terça-feira, 7 de outubro de 2014

O Brasil em debate Carlos Herculano Lopes

Estado de Minas: 07/10/2014 



O jornalista Paulo Markun fala sobre Vlado Herzog, em Ouro Preto (Leandro Couri/EM/D.A Press)
O jornalista Paulo Markun fala sobre Vlado Herzog, em Ouro Preto

A 10ª edição do Fórum das Letras, um dos eventos literários mais conhecidos do Brasil, será realizada em Ouro Preto de 29 de outubro a 2 de novembro. Desembarcarão na cidade histórica vários convidados do exterior, como a espanhola Care Santos, o iraniano Mohsen Emadi, a hondurenha Julia Olivera, a portuguesa Lídia Jorge e o suíço Patrick Straumann.

A abertura do fórum, promovido pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), ficará a cargo da cantora, compositora e escritora Adriana Calcanhotto. O tema escolhido para a edição deste ano é “Escritas em transe”, sugestão do jornalista Audálio Dantas. Dia 31, ele participa do debate “Herzog: símbolo de liberdade de expressão”, com participação do jornalista Paulo Markun, do cineasta João Batista de Andrade, presidente do Memorial da América Latina, e de Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, assassinado em 1975 nos porões da ditadura militar. Ricardo Kotscho será o mediador.

Para a curadora Guiomar de Grammont, professora da Ufop, a expectativa em relação ao Fórum das Letras é a melhor possível. “A cada ano, ele vem se consolidando como um acontecimento cultural da maior importância. Só Deus sabe o trabalho que temos para realizá-lo, mas vale a pena, pois o retorno que temos nos deixa muito felizes”, diz.

Guiomar destaca o crescimento expressivo da festa literária. “Vamos receber cerca de 100 convidados de diversas áreas do conhecimento, com ênfase para a literatura e o jornalismo. Eles participarão de seis atrações diferentes”, conta. Entre esses eventos estão o Ciclo de Jornalismo e Literatura, #Das Palavras e o Fórum das Letrinhas, dedicado ao público infantojuvenil e coordenado pela professora Tereza Gabarra.

O Fórum das Letrinhas será realizado na Tenda da Vale, Biblioteca Pública de Ouro Preto, escolas públicas e no Museu da Inconfidência. Uma oficina reunirá Eduardo Damasceno e Luís Felipe Garrocho, integrante da equipe de roteiristas de Maurício de Sousa.

Dois momentos emblemáticos da história do Brasil – o golpe civil-militar de 1964, que completa 50 anos, e o movimento das Diretas já, que mobilizou o país há 30 – serão lembrados em Ouro Preto. Debates reunirão as historiadoras Heloísa Starling e Lucília de Almeida Neves e o ex-deputado federal Nilmário Miranda, que foi preso político e comandou a Secretaria Especial de Direitos Humanos no governo Lula.

Os jornalistas Fernando Morais, Geneton Moraes Neto, Paulo Markun e Lira Neto, autor da elogiada biografia de Getúlio Vargas, participarão do debate “O brado retumbante: a reconquista da democracia no Brasil”.

LITERATURA » Zuza chegou lá

Estado de Minas: 07/10/2014 

Ex-moradora de rua, Maria de Jesus da Silva é finalista do Prêmio Jabuti 2014 (Ângelo Pettinati/Esp. EM/D.A Press)
Ex-moradora de rua, Maria de Jesus da Silva é finalista do Prêmio Jabuti 2014


Finalista do Prêmio Jabuti 2014 com a biografia Divã de papel, Maria de Jesus da Silva, a Zuza, vai participar hoje do projeto Terças poéticas, na Casa Una. Ex-moradora de rua na capital mineira, ela começou a escrever os casos que costumava contar. Quando passou a trabalhar como manicure, Zuza chamava a atenção das freguesas com as histórias de sua vida. Uma delas era Vera Lúcia Felício Pereira, professora de literatura da PUC Minas, que a aconselhou a anotar suas memórias.

“Foi com muita tristeza que comecei essa obra, porque voltar ao passado é uma das coisas mais terríveis da vida”, revela Zuza, referindo-se aos momentos sofridos que enfrentou.
Divã de papel relata a humilhação e o preconceito enfrentados por moradores de rua. O livro foi comparado a Quarto de despejo, lançado nos anos 1960 pela mineira Carolina Maria de Jesus, favelada em São Paulo. Best-seller, o volume de memórias foi traduzido para 13 idiomas.

Divã de papel e sua autora chamaram a atenção da professora Ivete Walty, que estudou a obra de Zuza em seu trabalho de pós-doutorado, “Testemunha estomacal, fome e escrita”, apresentado na Universidade de Ottawa, no Canadá.

“Onde já se viu uma semianalfabeta ser finalista de um prêmio tão importante como esse?”, diz Zuza a respeito do Jabuti, cujo resultado será anunciado em 18 de novembro. Ela está escrevendo outro livro, desta vez para homenagear uma paixão: o Grêmio Recreativo Escola de Samba Cidade Jardim.

O Terças poéticas contará também com a presença do autor paraense Renato Torres, que vai lançar o livro de poemas Perifeérico, do jornalista Rogério Zola Santiago e da ensaísta e professora de literatura Bianka de Andrade Silva.

TERÇAS POÉTICAS
Casa Una de Cultura, Rua Aimorés, 1.451, Lourdes. Hoje, às 19h. Entrada franca.