sábado, 12 de julho de 2014

João Paulo - Liberdade para perder‏

João Paulo
Estado de Minas: 12/07/2014


Torcedor experimenta a solidão depois da derrota do Brasil no Mineirão: aprendizagem para vida toda e hora de procurar sua turma  (Alexandre Guzanche/EM/D.A Press)
Torcedor experimenta a solidão depois da derrota do Brasil no Mineirão: aprendizagem para vida toda e hora de procurar sua turma

Há muitas maneiras de encarar as derrotas. A mais sábia delas continua sendo a vertente estoica, escola filosófica grega que remonta ao século 3 a.C. E tem mais a ver com futebol – e com a política – do que parece à primeira vista. Talvez por isso valha a pena retroceder um pouco no tempo em busca de uma tentativa de “explicar o inexplicável”, como disse Júlio César, o goleiro, não o imperador; ou para apaziguar Dante, o zagueiro que abriu o caminho do inferno ao time brasileiro, descrito poeticamente por seu xará.

Para os antigos pensadores gregos e latinos (o estoicismo teve uma longa continuidade que chegou ao Império Romano), o que importava era a paz de espírito. Ao lado dos epicuristas e cínicos, os pensadores estoicos tinham um horizonte bem problemático à frente. Para dar conta da insegurança em que viviam, escolheram o caminho da sabedoria. E ser sábio, durante os quase seis séculos de estoicismo, era importar com o que era importante, e não valorizar o que não tinha valor.

O ser humano costuma viver no negativo: tem medo da dor, da humilhação, do desejo, do amor não correspondido, da pobreza, da decadência física e da morte. Um conjunto de defeitos que parecem cercar todas as nossas atitudes e dirigir nossas ações e reações. O homem comum é um escravo de seus temores e uma vítima de seu ressentimento. Fica paralisado frente ao destino, esquece que é livre. Padece da servidão voluntária.

Para o estoico, o verdadeiro sábio é o que não se deixa escravizar pelas coisas ou fatos sobre os quais não tem poder: somos falhos, mortais, feios, pobres e obscuros e não podemos fazer nada contra isso. A atitude mais sensata é a indiferença, ou adiaphoros, até conquistar um estado de tranquilidade da alma, a ataraxia. Isso não significa que o nosso filósofo é um alienado, pelo contrário, ele se conhece tão bem que sabe o que vale sua atribulação e o que deve ser deixado de lado. Na verdade, os estoicos são os mais corajosos de todos os homens, já que não ficam esperando que a cura venha de fora e, muito menos, culpando as contingências do mundo.

Nós, homens modernos, acreditamos que todo defeito tem remédio. A técnica, herdeira da modernidade, parece desconhecer a liberdade humana: somos obrigados a exercer determinados comportamentos sob o crime de sermos considerados alienados. Para o estoico, a grande aliança deve se dar entre o homem e si mesmo e, em seguida, com a natureza. Exatamente por isso, foram os primeiros pensadores a propor uma natureza universal e uma unidade para o gênero humano.

Assim, o sábio não se preocupa com os bajuladores, os maus, os criminosos e os que põem a ambição à frente da ética. Esses não fazem mal ao mundo, mas a si mesmos, na medida em que negam sua própria humanidade. Na concepção estoica, o mundo é uma festa cheia de possibilidades, inclusive a de se retirar dela. Não precisamos ser ricos, poderosos ou puxa-sacos. Essa escravidão não cabe no figurino do sábio, mas do escravo do desejo do outro.

Aceitação consciente do destino. Essa é a máxima estoica que pode nos guiar em muitos momentos difíceis. Não como uma capitulação, uma entrega às forças do fado, mas como uma compreensão do que de fato nos cabe fazer. Quem se atribui uma importância além da conta nada mais faz que se atormentar. A maior herança da escola filosófica antiga não foi a fuga à ação, mas a defesa da ética como princípio de universalidade. A compreensão da liberdade que nos constitui nos obriga a expandir esse princípio para toda a sociedade. Os estoicos eram políticos até a raiz da alma e se preocupavam em educar os governantes.

Fim e justiça O estoico, por exemplo, não está nem aí para a derrota da Seleção Brasileira para a Alemanha. Primeiro, porque um jogo de futebol é apenas um jogo de futebol; em seguida, pelo fato de que o adversário jogou melhor; por fim, pela simples razão de que há coisas mais importantes a serem feitas com nossa inteligência e vontade. O jogo, em si, passa a ser preocupação dos que vivem dele. Para o público, o melhor já ocorreu: como todo jogo, esse também teve seu fim. E foi justo.

No entanto, toda a movimentação em torno da Copa do Mundo merece atenção. Há aspectos políticos a serem destacados, méritos a serem reconhecidos, falhas a serem superadas. Entre as maiores vitórias está o fato de o Brasil ter, à frente de vários países que vinham tentando há anos, ajudado a criminalizar de forma objetiva uma quadrilha que vinha contaminando o futebol com interesses particulares, antidesportivos e autoritários, com o uso de todo tipo de tráfico de influência, inclusive do dinheiro.

A Fifa sai manchada da Copa. A entidade, que de certa maneira simboliza alguns aspectos do neoliberalismo (como a mercantilização de todas as relações e o apego ideológico a certa competência fundada no autoritarismo), mostrou que nem aceitar as leis de mercado ela é capaz. Brigou com ambulantes para garantir reserva de mercado para depois assumir o papel de cambista. Daqui pra frente, a relação com a federação vai ser outra, passível de controles dirigidos mais pelo interesse público e soberania dos países do que pelo mercado patrocinador. Além disso, um figurão ligado à entidade passou o dia no Copacabana Palace e a noite na cadeia. O que não deixa de ser exemplar.

Outro fator positivo foi a perspectiva de igualdade sentida pelas pessoas. O brasileiro gostou de receber os estrangeiros e se sentiu perto deles. Não valia mais o sentimento de inferioridade, já que, como nós outros, os turistas ficaram tanto em hotéis estrelados como em pensões baratas, quando não dormindo dentro dos carros e nas praias. Além disso, a comunicação foi possível, altiva e divertida. Não é preciso ir aos EUA comprar fronhas de mil fios em liquidações para se sentir pertencente ao gênero humano, basta tomar uma cerveja no mercado.

Mas não se pode deixar de chamar a atenção para o excesso de importância dada ao torneio em todo o mundo. Há um tipo de profecia autorrealizada ou efeito Pigmalião, que confere ao evento um valor que ele objetivamente não tem e que acaba conquistando em razão de estratégias de mercado e propaganda. O futebol é o esporte mais popular do mundo, mas não pelas razões que os patrocinadores da Copa elegeram. Até o hino vira peça de marketing ao ponto de, da emoção da primeira vez em que foi entoado a capela, se tornar uma obrigação antipática e ufanista.

Outra questão evidenciada com o Mundial foi o paralelismo entre o processo eleitoral e a realização do torneio. Nesse aspecto, é preciso que as coisas sejam bem distintas. A capacidade de organizar um campeonato de seleções, mesmo dando a ele uma dimensão exagerada, é atribuição do Estado. Nesse aspecto nos saímos bem. Por outro lado, a vitória no campo, é atribuição de um time convocado de acordo com os padrões de organização do próprio setor de esporte. Nesse campo o resultado foi muito ruim.

Nem a boa organização – com seus limites – é tento para o governo, nem o fracasso do time pode ser munição para a oposição. O momento eleitoral é de apresentação de projetos para o país, de exercício do debate político responsável, de construção de propostas para política públicas, de planejamento da economia e de profissionalização do Estado para atender ao cidadão. Algo milhões de vezes mais importante que uma Copa do Mundo, ainda que com um charme infinitamente menor.

A regra não é clara
Sobre a derrota em si, ela mostra o que, agora, todos estão dizendo que já sabiam: que o time era fraco, que a grana deu as cartas, que o técnico é convencional e pensa pequeno. No entanto, até se consolidar a humilhação no campo, valia o pensamento mágico e o roteiro que os meios de comunicação serviram ao público a mando de patrocinadores. Quando as crianças e os jogadores choraram, ao fim da partida, estava claro que o território estava tomado pelo infantilismo. A infância é a fase da vida (em todas as idades) em que as demandas do real são substituídas por fantasias de onipotência. São pessoas que não aceitam que seus sonhos não se realizem, que se acham portadoras do dom.

