Tive companheiros de papo e copo que se decepcionaram com a Cidade Eterna
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 06/12/2013
Por terra,
mar e ar, são muitas as maneiras de ir a Roma, vendo ou não o papa.
Tive companheiros de papo e copo que se decepcionaram com a Cidade
Eterna: “Muita velharia... Muita ruína...”. Em contrapartida, ainda é
possível ir a Roma e aprontar livro da melhor supimpitude como “Amor a
Roma”, Amor em Roma, assim mesmo, com “Amor a Roma” aspado antes da
vírgula, e Amor em Roma narrando as últimas aventuras romanas do autor,
Pedro Rogério Moreira, edição Thesaurus. Escritor, jornalista,
acadêmico, homem de muitos amigos, Pedro Rogério nasceu com o dom da
escrita herdado de seu pai, o nosso muito saudoso Vivaldi Moreira. Usa e
abusa desse dom e vem de aprontar livro divertidíssimo, 190 páginas que
se leem de um jato sobre sua última estada em Roma, quando teve como
companheiros de viagem os livros Amor a Roma, de Afonso Arinos de Melo
Franco, e O Amanuense Belmiro, de Cyro dos Anjos. Textos que entremeou
com o seu sem se esquecer de Belo Horizonte, mal de que padecem todos os
belo-horizontinos: levam BH na bagagem e no coração. Católico de não
perder missas dominicais, dessa vez não viu o papa. Viu Chiara,
napolitana lindíssima, fluente em português com fumaças de latim e
grego, que lhe serviu de guia turística não remunerada. Homem de muitos
amigos, alguns dos quais não são flores que se cheirem, Pedro Rogério
tem a hombridade de citar essas amizades em seu livro. Retidão de
caráter que admiro e respeito, sem deixar de achar que os tais fulanos
são bandidos do mais alto coturno. Enquanto ao mais, livro delicioso,
que ainda nos faz o favor de ter as orelhas assinadas pelo marianense
Danilo Gomes.
Tomadas
Falei neste
espaço, um sem conto de vezes, da imbecilidade nhambiquara ao inventar
um tipo de tomada que só existe no Brasil. A maldade midiática aventou a
hipótese de alguém ter embolsado cerca de R$ 3 bilhões com a invenção.
Mais que possível, é provável, se considerarmos a aptidão nacional para o
furto, o roubo, o desvio dos dinheiros públicos e privados. Que me diz o
caro e preclaro leitor do desaparecimento daquelas vigas de aço da
Perimetral, no Rio de Janeiro? Cada uma, de aço especial suposto de
durar 300 anos, pesava 40 toneladas! E foram roubadas... Volto às
tomadas. O Estado de Minas tem milhares de leitores e muitos de vocês
viajam. Na edição de 26 de setembro, uma quinta-feira, contei-lhes de um
leitor que me escreveu sobre a compatibilidade da nossa tomada com as
tomadas da Suíça, nas viagens que fez à Confederação Helvética.
Agora,
recebo e-mail de outro leitor, amigo que já me honrou com a sua visita,
belo-horizontino que tem a mania de doutorar-se nas maiores e melhores
universidades europeias e norte-americanas, onde já dividiu o espaço de
pesquisas com Carl Edward Sagan, um dos maiores QIs de que o mundo teve
notícia: “Escrevo-lhe também para informar que tirei de vez a dúvida em
relação à nova tomada elétrica brasileira (que eu prefiro chamar de
padrão Lula). Como lhe disse já faz algum tempo, há uma certa
similaridade entre a tomada brasileira e a suíça. Pois então fiz o
teste: trouxe comigo a Zurique uma tomada tupiniquim, que
emocionadamente introduzi no receptáculo suíço. Resultado: o ato não
chegou a estupro, mas também não o classificaria como consensual. Ou
seja: funciona, mas entra com certa dificuldade e certamente deixará a
tomada aqui do hotel meio capenga se outros visitantes tupiniquins
tentarem o mesmo feito”.
O mundo é uma bola
6
de dezembro: faltam 25 dias para acabar o ano que já vai tarde. Em
1240, Kiev é invadida e conquistada pelos mongóis, quando foi
completamente destruída. É uma das maiores e mais antigas cidades da
Europa e tinha, em 2009, 2.765.500 habitantes. É importante centro
industrial, científico, educacional e cultural da Europa Oriental,
abriga diversas indústrias de alta tecnologia, instituições de ensino
superior e monumentos famosos. Claro que nunca me interessei por Kiev,
mas hoje estou sem assunto para preencher este “O mundo é uma bola”, daí
o show kievano. Em 1491, o rei Carlos VIII se casa com Ana, duquesa de
Bretanha, e incorpora esse ducado à coroa da França. Consta que tiveram
quatro filhos. Em 1534, fundada a cidade de San Francisco de Quito,
atual capital do Equador. Em 1745, fundação da Prelazia de Goiás, onde
pontificou o doutor Carlinhos Cachoeira, que anda sumido da mídia. Em
1768, publicada a primeira edição da Enciclopédia Britânica. Em 1811,
ocorre o mais terrível terremoto da história dos Estados Unidos, no
estado de Missouri, adquirido antes de 1803, transformado em 24º estado
norte-americano em agosto de 1821. Fiquei horas procurando notícias do
“mais terrível terremoto” sem sucesso, mas acabei descobrindo que Kansas
City fica em Missouri, cujo lema é: Salus populi suprema lex esto, ou,
pelo menos, foi o que copiei da Wikipédia. Hoje é o Dia da Extensão
Rural.
Ruminanças
“As palavras foram feitas para esconder o pensamento.” (Talleyrand, 1754-1838).
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
Carlos Herculano Lopes - Rumo a Cruzília
Estado de Minas: 06/12/2013
Minas de tantas
histórias, belezas ocultas, quantas paisagens e lugares a serem
descobertos nesses vastos caminhos das Gerais, como diria o poeta. Sem
mais palavras, estou me referindo à velha e boa Cruzília, no Sul do
estado, onde estive a convite de um filho ilustre da terra, o poeta
Adolfo Maurício Pereira. Fui pagar uma promessa antiga feita a ele e à
sua mulher, Ângela, de que iria à inauguração do Centro Cultural Pousada
Guilhermina, com o qual há tempos o casal vinha sonhando.
Finalmente, na semana passada, com pompas e circunstâncias, chegou o dia tão aguardado. Para abrilhantar ainda mais a festa, que entrou tarde adentro, a abertura do espaço reservado à literatura, ao cinema, à música e a outras manifestações culturais contou com a presença da Corporação Musical João Carlos Filho, sob a regência do maestro Ezequiel Souza Arantes.
Da apresentação do Grupo de Capoeira de Cruzília participaram entusiasmados rapazes e moças. Ao final, Aline Aparecida declamou um poema de sua autoria. A outros alunos da professora Elza Nunes de Souza, da Escola Estadual São Sebastião, foram entregues prêmios. Tudo num clima de confraternização e ninguém se importou com a chuva. Uma moça, cujo nome não ficou gravado, interpretou de improviso uma bela canção do baiano Elomar Filgueiras.
O poeta Dantas Mota, da vizinha Aiuruoca, cujo prefeito, Joaquim Mateus de Sene, também estava presente, foi homenageado com exposição especial de fotos e livros por seu centenário de nascimento, que está sendo comemorado este ano. O patrono do centro cultural, professor Manuel José Maciel, recebeu uma placa, o mesmo ocorrendo com Marcelo Maciel, por tudo que fizeram pela terra.
Queridos amigos, como os irmãos Caio e Ana Maria Junqueira Maciel, além do cantor Newton Maciel, dono de bela voz, prestigiaram a festa, bem como o veterinário e grande contador de histórias Francisco Maciel, o Kiko, que fiquei conhecendo na ocasião. O clã Junqueira Maciel, é bom que se diga, vem de família antiga, dos fundadores da cidade, cuja história se confunde com a de Minas.
Em Cruzília, que vem a ser o berço do cavalo manga-larga marchador, tem muito mais. A cidade é famosa pela produção de queijos nobres, equiparados aos melhores do país. Tem grande polo moveleiro, exporta peças para vários lugares. “Temos mais de 90 marcenarias em atividade no município, que fabricam o que você quiser em se tratando da madeira”, disse orgulhoso o motorista Dinho, quando, no dia seguinte à festa, foi me buscar na casa de Adolfo Maurício e Ângela. Ele contou que a cadeira na qual o papa Francisco se sentou no Mosteiro de São Bento, durante sua passagem por São Paulo, foi fabricada na terra pelo artesão Hilário de Souza Arantes. “É pena que ela não voltou para cá, foi para Cachoeira do Campo, em São Paulo. Mesmo assim, é muito orgulho para nós, você não acha?”, quis saber o Dinho enquanto o táxi, sem nenhuma pressa, rodava madrugada adentro.
Finalmente, na semana passada, com pompas e circunstâncias, chegou o dia tão aguardado. Para abrilhantar ainda mais a festa, que entrou tarde adentro, a abertura do espaço reservado à literatura, ao cinema, à música e a outras manifestações culturais contou com a presença da Corporação Musical João Carlos Filho, sob a regência do maestro Ezequiel Souza Arantes.
Da apresentação do Grupo de Capoeira de Cruzília participaram entusiasmados rapazes e moças. Ao final, Aline Aparecida declamou um poema de sua autoria. A outros alunos da professora Elza Nunes de Souza, da Escola Estadual São Sebastião, foram entregues prêmios. Tudo num clima de confraternização e ninguém se importou com a chuva. Uma moça, cujo nome não ficou gravado, interpretou de improviso uma bela canção do baiano Elomar Filgueiras.
