sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

ENTREVISTA/IRINA GEORGIEVA BOKOVA » O valor da África - Max Milliano Melo‏

Diretora-geral da Unesco lembra que a cultura do continente influenciou povos de todo o planeta e defende uma nova forma de contar a história da região 

Max Milliano Melo
Estado de Minas: 28/12/2012 

Brasília – Desde setembro de 2009, cabe à búlgara Irina Georgieva Bokova a tarefa de conciliar diferentes interesses e visões sobre ciência, cultura e educação. Primeira mulher e primeira pessoa nascida na Europa Oriental a ocupar o cargo de diretora-geral da Unesco, organização ligada às Nações Unidas que agrega 195 países-membros, ela comandará as ações da Década para as Pessoas de Ascendência Africana, declarada pela ONU entre 2013 e 2022.
Às vésperas do início da celebração, Irina falou com exclusividade ao Estado de Minas. Segundo ela, a trágica experiência da escravidão fez com que o continente africano fosse o primeiro a experimentar um processo de globalização e moldou preconceitos e sentimentos depreciativos que ainda subjugam os negros. “Apesar de o comércio de escravos e a escravidão já não serem tolerados, alguns conceitos produzidos por esse sistema estão, hoje, infelizmente, ainda vivos. Por essa razão, a luta contra o racismo e contra a discriminação em muitas regiões do mundo continua a ser um enorme desafio”, diz.
Casada e com dois filhos, Irina, que militou no Partido Comunista de seu país, foi deputada federal, membro do Comitê de Integração da Europa e embaixadora em Mônaco e na França. Há três anos, ocupa a cadeira deixada pelo japonês Koichiro Matsuura na Unesco. Ela, agora, pretende ampliar a importância que o mundo dá à história africana, mudando o enfoque colonialista que costuma receber. “Gostaria de felicitar o governo do Brasil por tornar o ensino de história da África obrigatório em todos os níveis de escolarização”, ressalta. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Apenas 86 dos 962 sítios do Patrimônio Mundial estão localizados na África, enquanto a Europa acolhe sozinha quase 50% desses locais reconhecidos como de especial valor. Essa não seria uma distorção na própria instituição que deveria trabalhar para a promoção da diversidade cultural?
É verdade que dos 962 sítios do Patrimônio Mundial apenas 9% estão localizados na África subsaariana. Acredito que estamos fazendo tudo o que podemos fazer para atingir um maior equilíbrio. No entanto, devo salientar que a decisão de nomear locais cabe inteiramente aos Estados parte. Muitos governos africanos simplesmente não têm recursos humanos e financeiros para realizar o longo e complexo processo de preparação do dossiê de candidatura. A Unesco está empenhada em apoiá-los nesse processo. Inscrever um lugar na lista do Patrimônio Mundial traz grandes ganhos em termos de aumento de orgulho nacional, de identidade e também de bem-estar social das comunidades locais. Estamos fazendo progressos. Desde 2002, mais oito países africanos ratificaram a Convenção do Patrimônio Mundial.

A Unesco tem, portanto, um papel institucional a cumprir nessa questão.
A Unesco tem uma posição clara e forte: a proteção e a promoção da cultura africana é importante para todas as sociedades, mas também pode servir como um motor para o desenvolvimento sustentável. Desde meados dos anos 1990, numerosas iniciativas de capacitação foram lançadas no campo de Patrimônio Mundial. O nosso objetivo é atingir uma representação mais equilibrada global, incluindo a África, por meio da identificação de novas categorias de sítios e treinamento de profissionais africanos na área do Patrimônio Mundial. 

A senhora também citou a falta de recursos financeiros. Como lidar com a falta de dinheiro de muitos países?
Em 2006, a Unesco criou o Fundo do Patrimônio Mundial Africano para fornecer apoio financeiro e técnico para a conservação e a proteção efetiva do patrimônio da África. O fundo visa promover a nomeação de sítios africanos e o desenvolvimento de estratégias para lidar com os desafios dos países do continente na implementação da Convenção do Patrimônio Mundial. Outra prioridade é apoiar e otimizar as indústrias culturais em toda a África no âmbito da Convenção sobre Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, de 2005. A África tem um enorme potencial nessa área, mas as capacidades nacionais e locais devem ser reforçadas. Por um programa-piloto regional lançado neste ano, a Unesco está treinando os principais interessados, trabalhando no fortalecimento das experiências locais e criando uma plataforma de partilha de informações.

Há preconceito contra a história e a cultura da África?
De modo mais geral, o reconhecimento da cultura africana e de sua contribuição para o progresso da humanidade sempre foi um importante compromisso da Unesco. Para cumprir essa missão e construir pontes entre culturas, a organização trabalha para responder aos preconceitos persistentes que são direcionados à África e às pessoas de ascendência africana, herdados do comércio de escravos, da escravidão e da colonização. Para remediar a ignorância generalizada e mal-entendidos a respeito da cultura e da história da África, colaboramos com os mais respeitados profissionais e especialistas no tema, a fim de produzir e divulgar conhecimento preciso, equilibrado e respeitoso sobre o continente. É por essa razão que o trabalho intelectual da Unesco sobre a África continua a ser mundialmente respeitado.

A escravidão ainda é uma memória delicada em muitos países, inclusive no Brasil. Por que é importante resgatar esse período, mesmo sendo tão doloroso?

O passado tem lições valiosas para o presente e o futuro. Esse período da nossa história moldou profundamente nosso mundo e nossa percepção da alteridade. Apesar de o comércio de escravos e a escravidão já não serem tolerados, alguns conceitos produzidos por esse sistema estão, hoje, infelizmente, ainda vivos. Por essa razão, a luta contra o racismo e contra a discriminação em muitas regiões do mundo continua a ser um enorme desafio. Esses flagelos parecem minar nossas sociedades, exacerbando desigualdades e divisões. Para aumentar a conscientização sobre essa questão e combater o racismo e a discriminação, a Organização das Nações Unidas proclamou a Década para Pessoas de Ascendência Africana (2013-2022), sob o tema do reconhecimento, da justiça e do desenvolvimento.

De que forma a escravidão “moldou profundamente nosso mundo”?
O comércio de escravos e a escravidão levaram à interação inédita entre a África e o resto do mundo. Pela mistura de escravos africanos e culturas locais, novos idiomas, danças, músicas, religiões e tradições surgiram. Algumas expressões culturais contemporâneas, como o jazz, o reggae, o hip-hop e a street art, estão intimamente ligadas a essa história. No âmbito das suas novas direções e perspectivas, o Projeto Rota do Escravo: Resistência, Liberdade, Patrimônio busca articular os aspectos dessa memória ainda relevante nas sociedades de hoje, a fim de transformar capítulos lamentáveis de nossa história em uma poderosa fonte de inspiração para gerações futuras. A Unesco defende a “alfabetização cultural”. 
O mundo continua analfabeto em relação à cultura, à história e ao legado africanos?
Entre nossos diferentes programas de educação e cultura, um dos mais ambiciosos é O uso pedagógico da História Geral da África, que quer renovar o ensino da história da África não só na África, mas em outras regiões do mundo. Essa história, amplamente contada a partir da perspectiva de colonizadores, tem sido muitas vezes distorcida. O projeto busca desenvolver materiais curriculares para o ensino primário e escolas secundárias, além de diretrizes para o ensino da história africana no ensino superior a partir da perspectiva africana. Materiais adequados à educação formal e não formal serão também produzidos. 