Toda derrota mobiliza emoções. A pior delas é o ressentimento. Ele ocorre quando as pessoas sentem que algo maior que elas tomou conta de sua liberdade e deixou o sujeito sem ação. Fica o discurso do coitado, do lamento desmobilizador, da caça aos culpados. O ressentimento, como destaca a psicanalista Maria Rita Kehl, é o avesso da política. Quem acredita na ação política não aceita a derrota nem hipertrofia o poder que enfrenta: junta forças, age, combate. O ressentido depõe as armas. No entanto, é sempre bom lembrar que a atitude política carrega em si o risco (quando não o projeto) de desestabilizar a ordem. Quem faz política quer exercer o poder a partir de seus valores. Há mudanças dentro da ordem e momentos em que o imperativo é quebrar a ordem para estabelecer novas bases de relacionamento. Na política, no futebol e até na vida pessoal. Nesses momentos de crise, a regra nunca é clara.

O estoico nos ensinou muitas coisas com seu elogio da ataraxia, mas deixou portas abertas para a atitude no campo da moral e da educação do líder. Sobretudo na capacidade de mudar a ordem das coisas quando elas afrontam com a liberdade e a natureza. Por isso, perder, quando se é pior, é o melhor resultado possível. Não houve a tragédia que nos querem fazer engolir, apenas um péssimo resultado construído com muito esforço pela nossa cegueira voluntária.

As tarefas agora estão dadas. Sabemos onde mancam nossas certezas e arrogâncias. Já é meio caminho andado.

Orelha

Orelha
Estado de Minas: 12/07/2014


Rachel Khoo prepara pratos sofisticados numa cozinha de apartamento de solteira (Pierre Verdy/AFP)
Rachel Khoo prepara pratos sofisticados numa cozinha de apartamento de solteira

Inspiração parisiense

Charmosa e sempre com bom gosto, Rachel Khoo é filha de mãe austríaca e pai sino-malaio. Vive em Londres e se formou em design. Mas o que ela gosta mesmo é de culinária francesa. Depois de trabalhar em um salão de chá, ingressar no Le Cordon Bleu, organizar eventos de gastronomia e escrever para jornais, ela decidiu mergulhar de vez na sua paixão. À frente do programa A pequena cozinha em Paris, exibido no Brasil pelo GNT, ela está lançando o livro de mesmo nome, pela Intrínseca. São 99 pratos da culinária francesa clássica tratados de forma simples e direta, que vão das entradas às sobremesas, passando por lanches e jantares românticos. Ilustrado com dezenas de fotos, o livro traz, além das receitas, dicas, toques pessoais e muitas histórias.

Boa educação

A Editora Autêntica está lançando mais dois volumes da série Pensadores e educação. De Hans-Georg Flickinger chega Gadamer e a educação, que analisa como a obra do maior expoente da hermenêutica filosófica contribui para o pensamento pedagógico. Já em G. GH. Mead e a educação, Cledes Casagrande articula as ideias do filósofo norte-americano, principalmente a gênese social do self, com os desafios da educação. A coleção já tem mais de 20 volumes e se propõe a mostrar como as diferentes áreas do pensamento, da sociologia à filosofia, podem contribuir para o debate sobre os desafios da educação no mundo contemporâneo.


Memória e ficção

Legião negra é o romance histórico que o jornalista Oswaldo Faustino está lançando pela Selo Negro Edições. O livro coloca em cena a luta dos afro-brasileiros na Revolução Constitucionalista de 1932. A participação voluntária de um grande número de afro-brasileiros no movimento contra o regime de Getulio Vargas é ainda pouco conhecida. A ideia para o livro surgiu quando o ator Milton Gonçalves contou a Faustino que gostaria de fazer um filme sobre a Legião Negra e pediu ao escritor que pesquisasse o assunto.


Maldade pura

House of cards, o livro que inspirou a série de grande sucesso do Netflix, chega às livrarias na semana que vem, pela Editora Benvirá. Escrita por Michael Dobbs, membro do Parlamento Britânico,  a obra traz a teia de intrigas pessoais e políticas protagonizadas pelo líder da bancada governista do Parlamento Britânico, Francis Urquhart, que manipula inimigos e aliados para atingir seu maior objetivo: tornar-se primeiro-ministro. Como se vê, embora passado na Grã-Bretanha, e não nos EUA, como o seriado de TV, a trama, o método e a falta de ética são os mesmos.

Gol de letras

O Suplemento Literário de Minas Gerais está circulando com número especial, Futebol no campo das letras. Organizado por Marcelino Rodrigues da Silva, professor da Faculdade de Letras da UFMG, e Thiago Carlos Costa, coordenador do Museu do Futebol, no Mineirão, a publicação reúne ensaios, artigos, fragmento de romance, contos, crônicas e poemas. Antônio Sérgio Bueno escreve “A bola e a palavra. Passes de arte: o caso Garrincha”; Teodoro Rennó Assunção analisa o tempo trágico no futebol; e Gunther Augustin analisa a poética das crônicas de Tostão, entre outros textos.

Medo brasuca

O Brasil também tem seus monstros. Para quem acha que o mundo da fantasia e do horror só é habitado por vampiros, zumbis e dragões, Braulio Tavares preparou a resposta em forma de contos. Sete monstros brasileiros, que está sendo lançado pela Casa da Palavra, reúne sete histórias de seres tipicamente brasileiros, ou que ganharam alguma mitologia local, como é o caso do lobisomem. Não se trata de uma história dos monstros, mas de narrativas de ficção na qual eles são os principais personagens. O leitor vai encontrar o Bradador e o Papa-Figo, entre outros, em histórias que têm como inspiração obras como Geografia dos mitos brasileiros, de Luís da Câmara Cascudo, e Assombrações do Recife velho, de Gilberto Freyre. Destaque para “A Expedição Monserrat”, que levou à morte em circunstâncias misteriosas nove dos 10 participantes da jornada no Centro-Oeste brasileiro.

Momento marcante

Passagem do diretor Paul Mazursky por Ouro Preto, em 1987, para filmar Luar sobre Parador, mudou a rotina da cidade e até hoje é lembrada por pessoas que conviveram com ele


Ailton Magioli
Estado de Minas: 12/07/2014



Já famosa fora do Brasil, a atriz Sonia Braga causou burburinho em Ouro Preto, que recebeu a equipe de Paul Mazursky (Evandro Santiago/EM/D.A Press)
Já famosa fora do Brasil, a atriz Sonia Braga causou burburinho em Ouro Preto, que recebeu a equipe de Paul Mazursky

A morte recente, em 30 de junho, do cineasta norte-americano Paul Mazursky (1930-2014), aos 84 anos, traz recordações de setembro de 1987, em Ouro Preto, onde ele rodou Luar sobre Parador (Moon over Parador). Durante as filmagens, que modificaram a rotina da cidade histórica mineira, “invadida” pela equipe de produção do longa, a população conviveu de perto com grandes estrelas do cinema, além do diretor famoso. No seleto time, a já “internacional” Sonia Braga, Richard Dreyfuss, Milton Gonçalves, Regina Casé e Raul Julia, entre outros.

“Ele esteve em minha casa algumas vezes. Em uma delas, ofereceu a Larissa (Larissa Bracher, filha do artista plástico, hoje atriz) um gravador de presente”, recorda Carlos Bracher, para quem Mazursky pareceu muito bacana.

“Lembro-me de que pedi a Mazursky para ensaiarmos e ele concordou”, recorda o ator Nelson Xavier, que interpretou o general Kurt Sinaldo no longa. “Ele queria algo muito caricato. Tratava-se da visão da republiqueta de bandas ou algo parecido, que era muito grosseira”, critica Nelson Xavier, que recentemente fez o ainda inédito Trash, do inglês Stephen Daldry, ambientado no Brasil e praticamente falado em português, ao contrário de Luar sobre Parador, rodado em inglês.

“Mazursky pedia para eu fazer o general sem caretas. Recusei-me!”, acrescenta Nelson Xavier, cujas maiores lembranças do set envolvem Sonia Braga, então estrela internacional. Apesar de não guardar boas lembranças do diretor, o ator brasileiro fala com carinho da convivência com ele em Ouro Preto. Mas não esconde a preferência pelo inglês Stephen Daldry (O leitor, O pequeno Elliot e As horas, entre outros), “um p... diretor, que adorei”.

Outros brasileiros, como Ana Muylaert (assistência de direção), Marcos Flaksman (direção de arte) e Rui Resende (elenco), juntaram-se a Nelson Xavier no set. Na trama do longa, a morte de um presidente-ditador de um país latino-americano faz com que seu chefe de gabinete convença um ator, sósia do morto, a assumir o posto dele. Dessa forma, o chefe de gabinete pode governar usando um fantoche. A namorada do falecido, porém, não se deixa iludir pela farsa, ao contrário da população do país.

