Álbum-tributo aos
50 anos de carreira do músico reúne jovens artistas de 11 estados
brasileiros. Eles fazem releituras de sucessos e do lado B do ícone do
Clube da Esquina
Ana Clara Brant
Estado de Minas: 25/04/2015
O paulista Dani
Black, o paraense Felipe Cordeiro, a carioca/mineira Aline Calixto, os
paranaenses Thaís Gulin e A Banda Mais Bonita da Cidade, os
pernambucanos da Orquestra contemporânea de Olinda e os cearenses do
Selvagens à Procura da Lei são alguns dos artistas da nova geração que
farão um tributo aos 50 anos de carreira de Milton Nascimento.
Alguns deles têm uma relação mais íntima com a obra de Bituca e com o próprio. Outros, contudo, não têm o ícone-mor do Clube da Esquina como referência e sequer o gravaram antes. O objetivo é prestar uma homenagem única, em versões inéditas de 30 canções que marcaram a trajetória do cantor e compositor de Três Pontas, no sul do estado.
“Fui atrás de artistas de estéticas e gêneros completamente diferentes. Rap, MPB, indie, samba, erudito, justamente para imortalizar a música desse gênio. Todos os convidados são representantes da nova safra da nossa música e possuem alguma influência ou admiram o Milton”, afirma o idealizador do projeto, batizado de Mil Tom, o produtor Pedro Ferreira. Em 2012, o produtor lançou a elogiada coletânea Re-Trato, que contou com 32 releituras de Los Hermanos.
Ferreira diz que a iniciativa é independente, sem fins lucrativos e que o resultado não será comercializado. O tributo renderá um álbum duplo, com 15 faixas cada um, que poderá ser conferido, a partir de junho, no site Scream&Yell (www.screamyell.com.br), onde estará disponível para streaming e download gratuito.
O disco também terá uma arte da ilustradora paraibana Luyse Costa. Com relação ao repertório, o produtor procurou deixar os artistas à vontade para escolher as canções. Cada um elegeu sua própria faixa. Poderia até ser uma composição sem a assinatura de Bituca, mas teria que ser uma música imortalizada por ele.
Paisagem da janela (Lô Borges e Fernando Brant) foi a escolhida do cantor e compositor Dani Black, que passou de fã a amigo de Milton Nascimento. “É uma composição maravilhosa, que tem uma simplicidade, uma coisa meio intuitiva. Acho interessante fazer uma releitura, porque ela é bem conhecida e é bacana brincar com ela. Como a maioria do público conhece a original, acho que vai ser interessante conhecer a minha versão”, diz.
Dani, que escuta as canções do compositor mineiro desde criança. Quando conheceu pessoalmente o cantor, tornaram-se amigos. Por isso ele é um entusiasta da homenagem concebida por Pedro Ferreira. “Todo mundo participando e depois joga na rede. Quem se interessar, ouve e compartilha. É um projeto muito livre. Cada artista faz do jeito que quer. Não há restrição alguma. Você dialoga, literalmente, com o mundo todo. Gosto muito dessa iniciativa, porque é um jeito de você movimentar e celebrar essa cena nova da música brasileira”, afirma.
Já a banda carioca Baleia não é próxima de Bituca como Dani Black, mas, curiosamente, quando lançou seu primeiro disco, começou a notar influências da turma do Clube da Esquina. “Não foi algo consciente, porque nunca foi uma referência direta. Mas passamos a escutar e a gostar bastante e ver que realmente havia um diálogo, mesmo inconsciente. Desde então, fomos explorando algumas músicas. Várias delas estão à frente do tempo até hoje. São hipercontemporâneas”, analisa um dos vocalistas do grupo, Gabriel Vaz.
Quando foram convidados para participar do projeto Mil Tom, os músicos da Baleia toparam de primeira, até porque, segundo Gabriel, a banda adora ter motivos para fazer versão da música dos outros. “É muito divertido e, nesse caso, seria uma maneira de fechar essa relação com o Milton e com o Clube da Esquina”, justifica.
A música escolhida é uma espécie de lado B do lado B, E daí?, parceria de Bituca com Ruy Guerra (Tenho nos olhos quimeras/Com brilho de trinta velas/Do sexo pulam sementes), que faz parte do disco Clube da esquina 2. “Ela é meio desconhecida, mas ficamos encantados. Achamos essa canção muito diferente, tem um clima que a gente gosta. Apesar de E daí? ter caminhos melódicos variados e uma letra extensa, estamos animados.”
O cantor e compositor paraense Felipe Cordeiro é outro que está animado para criar sua releitura de Cravo e canela (Milton e Ronaldo Bastos), que, de acordo com ele, é uma composição que vai permitir mostrar a sua sonoridade. Felipe pretende usar sua guitarra, além dos beats de computador. “Eu me identifiquei com Cravo e canela, pelo suíngue, principalmente. Nunca gravei nada do Milton, e será um desafio interessante e inusitado. Eu me aproximo mais do pessoal da Tropicália do que de alguém como ele, que tem uma tradição mais enraizada, um artista mais ligado ao cancioneiro. Mas tenho certeza de que vai ser uma experiência única”, afirma.
