segunda-feira, 14 de julho de 2014

Vai ter Copa nas eleições? - Renato Janine Ribeiro

Valor Econômico - 14/07/2014

"Não vai ter Copa" na eleição. Se a derrota da seleção a afetar, será só porque nossa política está sem horizonte


A pergunta que estes dias mais se ouviu foi se nossa derrota na Copa influirá nas eleições. Traduzindo: se Dilma será prejudicada pela performance da seleção. A maioria das respostas que li não é racional, só eleitoreira. Mas, para melhorar a discussão, devemos colocar a questão da mudança no poder sob a perspectiva de nossas primeiras três décadas de ininterrupta vida democrática.

Cada vez que o Brasil passou por uma mudança política significativa, estes trinta anos, foi uma epopeia. Em vários sentidos da palavra: um empreendimento enorme e difícil, comparável talvez à guerra de Troia ou à aventura portuguesa dos Descobrimentos; um momento de fortes emoções, dúvidas, questionamentos; uma discussão sobre os destinos nacionais e de cada um; o uso de recursos literários, como na Ilíada ou nos Lusíadas, consagrando uma coletividade. Desta vez, não. Desde junho de 2013, vivemos na incerteza. O que parecia garantido - a reeleição de Dilma - já não o é. Nenhum dos três candidatos entusiasma, ao contrário dos dois grandes líderes épicos que foram Fernando Collor e Lula (as virtudes de Fernando Henrique são outras, estão na moderação, na prosa).

Passamos por uma temporada épica, a mais forte de todas, no final da ditadura. Durante meses, manifestamos nas ruas nossa repulsa ao regime de força, à imoralidade que é privar o povo do direito de decidir. Em 1984, não passaram as Diretas-Já, mas elas produziram uma democracia de alta qualidade, que em poucas décadas se mostrou capaz - dentro da lei - de afastar um presidente acusado de corrupção, de vencer a inflação, de promover uma maciça inclusão social e de ampliar o alcance dos direitos humanos.


Depois da queda, uma eleição sem entusiasmo

Em 1989, os três candidatos mais votados, Collor, Lula e Brizola, propunham mudanças radicais na política que vivíamos, e não por acaso o governo Collor começou e terminou na elevada linguagem da quase-tragédia, com vastas emoções e pensamentos imperfeitos. Já FHC foi eleito em 1994 no bojo da menos épica das epopeias, que foi o triunfo do real sobre a inflação, da moderação sobre a inflamação, da prosa sobre a exaltação; mas essa foi uma tarefa difícil, quase hercúlea. Na eleição de Lula, em 2002, tivemos a fala belíssima do menino pobre, que na propaganda televisiva terminava gritando "Viva o Brasil!", depois de expor uma agenda inteira de mudanças no país.
Nada comparável se vislumbra hoje. E no entanto pode ser que vivamos a quarta mudança de direção política do Brasil, em três décadas. Se um candidato de oposição ganhar, será, ao contrário de Collor em 1989 ou Lula em 2002, "sem emoção", para usar as palavras dos pilotos de buggy nas dunas perto de Natal, quando perguntam se você quer descê-las com ou sem emoção, berrando de medo ou em estado semi-zen. Ou pior, será com emoções negativas: não a grande paixão da esperança, mas a medíocre do ódio.

Esta parece ser mais uma eleição contra, do que a favor. Uns votam contra o PT, outros contra o PSDB ou o PSB. Não sabemos ainda quem vencerá, porque tudo pode mudar. O exemplo mesmo da influência da Copa na campanha é significativo. Mentes calmas mostraram que a eleição de 1994, que o candidato governista venceu, teria o mesmo resultado sem o tetra, porque o grande cabo eleitoral de FHC foi o Real, não a Taça; que em 2002, quando Lula venceu pela oposição, o penta não ajudou em nada o postulante pelo lado do governo; mais para trás, que em 1962 a conquista do bicampeonato tampouco salvou João Goulart, e que - único exemplo de manipulação bem sucedida - o tricampeonato de 1970 nada alterou no panorama eleitoral, porque estávamos no pior tempo da ditadura e eleições, bem, eleições...

Este ano, porém, vivemos por um fio: qualquer acidente pode afetar tudo. Ou seja, "não vai ter Copa" nas eleições; elas podem afetá-las assim como qualquer fagulha pode atear fogo numa plantação seca: o problema não é a fagulha, é a seca. Nosso problema não é se a Copa, um desastre natural ou um imprevisto humano causará mudanças políticas: nosso problema é que nossa paisagem não tem horizonte, pelo menos horizonte límpido.


O Brasil não enxerga hoje rumos claros, nem projeto dominante. Em 1984, estávamos fartos de ser tratados como crianças. Conseguimos, feito notável, transformar o fim da ditadura numa grande expectativa de melhora, de festa, lamentavelmente frustrada pela tragédia curta e altamente simbólica da morte de Tancredo Neves e pela tragédia longa e fortemente material da hiperinflação. Em 1989 e 1994, fartos da inflação, apostamos no seu fim, épico na promessa descumprida de Collor, prosaico na mudança efetivada por FHC. Já 2002 foi o ano da festa quase pura, em que preservaríamos o real associando-lhe o social. E agora? Se tivermos a mudança, qual será o projeto, a proposta, o programa? A cada mudança havida, vivemos um sonho, quatro ao todo - Diretas-Já, Collor, o Real e a inclusão social. Hoje nenhum dos postulantes acena com um sonho. É tão significativo que Marina, a "sonhática", seja apenas coadjuvante...

Mudaremos, agora, sem projeto? Mudaremos, sem entusiasmo? Mais me parece que esta eleição, seja qual for seu resultado, marque um fim do que um começo. E não penso em fim do governo do PT, porque a exaustão marca todas as candidaturas. Isso não é ruim, porém. Quase toda mudança histórica de realce passa por aquele momento que Oliver Cromwell, líder da mais radical revolução ocorrida na Inglaterra, definiu em 1650 ao dizer: "Quando começamos, não sabíamos o que queríamos; sabíamos, apenas, o que não queríamos". Este é um trajeto longo, mas que pode ser rico.

Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo.
E-mail: rjanine@usp.br


TeVê

TV PAGA » Canta e conta
Publicação: 14/07/2014 04:00
[FOTO1]

A cantora Ângela Ro Ro (foto) assume hoje o posto de apresentadora de TV. Ela vai comandar no Canal Brasil, toda segunda-feira, às 20h30, o programa Nas ondas da Ro Ro, alternando números musicais inéditos e conversas com grandes nomes da música brasileira. A musa do tecnobrega Gaby Amarantos abre a série. Nas próximas edições, os convidados serão Jerry Adriani, Leila Pinheiro, Serjão Loroza, Teresa Cristina, George Israel, Alessandra Maestrini, Zélia Duncan, Dudu Nobre, Sandra de Sá, Zé Renato, Mart’nália e Jorge Vercillo


A viagem vai reencarnar
esta tarde no canal Viva

O canal Viva passa a reprisar, a partir de hoje, a novela A viagem, remake do folhetim original de Ivani Ribeiro exibido pela Tupi em 1975 e que ganhou esta versão na Globo, em 1994. Vai ao ar de segunda a sábado, às 14h30. No elenco, Antonio Fagundes, Christiane Torloni, Maurício Mattar, Andréa Beltrão e Guilherme Fontes, entre outros. Também hoje o Viva estreia A turma do Didi, às 20h30; e Destino fantástico, às 23h.