O artista plástico Carlos Bracher recusou o convite para participar do longa, mas sua mulher Fani Bracher aceitou. No livro sobre vida e obra dela (detentora de um Prêmio Jabuti), o leitor encontrará registro fotográfico feito durante o encontro do marido com o ator Richard Dreyfuss e o diretor Paul Mazursky. “Fani fez apenas uma pontinha no filme”, desconversa Bracher, que teve, inclusive, a oportunidade fazer um retrato do cineasta. “Mazursky era uma pessoa sensacional”, elogia ele – foi Adolpho Bloch (1908-1995), amigo de Bracher, quem recomendou ao diretor que procurasse o artista em Ouro Preto.

GUERRILHEIRO Daí veio o convite para que Carlos Bracher interpretasse um guerrilheiro. “Era algo meio simbólico, com o personagem tipo Che Guevara só aparecendo no fim da história. Recusei o convite, mas alguém da cidade acabou fazendo”, acrescenta Bracher.

“Na época, toda a equipe do filme teve grande interação com a cidade, promovendo inclusive doações para instituições de caridade”, elogia Bracher, que, apesar do ti-ti-ti provocado pela estrela Sonia Braga na cidade, só a encontrou apenas no set de filmagens.

SAIBA MAIS

CARREIRA


Paul Mazursky é diretor e roteirista de filmes como Harry, o amigo do tonto (1974) e Uma mulher descasada (1978). A estreia na carreira cinematográfica foi como ator no primeiro longa dirigido por Stanley Kubrick, Medo e desejo (1953). O primeiro trabalho como roteirista de cinema foi na comédia O abilolado endoidou (1968), estrelado por Peter Sellers. 

TeVê

TV paga

Estado de Minas: 12/07/2014

 (Fox/Divulgação)

Noite de estreias


Comédia ou drama? O assinante que escolha. A primeira opção no pacote de estreias hoje é Os estagiários, com Vince Vaughn e Owen Wilson (foto) na pele de dois trapalhões que se inscrevem em busca de uma vaga na gigante da internet Google. O filme vai ao ar às 22h, no Telecine Premium. No mesmo horário, a HBO estreia Dezesseis luas, com Alden Ehrenreich e Alice Englert.

E o sábado chega com
suas sessões especiais


Além do especial do canal Bio, às 20h, a estrela Julia Roberts brilha em duas produções agendadas pelo canal A&E: O sorriso de Mona Lisa, às 20, e Erin Brockovich – Uma mulher de talento, às 22h30. No Telecine Touch, quem faz hora extra é Harrison Ford, em Uma segunda chance, às 15h15, e Sabrina, às 17h15. No Megapix, a sessão é tripla, com os épicos O Escorpião Rei: a saga de um guerreiro (19h50), Conan, o bárbaro (22h) e Imortais (0h10).

Muitas alternativas na
programação de filmes


Outro destaque de hoje é Afinidades eletivas, dos irmãos Paolo e Vittorio Taviani, às 22h, no Futura. Ou ainda a versão espanhola de Branca de Neve, com Maribel Verdú no papel da madrasta, também às 22h, no Telecine Cult. No mesmo horário, o assinante tem mais seis boas opções: Mulheres sexo verdades mentiras, no Canal Brasil; Muita calma nessa hora, no Telecine Fun; Oz – Mágico e poderoso, no Telecine Pipoca; Ressaca de amor, no TBS; Sequestro no espaço, na HBO 2; e A origem, na Warner. Outras atrações da programação: Quem matou Pixote?, às 21h, no AXN; Um quarto em Roma, às 22h05, no Max; Os agentes do destino, às 22h10, no Universal Channel; e Eu sou a lenda, às 22h30, na Fox.

Quinta temporada da
série Glee chega ao fim


A quinta temporada de Glee termina hoje, às 18h30, no canal Fox. No último episódio, “The untitled Rachel Berry project”, uma roteirista de Hollywood começa a trabalhar em ideias para uma série baseada na vida de Rachel, mas deixa perplexa toda a turma da escola McKinley. Prestes a passar vários meses longe um do outro, Mercedes e Sam tomam uma decisão sobre seu relacionamento. Quando Blaine se prepara para uma apresentação, ele enfrenta uma difícil decisão. Em tempo: no Gloob, às 21h, estreia a série O castelo assombrado de Dani.

Pacote musical vai do
pop rock aos clássicos


O cantor e compositor Moreno Veloso, filho de Caetano Veloso, e a banda mineira Tião Duá são as atrações de hoje de Cultura livre, às 18h, na TV Cultura. No mesmo canal, às 21h30, tem recital da cantora lírica Nathalie Stutzmann com o Quarteto Osesp no programa Clássicos. No SescTV, o Dia Mundial do Rock não vai passar em branco, começando com o quarteto de rock Los Twang! Marvels, formado por chilenos e argentinos radicados em Berlim, no Instrumental Sesc Brasil, às 17h, seguido dos curtas Abril pro rock – Fora do Eixo, Minha área e Voz disfarçada de gente, às 18h, e o show da banda Inocentes, às 19h. No Multishow, tem Ivete Sangalo e Mumuzinho ao vivo, às 21h, e Buchecha, MC Koringa, Sapão, MC Leozinho, MC Marcinho, Bonde do Tigrão e Naldo Benny no Baile da Favorita, às 22h.


CARAS & BOCAS » Coração apaixonado
Simone Castro

Cirilo (Jean Paulo Campos) se encanta pela amiga Luiza (Bianca Paiva), em Patrulha salvadora  (Lourival Ribeiro/SBT)
Cirilo (Jean Paulo Campos) se encanta pela amiga Luiza (Bianca Paiva), em Patrulha salvadora

A terceira temporada da série Patrulha salvadora estreia neste sábado, às 20h30, no SBT/Alterosa. Serão mais 13 episódios da atração escrita por Íris Abravanel e que tem no elenco, entre outros, Maísa Silva e Jean Paulo Campos. O ator mirim, no papel de Cirilo, viverá, agora, uma nova paixão. Ele esquecerá o amor que sentia por Maria Joaquina (Larissa Manoela), em Carrossel, ao se interessar pela colega Luiza, interpretada por Bianca Paiva. Logo, logo ele estará se derretendo pela garota. Quem não gostará nem um pouco de se ver trocada, já acostumada com os gestos de carinho do eterno apaixonado, é Maria Joaquina e assim estará formado o triângulo amoroso. Mas a patrulha terá muito serviço por conta de Jorge (Léo Belmonte), um mágico do mal que, ainda por cima, tem a ajuda de um Espelho Conselheiro, Ninjas Mágicos e outros vilões. Os heróis mirins ainda vão se deparar com outro contratempo: Olívia (Noemi Gerbelli), Matilde (Ilana Kaplan) e Jurandir (Carlinhos Aguiar) serão demitidos da delegacia do Extratogésimo Sexto Distrito Policial por ineficiência, já que são bem atrapalhados. E sabem onde é que irão parar na busca por um novo emprego? Na equipe de jornalistas do jornal Diário de Kauzópolis. Promete.

BOLA NA ÁREA DE OLHO NO
ÚLTIMO JOGO DA SELEÇÃO


Um sábado de muitos debates e análises no Bola na área, da TV Alterosa. A Copa do Mundo ainda não acabou para a Seleção Brasileira, que vai ter de se contentar com a disputa do terceiro lugar, em jogo, hoje, contra a Holanda. Amanhã, Alemanha e Argentina fazem a grande final. O programa inova e vai ser transmitido, ao vivo, do Itatiaia Rádio Bar, o mais novo espaço para o torcedor mineiro. Por lá também estará o irreverente Christiano Junqueira, o CJ. Ele vai colocar pilha e ouvir o torcedor. Bola na área: interatividade, criatividade, informação e opinião, tudo em um só lugar.

ELZA SOARES SOLTARÁ A VOZ
EM EDIÇÃO DO METRÓPOLIS


A cantora Elza Soares revisita o repertório de Lupiscínio Rodrigues na edição do Metrópolis, amanhã, às 20h, na TV Cultura. Além de apresentar algumas de suas canções no palco da atração, Elza Soares conta, entre outras coisas, como o conheceu, quando começou a se encantar por suas composições e o porquê de ele ser imprescindível em seus shows e em suas memórias. A cantora faz shows em São Paulo em homenagem ao centenário de nascimento do sambista gaúcho. No repertório, entre outros sucessos, Se acaso você chegasse, música de Lupiscínio gravada por Elza na década de 1960.