Inclusive no Brasil?
A Unesco tem visto o governo brasileiro na tradução dos oito volumes sobre o tema em português e na implementação do programa. A esse respeito, gostaria de felicitar o governo do Brasil por tornar o ensino da história da África obrigatório a todos os níveis de ensino.

Como a promoção da diversidade cultural ao redor do mundo pode ajudar a solucionar os problemas locais da África, como 
guerras civis e degradação ambiental?

A promoção da diversidade cultural incentiva a diversidade entre os diferentes povos ao redor do mundo, promovendo o respeito à multiplicidade das culturas locais e nacionais. Sociedades africanas podem ter sido as primeiras culturas globalizadas da história. Assim, esse movimento pode nos ajudar a compreender o tremendo impacto das tradições africanas na construção das sociedades contemporâneas, tanto nas Américas e no Caribe quanto na Europa, no mundo árabe-islâmico e na Ásia. A melhor compreensão dos valores comuns que unem os povos contribui para a construção de um mundo mais positivo e uma atitude mais respeitosa com a África e as culturas africanas.
Como essa estratégia da Unesco é posta em prática?
Há uma série de atividades culturais e convenções que buscam promover a cooperação internacional na salvaguarda do patrimônio material e imaterial e de expressões da cultura contemporânea. Com referência ao mais famoso desses tratados, a Convenção do Patrimônio Mundial, a Unesco promove vários projetos de preservação, como das florestas africanas, particularmente na parte central do continente, que são também a casa de indígenas pigmeus Baka. Isso deve ser considerado uma estratégia de gestão, dado o papel que eles representam na conservação sustentável dos recursos da floresta.

De onde vêm os recursos para isso?

A Convenção sobre a Proteção e a Promoção da Diversidade das Expressões Culturais tem como objetivo promover o desenvolvimento sustentável e a redução da pobreza nos países em desenvolvimento, por meio do reforço cultural local das indústrias. O Fundo Internacional para a Diversidade Cultural (IFCD, no valor de mais de US$ 5,6 milhões em contribuições voluntárias) fornece suporte para 48 projetos, dos quais 26 estão em 17 países africanos. Eles variam de objetivo. Vão desde medir a contribuição econômica da cultura do Zimbábue nas indústrias até o estímulo ao empreendedorismo criativo na África do Sul, passando pelo desenvolvimento de um plano estratégico para implementação de políticas culturais no Togo.

Sexo, só com autoestima - Rebeca Ramos‏

O bem-estar psicológico é também condição preliminar para uma relação prazerosa. De acordo com especialistas, a perpetuação dos traumas está na dificuldade da mulher em conhecer o próprio corpo
 

Rebeca Ramos
Estado de Minas: 28/12/2012 

A equação é simples: sem equilíbrio psicológico, sem sexo de qualidade. Descartados problemas físicos, se o sexo não está prazeroso, o que o dificulta vem da mente. Autoestima baixa, depressão, ansiedade e traumas estão entre as complicações mais frequentes. E os efeitos não se restringem apenas à insatisfação sexual. Podem comprometer as relações sociais, alertam especialistas. Por isso, buscar o autoconhecimento e resolver rusgas passadas são atitudes imprescindíveis para usufruir dos prazeres da vida.
Nos consultórios, quando o problema é tratado, predominam justificativas que envolvem traumas recorrentes da iniciação sexual, como falta de preliminares e/ou de lubrificação, e bloqueios culturais. O sexólogo Ronaldo Félix explica que, em geral, há uma baixa autoconsciência corporal e uma ainda menor autoconsciência do próprio aparelho genital, bem como do seu potencial orgástico. “A baixa autoestima é o principal motivo adjacente a todos os demais que, em nosso entendimento, concorrem para manter a pessoa presa ao passado traumático e aos fatores limitadores de uma vida sexual satisfatória. Não no sentido mais popular, de se gostar, mas no sentido de se cuidar”, diz. 

O cenário não poderia resultar em nada mais do que uma relação sexual ruim. As queixas mais frequentes, ele conta, referem-se às dificuldades em relaxar e em se envolver física e emocionalmente com o parceiro. Segundo a sexóloga Walkiria Fernandes, a pessoa deprimida costuma perder ou diminuir a motivação para diversas coisas na vida, inclusive o sexo. “Além disso, alguns antidepressivos costumam diminuir tanto o desejo sexual quanto a possibilidade de se chegar ao orgasmo, e isso pode fazer com que a mulher se sinta ainda mais desmotivada”, afirma.

Normalmente, a pessoa que tem a autoestima baixa apresenta pouca assertividade, que é a capacidade de saber expressar desejos, pensamentos e sentimentos sem a preocupação de ser aprovada e aceita pelos outros. “A autoestima não é apenas o quanto gostamos de nós mesmos, mas também o quanto nos orgulhamos de nós. Quando a pessoa não se orgulha e não se gosta, tende a ser muito insegura e costuma se preocupar muito em agradar os outros”, descreve. 
A especialista considera que no sexo esse comportamento se reflete na preocupação em ser aceita, em demonstrar uma satisfação sexual e, de certa forma, na intenção de chegar ao orgasmo “para causar uma boa impressão”. “Quanto mais a mulher se cobra o orgasmo, menos condições ela tem de alcançá-lo”, garante.

Efeitos da memória Entram também no turbilhão de pensamentos que vêm à cabeça antes, durante e depois do sexo os problemas e traumas não resolvidos. “Tudo o que ficou registrado no inconsciente de forma negativa relacionado principalmente ao sexo ou à figura masculina pode fazer com que a mulher projete suas vivências no ato sexual ou na relação com o parceiro. Isso pode comprometer a entrega no momento do sexo”, diz Walkiria.

A psicóloga clínica Maraci Sant’Ana cita ainda o efeito de problemas psicológicos mais duradouros, como o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), o transtorno bipolar do humor, o transtorno de ansiedade generalizada (TAG) e a síndrome do pânico. “Além disso, há casos ligados às crenças e à falta de informação. Qualquer um desses problemas pode trazer tristeza, pessimismo, desesperança, cansaço físico e mental, sentimento de pesar e de fracasso”, cita.

Segundo Maraci, toda situação que compromete o prazer pode ser caracterizada como problema sexual. É comum a mulher com o desejo diminuído ter pouca ou nenhuma motivação para o sexo e fazê-lo apenas para satisfazer o parceiro. E é normalmente esse mesmo companheiro que indica a importância da ajuda especializada. “Raramente essa iniciativa parte da mulher. Para ela, nesses casos, ter ou não ter sexo não faz muita diferença.”

Terapia meniza loqueios

Há situações em que a mulher tem desejo e excitação, mas encontra dificuldade em atingir o orgasmo. De acordo com a psicóloga clínica Maraci Sant’Ana, a estimativa é de que mais da metade da população feminina enfrente esse problema no momento da penetração. Se não há um complicador físico, como uma doença, e a mulher atinge o clímax sexual de outras formas – pela masturbação, por exemplo –, há, sim, uma questão a ser resolvida. 