FX exibe segundo ano da
série policial The bridge

Outra estreia de hoje é a da segunda temporada de The bridge, série policial estrelada pelo mexicano Demián Bichir e pela alemã Diane Kruger, além do veterano ator norte-americano Ted Levine. Exibida pelo canal FX às 23h15, a produção é baseada na série escandinava Bron e combina mistério e suspense.

Novidade também na
telinha do canal History

Na minissérie em cinco episódios A maldição de Oak Island, que o canal History estreia hoje, às 21h, dois irmãos tentam desvendar um mistério que há séculos envolve uma pequena ilha canadense. As especulações são de que lá haveria um tesouro pirata, um antigo depósito de ouro ou uma relíquia bíblica perdida, como a Arca da Aliança.

A bola continua rolando
no gramado do Futura

A Copa acabou, mas o canal Futura continua a série Cores do futebol, exibindo esta noite, às 20h, o documentário Pequena cidade, grande paixão, produção boliviana. Mais cedo, às 14h35, no Sala de notícias, a atração é Não esqueça de mim, de Ana Júlia Isse, que mostra o mal de Alzheimer sob o olhar
de quem cuida.

Programação de filmes
atende a todos os gostos

No pacote de cinema, a pedida é o drama O mestre, com Joaquin Phoenix e Phillip Seymour Hoffman, às 22h, no Max. Na mesma faixa das 22h, o assinante tem como alternativas Os guardiões, na HBO; Dezesseis luas, na HBO 2; O último desafio, no Telecine Premium; Mato sem cachorro, no Telecine Pipoca; e A lenda do Zorro, no MGM. Outras atrações da programação: O homem do ano, às 20h45, na Warner; Na mira do chefe, às 21h, no Cinemax; e X-Men origens: Wolverine, às 22h30, na Fox.

CARAS E BOCAS » Pelo Mundo

Estado de Minas: 14/07/2014



Desfecho da personagem Luiza (Bruna Marquezine) ainda é incógnita (Paulo Belote/TV Globo)
Desfecho da personagem Luiza (Bruna Marquezine) ainda é incógnita

Em família (Globo) ainda não deu pistas sobre os reais desfechos de alguns de seus personagens. Uma das maiores expectativas é sobre o destino de Luiza (Bruna Marquezine) e Laerte (Gabriel Braga Nunes). Até agora, muita especulação. Há rumores de que a jovem abandonará o noivo no altar na hora do "sim". Ou nem aparecerá na igreja, deixando o flautista mais louco do que nunca. E há quem aposte que a situação nem chegará a esse extremo, pois, diante de um grande surto de ciúmes de Laerte, dias antes da cerimônia, Luiza colocará um ponto final na conturbada relação. Assim, ela sairá pelo mundo, disposta a estudar e a curtir a liberdade. E o que ocorrerá ao músico? Ainda no campo das especulações, Laerte, que demonstrará ser um desequilibrado perigoso, irá para uma clínica psiquiátrica se tratar, contando com o apoio irrestrito de Shirley (Viviane Pasmanter). Pode ser que ele também ganhe o mundo ao lado da socialite, com quem viverá intensa paixão, já que há gosto para tudo e, no caso, dois loucos se bicam!


JÚRIS DE DOIS CRIMES SÃO
DESTAQUES EM TELEJORNAL

Nesta segunda-feira, o Jornal da Alterosa – 1ª edição mostra dois júris de crimes de muita repercussão em Minas. Outros dois acusados de participar da quadrilha da degola no assassinato de dois comerciantes vão ao banco dos réus. Um garçom foi quem revelou o caso a um policial militar. Seis PMs encaram a Justiça em outro tribunal, acusados da morte de uma inocente em um cerco desastroso a criminosos na MG-10. O Jornal da Alterosa – 1ª edição vai ao ar, depois do
Alterosa esporte.

ATORES BADALADOS ESTÃO
RESERVADOS PARA TRAMA

Os atores Adriana Esteves e Mateus Solano, que já trabalharam juntos em Morde & assopra (Globo), de Walcyr Carrasco, estão reservados para a trama de João Emanuel Carneiro, prevista para estrear em 2015. Os dois interpretaram recentemente os mais badalados vilões dos últimos tempos na TV. Ela foi a Carminha em Avenida Brasil, de João Emanuel Carneiro; ele, o Félix, em Amor à vida, também de Carrasco. Em tempo: Carneiro emplaca uma trama no Vale a pena ver de novo, Cobras & lagartos, a partir do dia 21.

ESTÁ DESCARTADA SEGUNDA
TEMPORADA DE O CAÇADOR

Apesar da boa repercussão, a série O caçador (Globo), que terminou na sexta-feira, não terá segunda temporada. O diretor e também um dos roteiristas, José Alvarenga Jr., segundo o ator Cauã Reymond, que viveu o protagonista André, teria avaliado que a história se fechava com 14 episódios.

MISTÉRIO E MUITOS SONHOS
MARCAM NOVAS PRODUÇÕES

Estreiam hoje duas atrações da Globo. Malhação sonhos inaugura temporada da novelinha, que terá como cenários uma escola de arte e uma academia. Entre as participações, Eriberto Leão, Patrícia França e Emanuelle Araújo. E em capítulo especial, depois de Em família, entra em cena o remake de O rebu, trama de suspense e mistério. No elenco, Tony Ramos, Patrícia Pillar, Cássia Kiss Magro, José de Abreu e Daniel de Oliveira.


CAMILA DE VOLTA

A nova temporada da ótima série Sessão de terapia, atração do GNT (TV paga), contará com a atriz Camila Pitanga, longe da telinha desde a novela Lado a lado (Globo), exibida em 2012. Em entrevista à revista Joyce Pascowitch, ela falou sobre Ritinha, personagem da série, uma terapeuta que se envolve muito com os pacientes, e acabou fazendo uma comparação consigo mesma: "A Rita tem uma falha como terapeuta, não consegue deixar de se envolver com os pacientes. Sou assim com meus personagens. Acabo deixando que eles invadam um pouco a minha vida, e sempre me abalo emocionalmente". A atriz comentou que faz terapia há 18 anos. A nova temporada da série dirigida por Selton Mello estreia em 4 de agosto.


VIVA

O ótimo Globo repórter que mostrou a maravilhosa Icaria, ilha da Grécia. Lindas imagens e conversa boa!

VAIA

Reação passional de Zelão (Irandhir Santos) assusta em Meu pedacinho de chão (Globo). É preciso cuidado.

Eduardo Almeida Reis-Históricos‏

Históricos
Filme de temática homossexual pode apresentar três resultados: obra de arte, filme comum ou porcaria 
 
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 14/07/2014

Nascido em São Paulo há 36 anos, o escritor e tradutor Daniel Galera, além do sobrenome divertido, é dado a incluir em seus textos um histórico pessoal sobre o assunto abordado. Escrevendo sobre maconha, incluiu um parágrafo sobre o seu envolvimento com as drogas.

Vejamos: “Cocaína: três vezes, todas horrendas. Ácido: não gostei, fiquei esperando passar. Cogumelo: uma vez, péssimo (crise de autoconsciência, análise obsessiva da experiência em tempo real, erupções cutâneas). Benflogin: uma vez, divertido, mas o preço é caro (gastrite, insônia). Ecstasy: ainda não. Ayahuasca: uma vez, formidável. Maconha: umas cinco vezes por ano, para fins concupiscentes e contra dores musculares. Tabaco: desde os dezoito, em pouca quantidade. Álcool: dedicação total desde os quinze. E a vida segue”.