CÉSAR FILHO FICA NA BERLINDA
NO QUADRO ELAS QUEREM SABER


O apresentador César Filho participa do quadro “Elas querem saber”, do Programa Raul Gil deste sábado, no SBT/Alterosa. Thammy Miranda, Val Marchiori, Dani Bolina e Penélope Nova continuam afiadas e com perguntas picantes na ponta da língua. O jornalista, que iniciou a carreira aos 16 anos, fala sobre a diferença no modo de fazer televisão desde que começou e sobre toda a sua trajetória no rádio e na TV. Ao falar de sua esposa, a atriz Elaine, derrete-se: “Ela é linda, inclusive por fora. Ela é uma pessoa que me completa, temos uma conexão no olhar”.

PERSONAGEM ENCARA PAQUERA
PARA FAZER CIÚMES EM DOIS EX


Na reta final, os próximos capítulos de Em família (Globo) ainda terão brecha para uma nova paquera de Juliana (Vanessa Gerbelli). Ela ficará encantada com Diogo (José Rubens Chachá), pai de Marina (Tainá Müller), que conhecerá no dia da cerimônia de união da fotógrafa e Clara (Giovanna Antonelli). Durante a festa eles se aproximarão e Juliana gostará, pois provocará ciúmes em Nando (Leonardo Medeiros) e Jairo (Marcelo Mello Jr.), que, a essa altura, estarão disputando sua atenção.

HORA DA DANÇA

Por falar em Vanessa Gerbelli, a atriz está confirmada no “Dança dos famosos” do Domingão do Faustão (Globo). Ela falou sobre o assunto no site do programa: “Pretendo me divertir, vai ser bacana aprender estilos diferentes, nunca fiz algo assim. Dançar em dupla é uma novidade pra mim”, disse, afirmando que esconde um certo nervosismo para encarar o desafio de dançar diversos ritmos ao vivo e para todo o Brasil. No entanto, ela conta que tem uma certa experiência com a dança. “Fiz aula de balé na infância e depois, já adulta, para complementar os estudos de teatro, melhorar a postura. Tenho prazer em dançar”. Com relação aos ritmos escolhidos pelo programa, Vanessa garante que está preparada: “Sou fã de rock, de música clássica, tango, não tenho estilo definido”.

VIVA

Ricardo Boechat, no Jornal da Band, que se saiu muito bem com cena de torcedor da Holanda que mostrou o bumbum, numa entrada ao vivo do noticiário, inconformado com a derrota do seu time para a Argentina. O apresentador deu show de irreverência ao comentar a cena inesperada.

VAIA

Quem acompanha Isabelle Drummond e a vê na reprise de Caras & bocas como a ótima Bianca, não entende o seu pouco aproveitamento como a Megan, um dos personagens de destaque de Geração Brasil (Globo). A atriz já não é coadjuvante há muito tempo. É apta ao posto de protagonista. 

O produtor Chico Neves traz seu estúdio carioca para casa em Nova Lima.

Pode entrar
O produtor Chico Neves traz seu estúdio carioca para casa em Nova Lima. Ele abriu os microfones para jovens talentos mineiros, destaques da cena indie do país e nomes como Herbert Vianna
Mariana Peixoto
Estado de Minas: 12/07/2014


Chico Neves trocou o Rio de Janeiro por Minas e quer promover o encontro de artistas em seu Estúdio 304  (BETO NOVAES/EM/D.APRESS)
Chico Neves trocou o Rio de Janeiro por Minas e quer promover o encontro de artistas em seu Estúdio 304


A lista de discos é enorme e encheria boa parte desta página. Na impossibilidade de publicá-la, uma pequena amostra já diz muito: O dia em que faremos contato (1997), primeiro CD solo de Lenine; Lado B lado A (1999), o melhor trabalho d’O Rappa; Maquinarama (2000) e Bloco do eu sozinho (2001), divisores de águas do Skank e do Los Hermanos, respectivamente. Além de numeroso, o elenco é diverso: passa ainda por Jorge Mautner, Gilberto Gil, Fernanda Abreu, Arnaldo Antunes, Paralamas do Sucesso, Nando Reis e Lô Borges. Todos esses artistas e bandas têm em comum o produtor Chico Neves, de 54 anos. Mineiro de Belo Horizonte, ele deixou a cidade no fim da adolescência para passar um tempo no Rio de Janeiro. De volta agora a BH, sabe que os planos iniciais também não vão vingar. “Fui para o Rio sem saber de nada e fiquei 30 e poucos anos. Planejo mais uns anos aqui, não tenho prazo”, admite.

Na sala da parte de baixo da casa onde vive, num condomínio em Nova Lima, Chico pilota seu estúdio. Além do equipamento, o novo endereço herdou o nome: 304, referência ao segundo apartamento no Jardim Botânico, onde o estúdio funcionou por décadas. “Era um prédio bem folclórico do Rio, meio largadão, mistura de comercial com residencial. Até Raul Seixas morou lá”, conta. Se a vista carioca dava para o Parque Lage e a floresta da Tijuca, agora é só deixar o estúdio para dar de cara com o verde e as montanhas.

Encontro

A mudança de cenário, Chico garante, trouxe a reboque muitas novidades. “Acabo promovendo o encontro das pessoas aqui”, comenta. Nesse primeiro ano na cidade, o produtor gravou novo álbum da banda Falcatrua e mixou o do Somba. Atualmente, dedica-se à produção do grupo Todos os Caetanos do Mundo. Na sequência, vai emendar trabalho da cantora Luiza Brina. “Várias coisas estão acontecendo em Belo Horizonte. Tenho o desejo de trabalhar com o Graveola”, afirma ele, que vem tomando contato com uma cidade bem diferente daquela que deixou em 1978. Na época, quando chegou ao Rio, era um garoto de 17 anos, que, por meio de um estágio na gravadora Odeon (hoje EMI), tomou contato com os grandes da época. Como estagiário, sua função era apenas observar. Nos estúdios, presenciou registros de discos de Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus, Ângela Maria, Clara Nunes, Milton Nascimento e Egberto Gismonti.

Mas o pulo do gato de Chico se deu no rock. “O Gil foi produzir um disco da Lucinha Turnbull (primeira mulher a tocar guitarra no Brasil, fez parte do Tutti Frutti, de Rita Lee) e chamaram o Liminha para tocar baixo. Durante o processo de gravação, havia uma emenda complicada. O engenheiro que estava gravando era bem tradicional. Disse que ele teria de gravar todo o baixo desde o começo, não daria para consertar. Eu, quieto, pedi autorização para fazer a emenda. A coisa deu certo”, relembra Chico. Assim, ele ganhou o emprego como assistente de Liminha – naquele início da década de 1980, o ex-Mutante havia se tornado produtor da Warner, multinacional recém-chegada ao país.

Nas Nuvens

Com Liminha e Gilberto Gil, Chico Neves viu o nascimento do estúdio Nas Nuvens, onde fez alguns discos. Até que, em 1986, deu um basta na indústria fonográfica e decidiu atuar sozinho. No tal prédio do Jardim Botânico, alugou primeiramente o apartamento 302 e, anos depois, fez um upgrade no 304. Independentemente do endereço, a maneira de trabalhar não mudou. Chico gosta de fazê-lo em seu próprio estúdio e, geralmente, sozinho. “Pouquíssimas vezes saí do meu lugar. No meu estúdio, não dependo de ninguém, sei como as coisas são feitas. Geralmente, em outro lugar há técnico, assistente, e gosto de ficar independente. Se fico na mão do outro, quando quero um cabo, demora. Prefiro eu mesmo fazer”, explica ele, que, eventualmente, trabalha com assistentes com quem está acostumado. Se não, é apenas ele, a máquina e a cadela Bela, que o acompanha há muitos anos. O disco da banda carioca Do Amor, por exemplo, é aberto com um latido dela.

No fim das contas, o que mais importa é quem está trabalhando. “Equipamento, é só você ter dinheiro para comprar. Quem vai conduzir aquilo é o que faz a diferença.” Como produtor, assume ser bem livre na hora do registro. Geralmente, grava tudo junto, mas apenas um instrumento valendo. “Não tenho esse purismo de gravar todo mundo. Se for para fazer isso, você aperta rec e gravou a performance. Meu trabalho é outra coisa. Muito artesanal, bem de criação. Sempre falo: por natureza, a máquina é muito fria. É você quem lhe dá vida.”