FAIXA A FAIXA
Confira as canções e os intérpretes de Mil Tom
Ponta de areia - A banda mais bonita da cidade (PR)
Saudade dos aviões da Panair (Conversando no bar) - Aláfia (SP)
Vera Cruz - Aline Calixto (MG)
Cais - Ana Larousse (PR)
E daí? - Baleia (RJ)
Maria Maria - Banda Tereza (RJ)
Beijo partido - Blubell (SP)
San Vicente - Bruno Souto (part. Banda Chá de Pólvora) (PE – SP)
Paisagem na janela - Dani Black (SP)
Credo - Dom Pepo (MG)
Cravo e canela - Felipe Cordeiro (PA)
Para Lennon e McCartney - Fernando Temporão (RJ)
Canoa, canoa - Filarmônica de Pasárgada (SP)
Nos bailes da vida - Gisele De Santi (RS)
O rouxinol - Karol Conka (PR)
Sereia - Letuce (RJ)
Nada será como antes - Los Porongas (AC)
Caxangá - Orquestra Contemporânea de Olinda (PE)
Travessia - Pedro Morais (MG)
Paula e Bebeto - Pélico & Bárbara Eugênia (SP – RJ)
Paixão e fé - Phill Veras (MA)
Tudo que você podia ser - Rashid (SP)
Nuvem cigana - Selvagens à procura de lei (CE)
Caçador de mim - {Sí}monami (PR)
Amor de índio - Thaís Gulin (PR)
O Trem azul, The Outs (RJ)
Canção amiga - Tiberio Azul (PE)
Pablo - Tono (RJ)
Clube da esquina n° 2 - Vanguart (MT)
Canção do sal - Verônica Ferriani (SP)
Admitem-se fãs
Não serão apenas os músicos poderão homenagear Milton Nascimento. O público também está sendo convidado pelo site Scream&Yell a fazer parte da criação da coletânea, por meio de um concurso de fotografias que ilustrará o futuro disco. Os fãs podem fotografar momentos que representem ou remetam a cada uma das 30 músicas selecionadas para o álbum e enviar para o e-mail do projeto (coletanea.mil.tom@gmail.com). Será escolhida uma imagem para ilustrar cada faixa. A curadoria ficará a cargo dos integrantes e colaboradores do site. “Já têm chegado imagens muito interessantes e acho importante essa participação dos anônimos que admiram o Bituca também”, diz o produtor Pedro Ferreira.
Alguns deles têm uma relação mais íntima com a obra de Bituca e com o próprio. Outros, contudo, não têm o ícone-mor do Clube da Esquina como referência e sequer o gravaram antes. O objetivo é prestar uma homenagem única, em versões inéditas de 30 canções que marcaram a trajetória do cantor e compositor de Três Pontas, no sul do estado.
“Fui atrás de artistas de estéticas e gêneros completamente diferentes. Rap, MPB, indie, samba, erudito, justamente para imortalizar a música desse gênio. Todos os convidados são representantes da nova safra da nossa música e possuem alguma influência ou admiram o Milton”, afirma o idealizador do projeto, batizado de Mil Tom, o produtor Pedro Ferreira. Em 2012, o produtor lançou a elogiada coletânea Re-Trato, que contou com 32 releituras de Los Hermanos.
Ferreira diz que a iniciativa é independente, sem fins lucrativos e que o resultado não será comercializado. O tributo renderá um álbum duplo, com 15 faixas cada um, que poderá ser conferido, a partir de junho, no site Scream&Yell (www.screamyell.com.br), onde estará disponível para streaming e download gratuito.
O disco também terá uma arte da ilustradora paraibana Luyse Costa. Com relação ao repertório, o produtor procurou deixar os artistas à vontade para escolher as canções. Cada um elegeu sua própria faixa. Poderia até ser uma composição sem a assinatura de Bituca, mas teria que ser uma música imortalizada por ele.
Paisagem da janela (Lô Borges e Fernando Brant) foi a escolhida do cantor e compositor Dani Black, que passou de fã a amigo de Milton Nascimento. “É uma composição maravilhosa, que tem uma simplicidade, uma coisa meio intuitiva. Acho interessante fazer uma releitura, porque ela é bem conhecida e é bacana brincar com ela. Como a maioria do público conhece a original, acho que vai ser interessante conhecer a minha versão”, diz.
Dani, que escuta as canções do compositor mineiro desde criança. Quando conheceu pessoalmente o cantor, tornaram-se amigos. Por isso ele é um entusiasta da homenagem concebida por Pedro Ferreira. “Todo mundo participando e depois joga na rede. Quem se interessar, ouve e compartilha. É um projeto muito livre. Cada artista faz do jeito que quer. Não há restrição alguma. Você dialoga, literalmente, com o mundo todo. Gosto muito dessa iniciativa, porque é um jeito de você movimentar e celebrar essa cena nova da música brasileira”, afirma.