Nunca ouvi falar do Benflogin, mas fui ao Google para aprender que o cloridrato de benzidamina é um anti-inflamatório indicado para a região da orofaringe, doenças periodontais, combate a infecções e é indicado até para acalmar coceiras em crianças. A dose máxima diária é de 200mg. Estudos mostram que a ingestão de 500mg de Benflogin leva ao desenvolvimento de alucinações, mais intensas se associado ao álcool.

Há jovens que incrementam os seus fins de semana com oito a 15 comprimidos da “poção mágica” tomados com bebida alcoólica ou refrigerante. Em Sampa, 20 drágeas de Benflogin de 50mg custam R$ 9,25. Portanto, você compra 500mg por R$ 4,62, preço que me parece muito razoável.

Meu histórico é mais simples: cocaína, ácido, cogumelo, Benflogin, ecstasy, maconha e ayahuasca ainda não tive o desprazer de conhecer. Tabaco; desde os dezoito em muita quantidade. Álcool: dedicação total desde os dezoito, parando há três anos de livre e espontânea. É pouco e é só.

Bololô

Filme de temática homossexual pode apresentar três resultados: obra de arte, filme comum ou porcaria. Por sinal, resultados iguais aos dos filmes com outras temáticas. O bololô atual, acusado de homofobia, rejeição ou aversão a homossexual e à homossexualidade, é devido ao fato de muitos espectadores se retirarem dos cinemas em que é exibido o filme Praia do Futuro, de Karim Aïnouz.

Ora, bolas, sempre foi e continua sendo direito do espectador retirar-se de um cinema em que é exibido um filme ruim, seja hétero, homo, bi, vegano, vegetariano, ecológico, religioso etc. O sujeito compra a entrada, não gosta do filme e sai na metade ou antes da metade.

Vale notar que também no Festival de Berlim boa parte da plateia se retirou no meio do filme de Aïnouz, prova provada de que a obra cinematográfica deve ser uma porcaria. Outro filme brasileiro de temática homossexual, Hoje eu quero voltar sozinho, de Daniel Ribeiro, fez sucesso no mesmo festival e recebeu os prêmios Teddy (temática LGBT) e Firepresci (da Federação da Crítica Internacional), além de obter o segundo lugar na escolha do público.

Implicância

É triste constatar que certa imprensa continua implicando com as manifestações artísticas de alto nível. Uma das últimas demonstrações da birra midiática foi com a performance do grupo Coletivo Coiote, no câmpus de Rio das Ostras, RJ, da UFF, Universidade Federal Fluminense, quando apresentou a Xereca Satânik, algo assim como vagina satânica.

Performance intelectualizada condenando a violência contra a mulher e o alto número de estupros denunciados por aí. No encerramento de um seminário organizado pelo curso de produção Cultural da UFF, o Coletivo Coiote se apresentou com jovens nuas num espetáculo a que não faltou a costura, sem assepsia, de uma xereca, flagelação numa cena “que tanto pode ser para questionar como para divertir”, sem que alguém possa explicar o divertimento.

Raíssa Vitral, que teve a vagina costurada, jovem mineira integrante do Coletivo Coiote, foi a mesma que durante a Jornada Mundial da Juventude pretendeu chocar os católicos na Praia de Copacabana ao se masturbar com a escultura de uma santa.

Apoiadores da performance realizada no câmpus da UFF dizem que os críticos do espetáculo evidenciam quão conservador, hipócrita, moralista e legalista é o mundo em que vivemos. Um mundo que precisa ser abalado em suas estruturas para acabar com todas as formas de opressão e exploração: “Estamos apenas no começo!”.

Realmente, depois desse começo, os conservadores, hipócritas, moralistas e legalistas precisam aprender com a jovem mineira como é possível masturbar-se com uma santa através da xereca costurada. Em tempo: nas fotos publicadas nos jornais dá para perceber que a maioria das jovens performers é tatuada, talqualmente os jogadores de futebol que se expressam em língua portuguesa, com duas exceções: David Luiz, o beque mais valorizado do planeta, e Cristiano Ronaldo, o melhor jogador do mundo.

O mundo é uma bola

14 de julho de 1789: início da Revolução Francesa. Revolucionários tomam a Bastilha, prisão do regime monárquico, e libertam sete prisioneiros políticos.

Em 1795, La Marseillaise é adotada como hino nacional da França.

Em 1867, o químico sueco Alfred Nobel faz a primeira demonstração da dinamite, explosivo à base de nitroglicerina misturada com areia de quartzo, de larga aplicação nas pedreiras, nas demolições e nos caixas eletrônicos.

Hoje é o Dia Mundial da Liberdade de Expressão, o Dia do Doente e a festa nacional da França.

Ruminanças

“Gato de luvas não pega ratos” (Franklin, 1706-1790).

Nanotubos para todos

Nanotubos para todos 

UFMG assina contrato para construir Centro de Tecnologia em Nanotubos de Carbono, espaço de pesquisa que fará a transferência de conhecimento entre universidade e indústria 

 
Pedro Cerqueira
Estado de Minas: 14/07/2014




Fazer uma ponte entre o conhecimento desenvolvido na universidade e sua aplicação na indústria. É com esse intuito que nasceu o Centro de Tecnologia em Nanotubos de Carbono (CTNanotubos), que atualmente funciona num espaço provisório cedido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pelo Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-Tec), com patrocínio da Petrobras e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). A boa nova é que, em breve, o CTNanotubos estará em sua casa definitiva. O projeto de R$ 36 milhões está sendo patrocinado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Petrobras e InterCement.

“A ideia desse centro de tecnologia nasceu ao enxergarmos que existia uma demanda por parte da indústria para aplicar a tecnologia dos nanotubos desenvolvida dentro da universidade”, explica Marcos Pimenta, professor do Departamento de Física da UFMG e coordenador do CTNanotubos. O desafio é desenvolver a tecnologia criada num laboratório para uma escala maior e então transmiti-la à indústria, “da escala de laboratório para a escala industrial”, resume Bruno França Pádua Coelho, diretor-executivo do Instituto para o Desenvolvimento de Empresas de Base Tecnológica (IEBT), que presta consultoria para o CTNanotubos.

Segundo Pimenta, trata-se de um trabalho de desenvolvimento de tecnologia que visa otimizar processos para viabilizar determinada ideia, já que na concepção de uma tecnologia dentro da universidade a principal preocupação, na maioria dos casos, é a demonstração de que ela funciona, mas não que ela venha a ser financeiramente viável ou se é possível fazer aquilo em grande escala, fatores que são essenciais à sua aplicação na indústria. O resultado esperado é obter uma maior eficiência, um maior foco no resultado do desenvolvimento de um produto.

O CTNanotubos, que vai funcionar num prédio de quatro andares cujo anteprojeto já está pronto, será construído numa área cedida pelo BH-Tec. A ideia é criar, no futuro, uma entidade sem fins lucrativos para administrar o CTNanotubos. O objetivo é que o centro se torne uma plataforma para a transferência de tecnologias capaz de atrair até mesmo empresas internacionais. Assim, o projeto pode se autossustentar por meio das receitas dos royalties pagos pelas empresas, assim como a prestação de serviços de consultoria e novos projetos de pesquisa e desenvolvimento. Outra possibilidade é a criação de uma empresa a partir do CTNanotubos (spin offs) para comercializar em larga escala os produtos resultantes das tecnologias desenvolvidas em escala-piloto a partir do próprio centro.