Numa conversa, Chico parece ser um cara tranquilo. Ele gosta de fazer com que as pessoas se inspirem. “Assim, elas tocam melhor e isso passa para a gravação.” Também é um agregador. Ele apresentou Pedro Sá a Lenine – tanto que o guitarrista, hoje produtor e integrante da banda de Caetano Veloso, tocou por tempos com o pernambucano. Foi Chico quem apresentou o sampler a Fernanda Abreu (foi um dos primeiros a usá-lo no Brasil) e o estúdio Real World (na Inglaterra, pertence a Peter Gabriel, referência mundial) a Lenine.

“Era um sonho meu mixar o disco lá na Inglaterra. Na época, o Lenine não tinha gravadora e eu, nos momentos em que estou mais disponível, pego trabalhos em que acredito, independentemente de ter ou não dinheiro. No final, o Lenine conseguiu negociar (o álbum O dia em que faremos contato) com a BMG. A única coisa que pedi foi ir para o Real World. Quando cheguei, parecia que já tinha uma história com aquele lugar. Acabei levando muita gente para gravar lá”, conta ele.

Além de grupos e artistas de Belo Horizonte, Chico gravou no 304 mineiro o combo curitibano A Banda Mais Bonita da Cidade – “como a casa é grande, hospedei os músicos” –, a banda carioca Scracho e a trilha do documentário I love kuduro, de Mário Patrocínio. Na seara das trilhas sonoras, Chico trabalhou em filmes como Eu, tu, eles (com Gilberto Gil, em 2000), de Andrucha Waddington; Benjamin (com Arnaldo Antunes, em 2003), de Monique Gardenberg; e Deus é brasileiro (com Hermano Vianna e Sergio Mekler, em 2003), do cineasta Cacá Diegues.

Com Herbert

Há dois anos, no Rio de Janeiro, Chico Neves produziu Victoria, álbum solo de Herbert Vianna com canções inéditas do Paralamas. Em BH, o produtor capitaneia o novo disco do vocalista e guitarrista, desta vez com suas músicas preferidas. “Somos só nós dois, e a maior parte delas é em inglês. Volta e meia o Herbert fica aqui para gravar. O disco já está bem encaminhado”, revela Chico, que também recebeu Dado Villa-Lobos e Daniel Jobim no 304. “À medida que as pessoas vêm gravar comigo, espero que conheçam o pessoal de BH. Quem sabe daqui a pouco começa a rolar uma troca?”, conclui Chico. Abertas, as portas já estão.

BY CHICO

O RAPPA
Lado B Lado A

LOS HERMANOS
Bloco do eu sozinho

LENINE
O dia em que faremos contato

HERBERT VIANNA
Victoria

ARNALDO ANTUNES
Saiba

Farinha de banana reduz índice glicêmico‏

Farinha de banana reduz índice glicêmico 
 
Estudo desenvolvido na Universidade Federal de Lavras tem indícios positivos do uso da casca com a polpa da fruta no organismo de cobaias. Próximo passo é fazer testes em grupos de voluntários


Márcia Maria Cruz
Publicação: 12/07/2014

 Um dieta equilibrada e rica em nutrientes é uma importante aliada no combate às enfermidades crônicas não transmissíveis, como câncer, diabetes e doenças cardiovasculares. E não é preciso gastar muito para compor refeições nutritivas. Há muitos alimentos com propriedades funcionais que podem ser adquiridos a baixo custo. Esse é o foco de uma das linhas de pesquisa do curso de nutrição do Departamento de Ciência dos Alimentos da Universidade Federal de Lavras (Ufla). Os estudos têm como objetivo encontrar alimentos mais em conta, economicamente, que possam ser introduzidos na dieta da população carente. E os resultados são bastante animadores.

Coordenada pelo professor Michel Cardoso De Angelis Pereira, uma pesquisa com a farinha da banana e o kefir, muito usado para fazer iogurte caseiro, já apresenta resultados. De acordo com o Ministério da Saúde, os alimentos funcionais caracterizam-se por oferecer vários benefícios à saúde, além do valor nutritivo inerente à sua composição química, podendo desempenhar um papel potencialmente benéfico na redução do risco de doenças crônicas degenerativas.

O primeiro experimento conduzido por Michel foi feito com a farinha produzida com banana prata semiverde. Foram feitos testes de três formas: com a polpa da fruta, com a casca, e com a mistura de polpa e casca. As farinhas foram introduzidas na dieta-padrão de ratos wistar. Foi avaliada a glicemia de 15 em 15 minutos em um período de duas horas para calcular o índice glicêmico da dieta.

A farinha feita com casca de banana não apresentou alteração do índice glicêmico. Por ser rica em fibras insolúveis, a farinha apenas contribuiu para o funcionamento intestinal dos animais. O emprego da farinha da polpa isolada ou misturada com a casca resultou em redução de 15% no índice glicêmico. “Clinicamente, é uma redução expressiva”, afirma o pesquisador. Apenas 10% da refeição composta pela farinha já é suficiente para alcançar a melhora no índice glicêmico. O bom disso tudo é que para fazer a farinha de banana basta partir a fruta em pequenos pedaços e levá-los ao forno, em temperatura branda. Depois que a banana estiver seca, deve ser triturada no liquidificador. “É fácil de fazer e é uma receita economicamente viável”, defende Michel. Para consumi-la, a pessoa pode adicioná-la ao feijão, à vitamina e a sucos.

Mistura com kefir interfere no colesterol 

O segundo experimento foi feito com a introdução do kefir na dieta dos ratos wistar, juntamente com a farinha. Nesse experimento, os pesquisadores mediram o colesterol (as lipoproteínas LDL, HDL e VLDL) e os triglicérides. Um tipo de gordura, o colesterol circula normalmente no sangue, sendo usado pelas células do corpo para construir as membranas celulares, para fabricação de hormônios e da vitamina D. Já os triglicérides são a principal forma de estocagem de energia dos animais, que os acumulam no tecido adiposo na forma de gordura.

 O grão de kefir é um agrupamento gelatinoso polissacarídeo que tem vários micro-organismos em simbiose. “Ele é usado há milênios. Você não encontra para comprar. As donas de casa passam umas para as outras”, diz o pesquisador. No experimento, o kefir foi introduzido em uma mistura de açúcar mascavo com água. Com o auxílio de seringa, a mistura foi dada via oral para os ratos wistar e trouxe resultados bastante positivos: redução de 10% a 15% no colesterol total, redução de 15% a 20% no LDL, popularmente conhecido como colesterol ruim, e uma leve elevação de 4% a 5% do HDL , conhecido como bom colesterol.

Nessa pesquisa, o kefir foi misturado a água e açúcar mascavo, porque nessa combinação há um resultado probiótico mais expressivo. As pessoas podem também fazer com o leite para o preparo de iogurte natural. “A mistura com água e açúcar mascavo não é tão saborosa, mas é um alimento de baixo custo e com bons resultados para a saúde”, pondera.

PESQUISA CIENTÍFICA COM VIÉS SOCIAL

O curso de nutrição desenvolve projetos de extensão com instituições de Lavras e região que atende crianças e idosos pobres. O objetivo é desenvolver atividades de caráter formativo sobre alimentos funcionais e educação nutricional. As crianças vão até a universidade aprender a composição de dietas ricas em nutrientes, como aproveitar alimentos e buscar alternativas mais baratas. “Fazemos teatros e jogos para que as pessoas possam aprender como se alimentar corretamente.” Os alimentos funcionais levam benefício ao organismo, auxiliando na prevenção de doenças crônicas.

O Departamento de Ciência dos Alimentos, em parceria com o Departamento de Ciência do Solo, desenvolve pesquisas sobre biofortificação (incorporação de nutrientes do solo para o alimento). O propósito dos estudos, coordenados pelo professor Luiz Roberto Guimarães Guilherme, é, por meio da fortificação, aumentar a composição de nutrientes no solo e consequentemente em alguns alimentos. Está em andamento pesquisa sobre fortificação da aveia com selênio e zinco. “São nutrientes que têm ação antioxidante no organismo.” 

daqui para o futuro
Dieta humana 
Em uma segunda etapa da pesquisa, a farinha de banana será introduzida na dieta humana. O experimento será feito com três grupos de 15 pessoas cada. A dieta do primeiro grupo não conterá a farinha. Na alimentação de um segundo grupo será introduzida a farinha de mandioca, e no terceiro grupo a farinha de banana. Eles vão receber um café da manhã padronizado e será avaliado o índice glicêmico de 15 em 15 minutos até completar duas horas. É o tempo necessário para que os pesquisadores consigam avaliar a resposta da insulina após o consumo da refeição.


Farinha de banana

» Redução de 15% no índice glicêmico

Farinha de banana + kefir

» Redução de 10% a 15% no colesterol total, redução de 15% a 20% no LDL, popularmente conhecido como colesterol ruim, e uma leve elevação de 4% a 5% do HDL , conhecido como bom colesterol. 