O poeta Dantas Mota, da vizinha Aiuruoca, cujo prefeito, Joaquim Mateus de Sene, também estava presente, foi homenageado com exposição especial de fotos e livros por seu centenário de nascimento, que está sendo comemorado este ano. O patrono do centro cultural, professor Manuel José Maciel, recebeu uma placa, o mesmo ocorrendo com Marcelo Maciel, por tudo que fizeram pela terra.
Queridos amigos, como os irmãos Caio e Ana Maria Junqueira Maciel, além do cantor Newton Maciel, dono de bela voz, prestigiaram a festa, bem como o veterinário e grande contador de histórias Francisco Maciel, o Kiko, que fiquei conhecendo na ocasião. O clã Junqueira Maciel, é bom que se diga, vem de família antiga, dos fundadores da cidade, cuja história se confunde com a de Minas.
Em Cruzília, que vem a ser o berço do cavalo manga-larga marchador, tem muito mais. A cidade é famosa pela produção de queijos nobres, equiparados aos melhores do país. Tem grande polo moveleiro, exporta peças para vários lugares. “Temos mais de 90 marcenarias em atividade no município, que fabricam o que você quiser em se tratando da madeira”, disse orgulhoso o motorista Dinho, quando, no dia seguinte à festa, foi me buscar na casa de Adolfo Maurício e Ângela. Ele contou que a cadeira na qual o papa Francisco se sentou no Mosteiro de São Bento, durante sua passagem por São Paulo, foi fabricada na terra pelo artesão Hilário de Souza Arantes. “É pena que ela não voltou para cá, foi para Cachoeira do Campo, em São Paulo. Mesmo assim, é muito orgulho para nós, você não acha?”, quis saber o Dinho enquanto o táxi, sem nenhuma pressa, rodava madrugada adentro.
Tv Paga
Estado de Minas: 06/12/2013
Na agenda
O cinema nacional tem espaço garantido hoje na TV por assinatura. Além de Lula – O filho do Brasil, às 22h, no Canal Brasil, o Telecine Cult exibe, às 19h55, o drama Linha de passe, com Sandra Corveloni, ganhadora do prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes em 2008. Na Cultura, às 22h, nova chance para ver Ervas daninhas, do francês Alain Resnais. Outro destaque de hoje é a estreia de A hora mais escura, com Jessica Chastain (foto), às 22h, no Telecine Premium.
Muitas alternativas na programação de filmes
Os animais aprontam no Universal Channel com a exibição das três aventuras da saga de animação O bicho vai pegar, a partir das 19h40. Na faixa das 22h, o assinante tem mais cinco opções: Premonição 5, na HBO; Tão forte e tão perto, na HBO HD; Agente C – Dupla identidade, na HBO 2; Protegendo o inimigo, no Telecine Action; e Superclássico, no Max. Outras atrações da programação: Um Natal muito louco, às 21h, no Comedy Central; As pontes de Madison, às 21h48, no Glitz; O lobisomem, às 22h15, no Space; Conan, o bárbaro, às 22h30, no Megapix; Falcão – O campeão dos campeões, às 22h05, no TCM; e Tá dando onda, às 22h30, na Fox.
Cinema inspira debate em produção do SescTV
Na edição de hoje de Contraplano, às 22h, no SescTV, o poeta Geraldo Carneiro e o professor de filosofia Celso Favaretto vão discutir a profunda relação de amor e ódio entre os cineastas latino-americanos e Hollywood, a partir dos filmes Matar ou correr (1954), de Carlos Manga; Bananas is my business (1995), de Helena Solberg; A ilha da morte (2007), de Wolney Oliveira; e Tony Manero (2008), de Pablo Larían.
Boas opções também no pacote de documentários
Já no concorrido segmento dos documentários, a novidade é Alerta: ursos intrusos, minissérie que estreia às 22h, no Animal Planet, mostrando o trabalho da preservacionista Ann Bryant, diretora do Bear League, que luta para salvar da extinção os ursos-negros nos Estados Unidos. No canal History, às 21h, Decifrando milagres relata os casos de um colombiano que se curou do mal de Parkinson depois de rezar para o papa João Paulo II, e o culto à Santa Morte no México. No Nat Geo, às 22h30, estreia Cirurgias de risco, com dois episódios em sequência, com pacientes que operaram um tumor no cérebro e um aneurisma.
Vinicius e Rolling Stones entre as atrações musicais
Por fim, música. No Cinemax, às 21h, tem a reprise de Crossfire hurricane – Rolling Stones: 50th film, com imagens raras da banda britânica, desde seu início, em 1963. No Canal Brasil, duas dicas, ambas com Vinicus de Moraes em evidência: Ava Rocha interpretando Amor em paz e Apelo, em Cantoras do Brasil, às 18h45; e O som do vinil, às 21h30, trazendo detalhes da produção do álbum Os afro-sambas, gravado em 1966 pelo poetinha e o parceiro Baden Powell.
Na agenda
O cinema nacional tem espaço garantido hoje na TV por assinatura. Além de Lula – O filho do Brasil, às 22h, no Canal Brasil, o Telecine Cult exibe, às 19h55, o drama Linha de passe, com Sandra Corveloni, ganhadora do prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes em 2008. Na Cultura, às 22h, nova chance para ver Ervas daninhas, do francês Alain Resnais. Outro destaque de hoje é a estreia de A hora mais escura, com Jessica Chastain (foto), às 22h, no Telecine Premium.
Muitas alternativas na programação de filmes
Os animais aprontam no Universal Channel com a exibição das três aventuras da saga de animação O bicho vai pegar, a partir das 19h40. Na faixa das 22h, o assinante tem mais cinco opções: Premonição 5, na HBO; Tão forte e tão perto, na HBO HD; Agente C – Dupla identidade, na HBO 2; Protegendo o inimigo, no Telecine Action; e Superclássico, no Max. Outras atrações da programação: Um Natal muito louco, às 21h, no Comedy Central; As pontes de Madison, às 21h48, no Glitz; O lobisomem, às 22h15, no Space; Conan, o bárbaro, às 22h30, no Megapix; Falcão – O campeão dos campeões, às 22h05, no TCM; e Tá dando onda, às 22h30, na Fox.
Cinema inspira debate em produção do SescTV
Na edição de hoje de Contraplano, às 22h, no SescTV, o poeta Geraldo Carneiro e o professor de filosofia Celso Favaretto vão discutir a profunda relação de amor e ódio entre os cineastas latino-americanos e Hollywood, a partir dos filmes Matar ou correr (1954), de Carlos Manga; Bananas is my business (1995), de Helena Solberg; A ilha da morte (2007), de Wolney Oliveira; e Tony Manero (2008), de Pablo Larían.
Boas opções também no pacote de documentários
Já no concorrido segmento dos documentários, a novidade é Alerta: ursos intrusos, minissérie que estreia às 22h, no Animal Planet, mostrando o trabalho da preservacionista Ann Bryant, diretora do Bear League, que luta para salvar da extinção os ursos-negros nos Estados Unidos. No canal History, às 21h, Decifrando milagres relata os casos de um colombiano que se curou do mal de Parkinson depois de rezar para o papa João Paulo II, e o culto à Santa Morte no México. No Nat Geo, às 22h30, estreia Cirurgias de risco, com dois episódios em sequência, com pacientes que operaram um tumor no cérebro e um aneurisma.
Vinicius e Rolling Stones entre as atrações musicais
Por fim, música. No Cinemax, às 21h, tem a reprise de Crossfire hurricane – Rolling Stones: 50th film, com imagens raras da banda britânica, desde seu início, em 1963. No Canal Brasil, duas dicas, ambas com Vinicus de Moraes em evidência: Ava Rocha interpretando Amor em paz e Apelo, em Cantoras do Brasil, às 18h45; e O som do vinil, às 21h30, trazendo detalhes da produção do álbum Os afro-sambas, gravado em 1966 pelo poetinha e o parceiro Baden Powell.
LUTO » Morre o diretor Fauzi Arap
LUTO »
Morre o diretor Fauzi Arap
Estao de Minas: 06/12/2013
O premiado diretor de teatro, ator e dramaturgo Fauzi Arap morreu ontem em sua casa, em São Paulo, aos 75 anos. Ele lutava contra um câncer na bexiga. Seu velório será realizado na Catedral Ortodoxa, no Paraíso, e o enterro será hoje, no Cemitério São Paulo.
Formado em engenharia, Arap estreou no teatro na década de 1950, trabalhando como ator. Com o Teatro Oficina, participou da primeira montagem profissional do grupo, A vida impressa em dólar, de Clifford Odetts, em 1961. A direção era de Zé Celso Martinez Corrêa.
Pela peça, Arap recebeu os prêmios Saci e Governador do Estado de melhor ator coadjuvante. Com o Oficina, fez diversas célebres montagens, como José do parto à sepultura, com direção de Antônio Abujamra, em 1961, e Pequenos burgueses e Andorra, respectivamente em 1962 e 1964, ambas dirigidas por Zé Celso.
Já com outro grupo, o Teatro de Arena, participou de peças de destaque como A mandrágora, em 1962, sob a direção de Augusto Boal. Como diretor, trabalhou pela primeira vez em 1965 em Perto do coração selvagem, uma adaptação de Clarice Lispector feita pelo próprio Arap. A partir daí, dirigiu diversos sucessos nos palcos, como Dois perdidos numa noite suja (1967) e Navalha na carne (1968), com Tônia Carrero. Como diretor, ajudou a lançar grandes nomes da dramaturgia brasileira, como Plínio Marcos, Antônio Bivar e José Vicente.