Segundo Marcos Pimenta, o projeto é pioneiro no Brasil. “Começamos há quatro anos e tivemos que desenvolver um modelo de negócio. Falta uma legislação que permita, de forma mais fácil, essa transferência de tecnologia entre universidade e indústria”, explica o coordenador do CTNanotubos, contando como foi difícil chegar a um acordo sobre que fatia do bolo iria receber cada parte envolvida no projeto, processo que durou dois anos.

APLICAÇÕES Um dos principais produtos que já estão sendo desenvolvidos pelo CTNanotubos é o nanocompósito de cimento. A mistura com fibras de diâmetro nanométrico, ou seja, com diâmetro 100 mil vezes menor que um fio de cabelo, torna o cimento muito mais resistente, impedindo a formação e a propagação de fissuras, além de reduzir o consumo de aço em elementos de concreto armado. As aplicações da nanotecnologia do cimento estão nas plataformas e poços de petróleo, além da indústria da construção civil, em materiais diversos.

Os nanotubos de carbono podem ser até 50 vezes mais resistentes que o aço, sendo que sua densidade é seis vezes menor que a do aço. Assim, eles podem ser misturados a outros materiais convencionais, como plásticos, cimento e cerâmicas, tornando-os mais resistentes. Essas misturas são chamadas de nanocompósitos. Outras propriedades dos nanocompósitos de carbono são uma maior resistência às variações de temperatura e significativa melhora na condução de energias elétrica e térmica. Os nanotubos também são empregados em outros produtos, como matrizes poliméricas, tema da pesquisa realizada há seis anos pela professora Glaura Silva, da UFMG, em parceria com a Petrobras.

Nesse ramo, os materiais em que a empresa petrolífera tem manifestado interesse são, em especial, a resina epóxi adesiva de alto desempenho, que pode ser usada na adesão de estruturas metálicas na indústria de petróleo e gás, e o poliuretano termorrígido, aplicado em enrijecedor de curvatura, também na indústria de petróleo e gás. Na eletrônica, os nanotubos de carbono podem ser usados para desenvolver dispositivos como sensores e circuitos integrados e, para o setor de energia, em baterias, supercapacitores e células solares, mas isso por enquanto está fora do escopo do CTNanotubos/UFMG.


saiba mais


SEM LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA 


Como a tecnologia dos nanocompósitos é relativamente nova, pouco se sabe sobre os efeitos desses materiais tão pequenos no meio ambiente. Pensando nisso, uma das coordenadorias do CTNanotubos será voltada à segurança, meio ambiente e saúde, com a finalidade de entender possíveis efeitos adversos e também criar protocolos sobre a aplicação correta desses materiais. De acordo com Bruno França, diretor-executivo do Instituto para o Desenvolvimento de Empresas de Base Tecnológica, atualmente não existe legislação específica para produção, estoque, manuseio ou descarte de nanotubos de carbono. Porém, qualquer empreendimento baseado nesses materiais deve levar em consideração esses aspectos no desenvolvimento de seus protocolos. Uma das funções dessa coordenadoria vai ser dar suporte não apenas ao CTNanotubos, em Minas Gerais, mas a outros empreendedores dessa área, visando também fornecer uma certificação da inocuidade da utilização desses produtos. 

29% dos profissionais brasileiros não sabem se gostam do que fazem

               


Trilhar para conhecer 


29% dos profissionais brasileiros não sabem se gostam do que fazem
Elma Bernardes Santiago
Coordenadora pedagógica da Faculdade IBS/FGV
Estado de Minas: 14/07/2014


Apesar do dinamismo e de dominar a tecnologia, os jovens de hoje têm dificuldade em conseguir se estabelecer no mercado e construir uma carreira sólida. Essa realidade tem se tornado uma questão crítica para profissionais e organizações, exigindo que os funcionários conheçam melhor seus objetivos e metas. O profissional precisa saber aonde quer chegar. Não dá para ter sucesso sem se autoconhecer. Saber o que gosta de fazer, escolher uma atividade que esteja em sintonia com seus valores, aliando seus interesses pessoais aos profissionais, é essencial para trilhar um caminho rumo ao sucesso profissional.

A falta de clareza de propósito pode levar o profissional à indecisão, por não conhecer o que mais o motiva, quais as suas limitações, seus pontos fortes, o que precisa ser aprimorado, não saber definir com assertividade qual profissão está de acordo com suas aptidões, habilidades e desejos de vida. Com isso, o profissional terá grandes dificuldades em construir uma carreira sólida e de sucesso. Conhecer-se é uma habilidade passível de ser desenvolvida por qualquer ser humano, tanto no âmbito pessoal quanto no profissional, e se constitui numa das competências primordiais para o sucesso. Hoje, as empresas não querem mais aquele profissional moderno que vai permanecer contratado apenas durante um tempo, deixar uma parte de sua contribuição e ir embora. Elas querem que seu capital intelectual esteja ali, formando e construindo seu enredo, aplicando conhecimentos e gerando novas oportunidades relacionadas à área em que atua. Levantamento feito em 2013 pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IESPE) mostra que 28% dos profissionais brasileiros não atuam na área escolhida e 29% não sabem se gostam do que fazem. Vivencio essa realidade no projeto Trilha do Desenvolvimento Individual (TDI), que desenvolvo na Faculdade IBS/FGV. A ação é voltada para aperfeiçoar o autoconhecimento e a perspectiva de carreira dos graduandos. O atendimento é individualizado, com média de sete encontros por semestre, cada um com duração de uma hora. Analiso o perfil e levo o aluno a encontrar suas respostas, orientando-o para a definição dos objetivos desejados, construção de metas e estruturação de um plano de carreira e de autodesenvolvimento. Uma estratégia que exige disciplina, organização e foco. A base do projeto tem as premissas do coaching universitário, algo pouco praticado nas instituições de ensino, que auxilia o aluno a traçar seu perfil profissional mesmo antes de ingressar no mercado de trabalho.

Atualmente, as exigências do mercado de trabalho vão muito além da simples competência técnica. As empresas analisam, principalmente, as competências comportamentais e buscam habilidades como saber ouvir, ter comprometimento, flexibilidade, bom relacionamento, saber lidar com conflitos e estar aberto às mudanças. A construção da trilha é fundamental para alavancar essas competências, porque o aluno organiza um plano de ação consistente. Conhecendo mais a si mesmo, as suas emoções e o sentido pessoal do trabalho, ele pode traçar uma carreira adequada ao seu perfil, suas características, e assim elevar seu estágio motivacional.

NA REDE » Brasileiros lavam a alma‏

NA REDE » Brasileiros lavam a alma

Carolina Mansur



Estado de Minas: 14/07/2014 



 (Reprodução de Internet)
 A vitória da Alemanha sobre a Argentina na Copa do Mundo foi o combustível para que a rivalidade entre brasileiros e argentinos voltasse a pipocar nas redes sociais. E não faltou criatividade. Sobrou para Messi, Maradona, para Götze, que fez o gol da vitória, e até para o Cristo Redentor, que em uma montagem acabou dividido entre o pedido do papa Francisco, que é argentino, e o pedido do papa Bento XVI, que é alemão.