A solução, diz o sexólogo Ronaldo Félix, é baseada em tratamento psicológico. Ele conta que as abordagens teóricas mais utilizadas são as cognitivas-comportamentais e as psicanalíticas. Conhecer o próprio corpo está entre os desafios propostos nas sessões. “Encontro uma resistência muito grande quanto à masturbação. Em geral, a autocarícia se faz necessária no desenvolvimento da autoconsciência genital e orgástica”, explica o especialista.

O orgasmo, segundo a sexóloga Walkiria Fernandes, é tanto uma condição física quanto psicológica. Física porque é um ato reflexo que ocorre em resposta a um estímulo, e psicológica porque normalmente ocorre quando há ao menos um mínimo de entrega ao momento erótico ou à fantasia sexual. Quando a mulher fica na expectativa de atingir o orgasmo, ela passa a ter pouca percepção de suas sensações eróticas. “Assim, mesmo que a excitação alcance a plenitude, o fato de esperar o orgasmo acaba a interrompendo”, ressalta. 
Ler sobre o assunto para diminuir dúvidas e a ansiedade, e afastar preconceitos e crendices, é imprescindível, indica a sexóloga. Outro caminho recomendado é manter um relacionamento que inclua a conversa com o parceiro sobre o assunto. Havendo necessidade, um especialista deve ser procurado. “A insatisfação sexual pode acarretar mais e mais insatisfação, levando, inclusive, à aversão ao sexo”, alerta. (RR)

Todas as Dilmas de Minas - Bertha Maakaroun‏

Presidente vira referência para os eleitores, o que explica aumento do número de mulheres candidatas e daquelas que conquistaram o comando da prefeitura ou uma vaga nas câmaras 

Bertha Maakaroun
Estadode Minas: 28/12/2012 
Depois de várias tentativas, elas decidiram voltar às ruas este ano para pedir votos. Desta vez, porém, encontraram um eleitor com uma nova referência: “Se uma mulher pode governar o Brasil, por que não a cidade?”. Muitas das 71 mulheres que vão assumir o comando de prefeituras em Minas Gerais a partir de janeiro ouviram frases semelhantes durante a campanha. Algumas chegaram a usar jingles que remetiam à ideia de que “as mulheres, enfim, vão dominar o mundo”. Agora, eleitas em cidades onde o poder, tradicionalmente na esfera masculina, nunca foi exercido por uma mulher, elas prometem uma gestão que se inspira em características que percebem na presidente Dilma Rousseff (PT). Determinação e firmeza são pontos que as prefeitas de primeira viagem querem adotar como marca da administração. 

Se para as câmaras municipais do estado o aumento das candidaturas femininas não foi acompanhado em igual proporção do número de cadeiras conquistadas por mulheres, para os cargos executivos, entre 2008 e 2012, não só mais mulheres concorreram, como também um número maior delas venceu as eleições. 

Se o efeito “Dilma” não explica, segundo garantem as prefeitas eleitas, a sua disposição em concorrer – uma vez que grande parte delas vem de tentativas anteriores –, o fato é que com a eleição da presidente o eleitor passou a avaliar de outra forma as mulheres candidatas ao Executivo. “A credibilidade da mulher cresceu”, afirma Maria Ivone (PV), primeira mulher eleita prefeita em Malacacheta, no Vale do Jequitinhonha. Ivone, que entrou para a política pelas mãos do seu irmão, o deputado federal Fabinho Liderança (PV), derrotou o prefeito Padre Aureliano (PTC), que concorria à reeleição. “Em 2008, disputei as eleições e perdi para o padre por 900 votos. Agora tentei de novo. A coisa melhorou muito depois de Dilma”, avalia.

Não apenas numericamente, mas também proporcionalmente ao número de candidaturas femininas, há crescimento na participação de mulheres no poder local em Minas. Em 2008, 171 candidatas disputaram as prefeituras no estado. Foram eleitas 51, um sucesso eleitoral de 29,8%. Neste pleito, 230 mulheres enfrentaram as urnas para governar as cidades, um aumento de 35%. Venceram 71, ou seja, 31% daquelas que concorreram tiveram êxito . O número de vereadoras eleitas no estado cresceu 13% de 2008, quando 831 conquistaram uma cadeira, para 941 em 2012. 

DOIS LADOS DA DISPUTA Entre as 71 mulheres escolhidas para comandar as cidades, 15 foram reeleitas. Treze delas bateram nas urnas prefeitos que concorriam a um novo mandato e 23 disputaram contra candidatos apoiados pelos atuais prefeitos. Apenas 20 vão suceder prefeitos aliados que sustentaram as suas candidaturas. 

Houve eleições tranquilas. É o caso de Sericita, na Zona da Mata, onde a candidata única, Marilda Eni Coelho Reis (PSDB), mulher do ex-prefeito Robson Cruz, conseguiu alinhavar em torno de sua candidatura um amplo espectro partidário – do PSDB ao PT. Ela sucederá o prefeito democrata Antônio Sérgio da Cruz, também candidato único em 2008, que, quando sonhou em iniciar as articulações para a sua reeleição este ano, descobriu que os aliados já estavam apoiando Marilda. 

Em Formoso, no Noroeste de Minas; Gonçalves, no Sul de Minas; e em Manhumirim, na Zona da Mata, as disputas, no entanto, foram tão acirradas quanto podem ser em pequenas cidades, onde os desafiantes enfrentam candidaturas apoiadas pelo prefeito. 

A empresária Darci Maria Braga (PTB), ex-vereadora e candidata derrotada em 2008 pelo atual prefeito de Manhumirim, Ronaldo Correa (PT), persistiu. Voltou a concorrer, desta vez em coligação com o PSDB, o PP e o PV, contra o candidato do prefeito, Paulo Roberto Corrêa (PT), ex-secretário municipal de Cultura e Esporte. Um terceiro nome, Luciano Machado (DEM), ligado ao deputado estadual Zé Henrique (PMDB), também entrou no páreo. 

“O povo estava decidido a ter mudança”, afirma a prefeita eleita, que será não apenas a primeira mulher a governar a cidade. “Pela primeira vez é eleito alguém nascido aqui. Todos os prefeitos que ganhavam aqui vinham de fora”, conta Darci. A campanha foi dura. “Concorri com um candidato do prefeito com a máquina na mão. Lutamos muito.” Mas ela encontrou nas ruas um eleitor diferente daquele de 2008. “A cabeça mudou, muito por causa da Dilma. Viram que as mulheres estão mais atuantes e desenvolvem um trabalho melhor. Perderam o preconceito. Muitos falavam assim: é Dilma lá e Darci aqui”, lembra ela, que, por ironia, derrotou um prefeito petista e seu candidato também do PT. 

Decidida a mostrar que fará diferença, Darci já elegeu as suas prioridades. “Haverá mudança radical no atendimento à saúde e em todos os serviços da prefeitura para atender a população, pois o cargo de prefeito é passageiro. Mas a vida da gente continua aqui, na cidade”, avisa, com uma republicana lucidez, postura desejada mas nem sempre encontrada nos mandatários eleitos para os cargos executivos.