Já a banda carioca Baleia não é próxima de Bituca como Dani Black, mas, curiosamente, quando lançou seu primeiro disco, começou a notar influências da turma do Clube da Esquina. “Não foi algo consciente, porque nunca foi uma referência direta. Mas passamos a escutar e a gostar bastante e ver que realmente havia um diálogo, mesmo inconsciente. Desde então, fomos explorando algumas músicas. Várias delas estão à frente do tempo até hoje. São hipercontemporâneas”, analisa um dos vocalistas do grupo, Gabriel Vaz.
Quando foram convidados para participar do projeto Mil Tom, os músicos da Baleia toparam de primeira, até porque, segundo Gabriel, a banda adora ter motivos para fazer versão da música dos outros. “É muito divertido e, nesse caso, seria uma maneira de fechar essa relação com o Milton e com o Clube da Esquina”, justifica.
A música escolhida é uma espécie de lado B do lado B, E daí?, parceria de Bituca com Ruy Guerra (Tenho nos olhos quimeras/Com brilho de trinta velas/Do sexo pulam sementes), que faz parte do disco Clube da esquina 2. “Ela é meio desconhecida, mas ficamos encantados. Achamos essa canção muito diferente, tem um clima que a gente gosta. Apesar de E daí? ter caminhos melódicos variados e uma letra extensa, estamos animados.”
O cantor e compositor paraense Felipe Cordeiro é outro que está animado para criar sua releitura de Cravo e canela (Milton e Ronaldo Bastos), que, de acordo com ele, é uma composição que vai permitir mostrar a sua sonoridade. Felipe pretende usar sua guitarra, além dos beats de computador. “Eu me identifiquei com Cravo e canela, pelo suíngue, principalmente. Nunca gravei nada do Milton, e será um desafio interessante e inusitado. Eu me aproximo mais do pessoal da Tropicália do que de alguém como ele, que tem uma tradição mais enraizada, um artista mais ligado ao cancioneiro. Mas tenho certeza de que vai ser uma experiência única”, afirma.
FAIXA A FAIXA
Confira as canções e os intérpretes de Mil Tom
Ponta de areia - A banda mais bonita da cidade (PR)
Saudade dos aviões da Panair (Conversando no bar) - Aláfia (SP)
Vera Cruz - Aline Calixto (MG)
Cais - Ana Larousse (PR)
E daí? - Baleia (RJ)
Maria Maria - Banda Tereza (RJ)
Beijo partido - Blubell (SP)
San Vicente - Bruno Souto (part. Banda Chá de Pólvora) (PE – SP)
Paisagem na janela - Dani Black (SP)
Credo - Dom Pepo (MG)
Cravo e canela - Felipe Cordeiro (PA)
Para Lennon e McCartney - Fernando Temporão (RJ)
Canoa, canoa - Filarmônica de Pasárgada (SP)
Nos bailes da vida - Gisele De Santi (RS)
O rouxinol - Karol Conka (PR)
Sereia - Letuce (RJ)
Nada será como antes - Los Porongas (AC)
Caxangá - Orquestra Contemporânea de Olinda (PE)
Travessia - Pedro Morais (MG)
Paula e Bebeto - Pélico & Bárbara Eugênia (SP – RJ)
Paixão e fé - Phill Veras (MA)
Tudo que você podia ser - Rashid (SP)
Nuvem cigana - Selvagens à procura de lei (CE)
Caçador de mim - {Sí}monami (PR)
Amor de índio - Thaís Gulin (PR)
O Trem azul, The Outs (RJ)
Canção amiga - Tiberio Azul (PE)
Pablo - Tono (RJ)
Clube da esquina n° 2 - Vanguart (MT)
Canção do sal - Verônica Ferriani (SP)
Admitem-se fãs
Não serão apenas os músicos poderão homenagear Milton Nascimento. O público também está sendo convidado pelo site Scream&Yell a fazer parte da criação da coletânea, por meio de um concurso de fotografias que ilustrará o futuro disco. Os fãs podem fotografar momentos que representem ou remetam a cada uma das 30 músicas selecionadas para o álbum e enviar para o e-mail do projeto (coletanea.mil.tom@gmail.com). Será escolhida uma imagem para ilustrar cada faixa. A curadoria ficará a cargo dos integrantes e colaboradores do site. “Já têm chegado imagens muito interessantes e acho importante essa participação dos anônimos que admiram o Bituca também”, diz o produtor Pedro Ferreira.
Milton são muitos
O cantor e compositor Dani Black, que regrava Paisagem da janela |
Para homenagear os 50 anos de carreira do maior nome do Clube da Esquina, produtor convida 30 jovens artistas a gravar canções que se tornaram marcas registradas na voz de Bituca. O time reúne fãs confessos e novos admiradores. Previsto para junho, álbum duplo não será comercializado. Streaming e download gratuitos estarão disponíveis na internet. Fãs do cantor e compositor são convidados a participar do tributo, enviando fotos para ilustrar as músicas.