Em todas as brincadeiras que tinham a Argentina como foco, os brasileiros despediam-se da Seleção hermana com bastante humor. Em uma das montagens, inclusive, Götze aparece como “herói dos brasileiros nessa Copa”. Messi, que foi alvo frequente das piadas, apareceu como “pipoqueiro”. Como nada passa despercebido pelas redes, até o fato de o atacante argentino voltar a vomitar em campo também virou meme. “Quero ver o Klose bater o recorde do Messi: 39 gorfadas em Copa do Mundo”.

A rivalidade entre Pelé e Maradona também teve destaque nas redes e muitos brasileiros aproveitaram para ironizar a quantidade de títulos da Argentina. Em uma das montagens que circularam na internet, o novo hit da torcida brasileira acabou sendo conhecido. “Ô argentino me diz como é que é perder a Copa bem na casa do Pelé”, dizia. A imagem mundialmente conhecida de Galvão Bueno e Pelé comemorando o tetracampeonato brasileiro também circulou na internet, mas desta vez com a bandeira da Alemanha.

Zona Mista

Zona mista
Kelen Cristina
Estado de MinasZona Mista : 14/07/2014


Campeão  com gingado



 (Alexandre Guzanshe/EM/D.A PRESS)

A mais festejada edição de Copa do Mundo dos últimos tempos, aquela que foi questionada e apedrejada de véspera, teve um grand finale. Merecidamente, a taça ficou com a Alemanha, o mais brasileiro dos times no torneio. Que levou a competição na cadência de um samba. Que conciliou alegria e comprometimento e rimou prazer com profissionalismo. Que não precisou de batucada dentro de ônibus a caminho dos estádios para demonstrar confiança, harmonia e união. União, aliás, que extrapolou os muros da concentração e teve efeito contagiante, simbolizado pela presença cada vez mais abrasileirada do atacante Podolski nas redes sociais. Ontem, ele encerrou a jornada virtual com estilo. “O Maraca é nosso”, postou, com uma selfie direto do campo ao lado de Schweinsteiger, outro que encarnou o espírito brasuca. Os alemães foram à praia, visitaram escola, torceram pela Seleção ao lado dos funcionários do hotel (com direito a bandeira), dançaram ao som do Lepo Lepo, se enturmaram com índios e, junto com tudo isso, jogaram futebol. O puro, simples e belo futebol. Um time que sobrou em sorrisos, amabilidade e, sobretudo, habilidade. Na grande decisão, no Maracanã, não faltou talento. Do lado argentino, inclusive, e muito – ou alguém duvida da categoria de Messi? A Alemanha não contava com um gênio do calibre da Pulga, mas tinha um time, no sentido mais concreto da palavra. Uma equipe além dos 11 titulares. Que não se limitou a um atacante, goleiro, zagueiro ou armador de destaque. Cada uma das peças brilhou quando teve a chance e, principalmente, quando foi exigido brilhar. A engrenagem funcionou com precisão germânica e gingado brasileiro. Eles voltam para casa com o troféu, mas com o fim da Copa de 2014, a sensação que fica é de que ganhamos todos, que gostamos do esporte na sua essência.

Lista VIP
Vazou na internet, momentos antes da final, uma lista que seria de convidados VIP da Fifa no Maracanã. Faziam parte da relação 45 nomes, sendo 19 representantes da Fifa e oito chefes de estado. Entre as celebridades, além daquelas que participaram da cerimônia de encerramento – como a colombiana Shakira e a modelo Gisele Bündchen –, constavam, entre outros, os cantores Placido Domingo e Eros Ramazzotti, o ator Daniel Craig (que faz o papel de James Bond no cinema) e uma presença no mínimo curiosa: o zagueiro italiano Marco Materazzi, que levou uma cabeçada de Zidane na final da Copa de 2006, depois de, supostamente, provocar o francês.

Questionamentos ao Bola de Ouro

Nem todo mundo concordou com a escolha de Messi como melhor jogador do Mundial. “Absurdo a Bola de Ouro”, comentou o técnico da Seleção Mexicana, Miguel Herrera, sem se preocipar com diplomacia. “Admiro muito o Messi, mas, Fifa, vai tomar no….”, escreveu um enraivado Aristizábal. O ex-atacante holandês Ruud Gullit também questionou a eleição do argentino. Já o jogador inglês Joseph Barton, famoso por não ter papas na língua, listou quem merecia o prêmio mais do que Messi: “Thomas Müller, James Rodríguez, Mascherano, Kroos, Hummels e Sánchez”.

Reverência dos adversários
Os campeões foram festejados por muitos jogadores que passaram pelos gramados brasileiros. Zagueiro da Seleção Brasileira e do Bayern, Dante deu os parabéns em alemão, com um desenho de Klose, Lahm e Thomas Müller. O atacante inglês Sturridge confessou até uma pontinha de inveja: “Merecido, Alemanha, parabéns. Espero um dia ajudar a Inglaterra a ganhar também”. O goleiro belga Thibaut Courtois felicitou Neuer pelo prêmio recebido como o melhor da posição no torneio e o espanhol Sergio Ramos relembrou a alegria vivida há quatro anos, na África do Sul: “Parabéns, irmão Özil e Khedira. Desfrutem do fato de ser campeões, é uma sensação única”. Técnico dos EUA e ex-jogador da Seleção Alemã, Klinsmann foi o mais empolgado, chamando até o colega e ex-companheiro de comissão técnica Joachim Löw pelo apelido: “Sim, sim, sim! Jogi, você conseguiu! Grande cumprimento à Argentina, mas o melhor time ganhou a Copa do Mundo”.

Questionamentos ao Bola de Ouro

Nem todo mundo concordou com a escolha de Messi como melhor jogador do Mundial. “Absurdo a Bola de Ouro”, comentou o técnico da Seleção Mexicana, Miguel Herrera, sem se preocipar com diplomacia. “Admiro muito o Messi, mas, Fifa, vai tomar no….”, escreveu um enraivado Aristizábal. O ex-atacante holandês Ruud Gullit também questionou a eleição do argentino. Já o jogador inglês Joseph Barton, famoso por não ter papas na língua, listou quem merecia o prêmio mais do que Messi: “Thomas Müller, James Rodríguez, Mascherano, Kroos, Hummels e Sánchez”.

Sem ressentimentos


O ex-jogador inglês David Beckham levou sua prole em peso ao Maracanã. Nada mais natural, já que Brooklyn, Romeo e Cruz gostam de futebol e cresceram vendo o pai atuar pelo mundo. O detalhe que mais chamou a atenção, no entanto, foi o fato de o trio estar vestido com camisas da Seleção Argentina. A alviceleste tem um capítulo ingrato no currículo de Beckham: na Copa do Mundo da França, em 1998, ele foi expulso no jogo das oitavas de final contra os hermanos por falta em Simeone, e viu de fora do campo a Inglaterra ser eliminada nos pênaltis, depois de empate por 2 a 2 no tempo normal.