PULSO FIRME Também em Formoso, Maria Domingas Marchese (PMDB), a Nena, teve lá os seus percalços na disputa com o candidato Irineu Balbinot (PR), apoiado pelo prefeito Luiz Carlos da Silva (PPS). Foi no voto a voto que a primeira mulher eleita na cidade alcançou 54,7% do total válido, uma diferença de 461 votos sobre o adversário.  “Dilma na Presidência contribuiu muito. Os eleitores faziam comparações: se a mulher é capaz de governar o país, por que não vai governar bem a cidade?”, lembra a prefeita eleita. Mirando-se no exemplo de Dilma, Nena avisa: “Terei pulso firme para conduzir nossa cidade. Não terei medo. Como Dilma, vou mandar embora quem tenha errado ou promovido o malfeito”. 

Assim como Nena, Lourdinha, eleita para governar Gonçalves, foi derrotada há oito anos pelo atual prefeito Luiz Rosa (PR). A hora da revanche chegou neste pleito. Ela, que é funcionária municipal há 16 anos, bateu nas urnas José Donizetti da Silveira (PR), apoiado por Luiz Rosa. “Dilma foi uma grande referência para o eleitor. Sentimos isso durante a campanha. Por que não votar numa mulher se nossa presidente é mulher?”, conta Lourdinha do alto do seu 1,49m. 

Ela anuncia um governo “mais sensível”, voltado para as questões sociais. De Dilma, ela adotará as características que considera mais importantes em um governante: determinação e neutralidade na hora de se posicionar em relação aos seus aliados. “Diante de qualquer problema ou dificuldade, ela busca conhecer para depois defender quem quer que seja. E toma as decisões necessárias. Doa em quem doer”, afirma Lourdinha.

Saga de Ronaldinho Gaúcho vai virar filme - Roger Dias‏

Saga de Ronaldinho Gaúcho vai virar filme. Gravações de R10 - The Movie serão feitas na Índia, seguindo modelo que levou às telas trajetória do também astro Michael Jordan 

Roger Dias
Estado de Minas: 28/12/2012 

Craque de bola, ídolo da massa e, agora, candidato a estrela de cinema. Depois de superar as expectativas em seus primeiros seis meses no Atlético, ajudando a equipe a chegar ao vice-campeonato brasileiro e à vaga direta na Copa Libertadores depois de 13 anos, Ronaldinho Gaúcho vai encerrar o ano em grande estilo. Ele foi recebido por centenas de fãs em Pune, no Oeste da Índia, para gravar um filme com sua participação. O jogador será a estrela de um longa- metragem produzido pela Bala Entertainment International, que pertence ao grupo Vencky’s, dono do clube inglês Blackburn. 

A produção deve se chamar R10 - The Movie e contará com desenhos animados, em moldes parecidos à versão de Space Jam (1996), protagonizado pelo jogador de basquete Michael Jordan, com Pernalonga e Patolino, da Warner Bros. Carismático, R49, usando uma mochila do Galo, procurou atender alguns torcedores, mas os policiais tiveram de intervir para que o craque passasse pelo saguão do aeroporto com tranquilidade. 

Embora não tenha divulgado a data exata de seu retorno ao Brasil, o armador não deve ter uma passagem longa pela Ásia: ele tem reapresentação marcada com o restante do grupo do Atlético para 7 de janeiro, na Cidade do Galo. O filme ainda não tem data para ser lançado. “Indo buscar meu presente de Natal na Índia. Vem novidade muito legal por aí”, escreveu o armador em seu perfil no Twitter. Somente hoje ele dará detalhes sobre as gravações, ao lado de Balaji Rao, presidente da Vencky's.

A cidade de Pune é famosa no cenário cinematográfico e realiza anualmente um festival internacional. Com o crescimento da Bollywood, indústria de cinema indiana, o número de ingressos vendidos em toda a Ásia neste ano superou os 3,5 bilhões.

Ronaldinho ficou em quarto lugar na eleição do melhor jogador das Américas em 2012, segundo pesquisa do jornal uruguaio El País entre seus leitores. O armador teve 40.305 votos, enquanto o santista Neymar, ganhador, recebeu 53.958. Em segundo lugar ficou o peruano Paolo Guerrero, autor do gol do título mundial do Corinthians (43.843 votos), seguido pelo argentino Matías Rodríguez, lateral da Universidad de Chile, com 43.188 votos. O melhor treinador foi o argentino José Peckerman, que comanda a Seleção Colombiana.

CHEGADA O atacante Alecsandro deve chegar a Belo Horizonte somente em 7 de janeiro para assinar contrato e fazer exames médicos. Ele viria ontem, mas mudou os planos e continuará em férias em Bauru (SP). O também atacante Leonardo, envolvido na negociação para a vinda de Alecsandro para o Galo, ainda não acertou salários com o Vasco. Por telefone, seu procurador e empresário, Carlinhos Sabiá, teve rápida conversa com o diretor de futebol cruz-maltino, Renê Simões, sem chegar a um acordo.

O jogador teria pedido um valor acima do oferecido pelo Vasco, que planeja reduzir a folha salarial em virtude de crise financeira. O volante Fillipe Soutto, outro envolvido na transação, já definiu sua situação e ficou satisfeito com a chance de ser titular pelo Gigante da Colina: “Às vezes, temos de mudar os ares e tentar melhorar um pouco. Agora posso ter oportunidade de uma sequência de jogos”.

No campo das especulações, o nome do atacante Maicon, de 22 anos, que atuou com Cuca em 2009 pelo Fluminense e foi vendido ao Lokomotiv-RUS, vem sendo ventilado.

TV PAGA

Estado de Minas:28/12/2012

As grandes novidades do pacote de cinema da TV por assinatura ficam reservadas normalmente para o fim de semana, especialmente o sábado. Mas às sextas-feiras costuma estrear uma ou outra produção mais interessante, como é o caso de A toda prova, trama de espionagem inédita na telinha e que o Telecine Premium exibe hoje, às 22h. Quem dirige é Steven Soderbergh, que gosta não só do gênero ação e suspense, mas também de trabalhar com elencos numerosos, aqui com a “novata” Gina Carano (foto) ao lado de medalhões como Michael Douglas e Antonio Banderas e mesmo Ewan McGregor, Channing Tatum e Michael Fassbender.

Muitas alternativas na 
programação de filmes


Hoje é aniversário de Denzel Washington, o que levou o Telecine Action a programar quatro filmes estrelados por ele: Hurricane – O Furacão (17h15), Por um triz (19h55), Déjà vu (22h) e Incontrolável (0h15). Na faixa das 22h, o assinante tem mais oito opções: Alemanha 09, na Cultura; Sr. e sra. Smith, na Fox; Obrigado por fumar, no FX; Hellboy 2 – O exército dourado, no Megapix; Lanterna Verde, na HBO; De pernas pro ar, no Telecine Fun; Barfly – Condenados pelo vício, no Telecine Cult; e Chaplin, no TCM. Outras atrações da programação: Control, às 20h, no A&E; O vizinho, às 21h, no AXN; e Dúvida, às 21h, no Sony.

NatGeo reconstitui a 
invasão da Normandia

No segmento dos documentários, duas dicas. Às 21h45, o NatGeo emenda três programas sobre a 2ª Guerra Mundial: “O Dia D”, “A Batalha de Caen” e “Libertação da Normandia”. No canal Off, às 22h, Why we ride retrata a história e o estilo de vida de esquiadores e praticantes de snowboard em Montana (EUA), inclusive com filmagens gravadas nas décadas de 1930, 40 e 50.