Eduardo Almeida Reis - Nosocômico‏

Nosocômico 
 
Daí a constatação de um philosopho amigo nosso: uma pessoa só existe nos períodos em que está apaixonada.
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 12/07/2014







O substantivo masculino nosocômio significa hospital e o adjetivo nosocômico, relativo a hospital, está no Houaiss. Vosso país vem de ter notícia de dois crimes ocorridos em hospitais que seriam cômicos, se não fossem trágicos. Até então, pensávamos que a primeira providência era levar a pessoa doente para um hospital. Hoje, é preciso pensar duas vezes antes de tomar a providência.

Em Campina Grande, PB, a Rainha da Borborema, um cadeirante foi levado ao hospital com problemas na coluna. Vi na tevê: os acompanhantes do enfermo foram espancados pelos seguranças do hospital e o paciente retirado de sua cadeira de rodas pelos tais seguranças, que o arrastaram pelo chão nosocômico sem dó nem piedade. O nome da instituição é sugestivo: Hospital de Trauma. Traumatiza pacientes e telespectadores.

Da Rainha da Borborema viajamos até a Cidade Maravilhosa, que já foi cheia de encantos mil e hoje é a capital de um estado com índices anuais da ordem de 28,9 homicídios por 100 mil habitantes, contra o máximo de 10 por 100 mil considerado “normal” pela ONU. Algumas taxas para efeito de comparação: Noruega (0,6), Suécia (1,0), Reino Unido (1,2), Rússia (10,2), Índia (3,4), Cingapura (0,3), Japão (0,4), Venezuela (45,1), Brasil (21,0), Canadá (1,6), Senegal (8,7), Uganda (36,6), Terra (6,9).

Pois muito bem: o motorista de um ônibus urbano, percebendo que o fotógrafo Luiz Cláudio Marigo, de 63 anos, passava mal em seu veículo, parou o coletivo diante do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), na Rua General Glicério, em Laranjeiras, para pedir socorro, e viu o fotógrafo morrer ao cabo de muitos minutos por falta de atendimento médico. Explicação: o hospital estava em greve, diz que não tem atendimento de emergência e os passageiros do ônibus, que pretendiam entrar no INC para pedir socorro, foram impedidos pelo eficiente segurança do instituto – referência no tratamento de doenças cardíacas de alta complexidade, o único hospital público do Rio de Janeiro que realiza transplantes. Sua página na internet informa em letras garrafais: Cardiologia de Primeiro Mundo.

Existir
Filho de Michael Pedersen Kierkegaard e Ane Sörensdatter Lund Kierkegaard, Sören Aabye Kierkegaard (1813-1855), filósofo e teólogo dinamarquês, filosofou: “Existir é escolher e apaixonar-se”. Resta saber se a paixão, no sentido de “sentimento, gosto ou amor intensos a ponto de ofuscar a razão”, pode ser escolhida ou nos pega de supetão, normalmente sem explicações ou justificativas.

Sendo racional não é paixão. Daí a constatação de um philosopho amigo nosso: uma pessoa só existe nos períodos em que está apaixonada. O resto é automático: nascer, viver, passar desta para a pior. Curioso da explicação psicanalítica da paixão, fui às obras completas de Freud, versão eletrônica, encontrei referência ao relacionamento sexual de Dostoiévski com uma criança e dei com este velho costado no trecho em que o pai da psicanálise fala de um cavalheiro considerado por muitos o maior gênio da história, Leonardo di Ser Piero da Vinci (1452-1519): “É duvidoso que Leonardo jamais tenha abraçado uma mulher com paixão; ou tenha tido alguma amizade intelectual íntima com uma mulher, como a de Miguel Ângelo com Vittoria Colonna. Quando ainda aprendiz e vivendo em casa de seu mestre Verrocchio, foi-lhe feita e a alguns outros jovens uma acusação de práticas homossexuais proibidas, que terminou em absolvição. Parece que a origem desta acusação foi o fato de ter usado um menino de má fama como modelo”.

O só fato de Freud falar de práticas homossexuais proibidas dá a entender que havia práticas homossexuais permitidas. Na confusão sobrou até para Fiódor Mikhailovich Dostoiévski (1821-1881), considerado um dos maiores romancistas e um dos mais inovadores artistas de todos os tempos, casado com Anna Grigórievna Snítkina de 1867 a 1881, depois de um casamento com Maria Dmitriévna Issáieva de 1857 a 1864. Machado de Assis, dom Pedro I e Dostoiévski sofriam de epilepsia, hoje tratada nas crianças com remédio à base de canabidiol (CBD), um dos 80 princípios ativos da maconha. Tchau e bênção procês todos.

O mundo é uma bola

12 de julho de 1472: o futuro rei Ricardo III, da Inglaterra, se casa com Anne Neville. Ricardo morreu em 1485 na Batalha de Bosworth Field, em Leicestershire. Recentemente, encontraram seus ossos enterrados num lugar convertido em estacionamento de automóveis. A partir daí a ciência tem deitado e rolado, identificando até as lombrigas que o marido de Anne Neville teria tido quando criança. Mal ou bem, o Reino Unido sobreviveu à morte de Ricardo durante séculos sem saber das lombrigas que o parasitaram.

Em 1543, também num dia 12 de julho, Henrique VIII, rei da Inglaterra, casou-se com Catarina Parr. Foi o sexto casamento de Henrique e o terceiro de Catarina, que tinha bom relacionamento com os três filhos do rei e contribuiu para a educação de Isabel e Eduardo, mais tarde soberanos da Inglaterra.

Foi ajudada pelo fato de ainda não existir a Lei da Palmada, costurada pelo admirado Renan Calheiros com sua nova cabeleira transplantada no Recife, PE. Hoje é o Dia do Engenheiro Florestal, não sei se aqui ou em Portugal.

Ruminanças

“Fuleco rima com timeco” (R. Manso Neto).

Zona mista kelen cristina com: Mayko Silva

Estado de Minas: 12/07/2014 



 (Arquivo Pessoal/Divulgação)

Tapa no visual


Os argentinos querem estar bem na fita na final da Copa do Mundo amanhã, contra a Alemanha, no Rio. Ontem à tarde, Messi, Agüero, Mascherano, Romero (foto), Rojo, Federico Fernández e Maxi Rodríguez solicitaram os serviços do barbeiro Elias Torres na Cidade do Galo. Foi a 12ª vez que o hair stylist mineiro esteve na concentração da seleção hermana, atendendo não apenas os jogadores – roupeiro, cozinheiro, massagista, médico e até integrantes da comissão técnica da Argentina também cuidaram do visual durante a estada em BH. “São todos vaidosos demais, muitos cortavam o cabelo de dois em dois dias. O Rojo é vaidoso ao extremo, o goleiro Romero também, corta pelo menos de três em três dias. Messi é o mais tranquilo em relação a isso e menos preocupado com a manutenção no corte”, comentou Elias.

Ação entre amigos
O armador argentino Di María resolveu tornar a final de amanhã, no Maracanã, inesquecível para um grupo de conterrâneos. Segundo o jornal La Nación, o jogador fretou um avião para trazer ao Brasil 10 amigos de infância, que ganharam também ingressos para a partida contra a Alemanha. Eles cresceram juntos em Rosário e, como prova da amizade, fizeram a mesma tatuagem que Di María leva na perna direita. A torcida argentina no estádio ainda será reforçada por parentes e amigos do volante Mascherano, que alugaram seis ônibus e 12 vans e, em caravana, deixaram San Lorenzo ontem, em direção ao Rio.

Milhares de tropeiros
O tropeiro e o pão de queijo, cartões de visitas da culinária mineira, caíram no gosto dos estrangeiros. Tanto que o prato feito com feijão, arroz, torresmo, couve, lombo e ovo foi a refeição preferida das torcidas nos jogos do Mineirão. Levantamento da Fifa mostra que foram vendidas nada menos que 34.511 unidades de tropeiro nas seis partidas disputadas no Gigante da Pampulha. O dia de maior procura foi o do jogo entre Brasil e Chile, pelas quartas de final, com 7.545 pratos comprados pelos torcedores. A menor venda foi registrada no confronto de estreia, entre Colômbia e Grécia: 1.443.

Segurança máxima
A decisão da Copa terá o maior efetivo de segurança da história do futebol brasileiro. São quase 26 mil envolvidos, no Maracanã e arredores, na Fan Fest em Copacabana e em áreas de grande concentração de argentinos. Só do Ministério da Defesa serão 9.300 oficiais, recrutados inclusive da Marinha e da Aeronáutica. Também trabalharão 4.984 policiais militares, além de integrantes do Corpo de Bombeiros, da Polícia Rodoviária Federal e da Força Nacional, entre outros.