O CARA » O Messi Alemão‏

Autor do gol que deu o título à Alemanha, Mario Götze foi comparado ao craque argentino

Estado de Minas: 14/07/2014


Jogador comemorou com a taça depois da difícil vitória germânica sobre os argentinos, garantindo o tetra ao time europeu   (PATRIK STOLLARZ/aFP)
Jogador comemorou com a taça depois da difícil vitória germânica sobre os argentinos, garantindo o tetra ao time europeu


Quando recebeu instruções para entrar em campo do técnico Joachim Löw, Mario Götze ouviu do chefe: “Entra e prova que você é melhor do que o Messi”. Exagero à parte, o jovem armador de 22 anos, nascido em Memmingen, não chega a superar o astro argentino, mas de uma coisa já pode se orgulhar: ele agora pertence à galeria dos heróis de títulos mundiais. Apontado como “Messi alemão” quando surgiu nas divisões de base da seleção, o jogador, brincando, esnobou o argentino quando ouviu a brincadeira pela primeira vez. “Eu, o Messi da Alemanha? Não, quero mesmo é ser o Cristiano Ronaldo”, respondeu.

“Marcar este gol foi uma sensação indescritível. A ficha não caiu ainda. Estou muito orgulhoso por tudo o que conquistamos como equipe. É algo grandioso. Um sonho que virou realidade, depois de um ano difícil”, declarou Götze, referindo-se à transferência do Borussia Dortmund, que o revelou, para o Bayern, já campeão europeu. O garoto é o primeiro jogador a sair do banco e fazer o gol do título. Bertoni, que fechou a vitória de 3 a 1 da Argentina sobre a Holanda em 1978, e Altobelli, que definiu o mesmo placar para a Itália em cima da Alemanha em 1982, também saíram do banco, mas fizeram gols da confirmação.

O herói do tetra da Alemanha estreou entre os profissionais do Borussia Dortmund aos 17 anos. Em abril do ano passado, transferiu-se para o Bayern por 37 milhões de euros (cerca de R$ 97 milhões), mas só estreou na equipe de Munique em agosto, por causa de uma contusão na coxa. Habituado a defender a Seleção Alemã desde as categorias de base, na principal já atingiu 35 partidas, com 11 gols, desde a estreia, em novembro de 2010.

Habilidoso, criativo, com ótima visão de jogo, Götze, de 1,76m, tem chute certeiro, como mostrou ontem na prorrogação contra a Argentina. “Quando a situação fica apertada, Mario é um jogador que sabe exatamente o que fazer contra zagueiros grandes”, elogiou Löw, depois da estreia na Copa, a goleada por 4 a 0 sobre Portugal. Neste Mundial, o jogador não participou apenas da goleada por 7 a 1 sobre o Brasil, no Mineirão. Titular em três jogos, entrou no segundo tempo em outros três. No total, atuou 258 minutos e fez gol também no empate por 2 a 2 com Gana, na primeira fase. Nas duas partidas em que balançou as redes, acabou eleito o melhor em campo.

COMEÇO Comparações à parte, o herói do tetra começou a honrar a fama ao levar o Borussia ao bicampeonato alemão nas temporadas de 2010/2011 e de 2011/2012. Nascido em Memmingen, no sul da Alemanha, mudou-se aos seis anos para Dortmund. Progrediu nas categorias de base tanto do clube quanto da seleção e ajudou o país a ser campeão europeu Sub-17, em 2009. No Mundial da Fifa da categoria, balançou a rede três vezes no torneio disputado na Nigéria, quando o Brasil, de Neymar, caiu na primeira fase. Em 17 de novembro de 2010, estreou com a camisa principal da Alemanha em um empate sem gols com a Suécia e se tornou o segundo jogador mais jovem a estrear pela esquadra germânica, depois de Uwe Seeler.

Em uma das transações mais caras da história do futebol alemão, foi vendido por 37 milhões de euros ao Bayern. Na apresentação, causou mal-estar ao usar uma camisa da Nike, rival da Adidas, fornecedora oficial de camisa do clube bávaro. O gol de ontem foi o 11º dele pela Alemanha em 35 jogos. Neste Mundial, também havia marcado contra Gana. O primeiro dos 11 gols foi sobre o Brasil, em 10 de agosto de 2011, na vitória por 3 x 2 em cima dos liderados de Mano Menezes. (com Marcos Paulo Lima)


La Pulga apagada

Braitner Moreira, Felipe Seffrin,
Lorrane Melo e Marcos Paulo Lima
Enviados especiais


Rio de Janeiro – Ao menos para Lionel Messi, o jogo que encerrou o sonho do tricampeonato argentino foi um passeio. Na decisão da Copa, o astro do time vagou por duas horas pelo gramado do Maracanã, com pouca movimentação e sem exigir uma defesa do goleiro Manuel Neuer. Contemplativo, despediu-se do Brasil isolado do grupo. Enquanto os outros choravam juntos, o jogador quatro vezes melhor do mundo ficou a poucos metros de distância, estático, com a mão na cintura, sem deixar alguma lágrima escorrer.

A apresentação fria de Messi começou antes mesmo de o árbitro Nicola Rizzoli apitar. Mais calado que o habitual, o craque não conversou entre a execução dos hinos nacionais e o início do jogo – só assentiu quando Mascherano disse algo em sua direção. Tocou na bola pela primeira vez aos 2 minutos, quando perdeu dividida com Höwedes e viu a Alemanha puxar um contra-ataque que só foi parado por uma falta de Garay. Era o presságio do que viria.

Se a estratégia era se fingir de morto, andando de ombros baixos em uma final de Copa, funcionou. Messi encerrou a partida como o atleta que menos se movimentou. Com o passar do tempo, passou a ser menos acionado pelos colegas. Terminou o jogo com 66 toques na bola, marca mais baixa dele neste Mundial – Schweinsteiger e Kroos, para comparação, tiveram a Brazuca no pé 124 vezes no Maracanã.

Tanta pressão pelo título parece ter afetado o sistema nervoso do craque, que passou mal mais uma vez. Aos 9 minutos do segundo tempo, sozinho na ponta-direita, fez careta antes de vomitar no gramado. Limpou a boca, colocou as mãos na cintura e continuou andando. Esta última cena, por sinal, se repetiu durante todo o jogo. A cada chute para fora, passe errado e desarme sofrido, Messi travava. Olhava para baixo, repousava as mãos na quadril e contava os passos.

Depois do apito final, por exemplo, foram 22 passos em direção ao centro do gramado, tempo suficiente para Messi compreender a dimensão de seu Maracanazo pessoal. Aos 27 anos, dificilmente o craque chegará a outra Copa com as mesmas condições de guiar a Argentina à final, como fez em 2014. Enquanto refletia, fixando o gramado, tirou a faixa de capitão e a soltou no chão. Subiria sem ela para a tribuna de honra para buscar a Bola de Ouro (melhor jogador do torneio) e a medalha de prata. A primeira, entregou ao massagista da seleção. A última, tirou do pescoço antes mesmo de chegar ao túnel a caminho do vestiário.

HISTÓRIA ESCRITA » O Mundial de A a Z‏

HISTÓRIA ESCRITA » O Mundial de A a Z
Lances fora e dentro de campo que marcaram o Mundial do Brasil como o maior de todos 
 
Daniel Camargos
Estado de Minas: 14/07/2014


A
Alfredo Di Stéfano

Nascido na Argentina, o craque defendeu seu país natal, a Espanha e a Colômbia, mas nunca disputou uma Copa do Mundo. Ironia do destino foi ter morrido, aos 88 anos, durante aquela que é considerada a Copa das Copas, realizada no Brasil. Na semifinal entre Holanda e Argentina foi feito um minuto de silêncio pela memória de La Saeta Rubia (a Flecha Loira, em português) como ficou conhecido.