A festa continua com 
mais comilança por aí

A produção de Eat street segue viajando pelo mundo para mostrar curiosidades da culinárias, às 20h15, na Fox Life, hoje levando o assinante até Los Angeles, Austin e Washington, nos Estados Unidos, e a Toronto, no Canadá. Já no canal Bem Simples, às 22h, Homens gourmet emenda dois episódios especiais de ano-novo, com receitas de pratos como couscous marroquino, insalatta frutti e brûlée de bacalhau.

O que será que andam 
pensando de Gentili?


Danilo Gentili é o convidado de hoje de Sarah Oliveira no programa Viva voz, às 21h, no canal GNT. A produção do programa visita uma loja de roupas, uma aula de axé, uma dinâmica de grupo e o calçadão de Copacabana, no Rio de Janeiro, para saber como o povo imagina Danilo fora de cena. 

Gavin revela detalhes 
de LP de Dori Caymmi


O álbum Brasilian serenata, que Dori Caymmi lançou em 1990, vai passar pela análise faixa a faixa por Charles Gavin, em mais um programa O som do vinil, às 21h30, no Canal Brasil. Nesse disco, Dori gravou canções como Você já foi à Bahia? e Mercador de siri. Na mesma emissora, à meia-noite, o rapper Emicida vai encarar O estranho mundo de Zé do Caixão.

Atenção: Cozinha nerd

folha de são paulo - TEC

Com sopa de linguiça, bolinho de gemada e iPhone de chocolate, livro reúne 75 receitas culinárias
de executivos da área de tecnologia
CLAIRE CAIN MILLERDO “NEW YORK TIMES”Nem todo mundo é capaz de criar uma companhia como o Facebook ou o Foursquare, mas você pode fazer os bolinhos de Natal com gemada e raspas de canela da família Zuckerberg ou a sopa de linguiça da mãe do fundador do Foursquare.
Essas são duas das 75 receitas, acompanhadas por relatos pessoais e fotos, que empresários, engenheiros e executivos do setor de tecnologia revelam no livro "The Start-Up Chef". O dinheiro arrecadado será doado a organizações de combate à fome.
Daniel Ek, fundador do Spotify, apresenta sua receita de filé marinado, e Fred e Joanne Wilson, investidores em tecnologia e conhecidos blogueiros, oferecem seus cookies com pastilhas de chocolate, que eles alardeiam como os melhores do mercado.
Há receitas exóticas, como o iPhone de chocolate de Brit Morin, empresária de mídia digital, e outras que parecem dignas de banquete, como o peixe halibute ao molho de limão com batatas assadas e creme fresco de Ken Weber, da empresa de games Zynga.
O livro de receitas está disponível apenas como e-book, mas uma versão em papel talvez venha a ser lançada. O valor pago pelo livro fica a critério do comprador -o preço sugerido é US$ 20, e o mínimo é US$ 10.
O livro foi concebido por Hunter Walk, executivo que comanda a YouTube for Good -unidade da empresa que coopera com organizações sem fins lucrativos-, e por Maya Baratz, executiva de novas mídias da rede ABC News.
As receitas propiciam um vislumbre das vidas pessoais -e das cozinhas- de algumas celebridades do mundo da tecnologia. O livro revela, por exemplo, que engenheiros gostam de sobremesas e que os executivos do setor de capital para empreendimentos gostam muito de drinques.
"Elas são pessoas muito interessantes, conhecidas por aquilo que fazem em seus escritórios durante o dia, e o livro mostra um pouco do que as inspira em seu processo criativo", diz Baratz.
Walk propôs a ideia, conta ele, inspirado pelas fotos de comida que seus amigos do ramo de tecnologia publicam em serviços como o Instagram. Cozinhar, pelo visto, não é muito diferente de criar software, pois envolve pegar componentes crus e transformá-los em um produto completo, dizem os autores.
O e-book serve como exemplo de filantropia praticada por jovens empresários da tecnologia muito antes que se aposentem. Os recém-bilionários do Vale do Silício às vezes são criticados por não serem tão filantrópicos quanto sua riqueza permitiria, mas isso está mudando, diz Walk.
"A comunidade da tecnologia, em especial jovens fundadores de empresas, já não espera para praticar filantropia só após suas empresas abrirem o capital [na Bolsa]. Eles querem contribuir para o mundo o tempo todo."

    RECEITA
    Fácil
    2h30
    Sopa de linguiça da mamãe Crowley
    por Dennis Crowley, fundador da rede social Foursquare
    Ingredientes
    • 3 linguiças cozidas e fatiadas
    • 1 tablete de caldo de galinha dissolvido em 0,5 litro de água
    • 2,5 litros de água
    • 1 lata de purê de tomate
    • 1 cebola picada
    • 1 folha de louro
    • Sal e pimenta a gosto
    • 1 punhado de salsinha picada
    • 2 dentes de alho amassados
    • Miniespinafre picado
    • Macarrão, se desejar
    Preparação
    • Ferva a água com o caldo de galinha dissolvido
    • Acrescente os demais ingredientes
    • Cozinhe em fogo brando por duas horas. Pouco antes de servir, acrescente o miniespinafre picado
    • Para uma sopa mais encorpada, sirva com macarrão

      Fábio Seixas

      FOLHA DE SÃO PAULO

      A lista das utopias
      Brasil termina o ano com só um piloto confirmado na F-1 e sem perspectiva de uma mudança de cenário
      Em sua edição de Natal, na última terça-feira, a "Folha Corrida" trouxe o resultado de uma consulta com os leitores. A pergunta, feita desde o início de dezembro, foi "o que você gostaria de ler no ano que vem?"
      Uma brincadeira, num dia de noticiário tranquilo e num espaço que tem essa vocação mais leve e descontraída.
      A página trouxe 18 "manchetes" fictícias, pendulando do acordo de paz entre israelenses e palestinos ao fim da seca no sertão nordestino. A principal delas, publicada no alto: "Em seis meses, mundo não terá mais analfabetos, afirma ONU". Desejos reais de um mundo idílico.
      E havia uma, apenas uma, de esporte: "Massa ultrapassa Vettel na última volta, bate recorde em Interlagos e é campeão da F-1". A ilustração, de Pablo Mayer, trazia o piloto em seu macacão vermelho, chorando, derramando champanhe na cabeça, abraçado a um troféu.
      É de parar para pensar.
      De novo: a página foi uma brincadeira, não uma pesquisa com valor científico. Mas foi feita com base em sugestões de leitores. E há quem encare uma conquista na F-1 como a "notícia dos sonhos".
      Não, a ideia não é ir na linha do "há coisas mais importantes". Sim, há. Mas uma vitória no esporte é sempre bacana, mexe com o orgulho nacional, vira festa na hora, faz o pessoal esquecer por um instante das durezas da vida. O que vale reflexão é a fixação por um título na F-1. E o fato de isso estar listado ao lado de algumas utopias.
      É uma utopia? Cada vez mais, sim. E a ficha do público já caiu, mostra a lista da "Folha Corrida".
      Em 2012, o brasileiro conquistou 43% dos pontos de Vettel, o campeão. Ok, ensaiou uma melhora no final do campeonato, mas, convenhamos, mais útil para sua autoestima do que para seus propósitos no Mundial.
      Mas o pior é a falta de perspectiva. Se não for com ele, não será com mais ninguém a longo prazo.
      Há enormes chances, aliás, de o ferrarista ser o único piloto do país na F-1: Bruno e Razia não acertaram com nenhuma equipe até agora e o funil está cada vez mais estreito -restam vagas só na Force India e na Caterham.
      O país não tem um piloto promissor na fila, não tem um campeonato razoável de monopostos, não tem meia dúzia de autódromos decentes, não tem uma confederação que se preocupe com a crise que já chegou. Depende, como em tantos outras modalidades, da geração espontânea de talentos. E só.
      Se de repente pintar um gênio, legal. O cenário real e a história do esporte indicam que a seca vai ser longa. E que talvez não acabe antes daquela outra, sua vizinha na página das utopias.
      FÉRIAS
      Esta coluna volta em fevereiro. Feliz 2013.
      fabio.seixas@grupofolha.com.br