Musical Considerado pioneiro na direção de shows musicais, Fauzi Arap deu projeção também à cantora Maria Bethânia, ao dirigi-la em Rosa dos ventos, apresentação de 1971 que valorizava a presença cênica da cantora baiana. Já como dramaturgo, passou a trabalhar em 1975, com Pano de boca, um balanço do teatro brasileiro nas décadas de 1960 e 1970. Recebeu diversos prêmios como autor, entre eles o Molière e o da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). A última peça escrita por Fauzi foi Chorinho (2007)
Em 1998, publicou sua autobiografia, Mare nostrum – Sonhos, viagens e outros caminhos, no qual relatava sua busca no teatro por uma existência integral.
Estao de Minas: 06/12/2013
Nos anos 1960, Fauzi Arap com José Wilker, Glauce Rocha, Clarice Lispector e Dirce Migliaccio discutem cenas da peça Perto do coração selvagem |
O premiado diretor de teatro, ator e dramaturgo Fauzi Arap morreu ontem em sua casa, em São Paulo, aos 75 anos. Ele lutava contra um câncer na bexiga. Seu velório será realizado na Catedral Ortodoxa, no Paraíso, e o enterro será hoje, no Cemitério São Paulo.
Formado em engenharia, Arap estreou no teatro na década de 1950, trabalhando como ator. Com o Teatro Oficina, participou da primeira montagem profissional do grupo, A vida impressa em dólar, de Clifford Odetts, em 1961. A direção era de Zé Celso Martinez Corrêa.
Pela peça, Arap recebeu os prêmios Saci e Governador do Estado de melhor ator coadjuvante. Com o Oficina, fez diversas célebres montagens, como José do parto à sepultura, com direção de Antônio Abujamra, em 1961, e Pequenos burgueses e Andorra, respectivamente em 1962 e 1964, ambas dirigidas por Zé Celso.
Já com outro grupo, o Teatro de Arena, participou de peças de destaque como A mandrágora, em 1962, sob a direção de Augusto Boal. Como diretor, trabalhou pela primeira vez em 1965 em Perto do coração selvagem, uma adaptação de Clarice Lispector feita pelo próprio Arap. A partir daí, dirigiu diversos sucessos nos palcos, como Dois perdidos numa noite suja (1967) e Navalha na carne (1968), com Tônia Carrero. Como diretor, ajudou a lançar grandes nomes da dramaturgia brasileira, como Plínio Marcos, Antônio Bivar e José Vicente.
Musical Considerado pioneiro na direção de shows musicais, Fauzi Arap deu projeção também à cantora Maria Bethânia, ao dirigi-la em Rosa dos ventos, apresentação de 1971 que valorizava a presença cênica da cantora baiana. Já como dramaturgo, passou a trabalhar em 1975, com Pano de boca, um balanço do teatro brasileiro nas décadas de 1960 e 1970. Recebeu diversos prêmios como autor, entre eles o Molière e o da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). A última peça escrita por Fauzi foi Chorinho (2007)
Em 1998, publicou sua autobiografia, Mare nostrum – Sonhos, viagens e outros caminhos, no qual relatava sua busca no teatro por uma existência integral.
Papel das pequenas - Mariana Peixoto
Papel das pequenas
Editora Scriptum, de BH, se destaca pelo lançamento de jovens autores que têm conquistado reconhecimento nacional. Outras livrarias seguem na mesma direção
Mariana Peixoto
Estado de Minas: 06/12/2013
Há 17 anos proprietário da Livraria Scriptum, Welbert Belfort, o Betinho, já se cansou de ouvir a seguinte pergunta: “A editora é da mesma livraria, não é de São Paulo?”. Com paciência ele segue em frente, explicando que não, editora e livraria são da mesma marca, ambas de Belo Horizonte. “Minha questão é outra: por que tem que ser de São Paulo e não daqui?”, questiona o mineiro, ouro-pretano que deixou a cidade natal há duas décadas para se dedicar ao mercado livreiro. Primeiramente funcionário, depois dono de sua própria livraria e, desde 2002, editor, ele sabe como funciona o meio. Pelo menos entre os pequenos.
É nos fundos da Livraria Scriptum, uma das três instaladas em dois quarteirões da Rua Fernandes Tourinho, na Savassi, que funciona um pequeno escritório de onde saem as decisões editorais. Como editora, a Scriptum é referência no meio literário da cidade. Com 74 obras publicadas (90 volumes, se forem somadas as edições das revistas Curinga, da Escola Brasileira de Psicanálise, e Estudos lacanianos, da pós-gradução em psicologia da UFMG), a editoriais vem se tornando o primeiro passo para jovens autores.
Alguns já alçaram voos mais altos. Foi na Scriptum que a poeta Ana Martins Marques publicou sua estreia em livro, A vida submarina (2009), que reúne poemas vencedores do Prêmio Cidade de Belo Horizonte dos dois anos anteriores. A obra é, guardadas as devidas proporções, um best-seller da Scriptum: a tiragem inicial, de 700 exemplares, esgotou-se e ganhou reimpressão de outros 500. Foi também esse livro que a levou à Companhia das Letras, que publicou, em 2011, Da arte das armadilhas, vencedor do Prêmio Alphonsus de Guimaraens e finalista do Portugal Telecom.
Outro nome hoje editado pela Cia. das Letras, Carlos de Brito e Mello (vencedor do prêmio Jovem Escritor Mineiro e finalista do São Paulo de Literatura, Portugal Telecom e Jabuti) fez sua estreia na Scriptum. Depois da resposta de uma grande editora que apontou a dificuldade de lançar um livro de contos de autor estreante, ele teve retorno positivo da Scriptum para a publicação de O cadáver ri dos seus despojos (2007). Ana e Carlos, antes de estrear na literatura, eram frequentadores (hoje ainda são) da livraria. Caso semelhante ao de Jacques Fux, vencedor, na última semana, na categoria autor estreante do Prêmio São Paulo de Literatura com menos de 40 anos, com Antiterapias.
Betinho ainda tem a edição em gráfica rápida, de capa verde, que Fux lhe entregou do romance que ele categoriza como autoficção. “Ele deixou três exemplares. Depois que li, passei-o para o meu conselho”, relembra. A Scriptum conta com um conselho editorial, formado por Mário Alex Rosa, Rogério Barbosa e Wagner Moreira. “Eles são independentes, tanto que posso ser voto vencido”, conta Betinho. “Pedimos um prazo, em geral de dois meses, para poder ler com calma. Se achamos que o livro tem o perfil da editora, convidamos o autor para conversar, dar sugestões. Nossa intenção é nos aproximar do autor, não dar uma resposta técnica”, comenta Mário Alex.
Ele, por sinal, já esteve em diferentes situações. Além de integrar o corpo editoral da Scriptum, já foi publicado por ela (o livro de poesias Ouro Preto, semifinalista do Portugal Telecom). Também recentemente, publicou por uma editora paulista de grande porte, a Cosac Naify (os livros Formigas e Via férrea). “A experiência é bem diferente. Estou em BH, eles em São Paulo, então a conversa é toda por e-mail. É mais difícil quando você está em outra cidade, mas acabei aprendendo muito enquanto autor nas conversas com outro editor”, diz.
Para Betinho, o mais importante é que os autores lançados por ele, mesmo publicando hoje em outras editoras, “continuam produzindo aqui”, sem necessitar deixar a cidade, como ocorreu com gerações anteriores de escritores mineiros. “Sempre acreditei que os trabalhos daqui têm qualidade e que não podemos ser modestos e tímidos.”
Livrarias de rua criam associação
No corredor literário da Rua Fernandes Tourinho, logo no quarteirão seguinte à Scriptum, a Quixote segue o mesmo caminho. A livraria e café lança dia 14 seu terceiro livro como editora, Memórias dos abitantes de Paris, de David Paiva (a ausência do h no habitantes é explicada pelo autor na narrativa). “Depois de 10 anos, achei que era o momento de realizar o sonho, já que a marca da livraria está forte”, afirma Alencar Perdigão, proprietário da Quixote.
Para a empreitada, ele contratou uma editora. A intenção de Perdigão é enfatizar os segmentos infantil e infantojuvenil, um dos pontos fortes da livraria. Já no primeiro semestre lança títulos infantojuvenis de Cristina Agostinho e Max Velati. Os lançamentos vão inaugurar o selo Sete Luas, que será especializado no segmento.
Os lançamentos nas manhãs de sábado já se tornaram tradicionais e hoje são marcados com três meses de antecedência. “Há dias em que temos quatro lançamentos na mesma rua”, comenta Perdigão, que juntamente com as livrarias Scriptum, Ouvidor, Mineiriana e Floriano criou a Associação de Livrarias de Rua de Belo Horizonte. “Criamos uma marca e nossa intenção é fazer eventos literários na rua”.
Rede de amigos
“Quando você edita um livro por uma pequena editora, acaba tendo que fazer o processo de distribuição um pouco por conta própria. O pessoal da Scriptum compensa as dificuldades de distribuição, que todas as pequenas editoras enfrentam, com uma rede grande de amigos e pessoas interessadas em literatura. Dessa maneira, segundo ouvi dizer pelas mãos do crítico Davi Arrigucci Jr., meu livro acabou chegando a uma editora da Companhia das Letras, que me convidou para integrar a coleção de poesia contemporânea da editora.”