B
Barbosa

A alma e o nome do goleiro da fatídica final de 1950, quando o Brasil foi derrotado pelo Uruguai, poderão, finalmente, ter paz. Com o vexame dos comandados de Luiz Felipe Scolari, Barbosa, Bigode, Friaça e os outros jogadores amaldiçoados pelo fantasma do Maracanazzo não terão que carregar mais o peso da pior derrota da Seleção Brasileira de todos os tempos.

C
Costa Rica

Os Ticos, como são conhecidos os jogadores da seleção da América Central, foram a sensação do torneio. Passaram fácil pelo grupo da morte, após vencer o Uruguai e a Itália, além de empatar com os ingleses. Na raça e nos pênaltis conseguiram bater a Grécia e chegar às quartas de final. Porém, faltou sorte e foram eliminados nos pênaltis pela Holanda.

D
Dentada

A mordida de Luiz Suárez entrará em todas edições dos momentos mais marcantes da Copa. Quando cravou os caninos no ombro do italiano Chiellini, o atacante repetia a dentada que já havia dado quando jogava pelo Ajax e mais recentemente pelo Liverpool. A Fifa aplicou punição de nove partidas oficiais, proibiu o uruguaio de participar de qualquer atividade relacionada ao futebol por quatro meses e até de frequentar estádios.

E
Elefantes brancos

Um desafio para os gestores públicos e comandantes do futebol brasileiro – além de reerguer o moral destroçado pelos alemães – é não deixar que algumas das arenas do Mundial se transformem em elefantes brancos, ou seja, monumentos de concreto sem utilidade. As candidatas a vitrines do desperdício são a Arena Pantanal (Cuiabá), Mané Garrincha (Brasília), Castelão (Fortaleza), Arena Amazônia (Manaus) e Arena das Dunas (Natal).

F
Faryd Mondragón

Quando o goleiro colombiano nasceu, Pelé ainda vestia a camisa 10 do Santos. Mondragón entrou em campo quando a Seleção Colombiana vencia o Japão por 3 a1, em Cuiabá, e se tornou o jogador mais velho a atuar em um Mundial. Aos 43 anos, superou o camaronês Roger Milla, que jogou com 42 anos em 1994.

G
Götze

O armador Mario Götze entrou para a história do futebol mundial ao marcar o gol que deu à Alemanha o título da Copa do Mundo 2014. O jogador, que nasceu em Memmingen, em 3 de junho de 1992, começou a carreira nas categorias de base do Ronsberg-ALE quando tinha apenas 5 anos. Hoje atua pelo Bayern de Munique. Fez sua estreia como atleta profissional em 21 de novembro de 2009, com apenas 17 anos.

H
Hermanos

A festa maior nas ruas e estádios ficou por conta deles, os hermanos, como nos referimos carinhosamente aos latinos que falam espanhol e comandaram a alegria. Chilenos, uruguaios, colombianos, mexicanos, equatorianos e costarriquenhos deram uma lição aos brasileiros sobre como torcer com alegria e criatividade. No caso dos argentinos, com músicas criativas, que preenchem os minutos de silêncio e alentam durante o jogo.

I
Imagem

O abraço do zagueiro brasileiro David Luiz no craque colombiano James Rodríguez, após o Brasil eliminar a Colômbia nas quartas de final, foi a imagem da Copa. O carismático brasileiro consolou o habilidoso canhoto e pediu que a torcida presente no estádio em Fortaleza aplaudisse o camisa 10 colombiano. Tudo, como foi de praxe na Copa, com muitas lágrimas derramadas.

J
João Pedro Sabino

O garoto de 13 anos é um representante da alegria do brasileiro em receber a Copa. Três dias antes de o Mundial começar, vários jornalistas aguardavam a chegada da Seleção de Honduras em um hotel em Porto Feliz (SP). Com o atraso do voo, os jornalistas reclamavam da fome. João Pedro e seu avô, Benedito Sabino, escutaram os lamentos, foram em casa fritar salgadinhos e alimentaram (gratuitamente) a imprensa.

K
Klose

Nascido na Polônia, o atacante que defende a Alemanha entrou definitivamente para história ao bater, na semifinal ante o Brasil, o recorde até então estabelecido por Ronaldo, de 15 gols. Klose marcou o décimo sexto e sem muita técnica e pouco marketing é dono de uma eficiência única e de um recorde gigante.

L
Lionel Messi

O atacante Lionel Messi, eleito pela Fifa quatro vezes o melhor jogador do mundo (2009-2010-2011-2012) e atual jogador do Barcelona, foi o responsável por conduzir a Seleção Argentina à final da Copa do Mundo. Após a partida de ontem com a Alemanha, o argentino recebeu da entidade máxima do futebol a Bola de Ouro, título dado ao melhor jogador do Mundial 2014.

M
Mineiratzen

Uma variação do Maracanazzo de 1950, porém com um toque cruel do idioma dos alemães, que impuseram um vexame ao time brasileiro no Gigante da Pampulha. Vale lembrar que a letra M é também de Mick Jagger, o vocalista dos Rolling Stones, considerado o maior pé-frio do futebol moderno e que estava lá – provavelmente sem meias – sentado na tribuna do Mineirão, ou melhor, Mineiratzen.

N
Não Vai ter Copa

O movimento que surgiu durante a Copa das Confederações no ano passado deixou a classe política estarrecida e abalou a popularidade de todos os governantes. Porém, com a chegada do Mundial, as vozes contrárias à realização da Copa e, principalmente, aos gastos exagerados, perdeu força. Houve protestos, mas pontuais e sem o apoio das massas que foram às ruas em junho do ano passado.

O
Ovo

Ingrediente fundamental do agora famoso mundialmente tropeiro do Mineirão, o ovo voltou em grande estilo – frito e com gema reluzente – no cardápio da Copa. Vale lembrar que após a inauguração do novo Mineirão, em janeiro de 2013, o tropeiro sofreu uma mutação drástica, gerando críticas e mais críticas. Na Copa, o prato recuperou a dignidade, mas o preço, infelizmente, seguiu o padrão Fifa.

P
Pataxós

Antes de alcançar o recorde, o atacante alemão Klose foi saudado com um parabéns inusitado para o padrão alemão. Índios de uma aldeia pataxó, localizada próxima a Santa Cruz Cabrália, no Sul do Bahia, onde os alemães ficaram concentrados, foram até o Centro de Treinamento e fizeram uma roda em torno do jogador para comemorar a chegada dos 36 anos do polonês naturalizado alemão.

Q
Queridinho

O título de mais simpático da Copa do Mundo pode ser disputado por vários nomes. Desde o camaronês Eto’o, que chorou ao se despedir de uma criança, fã do jogador. Passando pelo alemão Podolski, com postagens nas redes sociais descoladas e simpáticas. Outro que pode levar o troféu de Mister Simpatia é David Luiz, que fez caretas em fotos nas redes sociais, consolou adversários e foi poupado pela torcida após o vexame no Mineirão.

R
Rojo

O lateral-esquerdo argentino entrou no Mundial como um dos patinhos feios da seleção de Messi. Com boas atuações, conquistou espaço e o respeito da torcida. Fez um gol e entrou para o hall das estatísticas sem relevância ao ser o segundo lateral-esquerdo com nome de cor de um país latino-americano a marcar em uma Copa. A saber: Rojo é vermelho em espanhol e o primeiro da lista é o brasileiro Branco, que fez um golaço de falta em 1994.