        Luiz Carlos Mendonça de Barros

        FOLHA DE SÃO PAULO

        Não se deve provocar fera domada
        Bastam algumas condições especiais para a volta ao estado selvagem; é o que ocorre hoje com o câmbio
        O título desta última coluna do ano tomei emprestado de um velho pensamento chinês. Segundo os chineses, a natureza de uma fera sempre permanece, mesmo que escondida sob o manto da pacificação. Basta que ocorram algumas condições externas especiais para que a volta ao estado selvagem ocorra. É o que acontece hoje com a taxa de câmbio.
        Minha geração conhece muito bem os riscos que traz para a economia uma taxa de câmbio sem credibilidade de longo prazo. Passei pela experiência de ser diretor do Banco Central em um momento de grande desconfiança na moeda brasileira. O dólar americano reinava absoluto como referência de valor entre os agentes econômicos.
        Por isso, como se dizia antigamente, por ser cachorro já mordido por uma cobra, tenho medo até de linguiça. No momento, as declarações de membros do governo de que o real deveria perder valor nos mercados de câmbio é que me fazem perder o sono.
        Alguns defensores dessa busca de uma moeda mais fraca falam de uma relação real/dólar americano na faixa de R$ 2,40, ou seja, uma desvalorização adicional da ordem de 25%. Somada à que ocorreu nos últimos meses, teríamos um total de 33% de perda de valor do real em poucos meses. Nessas condições, a imagem de uma fera domada, que volta ao seu estado selvagem, veio a minha mente imediatamente.
        E por que a taxa de câmbio, em uma economia como a brasileira, não pode ser submetida a oscilações bruscas, como aconteceu nos últimos meses? A razão deriva do fato de que o câmbio é um macropreço, multifacetado por afetar vários outros preços na economia. Além disso, ele é um dos parâmetros mais importantes para a construção das expectativas de longo prazo, principalmente entre as empresas privadas e investidores.
        Os defensores do dólar a R$ 2,40 olham a taxa de câmbio apenas como o preço que inibe importações e permite que a indústria nacional tenha maior poder de competição com seus concorrentes estrangeiros.
        Nesse sentido, em um momento de crescimento medíocre, faria todo o sentido trabalhar por um real mais fraco. Mas, em razão dessa sua característica de preço multifacetado, uma moeda mais fraca gera uma inflação mais alta. Esse efeito é grave, principalmente em uma economia em que os produtos com preços vinculados à taxa de câmbio chegam a afetar, de maneira direta e indireta, quase 60% do índice de preços ao consumidor.
        Por isso, desvalorizar a moeda de forma agressiva é algo parecido como cavar um buraco em areia mole. Uma desvalorização agressiva e antecipada acaba, ao longo do tempo, por reduzir os ganhos reais com a taxa de câmbio a uma proporção pequena do movimento inicial em razão dos aumentos dos custos de produção.
        O custo em termos de inflação é particularmente perigoso no momento atual da economia brasileira. Estamos no limite da credibilidade do sistema de metas e, por consequência, do Banco Central.
        Se, em 2013, com a esperada aceleração do crescimento econômico, adicionarmos uma nova rodada de desvalorização do câmbio, certamente a inflação vai atravessar a fronteira dos 6% anuais.
        Outro aspecto deletério de uma desvalorização cambial no Brasil é seu efeito sobre o custo financeiro dos empréstimos externos, que representam parcela importante do endividamento de longo prazo das empresas brasileiras. Esse efeito, principalmente neste momento de pessimismo dos empresários em relação a novos investimentos por razões de expectativas, adiciona as incertezas com a taxa de câmbio aos receios com o futuro.
        Sem segurança em relação ao valor futuro do dólar, o investidor internacional que tem investido recursos em títulos de longo prazo do governo e contribuído para uma curva de juros de longo prazo mais eficiente também pode resgatar suas aplicações.
        Enquanto escrevo esta coluna, o BC continua a intervir no mercado para trazer de volta a taxa de câmbio para a proximidade dos R$ 2. Certamente foi autorizado a fazer o contrário do que o Ministério da Fazenda vinha defendendo, talvez para evitar que a expectativa de inflação para 2013 saia de vez do seu controle. Parabéns!

          Pouca variedade de cobaias leva a atraso científico, diz bióloga

          FOLHA DE SÃO PAULO

          Em artigo na revista "Nature", americana critica o uso de número limitado de espécies na pesquisa biomédica
          Características dos animais mais usados limitam resultados; é preciso financiar busca por alternativas, afirma
          REINALDO JOSÉ LOPESEDITOR DE “CIÊNCIA+SAÚDE”A panelinha de espécies que hoje domina os laboratórios de biologia precisa acabar, alerta uma pesquisadora americana nas páginas da revista científica "Nature".
          Para Jessica Bolker, professora de zoologia da Universidade de New Hampshire, a fixação dos cientistas em um punhado de cobaias -as mais conhecidas são os onipresentes camundongos, ratos e moscas-das-frutas- atrapalha o avanço da pesquisa e pode até estar adiando a descoberta de curas.
          "Estudar apenas alguns organismos faz com que a ciência fique limitada às respostas que essas espécies podem trazer", diz Bolker.
          "Essas limitações têm tido consequências sérias. As disparidades entre humanos e camundongos podem ajudar a explicar porque os milhões de dólares gastos com a pesquisa básica têm trazido avanços clínicos frustrantes."
          PROBLEMA HISTÓRICO
          Razões históricas e de praticidade explicam, em grande parte, como a panelinha se formou. A partir do começo do século 20, essas espécies se tornaram populares porque eram fáceis de criar e se reproduziam às pencas.
          No caso das moscas-das-frutas, outro ponto a favor foram seus grandes cromossomos, fáceis de observar e úteis para estudos genéticos.
          De acordo com Bolker, cada animal traz certos tipos de vieses. Muitos camundongos, por exemplo, pertencem a linhagens com alto grau de consanguinidade (pelo cruzamento de parentes próximos entre si).
          Isso faz com que eles sejam geneticamente muito homogêneos. Assim, testes de medicamentos envolvendo os bichos muitas vezes não simulam bem o que aconteceria na população humana, geneticamente mais variada.
          Já as moscas-das-frutas e o verme C. elegans, embora tenham ajudado os cientistas a entender como uma só célula dá origem a um animal, parecem ter o "defeito" de fazer esse processo parecer mais simples do que realmente é.
          Seu desenvolvimento é relativamente inflexível, recebendo influências modestas de alterações no ambiente -coisa que não ocorre na maioria dos seres vivos, diz Bolker.
          Como minimizar esse tipo de problema? Em primeiro lugar, dando mais apoio, inclusive financeiro, à busca por "organismos-modelo" alternativos, diz a pesquisadora.
          Alguns dos animais promissores listados por ela são criaturas exóticas. Um exemplo: peixes da Antártida com esqueletos finíssimos, os quais poderiam ajudar a entender melhor a osteoporose.

