhos de um imigrante, a do Brasil e também a de um amor.
Canal Viva exibe filme
do Casseta & Planeta

Outra atração brasileira hoje é a comédia Seus problemas acabaram, da turma do Casseta & Planeta, abrindo a seleção especial de cinema nacional do canal Viva, às 21h30. No FX, tem sessão dupla com Bruce Willis em Duro de matar 2, às 20h25, e Duro de matar 4.0, às 22h30. Na faixa das 22h, são mais seis opções para o assinante: O legado Bourne, no Telecine Premium; Busca explosiva 3, no Telecine Pipoca; Flores do Oriente, no Telecine Touch; Crimes cruzados, no Max Prime; Correndo atrás, no Sony Spin; e O lutador, na MGM. Outros destaques da programação: Idas e vindas do amor, também às 21h, na Warner; Jogo de amor em Las Vegas, às 22h30, no Megapix; e Interlúdio de amor, à meia-noite, na Cultura.

Underbelly 5 chega ao
fim hoje no +Globosat

O canal +Globosat exibe hoje, às 22h, o oitavo e último episódio de Underbelly 5. A pressão faz com que o procurador Crown tenha um ataque cardíaco, deixando-o fora do caso, poucos dias antes de o julgamento começar. Para substituí-lo escalaram Paul Leask, um jovem advogado. O tempo passa e o júri chega finalmente ao veredito sobre Anthony Perish, que é
culpado pelo crime de assassinato e pela conspiração para matar Terry Falconer.

Fantasma quebra tudo
em uma sessão espírita

Quantas pessoas não gostariam de ter registrada em vídeo suas aterrorizantes experiências com o sobrenatural? Minha história de fantasma apresenta algumas delas. Entre os cassos relatados hoje, um fantasma dá um golpe na boca de um dos participantes de uma limpeza espiritual no meio da oração. O programa vai ao ar às 22h, no canal Bio.

Documentário mostra
o perfil de Mike Tyson

Dirigido pelo lendário cineasta Spike Lee, o documentário Mike Tyson: verdade fora de disputa mostra os altos e baixos da vida do ex-campeão mundial de pesos pesados Mike Tyson, retratando sua juventude, carreira e a época que passou na prisão. Confira às 22h, na HBO.

Abu entrevista o filho
de Patativa do Assaré

Na edição de hoje de Palco e plateia, às 21h30, no Canal Brasil, José Wilker conversa com o colega Ricardo Blat, que fala sobre o Teatro Experimental Mogiano; o Patinho Feio, um dos personagens mais marcantes de sua carreira; e comenta a participação na peça Equus. Já às 23h30, no Provocações, da Cultura, Antônio Abujamra entrevista João Cidrão, filho de um dos maiores poetas brasileiros, o cultuado Patativa do Assaré.