. Ana Martins Marques, poeta
Critério de qualidade
“Você só consegue acessar grandes editoras por meio de um agente. Conhecia uma que estava começando a carreira, que conseguiu enviar para uma grande (a única das quatro às quais enviou Antiterapias que lhe deu resposta). O avaliador escreveu que o livro tinha seus méritos, mas que estava com a agenda cheia. Com o livro publicado pela Scriptum – que tem critério e qualidade literária –, enviei para todos os concursos que apareceram. Depois do prêmio, já me falaram em segunda edição.”
. Jacques Fux, ensaísta e romancista
Olhar especializado
“O mercado editorial sempre foi coisa longínqua, mal compreendida para mim. Achei muito importante começar com pessoas que pudessem sentar junto para começar a entender como funciona. O olhar do editor é muito especializado e ele sabe o tamanho do seu trabalho. Um escritor tem que ter consciência do seu trabalho, do tamanho do passo que consegue dar em determinado momento. Para aquele passo senti muita segurança ter sido publicado pela Scriptum, que me ensinou bastante em relação à minha
própria escrita.”
. Carlos de Brito e Mello, romancista
À margem do mercado
Mais conhecida pela produção de poesia contemporânea, a editora carioca 7Letras completa 20 anos sem perder o estilo
Mariana Peixoto
O modelo da Scriptum é muito semelhante ao da carioca 7Letras, uma referência entre as pequenas editoras, que completa este mês 20 anos de atividade. Ela nasceu porque foi a única maneira que Jorge Viveiros de Castro conseguiu para publicar seu próprio livro. Na época, a grafia era diferente, Sette Letras, e nos primeiros tempos boa parte da produção lançada era dedicada à poesia. “Ela acabou se destacando por isso simplesmente porque ninguém mais fazia poesia. Mas nosso catálogo é maior, de literatura em geral, com romances e contos, e também com livros acadêmicos na área de ciências sociais”, comenta Viveiros.
Nos primeiros anos havia também uma livraria de mesmo nome no Bairro Jardim Botânico. Ela acabou sendo fechada no final da década de 1990 e, em 2012, já com sede em Ipanema, a 7Letras passou a ter novamente sua própria loja. “É pequena, quase um showroom, pois a editora cresceu tanto que consegue encher uma livraria”, continua Viveiros, que contabiliza 1,2 mil livros lançados. Ao longo de duas décadas, a editora lançou nomes como João Paulo Cuenca, André Sant’Anna e Tatiana Salem Levy, hoje bem conhecidos e prestigiados no meio nacional.
Ainda que tenha crescido, Viveiros afirma que pouco da vocação inicial mudou ao longo do tempo. “O perfil é de editora pequena pela estrutura, com poucas pessoas trabalhando. Também somos um pouco alternativos, porque trabalhamos com títulos não exatamente comerciais. São geralmente autores novos porque nunca tivemos capital para comprar direitos de autores estrangeiros, o que ocorre só esporadicamente, ou então estrutura comercial para competir com as grandes editoras. Por isso o foco à margem do mercado imediatista do livro. Mas depois de anos de trabalho conseguimos uma marca expressiva pela revelação de muitos autores.”
Seu best-seller é o livro Adeus contos de fadas (vencedor do Jabuti na categoria livro juvenil), de Leonardo Brasiliense. “Mas foi por causa da venda institucional (para instituições públicas e programas governamentais de incentivo à leitura). Somando as edições que já rodei, deve ter chegado a 50 mil exemplares”, diz Viveiros. Da venda convencional, sua realidade é bem mais pé no chão. Livros de poesia saem, de uma maneira geral, com tiragem de 200 exemplares. “É uma tiragem realista, já que para poesia não existe mercado maior do que isso. Se acabar, reimprimo.” Para os outros gêneros a média é de 500 exemplares.
Editora Scriptum, de BH, se destaca pelo lançamento de jovens autores que têm conquistado reconhecimento nacional. Outras livrarias seguem na mesma direção
Mariana Peixoto
Estado de Minas: 06/12/2013
Mário Alex Rosa, Ana Martins Marques, Jacques Fux e Welbert Belfort: autores e editores unidos pela literatura de qualidade |
Há 17 anos proprietário da Livraria Scriptum, Welbert Belfort, o Betinho, já se cansou de ouvir a seguinte pergunta: “A editora é da mesma livraria, não é de São Paulo?”. Com paciência ele segue em frente, explicando que não, editora e livraria são da mesma marca, ambas de Belo Horizonte. “Minha questão é outra: por que tem que ser de São Paulo e não daqui?”, questiona o mineiro, ouro-pretano que deixou a cidade natal há duas décadas para se dedicar ao mercado livreiro. Primeiramente funcionário, depois dono de sua própria livraria e, desde 2002, editor, ele sabe como funciona o meio. Pelo menos entre os pequenos.
É nos fundos da Livraria Scriptum, uma das três instaladas em dois quarteirões da Rua Fernandes Tourinho, na Savassi, que funciona um pequeno escritório de onde saem as decisões editorais. Como editora, a Scriptum é referência no meio literário da cidade. Com 74 obras publicadas (90 volumes, se forem somadas as edições das revistas Curinga, da Escola Brasileira de Psicanálise, e Estudos lacanianos, da pós-gradução em psicologia da UFMG), a editoriais vem se tornando o primeiro passo para jovens autores.
Alguns já alçaram voos mais altos. Foi na Scriptum que a poeta Ana Martins Marques publicou sua estreia em livro, A vida submarina (2009), que reúne poemas vencedores do Prêmio Cidade de Belo Horizonte dos dois anos anteriores. A obra é, guardadas as devidas proporções, um best-seller da Scriptum: a tiragem inicial, de 700 exemplares, esgotou-se e ganhou reimpressão de outros 500. Foi também esse livro que a levou à Companhia das Letras, que publicou, em 2011, Da arte das armadilhas, vencedor do Prêmio Alphonsus de Guimaraens e finalista do Portugal Telecom.
Outro nome hoje editado pela Cia. das Letras, Carlos de Brito e Mello (vencedor do prêmio Jovem Escritor Mineiro e finalista do São Paulo de Literatura, Portugal Telecom e Jabuti) fez sua estreia na Scriptum. Depois da resposta de uma grande editora que apontou a dificuldade de lançar um livro de contos de autor estreante, ele teve retorno positivo da Scriptum para a publicação de O cadáver ri dos seus despojos (2007). Ana e Carlos, antes de estrear na literatura, eram frequentadores (hoje ainda são) da livraria. Caso semelhante ao de Jacques Fux, vencedor, na última semana, na categoria autor estreante do Prêmio São Paulo de Literatura com menos de 40 anos, com Antiterapias.
Betinho ainda tem a edição em gráfica rápida, de capa verde, que Fux lhe entregou do romance que ele categoriza como autoficção. “Ele deixou três exemplares. Depois que li, passei-o para o meu conselho”, relembra. A Scriptum conta com um conselho editorial, formado por Mário Alex Rosa, Rogério Barbosa e Wagner Moreira. “Eles são independentes, tanto que posso ser voto vencido”, conta Betinho. “Pedimos um prazo, em geral de dois meses, para poder ler com calma. Se achamos que o livro tem o perfil da editora, convidamos o autor para conversar, dar sugestões. Nossa intenção é nos aproximar do autor, não dar uma resposta técnica”, comenta Mário Alex.
Ele, por sinal, já esteve em diferentes situações. Além de integrar o corpo editoral da Scriptum, já foi publicado por ela (o livro de poesias Ouro Preto, semifinalista do Portugal Telecom). Também recentemente, publicou por uma editora paulista de grande porte, a Cosac Naify (os livros Formigas e Via férrea). “A experiência é bem diferente. Estou em BH, eles em São Paulo, então a conversa é toda por e-mail. É mais difícil quando você está em outra cidade, mas acabei aprendendo muito enquanto autor nas conversas com outro editor”, diz.
Para Betinho, o mais importante é que os autores lançados por ele, mesmo publicando hoje em outras editoras, “continuam produzindo aqui”, sem necessitar deixar a cidade, como ocorreu com gerações anteriores de escritores mineiros. “Sempre acreditei que os trabalhos daqui têm qualidade e que não podemos ser modestos e tímidos.”
Livrarias de rua criam associação
No corredor literário da Rua Fernandes Tourinho, logo no quarteirão seguinte à Scriptum, a Quixote segue o mesmo caminho. A livraria e café lança dia 14 seu terceiro livro como editora, Memórias dos abitantes de Paris, de David Paiva (a ausência do h no habitantes é explicada pelo autor na narrativa). “Depois de 10 anos, achei que era o momento de realizar o sonho, já que a marca da livraria está forte”, afirma Alencar Perdigão, proprietário da Quixote.
Para a empreitada, ele contratou uma editora. A intenção de Perdigão é enfatizar os segmentos infantil e infantojuvenil, um dos pontos fortes da livraria. Já no primeiro semestre lança títulos infantojuvenis de Cristina Agostinho e Max Velati. Os lançamentos vão inaugurar o selo Sete Luas, que será especializado no segmento.
Os lançamentos nas manhãs de sábado já se tornaram tradicionais e hoje são marcados com três meses de antecedência. “Há dias em que temos quatro lançamentos na mesma rua”, comenta Perdigão, que juntamente com as livrarias Scriptum, Ouvidor, Mineiriana e Floriano criou a Associação de Livrarias de Rua de Belo Horizonte. “Criamos uma marca e nossa intenção é fazer eventos literários na rua”.
Rede de amigos
“Quando você edita um livro por uma pequena editora, acaba tendo que fazer o processo de distribuição um pouco por conta própria. O pessoal da Scriptum compensa as dificuldades de distribuição, que todas as pequenas editoras enfrentam, com uma rede grande de amigos e pessoas interessadas em literatura. Dessa maneira, segundo ouvi dizer pelas mãos do crítico Davi Arrigucci Jr., meu livro acabou chegando a uma editora da Companhia das Letras, que me convidou para integrar a coleção de poesia contemporânea da editora.”