            Plano de chavista para adiar posse é 'golpe institucional'- Heinz Dieterich

            FOLHA DE SÃO PAULO

            ENTREVISTA - HEINZ DIETERICH
            Ex-aliado do presidente venezuelano, alemão que foi ideólogo do 'socialismo do século 21' aponta conflito no chavismo
            FLÁVIA MARREIRODE SÃO PAULOEnquanto a Venezuela debate que caminho legal seguir caso Hugo Chávez não assuma seu novo mandato em 10 de janeiro, um influente ex-aliado do governo acusa o presidente da Assembleia Nacional, o chavista Diosdado Cabello, de planejar um "golpe institucional" para adiar ao máximo novas eleições.
            Heinz Dieterich, cientista político alemão e ideólogo do dito "socialismo do século 21", atacou Cabello num conhecido site do chavismo, provocando dezenas de reações, incluindo a do próprio.
            Na TV, Cabello chamou Dieterich de "chulo" (parasita) da revolução. Ontem, o alemão radicado no México desafiou o chavista a aceitar auditoria sobre seu patrimônio -Cabello é acusado de ter enriquecido no governo.
            Em entrevista à Folha, por e-mail, Dieterich, que rompeu com o chavismo em 2007 por discordar da reeleição indefinida, diz que Cabello "inspira temor" até no próprio Chávez por ter comandado serviços de inteligência e tenta "ignorar" o "testamento político" do presidente, que designou o vice Nicolás Maduro como seu sucessor.
            Folha - Por que o sr. comparou Cabello a Stálin? De onde vem o poder dele de que falam?
            Heinz Dieterich - Comparei a manipulação do testamento político do fundador da revolução soviética [Lênin] por Stálin com a tentativa de manipulação do testamento político de Hugo Chávez por Cabello. Parte do poder de Cabello vem de sua participação nas estruturas formais de poder do Estado e do partido (PSUV), nas quais ocupou ministérios de muito poder, informação e dinheiro. Hoje é presidente da Assembleia e vice-presidente do PSUV.
            A outra parte vem de estruturas informais de poder e de seu modus operandi. Em algum momento, há que se falar disso com mais detalhe.
            Agora, basta dizer que, como ministro do Interior, foi chefe dos serviços de inteligência (2002-3) e que, sendo tenente reformado, teve forte influência nas listas de promoção de altos oficiais.
            Se Chávez não confiava nele, por que permitiu que ele fosse presidente da Assembleia?
            Pelo que disse: Cabello tinha informação e não tinha escrúpulos em usá-la. Quer dizer: inspirava temor. Podia controlar a direita na Casa.
            Como descreveria as facções no chavismo? Onde os cubanos ficam nesse cenário?
            As facções decisivas são os governadores, os ministros, a Assembleia, o Tribunal Supremo de Justiça e as Forças Armadas. Cabello lidera o que era a fração mais poderosa. O testamento político do presidente neutralizou esse monopólio criando um poder equivalente, com Maduro à frente. Usando um conceito estatístico: a cena política venezuelana agora é bimodal. As demais figuras, como Rafael Ramírez [presidente da PDVSA], se colarão a um dos polos. Ramírez ao de Maduro.
            Os cubanos não têm influência na sucessão, não têm poder real na Venezuela. Os militares são fiéis a Chávez. Este é o fator chave.
            O que esperar do 10 de janeiro na Venezuela?
            Maduro não pode aceitar a tentativa de golpe de Estado institucional de Cabello. E é provável que Chávez imponha Maduro contra Cabello. Não é uma crise constitucional, é um conflito hegemônico dentro do partido.
            O Mercosul deveria reagir se a posse for adiada?
            O Mercosul não necessita nem deve se meter. É um problema interno que os venezuelanos são perfeitamente capazes de resolver.
            Há chavismo sem Chávez?
            Não. Hugo Chávez é o fundador do projeto, que é integral, e ninguém pode substitui-lo. É igual ao fenômeno do peronismo. Todos os que substituíram Perón e Evita não foram mais que sombras dos próceres fundadores.
            Há "socialismo do século 21" na Venezuela?
            Não. De jeito nenhum. Há um Estado desenvolvimentista democrático-burguês. É a versão do desenvolvimentismo-corporativo de Perón.
            Na ausência de Chávez, quem ocuparia seu lugar na região?
            O único que reúne as condições subjetivas de Chávez é Rafael Correa. Mas o Equador não tem o peso objetivo que Correa requer para ser o herdeiro de Chávez. No momento, não há ninguém.

              'Viva Belo Monte!', diz Regina Duarte, sob forte calor

              folha de são paulo

              Atriz culpa estrutura por pane de ar-condicionado
              DIANA BRITOLUCAS VETTORAZZODO RIO"Viva Belo Monte! Essa é a prova de que precisamos de uma nova estrutura em energia. Do jeito que está, não está dando", disse a atriz Regina Duarte, referindo-se à hidrelétrica em construção no rio Xingu, no Pará, enquanto aguardava o embarque, na manhã de ontem, no aeroporto Santos Dumont, no Rio.
              A atriz reclamava do sistema de ar condicionado que, mesmo com um plano de contingência desde domingo, ainda apresentava problemas.
              "As autoridades, as instituições tinham que começar a levar a sério a [questão de] infraestrutura. Os grandes eventos estão aí, não podemos pagar mico. Está na hora de a gente mostrar o grande país que a gente se tornou e melhorar os serviços."
              Segundo a Infraero, o aeroporto opera com mais dois sistemas de ar condicionado desde o domingo.
              Após o recorde de 43,2°C registrado na quarta, a temperatura máxima no Rio caiu cinco graus ontem e ficou em 37,3°C, de acordo com o Inmet.
              GALEÃO
              Deficiências na refrigeração também incomodaram passageiros no aeroporto Tom Jobim, o Galeão. No dia seguinte ao blecaute, uma forte onda de calor tomou conta do Terminal 1. O ar-condicionado só foi totalmente religado na madrugada e até o fim da manhã passageiros ainda reclamavam do calor.
              A falta de luz no aeroporto ocorreu por um problema num dos seis transformadores da subestação que fica no local. A causa não foi identificada.
              A falha ocorreu às 20h55 e a energia começou a voltar às 21h05. O abastecimento só voltou ao normal uma hora e meia depois. Segundo a Infraero, 19 voos atrasaram, mas nenhum foi cancelado.
              O superintendente do Galeão, Emmanoeth Vieira de Sá, admitiu que o sistema elétrico é antigo e que precisa de reforma. Ele diz que já está em curso uma licitação.
              Ontem, durante todo o dia, o Rio voltou a sofrer com a falta de energia. Às 22h, os bairros de Santíssimo, Senador Camará e Campo Grande, zona oeste, eram os mais afetados.