S
Savassi

Começou com a febre amarela dos colombianos, depois vieram os belgas, argelinos, os milhares de argentinos, as belas iranianas, os beberrões ingleses, os simpáticos costarriquenhos, os fervorosos chilenos e os implacáveis alemães. A Savassi recebeu as torcidas que jogaram no Mineirão – e muitas outras nacionalidades – de braços abertos e foi palco de um carnaval temporão e multicultural que agradou de gregos aos muçulmanos.

T
Tim Krul

O goleiro reserva da Holanda foi personagem de uma substituição inusitada promovida pelo treinador Louis van Gaal. Nos acréscimos do segundo tempo da prorrogação contra a Costa Rica, pelas quartas de final, o gigante (1,93m), que atua no Newcastle, substituiu o goleiro titular para representar os Laranjas nos pênaltis. Fez bonito e defendeu duas cobranças. Na semifinal, Van Gaal não quis usá-lo e os argentinos levaram a melhor nos pênaltis.

U
Urina

Na Savassi, nem tudo fui festa. Para quem precisava trabalhar ou passar pelo bairro no dia seguinte às grandes comemorações, o cheiro de urina era quase onipresente. A prefeitura não projetou que o local seria palco de multidões de até 20 mil pessoas e faltou infraestrutura, principalmente banheiros químicos. A combinação de muita cerveja e poucos banheiros resultou em uma multidão de mijões em muros, portões e árvores.

V
Vaias

No primeiro jogo da Copa, em São Paulo, parte da torcida vaiou a presidente Dilma Rousseff. Aliás, mais do que vaias, alguns torcedores xingaram a presidente. No Mineirão, no jogo entre Brasil e Chile, a torcida vaiou o hino chileno. Os apupos foram calorosamente discutidos, principalmente na arena moderna das redes sociais, e a educação de quem vaiou e xingou foi contestada.

W
Webb

O árbitro inglês Howard Webb foi escolhido para entrar neste abecedário por ser o mais famoso do Mundial, pois apitou a final de 2010. Nem o inglês careca escapou dos severos questionamentos à arbitragem. No jogo do Brasil contra o Chile, ele invalidou um gol de Hulk alegando que o atacante brasileiro dominou a bola com o braço. Foi muito criticado pela marcação, assim como outras arbitragens durante toda a Copa.

X
Xavi

O meia do Barcelona chegou à Copa como símbolo da geração vencedora da Espanha, e uma das armas da Fúria para tentar o bicampeonato. Fracassou junto com toda a equipe. Os campeões de 2010 foram massacrados pelos holandeses na estreia e se despediram ao perder do Chile. O desafio agora do futebol espanhol é reinventar o tiki-taka, o toque de bola incansável e preciso que dominou o futebol, mas não foi imbatível.

Y
Y: geração internet

A letra dá nome à geração nascida após os anos 1980, também conhecida como geração da internet ou do milênio. Os jogadores da Seleção Brasileira se encaixam perfeitamente nesse perfil. Dos 10 atletas mais populares da Copa no Instagram, seis deles são brasileiros. A lista é liderada por Neymar, que tem mais de 8 milhões de seguidores. Já a Seleção tem mais de 21 milhões de seguidores, o dobro da população da Bolívia.

Z
Zúñiga

O lateral colombiano Juan Camilo Zúñiga ficará marcado para sempre na memória do torcedor brasileiro. Foi em uma falta feita por ele que Neymar fraturou a terceira vértebra e ficou de fora das duas últimas partidas da Seleção Brasileira. O colombiano, que atua no Napoli, pediu desculpas e disse que não tinha a intenção de machucar Neymar. Porém, ele sofreu ameaças e ofensas racistas de torcedores brasileiros.

COLUNA DO JAECI » Alemanha tetra: eu já sabia‏

COLUNA DO JAECI » Alemanha tetra: eu já sabia "Não à toa, o Campeonato Alemão tem a maior média de público do planeta. Enquanto o Brasil, ainda o único penta, involuiu, a tetracampeã já é também favorita para a Rússia2018"


Jaeci Carvalho - jaeci.cavalcanti@uai.com.br
Estado de MInas: 14/07/2014


Rio de Janeiro – Assim que terminou a Copa da África, escrevi que a Alemanha seria campeã no Brasil. E por que fiz isso há quatro anos? Por ver um time forte, unindo experiência e juventude, com comando sério. Foram oito anos da Copa em seu país, quando o então assistente Joachim Löw assumiu o lugar de Klinsmann, à consagração de ontem no Maracanã. O gol de Mario Götze premiou a melhor seleção do mundo, mandou os hermanos para casa e mostrou que quem mandou na competição foi o representante de um país com segurança, educação, saúde, a melhor economia da Europa e, de quebra, futebol competitivo e espetacular. A taça, erguida pelo capitão Philipp Lahm, está em ótimas mãos.

Pena termos gasto R$ 40 bilhões para bater palmas para os gringos. Mas avisei que isso aconteceria. O Brasil teve uma Seleção fraca, sem alma, sem corpo e com a cabeça contaminada por uma comissão técnica ultrapassada e arrogante. Para evoluir, devemos seguir a receita dos germânicos: seriedade, transparência e uma aula de boa educação e simpatia. Eles deixaram saudades em Santa Cruz de Cabrália e vão deixar em todo o país também.

Não à toa, o Campeonato Alemão tem a maior média de público do planeta. Enquanto o Brasil, ainda o único penta, involuiu, a tetracampeã já é também favorita para a Rússia’2018. Ela tem jovens altamente técnicos e comprometidos com o esquema de jogo. Se antes eram pragmáticos e frios, hoje aliam isso ao talento.

Final de Copa do Mundo dificilmente tem placar elástico. Alemães e argentinos se estudaram muito, mas os primeiros foram sempre superiores e estiveram mais perto do gol. A exceção foi uma bola mal recuada, que sobrou para Higuaín na cara de Neuer, mas o atacante chutou mal, para fora. Os europeus mandaram uma bola na trave de Romero, que estava batido, e tiveram mais posse de bola. O jogo se arrastou e no tempo normal não houve gol. Muita marcação, muita pancada por parte dos argentinos e atuação bem apagada de Messi, que não chegou a receber marcação especial, mas viu o tempo inteiro a sombra de Boateng (foto), para mim o melhor em campo.
 (ODD ANDERSEN/AFP)

Com o astro controlado, a Argentina é um time normal. Os alemães sabiam que o gol era questão de tempo, e ele veio no finalzinho da prorrogação. Um golaço de Götze, que matou no peito e fuzilou. Delírio da torcida germânica, pequena, mas barulhenta. A chanceler Angela Merkel pulou de alegria. Admirada pela competência, ela mostrou ser pé-quente também no futebol.

Os argentinos trocaram a música que criaram de que “Maradona é melhor do que Pelé” pelo choro compulsivo. Os caras vêm ao nosso país e querem tirar onda. Não restou nada além do chororô dos hermanos.

Quanto a nós, além de perder em saúde, segurança e educação, nem no futebol predominamos mais. Precisamos de um treinador competente, que monte uma equipe para aprender em 2018 e ganhar em 2022. Não vejo como ganhar na Rússia com safra tão ruim. Estou avisando quatro anos antes.