. Ana Martins Marques, poeta
Critério de qualidade
“Você só consegue acessar grandes editoras por meio de um agente. Conhecia uma que estava começando a carreira, que conseguiu enviar para uma grande (a única das quatro às quais enviou Antiterapias que lhe deu resposta). O avaliador escreveu que o livro tinha seus méritos, mas que estava com a agenda cheia. Com o livro publicado pela Scriptum – que tem critério e qualidade literária –, enviei para todos os concursos que apareceram. Depois do prêmio, já me falaram em segunda edição.”
. Jacques Fux, ensaísta e romancista
Olhar especializado
“O mercado editorial sempre foi coisa longínqua, mal compreendida para mim. Achei muito importante começar com pessoas que pudessem sentar junto para começar a entender como funciona. O olhar do editor é muito especializado e ele sabe o tamanho do seu trabalho. Um escritor tem que ter consciência do seu trabalho, do tamanho do passo que consegue dar em determinado momento. Para aquele passo senti muita segurança ter sido publicado pela Scriptum, que me ensinou bastante em relação à minha
própria escrita.”
. Carlos de Brito e Mello, romancista
À margem do mercado
Mais conhecida pela produção de poesia contemporânea, a editora carioca 7Letras completa 20 anos sem perder o estilo
Mariana Peixoto
Jorge Viveiros de Castro já editou na 7Letras 1,2 mil títulos |
O modelo da Scriptum é muito semelhante ao da carioca 7Letras, uma referência entre as pequenas editoras, que completa este mês 20 anos de atividade. Ela nasceu porque foi a única maneira que Jorge Viveiros de Castro conseguiu para publicar seu próprio livro. Na época, a grafia era diferente, Sette Letras, e nos primeiros tempos boa parte da produção lançada era dedicada à poesia. “Ela acabou se destacando por isso simplesmente porque ninguém mais fazia poesia. Mas nosso catálogo é maior, de literatura em geral, com romances e contos, e também com livros acadêmicos na área de ciências sociais”, comenta Viveiros.
Nos primeiros anos havia também uma livraria de mesmo nome no Bairro Jardim Botânico. Ela acabou sendo fechada no final da década de 1990 e, em 2012, já com sede em Ipanema, a 7Letras passou a ter novamente sua própria loja. “É pequena, quase um showroom, pois a editora cresceu tanto que consegue encher uma livraria”, continua Viveiros, que contabiliza 1,2 mil livros lançados. Ao longo de duas décadas, a editora lançou nomes como João Paulo Cuenca, André Sant’Anna e Tatiana Salem Levy, hoje bem conhecidos e prestigiados no meio nacional.
Ainda que tenha crescido, Viveiros afirma que pouco da vocação inicial mudou ao longo do tempo. “O perfil é de editora pequena pela estrutura, com poucas pessoas trabalhando. Também somos um pouco alternativos, porque trabalhamos com títulos não exatamente comerciais. São geralmente autores novos porque nunca tivemos capital para comprar direitos de autores estrangeiros, o que ocorre só esporadicamente, ou então estrutura comercial para competir com as grandes editoras. Por isso o foco à margem do mercado imediatista do livro. Mas depois de anos de trabalho conseguimos uma marca expressiva pela revelação de muitos autores.”
Seu best-seller é o livro Adeus contos de fadas (vencedor do Jabuti na categoria livro juvenil), de Leonardo Brasiliense. “Mas foi por causa da venda institucional (para instituições públicas e programas governamentais de incentivo à leitura). Somando as edições que já rodei, deve ter chegado a 50 mil exemplares”, diz Viveiros. Da venda convencional, sua realidade é bem mais pé no chão. Livros de poesia saem, de uma maneira geral, com tiragem de 200 exemplares. “É uma tiragem realista, já que para poesia não existe mercado maior do que isso. Se acabar, reimprimo.” Para os outros gêneros a média é de 500 exemplares.
MEIA-ENTRADA » Regra para idoso contraria produtores
MEIA-ENTRADA »
Regra para idoso contraria produtores
Eduardo Tristão Girão
Estado de Minas: 06/12/2013
O Projeto de Lei do Senado (PLS) 188/2007, aprovado dia 4, que regulamenta o direito à meia-entrada em eventos culturais e esportivos, já provoca polêmica entre os produtores culturais e exibidores de cinema em Belo Horizonte, antes mesmo da sanção presidencial. No centro da discussão estão os idosos: no texto aprovado anteriormente pela Câmara dos Deputados, os maiores de 60 anos figuravam ao lado de estudantes, pessoas com deficiência e jovens de baixa renda como beneficiários da medida, todos sujeitos ao limite de 40% do total de ingressos. Entretanto, o texto foi alterado e os idosos permaneceram de fora dessa cota.
LIMITE Para Lúcio Oliveira, vice-presidente da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos, foi uma surpresa ver o projeto ser encaminhado para sanção sem a inclusão dos idosos no limite de 40% de ingressos de meia-entrada. “Isso foi muito ruim, pois fez ruir todo o raciocínio lógico que norteou a discussão. Ainda assim, essa aprovação será muito positiva. Nosso entendimento é de que a meia-entrada deveria ter contrapartida do estado. Como não tem, deveria haver um percentual de meia-entrada que nos permitisse fazer nossas contas, elaborar planilhas”, argumenta.
A lei federal acabaria, por exemplo, com a dupla legislação (municipal e estadual) sobre meia-entrada na capital mineira. Além disso, estabeleceria formalmente a cota de 40% de ingressos de meia-entrada, o que atualmente existe – embora extraoficialmente – por meio de acordo entre promotores de eventos e o Ministério Público de Minas Gerais. Lúcio se diz favorável à inclusão de idosos nesse limite, a não ser que o governo custeie subsídio ao setor. “Hoje, somos nós e os artistas que bancamos isso. Paciência, teremos de conviver com isso, mas agora é hora de comemorar”, diz.
Pedro Olivotto, diretor do Cine Belas Artes, defende mudança de critérios para estabelecer quem tem direito ao benefício. “Hoje, menos de 10% da população brasileira frequenta cinema. Sou a favor de cotas econômicas. Quem comprovasse ter determinada faixa de renda teria direito a meia-entrada. Aí, passaríamos a ter 20%, 30% ou 40% dos brasileiros indo ao cinema. O critério é equivocado, não pode ser classista, mas levar em conta a renda. O bem cultural é tão importante quanto os outros, mas só a classe cultural paga por isso. O entendimento está errado. É preciso um critério mais abrangente e justo”, afirma.
Eduardo Tristão Girão
Estado de Minas: 06/12/2013
O Projeto de Lei do Senado (PLS) 188/2007, aprovado dia 4, que regulamenta o direito à meia-entrada em eventos culturais e esportivos, já provoca polêmica entre os produtores culturais e exibidores de cinema em Belo Horizonte, antes mesmo da sanção presidencial. No centro da discussão estão os idosos: no texto aprovado anteriormente pela Câmara dos Deputados, os maiores de 60 anos figuravam ao lado de estudantes, pessoas com deficiência e jovens de baixa renda como beneficiários da medida, todos sujeitos ao limite de 40% do total de ingressos. Entretanto, o texto foi alterado e os idosos permaneceram de fora dessa cota.
LIMITE Para Lúcio Oliveira, vice-presidente da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos, foi uma surpresa ver o projeto ser encaminhado para sanção sem a inclusão dos idosos no limite de 40% de ingressos de meia-entrada. “Isso foi muito ruim, pois fez ruir todo o raciocínio lógico que norteou a discussão. Ainda assim, essa aprovação será muito positiva. Nosso entendimento é de que a meia-entrada deveria ter contrapartida do estado. Como não tem, deveria haver um percentual de meia-entrada que nos permitisse fazer nossas contas, elaborar planilhas”, argumenta.
A lei federal acabaria, por exemplo, com a dupla legislação (municipal e estadual) sobre meia-entrada na capital mineira. Além disso, estabeleceria formalmente a cota de 40% de ingressos de meia-entrada, o que atualmente existe – embora extraoficialmente – por meio de acordo entre promotores de eventos e o Ministério Público de Minas Gerais. Lúcio se diz favorável à inclusão de idosos nesse limite, a não ser que o governo custeie subsídio ao setor. “Hoje, somos nós e os artistas que bancamos isso. Paciência, teremos de conviver com isso, mas agora é hora de comemorar”, diz.
Pedro Olivotto, diretor do Cine Belas Artes, defende mudança de critérios para estabelecer quem tem direito ao benefício. “Hoje, menos de 10% da população brasileira frequenta cinema. Sou a favor de cotas econômicas. Quem comprovasse ter determinada faixa de renda teria direito a meia-entrada. Aí, passaríamos a ter 20%, 30% ou 40% dos brasileiros indo ao cinema. O critério é equivocado, não pode ser classista, mas levar em conta a renda. O bem cultural é tão importante quanto os outros, mas só a classe cultural paga por isso. O entendimento está errado. É preciso um critério mais abrangente e justo”, afirma.