                Mães fazem calendário sensual para pagar o transporte escolar

                FOLHA DE SÃO PAULO

                fOCO
                Reprodução/Efe
                Foto do calendário das mães espanholas diz "ônibus já"
                Foto do calendário das mães espanholas diz "ônibus já"
                DE SÃO PAULO"Voaremos como anjinhos para ir em linha reta ao colégio." O texto acompanha a foto de uma mulher de asas e vestindo calcinha de renda -e apenas isso. Os peitos dela são cobertos por sua mão.
                É a mãe de um dos alunos do colégio público Evaristo Calatayud de Montserrat, em Valência. Ela foi fotografada para um calendário sensual que arrecada fundos para, em meio à crise econômica na Espanha, substituir o poder público nessa pequena comunidade de 3.000 habitantes.
                O governo suspendeu duas das quatro linhas que prestavam serviço nesse município. Com isso, 83 alunos de entre três e dez anos ficaram sem transporte para a escola.
                A mudança se deve a novas diretrizes da autoridade educacional regional, que passou a restringir transporte gratuito a alunos que morem a uma distância superior a três quilômetros em linha reta em relação ao colégio.
                Apesar de morar a distâncias menores do que três quilômetros, os estudantes agora sem ônibus têm de se deslocar por cerca de seis quilômetros por caminhos tortuosos e sem asfalto para chegar até a escola -a única da região. Por isso a referência à "linha reta" na foto angelical.
                O custo mensal é de cerca de R$ 220 por aluno, inviável para a associação de pais.
                Assim, mães se uniram para vender o calendário erótico. Será necessário vender cerca de 4.000 exemplares, a um custo unitário de R$ 13, para cobrir os custos, a não ser que consigam patrocínio. Um time local disponibilizou os autógrafos de seus jogadores para ajudar nas vendas.
                As mães também venderam tíquetes de loteria de Natal para, juntando esforços, reunir o dinheiro necessário para manter o transporte durante o ano. Até agora, conseguem bancar três meses, começando em janeiro.
                Antes de tomar as medidas que incluem o calendário sensual, os moradores da região haviam feito marchas e protestos periódicos diante da autoridade educacional.
                "Se não há dinheiro para a educação, não deveria haver para nada", afirma Silvia Lucas, uma das mães indignadas, à mídia local espanhola.

                  Painel - Vera Magalhães

                  FOLHA DE SÃO PAULO

                  Faltou combinar
                  Em campanha pela presidência da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN) contrariou seu próprio partido ao prometer ao PSD o comando da Comissão de Finanças e Tributação, em troca do apoio dos 51 deputados da sigla. A comissão, uma das mais importantes da Casa, hoje é da cota do PMDB. O acordo com o PSD não teve aval da bancada. "Desse jeito, vai sobrar para nós a Comissão de Participação Legislativa'', ironiza um peemedebista, citando a menos cobiçada das vagas.
                  -
                  Pacote Além do PSD, Alves combinou com o DEM participação mais robusta na Mesa da Câmara. Hoje, o partido ocupa uma suplência, mas deve ficar com a procuradoria parlamentar da Casa. O atual titular, Nelson Marquezelli (PTB-SP), terá de se contentar com a Ouvidoria.
                  Mais um O ex-subprocurador-geral da Antaq Daniel Barral deve ser incluído no rol de servidores alvo de sindicâncias para investigar envolvimento com o grupo flagrado na Operação Porto Seguro da Polícia Federal.
                  Elo A comissão que fez a correição na agência encontrou indícios de irregularidades em pareceres assinados por Barral, a pedido do ex-procurador-geral Glauco Alves, afastado do cargo desde que o escândalo veio à tona.
                  Ainda é cedo Em conversa recente com seu suplente no Senado, Sérgio Souza (PMDB-PR), a ministra Gleisi Hoffmann assegurou que pretende ficar na Casa Civil mais um ano. A petista quer se preparar em 2014 para disputar o governo do Paraná com Beto Richa (PSDB).
                  Tira-teima A disputa paranaense caminha para polarização PT-PSDB. Isso porque o senador Roberto Requião perdeu o controle do PMDB no Estado para o grupo ligado ao governador tucano.
                  Na fila O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), encerra o sexto ano de mandato afirmando que não quer ser candidato a nada em 2014. Sobre a chance de assumir um ministério, diz que, se Dilma Rousseff se reeleger e convidá-lo, aceitará.
                  Torcida Wagner diz não crer que a candidatura de Aécio Neves (PSDB-MG) ganhe corpo e que não vê o que Eduardo Campos (PSB-PE) ganharia disputando a Presidência em 2014. "O cenário é favorável a Dilma", afirmou, em almoço com jornalistas.
                  Vaivém 1 Em fim de mandato, o prefeito de São Caetano do Sul, José Aurichio Jr. (PTB) é o favorito para assumir a Secretaria Estadual de Esportes e Lazer. O atual titular, José Benedito Fernandes, também petebista, deixará a pasta para comandar a Secretaria de Negócios Jurídicos na Prefeitura de Barueri.
                  Vaivém 2 O nome de Aurichio ganhou força porque Geraldo Alckmin deseja instalar no primeiro escalão um representante do ABC. De predominância petista, a região é palco de divisão no PSDB, fragilizado nos resultados eleitorais desde 2008.
                  Minha casa Empenhado em encerrar o ano com agenda positiva, Alckmin adiou a folga de Réveillon da área de Habitação. Entre hoje e amanhã, o governo paulista entregará 671 moradias em quatro cidades e assinará convênio para 1.128 unidades.
                  Timing Fernando Haddad recusou a oferta de Gilberto Kassab, que franquearia o acesso ao edifício Matarazzo ao sucessor a partir de amanhã. A nova equipe só assumirá salas na prefeitura no dia 2, após a posse.
                  Alô... Pedro Serafim (PDT), prefeito de Campinas, adotou estratégia de campanha eleitoral para o epílogo do mandato: disparou por telefone mensagens gravadas nas quais elenca as benfeitorias de seu breve governo.
                  ... 2014 Até o ano passado, o pedetista dizia que encerraria sua carreira política em 2012, mas, com os 95 mil que obteve, agora admite postular vaga de deputado.
                  com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI
                  -
                  TIROTEIO
                  "Na capital, que deveria dar o exemplo, a obra de mobilidade foi barrada e o estádio custa R$ 1 bilhão. Essa não seria a Copa do legado?"
                  DO DEPUTADO FEDERAL ROMÁRIO FARIA (PSB-RJ), sobre a nova matriz de responsabilidades do Mundial de 2014, publicada anteontem pelo governo.
                  -
                  CONTRAPONTO
                  Reunião de pauta
                  Ao final do café da manhã, ontem, no Planalto, Dilma Rousseff se posicionava para gravar com os jornalistas junto ao púlpito montado no salão. Depois de tudo organizado, a presidente autorizou o início da entrevista. Um repórter quis saber sobre o aumento do teto do FGTS.
                  -Essa? Ah, não! Vamos tentar outro assunto...
                  Diante da negativa da presidente, outro jornalista pediu que Dilma comentasse o aumento da gasolina. Mas a pergunta também desagradou. Sem consenso, Dilma decidiu iniciar sua fala escolhendo o assunto: a economia.
                  -Já que vocês não se acertam, eu mesma começo. Queria falar neste final de ano...