 A Copa das Copas
Enquete feita pelo site da rede inglesa BBC apontou a edição de 2014 da Copa como a melhor de todos os tempos. O Mundial do Brasil também foi o preferido dos internautas em temas específicos, sendo escolhido o mais competitivo da história, o que teve os mais bonitos gols, o de maior número de zebras e o mais dramático. A partida mais inesquecível de Copas também foi uma disputada em gramados brasileiros – e de péssima lembrança para os donos da casa: a derrota por 7 a 1 para a Alemanha, que superou, na opinião dos eleitores, a final do Mundial da Inglaterra’1966, entre os  donos da casa e os germânicos. A Copa mais controversa, não por acaso, foi a do México’1986 (graças a Maradona e la mano de Dios), eleita também a que teve mais craques na pesquisa.

O outro lado da moeda
Nem todos os ingleses, contudo, compartilham desse entusiasmo. O escritor Nick Horby, autor do livro Febre de bola, levantou uma série de questionamentos sobre a qualidade técnica da Copa em artigo para o site da ESPN. Segundo ele, os correspondentes que estão descrevendo maravilhas sobre a competição estão “bronzeados, relaxados e filmados frequentemente em mesas à beira-mar”. Para Horby, na frieza dos jogos assistidos pela TV, a análise é outra: partidas morosas nos mata-matas, vitória dos favoritos sem grande demonstração de superioridade e arbitragem robótica e permissiva (maior rigor poderia ter evitado que Neymar ficasse fora da semifinal, diz ele). A Seleção Brasileira mereceu críticas duras: diferentemente das décadas de 1970 e 1980, quando contava com grupos formados essencialmente por jogadores que atuavam no país e surpreendia os europeus (citando Pelé, do Santos; Zico, do Flamengo; e Éder, do Atlético), o Brasil é previsível e dependente de seu único jogador talentoso, Neymar. O jogo contra a Alemanha foi chamado de colapso nervoso, “o fim de uma era que começou na década de 1950: ninguém olhará para o futebol brasileiro mais da mesma maneira , por muito tempo”. E finaliza: “Se os alemães continuarem jogando como têm feito e ganharem domingo, a glória será deles e a Copa terá valido a pena, como têm dito os experts enquanto tomam uma bebida em Copacabana”. 

A vergonha não é sua ARNALDO VIANA‏

A vergonha não é sua 
 
ARNALDO VIANA - arnaldoviana.mg@diariosassociados.com.br
Estado de Minas: 12/07/2014


Todos os retransmissores de notícias deste Brasil transpuseram a noite de terça para quarta-feira falando em vergonha, decepção, vexame. E a TV, principalmente, arrastou esses sentimentos em todos os programas, noticiosos ou de entretenimento. A ideia que jornalistas e palpiteiros passavam era de uma nação arrasada, atirada de repente ao chão para rastejar humilhada e digna de dó do resto do mundo. Na mesma TV, a mocinha disse: “A vergonha é do futebol”. Uma das mais sábias declarações pós-goleada alemã. Certa a garota. A vergonha não é do país, não é do brasileiro.

O brasileiro, o cidadão ganhou a Copa, não a do futebol, mas a da civilidade, do orgulho de ser filho desta terra. Foi o povo, hospitaleiro, quem mostrou ao turista do exterior os sabores inigualáveis da nossa culinária, as belezas naturais e artísticas do país. A diversidade cultural, do Arroio ao Chuí, encantou europeus, latinos, asiáticos e africanos. Então, envergonhar-se de quê? De um futebol que nem é mais das massas, distantes das arenas, do palco, de quem elas ainda idolatram? De um futebol que não é mais esporte? É! Futebol, há tempos, virou negócio no Brasil.

Não pensem que a Seleção Brasileira vai resgatar a capacidade de encantar o torcedor e de conquistar títulos trocando o técnico. Mesmo sabendo-o arrogante, teimoso. Quem mais ele convocaria? Ronaldinho, Robinho, Kaká? Acredita você que eles resolveriam diante do que a Alemanha apresentou? A questão é bem mais profunda. Quem o Brasil revelou depois do surgimento de Neymar e Ganso há cinco ou seis anos, capaz de ombrear a responsabilidade de uma camisa pentacampeã? Ninguém. O futebol mudou de mãos. Nem os clubes mandam no futebol. Quem manda são os chamados grupos de investidores, a quem chamaremos a partir de agora de GIs.

Quem são os grupos de investidores? Ninguém sabe. Formar craque, lapidar talento é um processo demorado. A ganância, a volúpia pelo dinheiro fácil, depois que os europeus inflacionaram o mercado futebolístico, corre mais rápida. Os chamados agentes a serviço dos GIs blindam os portões dos campos infantojuvenis dos clubes. Não sem conveniência, claro. Só entra quem interessa a eles. Meninos magrinhos, meninos baixinhos, mesmo bons de bola, são descartados como lixo. Só entra quem estiver de mãos dadas com os “empresários”. O negócio é formar atletas altos, fortes, corredores.

 Todos os dias o Brasil exporta um desses caras para Portugal, Espanha, Inglaterra, Ucrânia. Conhecem algum talento, dos que foram nos últimos anos (à exceção de Neymar), capaz de suprir uma Seleção Brasileira? Então? Como ganhar uma Copa, mesmo em casa? Queriam que a torcida jogasse? Só se ela pudesse entrar em campo para tentar frear o carrossel alemão. E quando um desses robôs – alguns deles estiveram a serviço da Seleção na Copa – é negociado por 30 milhões de euros, o clube fica com uma ninharia e a bolada vai para os cofres dos GIs,

Mas quem são os GIs? Se o Ministério Público não perguntar e insistir na pergunta, ninguém nunca vai saber. Incrível! São invisíveis e nem se sabe se são figuras jurídicas. E se os clubes, todos endividados, ficam com a menor fatia do bolo, como investir em categorias de base? Analisem o nível técnico do Campeonato Brasileiro dos últimos cinco anos. Vinte clubes na Série A, 20 na B, e tantos outros nas C e D. E nenhum jogador digno de ser chamado de selecionável.

A Alemanha só chegou ao futebol semelhante ao estilo brasileiro dos anos 1950 aos anos 1970, que aplicou sobre o time Felipão, porque o governo pegou US$ 1 bilhão e, em parceria com a Federação Alemã, criou centros de excelência de onde saíram os craques (à exceção de Klose) que amanhã decidem a Copa contra a Argentina. Se o Brasil quiser recuperar o prestígio de seu futebol, tem que cortar essa ligação venenosa dos clubes com os GIs. Criar parcerias com as categorias de base e abri-las aos talentos mirins, sejam eles magros, feios ou não apadrinhados. E, pelo amor de Deus, sem botar dinheiro vivo nas mãos de dirigentes.

Enquanto autoridades e entendidos discutem as saídas para o futebol, sigamos em frente como povo, como nação e não como uma pátria calçada de chuteiras e com uma bola no lugar da cabeça.

Recado do Negão: Não permita que sua criança se sinta uma derrotada. O sorriso dela ajudou, e muito, a iluminar os caminhos deste país para que os gringos descobrissem um povo, uma comida de recursos ilimitados e um dos mais lindos pedaços deste planeta. 

MELHORES E PIORES DA COPA » O futebol agradece‏

MELHORES E PIORES DA COPA » O futebol agradece
 
Mundial teve viradas emocionantes, classificações na raça, novos ídolos e técnicos brilhando

Marcelo da Fonseca
Estado de Minas: 12/07/2014



O torcedor brasileiro ainda levará tempo para esquecer o tropeço histórico dentro de casa. Ao relembrar a Copa do Mundo de 2014, a goleada por 7 a 1 será a primeira lembrança do torneio. Mas durante os 30 dias de jogos houve mais do que isso. Viradas nos últimos minutos, talentos revelados e histórias de superação tiveram espaço nesse Mundial, antes mesmo da tão esperada decisão. Para a Argélia, a inédita vaga entre as seleções que se classificaram para a segunda fase representou uma grande conquista. Já os colombianos, que viram a ascensão de um novo ídolo, James Rodríguez, também fizeram bonito na Copa, assim como os norte-americanos que se classificaram em um grupo dificílimo. O esporte que era visto com desdém na terra do Tio Sam garantiu momentos de emoção e orgulho para milhares de torcedores. E os sul-americanos também deixam o Mundial com um saldo positivo fora de campo. Técnicos do continente, como Sampaoli e Pékerman, montaram equipes fortes e apostaram em táticas ofensivas em busca de vitórias. O mundo da bola comemora!