Sangue trata lesões em tendão
Terapia usada em atletas acelera
recuperação de problemas nos principais ligamentos das pernas. Mas
especialistas alertam que falta controle sobre o efeito geral da técnica
no corpo
Flávia Franco
Estado de Minas: 06/12/2013
Flávia Franco
Estado de Minas: 06/12/2013
As lesões fazem
parte do cotidiano tanto de atletas amadores e profissionais quanto de
sedentários. Em alguns casos, a solução do problema envolve tratamentos
longos, como no rompimento ou na lesão de tendões. Uma equipe de
cientistas italianos propõe o uso do plasma rico em plaquetas (PRP) para
reduzir o tempo de recuperação e ainda melhorar a funcionalidade do
tecido lesionado. Mesmo com as vantagens apontadas, a terapia gera
polêmica entre especialistas.
Prática comum no esporte de alto rendimento – o golfista Tiger Woods, o tenista Rafael Nadal e o astro do basquete Kobe Bryant são exemplos de esportistas que fazem uso do tratamento –, o PRP usa o sangue do próprio paciente para acelerar a recuperação. Em uma centrífuga, é separado o plasma rico em plaquetas dos demais componentes do sangue coletado. No caso da terapia, proposta pelos cientistas da Universidade de L’Anquila, o PRP é injetado no tendão comprometido e as plaquetas começam a estimular o crescimento de células e a cicatrização.
De acordo com o ortopedista Weldson Muniz, o tendão – que une músculo e ossos – fica lesionado quando as fibras de colágeno que fazem parte da sua composição têm um potencial elástico menor que o do tecido muscular. “O tecido dos tendões é um pouco mais rígido. Então, pode romper por algum evento traumático ou por excesso de impulsão”, afirma o médico, do Hospital Santa Luzia, em Brasília.
Os tratamentos para rupturas normalmente são cirúrgicos, mas, em caso de lesões mais leves, segue-se o método mais conservador de imobilização e repouso por cerca de seis semanas. Foi justamente em busca de um tratamento menos demorado para atletas que Alice La Marra começou o estudo com PRP na Itália. “Estamos trabalhando em uma cidade onde muitas pessoas praticam esportes. Os médicos da equipe nos enviam atletas com dor e incapacidade funcional”, conta.
A especialista realizou procedimentos em 80 atletas com tendinose (o tipo mais grave de lesão), sendo que 50 tinham o problema no tendão de aquiles e 30 no ligamento patelar. A pesquisadora afirma que as áreas selecionadas são aquelas onde há comprometimentos com maior gravidade. Segundo Arnaldo Hernandez, especialista em medicina esportiva do Hospital Sírio-Libanês, isso ocorre porque esses tendões são os mais usados no corpo. “Em qualquer movimento que se faça com os membros inferiores, utiliza-se muito os dois.”
Os voluntários foram submetidos a três sessões de PRP em um intervalo de 21 dias. Ressonâncias magnéticas – realizadas 30 dias e um ano após o último procedimento – indicaram as vantagens. Os pacientes com problemas no tendão calcâneo apresentaram uma melhora de 80% em relação à dor e de 53% em relação à funcionalidade. Já os com lesões no ligamento patelar apresentaram melhoras de 75% e 50% em relação à dor e à funcionalidade, respectivamente. A pesquisadora constatou também que houve uma recuperação de 90% da integridade dos tecidos lesionados. “O PRP permite a regeneração dos tendões e a redução da dor graças a sua regenerativa e às propriedades anti-inflamatórias. Comparado a outras terapias, ele permite uma recuperação mais rápida e mais eficiente”, garante Alice La Marra.
Controverso Segundo Arnaldo Hernandez, o tratamento é polêmico pela falta de um controle exato de como ele funciona. Levando em consideração as recentes descobertas da pesquisadora italiana, o médico acredita que o PRP não faz nada que os tratamentos tradicionais não façam.
O caso do ex-jogador Ronaldo, o Fenômeno, que sofreu uma ruptura do ligamento patelar, foi citado por Hernandez como exemplo de que os tratamentos convencionais podem ter bons resultados. Segundo o especialista, quem tem uma lesão desse tipo dificilmente consegue recuperar o nível de desempenho. “O Ronaldo conseguiu, e isso é tanto mérito dele, que se empenhou na recuperação, quanto de quem tratou o problema e criou condições para que esse tendão pudesse se recuperar.”
De acordo com o Hernandez, nas intervenções tradicionais é preciso diminuir o ritmo de atividades físicas para ter uma recuperação boa do tendão. Como não querem fazer isso, atletas acabam optando pelo PRP. “Eles arriscam para evitar uma lesão maior. Aparentemente, o tratamento não traz prejuízos. Então, o atleta não sai prejudicado”, diz.
Hernandez alerta que, no PRP as plaquetas estimulam o crescimento de tecidos – entre eles o colágeno, que forma os tendões –, além de nervos, pele e vasos sanguíneos, uma das razões do receio de profissionais de saúde.
“Não há como separar o fator de crescimento específico do colágeno para realizar o tratamento adequado com PRP”, afirma. Segundo o médico, não há impedimentos legais para a prática no Brasil.
Saiba mais
Não é doping
Outro tratamento polêmico que envolve a retirada de sangue do paciente é a eritropoietina (EPO), um hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais. A injeção de uma versão sintética desse hormônio faz com que a medula óssea libere mais glóbulos vermelhos na corrente sanguínea, aumentando a quantidade de oxigênio no sangue e, consequentemente, a capacidade de energia para exercícios aeróbicos. Essa foi uma das técnicas usada pelo ciclista Lance Armstrong, banido do esporte no ano passado. O ex-atleta recorria também a transfusão de sangue para melhorar o desempenho nas competições. Cerca de 500ml de sangue eram retirados dele e armazenados em bolsas refrigeradas para serem reintroduzidos na véspera das competições, aumentando também a oxigenação. As duas práticas são consideradas ilegais, sendo classificadas como doping. Já o PRP, por não causar aumento de desempenho, não entra nessa categoria.
Prática comum no esporte de alto rendimento – o golfista Tiger Woods, o tenista Rafael Nadal e o astro do basquete Kobe Bryant são exemplos de esportistas que fazem uso do tratamento –, o PRP usa o sangue do próprio paciente para acelerar a recuperação. Em uma centrífuga, é separado o plasma rico em plaquetas dos demais componentes do sangue coletado. No caso da terapia, proposta pelos cientistas da Universidade de L’Anquila, o PRP é injetado no tendão comprometido e as plaquetas começam a estimular o crescimento de células e a cicatrização.
De acordo com o ortopedista Weldson Muniz, o tendão – que une músculo e ossos – fica lesionado quando as fibras de colágeno que fazem parte da sua composição têm um potencial elástico menor que o do tecido muscular. “O tecido dos tendões é um pouco mais rígido. Então, pode romper por algum evento traumático ou por excesso de impulsão”, afirma o médico, do Hospital Santa Luzia, em Brasília.
Os tratamentos para rupturas normalmente são cirúrgicos, mas, em caso de lesões mais leves, segue-se o método mais conservador de imobilização e repouso por cerca de seis semanas. Foi justamente em busca de um tratamento menos demorado para atletas que Alice La Marra começou o estudo com PRP na Itália. “Estamos trabalhando em uma cidade onde muitas pessoas praticam esportes. Os médicos da equipe nos enviam atletas com dor e incapacidade funcional”, conta.
A especialista realizou procedimentos em 80 atletas com tendinose (o tipo mais grave de lesão), sendo que 50 tinham o problema no tendão de aquiles e 30 no ligamento patelar. A pesquisadora afirma que as áreas selecionadas são aquelas onde há comprometimentos com maior gravidade. Segundo Arnaldo Hernandez, especialista em medicina esportiva do Hospital Sírio-Libanês, isso ocorre porque esses tendões são os mais usados no corpo. “Em qualquer movimento que se faça com os membros inferiores, utiliza-se muito os dois.”
Os voluntários foram submetidos a três sessões de PRP em um intervalo de 21 dias. Ressonâncias magnéticas – realizadas 30 dias e um ano após o último procedimento – indicaram as vantagens. Os pacientes com problemas no tendão calcâneo apresentaram uma melhora de 80% em relação à dor e de 53% em relação à funcionalidade. Já os com lesões no ligamento patelar apresentaram melhoras de 75% e 50% em relação à dor e à funcionalidade, respectivamente. A pesquisadora constatou também que houve uma recuperação de 90% da integridade dos tecidos lesionados. “O PRP permite a regeneração dos tendões e a redução da dor graças a sua regenerativa e às propriedades anti-inflamatórias. Comparado a outras terapias, ele permite uma recuperação mais rápida e mais eficiente”, garante Alice La Marra.
Controverso Segundo Arnaldo Hernandez, o tratamento é polêmico pela falta de um controle exato de como ele funciona. Levando em consideração as recentes descobertas da pesquisadora italiana, o médico acredita que o PRP não faz nada que os tratamentos tradicionais não façam.
O caso do ex-jogador Ronaldo, o Fenômeno, que sofreu uma ruptura do ligamento patelar, foi citado por Hernandez como exemplo de que os tratamentos convencionais podem ter bons resultados. Segundo o especialista, quem tem uma lesão desse tipo dificilmente consegue recuperar o nível de desempenho. “O Ronaldo conseguiu, e isso é tanto mérito dele, que se empenhou na recuperação, quanto de quem tratou o problema e criou condições para que esse tendão pudesse se recuperar.”
De acordo com o Hernandez, nas intervenções tradicionais é preciso diminuir o ritmo de atividades físicas para ter uma recuperação boa do tendão. Como não querem fazer isso, atletas acabam optando pelo PRP. “Eles arriscam para evitar uma lesão maior. Aparentemente, o tratamento não traz prejuízos. Então, o atleta não sai prejudicado”, diz.
Hernandez alerta que, no PRP as plaquetas estimulam o crescimento de tecidos – entre eles o colágeno, que forma os tendões –, além de nervos, pele e vasos sanguíneos, uma das razões do receio de profissionais de saúde.
“Não há como separar o fator de crescimento específico do colágeno para realizar o tratamento adequado com PRP”, afirma. Segundo o médico, não há impedimentos legais para a prática no Brasil.
Saiba mais
Não é doping
Outro tratamento polêmico que envolve a retirada de sangue do paciente é a eritropoietina (EPO), um hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais. A injeção de uma versão sintética desse hormônio faz com que a medula óssea libere mais glóbulos vermelhos na corrente sanguínea, aumentando a quantidade de oxigênio no sangue e, consequentemente, a capacidade de energia para exercícios aeróbicos. Essa foi uma das técnicas usada pelo ciclista Lance Armstrong, banido do esporte no ano passado. O ex-atleta recorria também a transfusão de sangue para melhorar o desempenho nas competições. Cerca de 500ml de sangue eram retirados dele e armazenados em bolsas refrigeradas para serem reintroduzidos na véspera das competições, aumentando também a oxigenação. As duas práticas são consideradas ilegais, sendo classificadas como doping. Já o PRP, por não causar aumento de desempenho, não entra nessa categoria.
TUMOR NO OVÁRIO » Sobrevida para mulheres Bruna Sensêve
Estado de Minas: 06/12/2013
É possível que um
teste desenvolvido por pesquisadores do Centro de Pesquisa em Câncer
Fred Hutchinson, em Seattle (EUA), seja capaz de prever a sobrevivência
de uma paciente diagnosticada com câncer de ovário. A proposta é contar,
no tecido doente, as células do sistema imunológico que, diante da
presença do tumor, migraram para o interior dele. Medir a resposta do
exército de defesa do organismo é um desejo antigo da medicina. A equipe
de cientistas conseguiu pela primeira vez calcular essa classe especial
de soldados naturais contra o câncer, os linfócitos T infiltrantes do
tumor (TILs).
Segundo os pesquisadores, a contagem pode ser feita de forma confiável, rápida e barata em mulheres com a doença em estágio inicial ou avançado.
“Nossos experimentos demonstram uma associação entre altas contagens de TIL e melhora da sobrevida em mulheres com câncer de ovário, e são consistentes com as observações anteriores de que a resposta imunológica contra o câncer de ovário é um fator prognóstico significativo e independente”, explica o principal autor do trabalho, Jason Bielas.
Em artigo publicado ontem na revista científica Science Translational Medicine, Bielas conta que o rastreamento desses glóbulos brancos foi feito por meio da obtenção de informação genética de proteínas que ficam na superfície deles.
TECIDOS A técnica, nomeada QuanTILf, foi testada em amostras de tumores ovarianos de 30 pacientes. A QuanTILf digitaliza a sequência única de DNA de células T, ou o “código de barras” delas, para determinar quantas e quais tipos estão presentes. Foram avaliados os níveis de TILs nos tecidos e os resultados já conhecidos de sobrevivência das voluntárias.
Ao cruzar essas informações, os pesquisadores descobriram que os números mais elevados TIL estão correlacionados com maior sobrevida. O percentual de TILs foi aproximadamente três vezes maior nas pacientes com taxa de sobrevivência de mais de cinco anos, em comparação àquelas com uma taxa menor que dois anos, por exemplo. Dessa forma, a técnica de amplificação do DNA teria o potencial de predizer a resposta ao tratamento, a recorrência do câncer e a sobrevida de maneira mais eficaz que os métodos atuais.
Segundo os pesquisadores, a contagem pode ser feita de forma confiável, rápida e barata em mulheres com a doença em estágio inicial ou avançado.
“Nossos experimentos demonstram uma associação entre altas contagens de TIL e melhora da sobrevida em mulheres com câncer de ovário, e são consistentes com as observações anteriores de que a resposta imunológica contra o câncer de ovário é um fator prognóstico significativo e independente”, explica o principal autor do trabalho, Jason Bielas.
Em artigo publicado ontem na revista científica Science Translational Medicine, Bielas conta que o rastreamento desses glóbulos brancos foi feito por meio da obtenção de informação genética de proteínas que ficam na superfície deles.
TECIDOS A técnica, nomeada QuanTILf, foi testada em amostras de tumores ovarianos de 30 pacientes. A QuanTILf digitaliza a sequência única de DNA de células T, ou o “código de barras” delas, para determinar quantas e quais tipos estão presentes. Foram avaliados os níveis de TILs nos tecidos e os resultados já conhecidos de sobrevivência das voluntárias.
Ao cruzar essas informações, os pesquisadores descobriram que os números mais elevados TIL estão correlacionados com maior sobrevida. O percentual de TILs foi aproximadamente três vezes maior nas pacientes com taxa de sobrevivência de mais de cinco anos, em comparação àquelas com uma taxa menor que dois anos, por exemplo. Dessa forma, a técnica de amplificação do DNA teria o potencial de predizer a resposta ao tratamento, a recorrência do câncer e a sobrevida de maneira mais eficaz que os métodos atuais.
Peça difícil de encaixar - Paloma Oliveto
Sequenciamento genético de uma espécie do gênero Homo que viveu há 400 mil anos na
Espanha levanta mais dúvidas sobre a diversidade de populações humanas do passado
Paloma Oliveto
Estado de Minas: 06/12/2013
Brasília – Escondido ao pé da Serra Atapuerca, na Espanha, existe um verdadeiro celeiro de ossos. Durante 400 mil anos, mais de 2 mil fragmentos de esqueletos animais e humanos amontoaram-se em uma caverna, sem serem perturbados. Até que, em 1976, paleontólogos descobriram o tesouro a 30m de profundidade, no que ficou conhecido como Sima de los Huesos, o fosso ou abismo dos ossos. Os mistérios que cercam esse lugar tão singular não dizem respeito apenas à circunstância da morte das cerca de 28 pessoas que jaziam ali, ao lado de feras como ursos – ninguém sabe se elas caíram acidentalmente ou se a cavidade era uma espécie de cemitério. Acima de tudo, o maior depósito de hominídeos já encontrado desafia cientistas porque eles não sabem exatamente que tipo de gente era aquela.
Agora, o enigma fica ainda mais complexo. Pesquisadores do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva em Leipzig, na Alemanha, conseguiram sequenciar quase todo o genoma mitocondrial – DNA da estrutura produtora de energia das células e passada pela linhagem materna – de um indivíduo pertencente ao gênero Homo encontrado no local. O material foi extraído de um fêmur. Além de o estudo apresentar a análise do genoma humano mais antigo até hoje, abrindo caminho para a pesquisa genética de ancestrais milenares, ele revelou algo inesperado: as pessoas que habitavam aquela região da Europa há 400 séculos eram mais próximas dos denisovanos, extintos hominídeos asiáticos, que dos neandertais, os homens das cavernas que viveram no continente europeu até serem extintos, há 50 mil anos.
Três anos atrás, a já intrincada e confusa história da evolução humana ganhou mais um elemento. A mesma equipe de pesquisadores que decifrou o DNA do indivíduo da Sima de los Huesos publicou, na revista Nature, um estudo no qual descrevia uma nova população de hominídeos, que não era nem neandertal nem humana moderna. Eles sequenciaram o material genético extraído do osso de um dedo de uma menina que viveu há 30 mil anos na Caverna de Denisova, na Sibéria, e descobriram que o DNA da garotinha, de 5 a 10 anos, não se encaixava em nada conhecido até então.
Depois disso, outros ossos da espécie foram encontrados e analisados, evidenciando que os denisovanos eram um grupo evolutivo distinto. Quase nada se sabe sobre esses humanos, contudo. A equipe de pesquisadores, liderada por Svant Pääbo, do Instituto Max Planck, acredita que os denisovanos não viviam apenas na Sibéria, mas teriam habitado também o Sudeste asiático.
Resultado inesperado De volta ao abismo de ossos espanhol, a análise do DNA de um dos indivíduos encontrados na Serra Atapuerca indica que a misteriosa população local tinha mais parentesco com a não menos enigmática linhagem humana de Denisova do que com a dos neandertais. Ainda assim, o material genético indicou traços semelhantes aos dos segundos. “De fato, essas descobertas trazem muito mais dúvidas do que respostas”, admite Pääbo, que integra também a equipe que decifrou o genoma do indivíduo da Sima de los Huesos. “Eu não esperava por isso. Aliás, esse é um resultado que ninguém poderia esperar”, concorda Chris Stringer, paleoantropólogo do Museu de História Natural de Londres.
O espanto dos especialistas se justifica porque estudos anatômicos prévios indicavam que os habitantes da caverna europeia deveriam pertencer a uma espécie sobre a qual há muita controvérsia, chamada Homo heidelbergensis. Essas pessoas, que também teriam vivido há 400 mil anos, mesma idade dos moradores da Serra de Atapuerca, são apontadas como os ancestrais diretos dos neandertais. “Então, era de se esperar que o DNA dos indivíduos da Sima de los Huesos tivesse relação com os neandertais, e não com os denisovanos”, diz Stringer, que não participou do estudo.
De acordo com Pääbo, trabalhos anteriores haviam demonstrado que neandertais e denisovanos compartilhavam um ancestral que viveu há cerca de 700 mil anos. “Considerando a idade dos restos encontrados em Sima de los Huesos e as características neandertais no DNA retirado do fêmur, essa é uma ideia plausível para nós. Mas, aí, teremos de encontrar uma explicação para a presença de duas linhagens muito diversas de DNA mitocondrial no mesmo grupo, uma que depois foi passada para os denisovanos e outra que se fixou nos neandertais”, diz.