Desconhecido de muitos torcedores brasileiros, o armador James Rodríguez foi uma grata surpresa desse Mundial (LUIS ACOSTA/AFPs)
Desconhecido de muitos torcedores brasileiros, o armador James Rodríguez foi uma grata surpresa desse Mundial

Talento colombiano
Desconhecido de muitos torcedores brasileiros, o armador James Rodríguez foi uma grata surpresa desse Mundial. Desfalcados de seu principal jogador, o atacante Falcão García, o jovem camisa 10 assumiu o protagonismo dos Cafeteros e foi o responsável por um quarto dos gols colombianos. Em uma campanha história, Jaime Rodríguez encantou a torcida brasileira com sua habilidade e categoria. O gol contra o Uruguai, pelas oitavas de final, foi um dos mais bonitos do torneio até agora. A revelação colombiana deve atrair muitos olhares para o futebol francês a partir deste Mundial – ele joga no Monaco – e se tornar um dos grandes nomes do futebol.

Costa Rica, a grata surpresa
Se por um lado italianos e ingleses decepcionaram, a Costa Rica foi a surpresa positiva dessa Copa. A estreia, com vitória de 3 a 1 sobre o Uruguai, pareceu uma zebra daquelas que vez em quando ocorre no futebol. Mas, na segunda rodada, uma nova vitória dos Ticos sobre a Itália, por 1 a 0, deixou claro que os resultados improváveis no Grupo da Morte não foram por acaso. Na última rodada, os costarriquenhos empataram com a Inglaterra e passaram para a próxima fase na liderança do grupo. Invictos! No mata-mata eles mantiveram o bom futebol e só deixaram a competição na disputa por pênaltis contra a Holanda. Deixaram o Brasil invictos e como principal surpresa do torneio.

Fim do jejum argelino
As ruas lotadas de Argel para receber os jogadores demonstrou a importância histórica da campanha argelina no Brasil. Ao quebrar um jejum de 32 anos sem vitórias em Mundiais, vencendo a Coreia do Sul por 4 a 2, eles se classificaram para a segunda fase da competição pela primeira vez. E fizeram um jogo duro contra a Alemanha nas oitavas. No tempo normal o jogo ficou empatado. Na prorrogação, eles também dificultaram, e muito, a vitória dos alemães. Orgulhosa da campanha, uma multidão recebeu os jogadores no aeroporto da capital como verdadeiros heróis.

Paredão norte-americano
A Copa do Brasil será lembrada pelas atuações impecáveis dos goleiros. Apesar da alta média de gols na competição, desde a primeira fase até os últimos jogos, eles brilharam. Vários arqueiros tiveram performances memoráveis – Ochoa do México, Neuer da Alemanha, Navas da Costa Rica e Júlio César do Brasil –, mas foi o norte-americano Tim Howard quem mais chamou atenção. Contra a Bélgica, ele fez incríveis 16 defesas, o maior número em um jogo de Copa. Mesmo sem evitar a eliminação dos Estados Unidos, Howard foi eleito o homem do jogo e quase conseguiu levar os norte-americanos à próxima fase.

O estrategista do Chile
O estilo rápido, de marcação sob pressão e contra-ataques fulminantes adotado por Jorge Sampaoli, comandante do Chile, foi responsável pela surpreendente eliminação da atual campeã Espanha logo na primeira fase. E ele quase levou o La Roja mais longe. No jogo válido pelas oitavas, o Chile passou muito perto de eliminar o Brasil. Em jogo truncado e de intensa disputa tática, os chilenos tiveram chance de superar a Seleção. Bateu na trave! Depois da partida, a frustração de Sampaoli deixou claro o quanto o treinador queria ir mais longe, o quanto é obsessivo em vencer. O treinador do Chile mostrou no Brasil sua qualidade para comandar um time de futebol.

Salve América!
A força das arquibancadas pode ser uma das explicações para as boas atuações das equipes americanas nos gramados brasileiros. Tanto as seleções mais tradicionais, como Argentina, Chile e Colômbia, quanto as seleções com menos peso no futebol, como Equador, Costa Rica e Estados Unidos, estiveram bem representadas em todos os jogos. Os nossos vizinhos entraram no clima da torcida brasileira e apoiaram suas seleções em todos os momentos. O resultado foi a boa atuação dos americanos nos gramados, com 8 classificados para a fase de mata-mata. 

COLUNA DO JAECI » Manutenção inadmissível‏

COLUNA DO JAECI » Manutenção inadmissível "Não perdemos de 2 a 1 da Alemanha, mas de 7 a 1. Viramos chacota no mundo, principalmente entre os argentinos, que estão deitando e rolando"

Jaeci Carvalho
Estado de Minas: 12/07/2014


 (VANDERLEI ALMEIDA/AFP)

Parreira e Felipão (foto) disseram ser inadmissível o Brasil não ganhar a Copa em casa. Por incompetência própria e pela safra ruim dos convocados, ficarão no máximo em terceiro lugar, se vencerem a Holanda hoje, no que não acredito. Acho absurdo que eles aceitem como resultado normal os 7 a 1 que a Alemanha impôs à Seleção. Em outra época, a dupla já estaria na rua da amargura. Aliás, amargura não, porque ambos são milionários. Mas é lamentável que ainda se apeguem ao cargo depois do vexame no Mineirão.

Pior é saber que a direção da CBF ainda não os demitiu. Eu poria até o roupeiro para dirigir o time em Brasília, mas jornalistas puxa-sacos já forçam a barra para dizer que o comando será mantido. Só se o atual e o próximo presidentes da CBF estiverem fora de suas faculdades mentais. Manter fracassados que ajudaram a sujar o nome do futebol brasileiro com o maior vexame da história o torcedor jamais aceitará.
Não perdemos de 2 a 1 da Alemanha, mas de 7 a 1. Viramos chacota no mundo, principalmente entre os argentinos, que estão deitando e rolando. Sei que quando a Alemanha for tetra amanhã, vai nos restar o consolo de saber que os hermanos também não ergueram a taça, mas lembremos: começaremos a perder a condição de únicos pentas, em 2018, quando os germânicos voltarão fortes.

Não me canso de dizer: os treinadores gaúchos mataram o futebol do país, com palavras de ordem como: marca, pega, diminui, dá porrada... Eles e os vários enganadores que dirigem os nossos times. Não existe um nome de referência, ninguém inovador. São os mesmos esquemas ultrapassados, que não levam a lugar nenhum. Cansamos dessa gente que ganha salários irreais, engana aqui e ali e deixa o clube falido. Culpa de dirigentes irresponsáveis, que gastam o que não lhes pertence. Essa bola de neve terá de se desfazer em breve. Os clubes, de pires na mão, devem bilhões ao fisco e pedem parcelamento da dívida.

As divisões de base, antigamente treinadas por pessoas competentes, como Cilinho e Pepe, agora têm gente saindo da faculdade sem nunca ter dado um chute na bola, mas que se acha dona do mundo. Esses acadêmicos também ajudaram a matar o futebol brasileiro. Muita teoria e pouca prática. Nós, da imprensa, somos outros culpados, por endeusar qualquer treinador que surge, comparando-o a um Telê Santana.

Por isso defendo um técnico estrangeiro, até mesmo argentino, para dirigir a Seleção. Precisamos mudar a mentalidade, o conceito de futebol, mas, com esses técnicos daqui, não há nenhuma chance. São incapazes de fazer um estágio na Europa, para aprender e se modernizar. Adotam táticas das décadas de 1960 e 1970, sem a competência daquela. Meros distribuidores de camisa, faturam fortunas e em dois anos fazem a vida. Quem ganha R$ 5 milhões por ano, em duas temporadas terá R$ 10 milhões. Se não quiser trabalhar mais, aplicará na poupança e viverá com R$ 60 mil mensais. Dá ou não para viver?

Ou se dá um choque no nosso futebol, reduzindo salários de técnicos e jogadores, investindo na base de forma eficiente, ou acabaremos com o pouco que resta. É melhor pagar mais a formadores de talentos do que a essa turma que comanda as equipes do país. Chegamos ao fundo do poço, mas, sem mudar a filosofia, conseguiremos afundar ainda mais. Lembro que, se não fosse o árbitro japonês da estreia contra a Croácia, poderíamos ter sido eliminados bem antes. Pelo menos não passaríamos pelo vexame de tomar sete dos alemães.