Ele esclarece que há outros cenários possíveis, como a população do abismo de ossos não ser diretamente ligada nem aos denisovanos nem aos neandertais, mas a um outro grupo ainda desconhecido do gênero Homo que poderia ter existido na Europa durante o Pleistoceno Médio. “Muitos fósseis já foram encontrados na Europa, na África e na Ásia com idade semelhante à dos indivíduos de Sima de los Huesos, mas sem nenhum traço neandertal. É possível que muitas outras populações humanas arcaicas tenham habitado o continente europeu naquela época”, palpita Svant Pääbo.
Para Chris Stringer, a descoberta também poderá reforçar uma ideia que ele defende: a de que neandertais, denisovanos e homens modernos são, todos eles, descendentes do Homo heidelbergensis. Stringer acredita que, há 400 mil anos, um grupo ancestral dessa espécie deixou a África e, pouco depois disso, se diversificou. Um ramo atingiu o Oeste asiático e a Europa, tornando-se neandertais. O outro galho alcançou o Leste da Ásia, resultando nos denisovanos. Os que ficaram na África acabaram dando origem ao Homo sapiens, por volta de 150 mil anos atrás. Isso explicaria porque a população de Sima de los Huesos tem traços denisovanos e neandertais, mas não do humano moderno.
Única espécie Recentemente, o confuso quebra-cabeça da evolução foi alvo de uma teoria que, se confirmada, poderá revolucionar o estudo das diferentes espécies que deram origem ao homem. Baseados na descoberta de um crânio na cidade caucasiana de Dmanisi, na Geórgia, um grupo internacional de cientistas afirmou, em artigo que mereceu a capa da revista Science, que diversos hominídeos considerados espécies distintas até agora pertencem, na verdade, a uma única, a do Homo erectus. Eles argumentaram que diferenças anatômicas que justificariam a distinção entre os fósseis poderiam ser atribuídas a alterações físicas que naturalmente ocorrem entre indivíduos da mesma espécie.
Pääbo não concorda com essa teoria e diz que espera que a genética possa resolver os enigmas da evolução. “Esse é um grande diferencial de nosso estudo. Conseguimos sequenciar o DNA mitocondrial de um fóssil do gênero Homo de 400 mil anos. Isso nos dá a esperança de que, com o refinamento cada vez maior das técnicas, possamos voltar mais no tempo. Acredito que a genética será responsável por responder muitas de nossas dúvidas. Mas sei que, por enquanto, elas ainda são enormes.”
Paloma Oliveto
Estado de Minas: 06/12/2013
Representação de como seriam os hominídeos que viveram na Sima de los Huesos, há 400 mil anos: grupo tinha linhagens diversas de DNA |
A análise do DNA de fêmur encontrado em caverna da Espanha aumentou os mistérios sobre a evolução humana |
Esqueleto achado no abismo dos ossos: restos mortais a 30m do solo |
Brasília – Escondido ao pé da Serra Atapuerca, na Espanha, existe um verdadeiro celeiro de ossos. Durante 400 mil anos, mais de 2 mil fragmentos de esqueletos animais e humanos amontoaram-se em uma caverna, sem serem perturbados. Até que, em 1976, paleontólogos descobriram o tesouro a 30m de profundidade, no que ficou conhecido como Sima de los Huesos, o fosso ou abismo dos ossos. Os mistérios que cercam esse lugar tão singular não dizem respeito apenas à circunstância da morte das cerca de 28 pessoas que jaziam ali, ao lado de feras como ursos – ninguém sabe se elas caíram acidentalmente ou se a cavidade era uma espécie de cemitério. Acima de tudo, o maior depósito de hominídeos já encontrado desafia cientistas porque eles não sabem exatamente que tipo de gente era aquela.
Agora, o enigma fica ainda mais complexo. Pesquisadores do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva em Leipzig, na Alemanha, conseguiram sequenciar quase todo o genoma mitocondrial – DNA da estrutura produtora de energia das células e passada pela linhagem materna – de um indivíduo pertencente ao gênero Homo encontrado no local. O material foi extraído de um fêmur. Além de o estudo apresentar a análise do genoma humano mais antigo até hoje, abrindo caminho para a pesquisa genética de ancestrais milenares, ele revelou algo inesperado: as pessoas que habitavam aquela região da Europa há 400 séculos eram mais próximas dos denisovanos, extintos hominídeos asiáticos, que dos neandertais, os homens das cavernas que viveram no continente europeu até serem extintos, há 50 mil anos.
Três anos atrás, a já intrincada e confusa história da evolução humana ganhou mais um elemento. A mesma equipe de pesquisadores que decifrou o DNA do indivíduo da Sima de los Huesos publicou, na revista Nature, um estudo no qual descrevia uma nova população de hominídeos, que não era nem neandertal nem humana moderna. Eles sequenciaram o material genético extraído do osso de um dedo de uma menina que viveu há 30 mil anos na Caverna de Denisova, na Sibéria, e descobriram que o DNA da garotinha, de 5 a 10 anos, não se encaixava em nada conhecido até então.
Depois disso, outros ossos da espécie foram encontrados e analisados, evidenciando que os denisovanos eram um grupo evolutivo distinto. Quase nada se sabe sobre esses humanos, contudo. A equipe de pesquisadores, liderada por Svant Pääbo, do Instituto Max Planck, acredita que os denisovanos não viviam apenas na Sibéria, mas teriam habitado também o Sudeste asiático.
Resultado inesperado De volta ao abismo de ossos espanhol, a análise do DNA de um dos indivíduos encontrados na Serra Atapuerca indica que a misteriosa população local tinha mais parentesco com a não menos enigmática linhagem humana de Denisova do que com a dos neandertais. Ainda assim, o material genético indicou traços semelhantes aos dos segundos. “De fato, essas descobertas trazem muito mais dúvidas do que respostas”, admite Pääbo, que integra também a equipe que decifrou o genoma do indivíduo da Sima de los Huesos. “Eu não esperava por isso. Aliás, esse é um resultado que ninguém poderia esperar”, concorda Chris Stringer, paleoantropólogo do Museu de História Natural de Londres.
O espanto dos especialistas se justifica porque estudos anatômicos prévios indicavam que os habitantes da caverna europeia deveriam pertencer a uma espécie sobre a qual há muita controvérsia, chamada Homo heidelbergensis. Essas pessoas, que também teriam vivido há 400 mil anos, mesma idade dos moradores da Serra de Atapuerca, são apontadas como os ancestrais diretos dos neandertais. “Então, era de se esperar que o DNA dos indivíduos da Sima de los Huesos tivesse relação com os neandertais, e não com os denisovanos”, diz Stringer, que não participou do estudo.
De acordo com Pääbo, trabalhos anteriores haviam demonstrado que neandertais e denisovanos compartilhavam um ancestral que viveu há cerca de 700 mil anos. “Considerando a idade dos restos encontrados em Sima de los Huesos e as características neandertais no DNA retirado do fêmur, essa é uma ideia plausível para nós. Mas, aí, teremos de encontrar uma explicação para a presença de duas linhagens muito diversas de DNA mitocondrial no mesmo grupo, uma que depois foi passada para os denisovanos e outra que se fixou nos neandertais”, diz.
Ele esclarece que há outros cenários possíveis, como a população do abismo de ossos não ser diretamente ligada nem aos denisovanos nem aos neandertais, mas a um outro grupo ainda desconhecido do gênero Homo que poderia ter existido na Europa durante o Pleistoceno Médio. “Muitos fósseis já foram encontrados na Europa, na África e na Ásia com idade semelhante à dos indivíduos de Sima de los Huesos, mas sem nenhum traço neandertal. É possível que muitas outras populações humanas arcaicas tenham habitado o continente europeu naquela época”, palpita Svant Pääbo.
Para Chris Stringer, a descoberta também poderá reforçar uma ideia que ele defende: a de que neandertais, denisovanos e homens modernos são, todos eles, descendentes do Homo heidelbergensis. Stringer acredita que, há 400 mil anos, um grupo ancestral dessa espécie deixou a África e, pouco depois disso, se diversificou. Um ramo atingiu o Oeste asiático e a Europa, tornando-se neandertais. O outro galho alcançou o Leste da Ásia, resultando nos denisovanos. Os que ficaram na África acabaram dando origem ao Homo sapiens, por volta de 150 mil anos atrás. Isso explicaria porque a população de Sima de los Huesos tem traços denisovanos e neandertais, mas não do humano moderno.
Única espécie Recentemente, o confuso quebra-cabeça da evolução foi alvo de uma teoria que, se confirmada, poderá revolucionar o estudo das diferentes espécies que deram origem ao homem. Baseados na descoberta de um crânio na cidade caucasiana de Dmanisi, na Geórgia, um grupo internacional de cientistas afirmou, em artigo que mereceu a capa da revista Science, que diversos hominídeos considerados espécies distintas até agora pertencem, na verdade, a uma única, a do Homo erectus. Eles argumentaram que diferenças anatômicas que justificariam a distinção entre os fósseis poderiam ser atribuídas a alterações físicas que naturalmente ocorrem entre indivíduos da mesma espécie.
Pääbo não concorda com essa teoria e diz que espera que a genética possa resolver os enigmas da evolução. “Esse é um grande diferencial de nosso estudo. Conseguimos sequenciar o DNA mitocondrial de um fóssil do gênero Homo de 400 mil anos. Isso nos dá a esperança de que, com o refinamento cada vez maior das técnicas, possamos voltar mais no tempo. Acredito que a genética será responsável por responder muitas de nossas dúvidas. Mas sei que, por enquanto, elas ainda são enormes.”
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