segunda-feira, 3 de junho de 2013

Daniela Mercury estrela 1° beijo gay exibido em horário nobre na Globo

03/06/2013 - 09h55
Pela primeira vez em 17 anos, a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo teve uma protagonista absoluta. A edição de 2013 será lembrada como "o ano de Daniela Mercury".
A cantora baiana foi a grande atração do terceiro carro do desfile, patrocinado pelo governo da Bahia. Só apareceu quando o cortejo já descia a rua da Consolação: quem estava na avenida Paulista não a viu.
Mas não decepcionou. Cantou, discursou, apresentou a namorada Malu Verçosa. E tacou fogo no público, que insistia em pular apesar do frio e da chuva fina.
Foi a estreia de Daniela em eventos desse tipo, e ela já chegou arrasando. Nada mau para alguém que, há menos de dois meses, nem era associada à luta pelos direitos dos homossexuais.
A saída do armário de Daniela foi de uma simplicidade desconcertante. Ela apenas postou fotos no Instagram ao lado de sua futura esposa. Virou notícia no "Jornal Nacional", capa das principais revistas brasileiras e musa da campanha pelo casamento gay.

Daniela Mercury

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Reprodução/TV Globo
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Daniela Mercury estrela primeiro beijo gay exibido em horário nobre na Globo
Também virou alvo dos homofóbicos, claro. Poucos, no entanto, ousam criticá-la por estar apaixonada por uma mulher: preferem dizer que tudo não passa de um golpe de marketing, armado para reviver uma carreira em decadência.
É verdade que, no ranking das cantoras de axé, Daniela já havia sido ultrapassada em popularidade por Ivete Sangalo e Cláudia Leitte. Mas ela foi a pioneira do gênero e, a essa altura da guerra, não precisa provar mais nada para ninguém.
Seu gesto foi espontâneo e corajoso. Duvido que ela tenha calculado as consequências: poderia ter sido rejeitada e afundado de vez. Mas deu sorte, ou talvez tenha captado instintivamente para que lado o vento sopra.
Menos sorte deram suas colegas Joelma e Ana Carolina. A primeira virou sinônimo de ignorância e preconceito depois de ter comparado os gays aos viciados em drogas.
A segunda, bissexual assumida, disse ser contra levantar bandeiras, para não colocar os gays contra os héteros. Pegou tão mal que ela foi obrigada escrever uma carta aberta dizendo que não é bem assim e que sim, apoia a causa LGBT.
Enquanto as duas buscam remendar as declarações idiotas, Daniela Mercury brilha. Foi a grande estrela da Parada, e, junto com uma entrevista de Neymar quando criança, uma das grandes atrações do "Fantástico" desse domingo (2).
O programa fez uma boa cobertura da participação da cantora no evento, não se furtando nem mesmo a exibir o beijo que ela deu na namorada.
Posso estar enganado, mas acho que foi o primeiro beijo gay exibido no horário nobre pela Globo. Não, o beijo de Tuco (Lucio Mauro Filho) em Thiago Lacerda, num recente episódio de "A Grande Família", não conta: era só uma cena de "O Beijo no Asfalto", peça clássica de Nélson Rodrigues.
As redes sociais explodiram em comentários depois do programa. Daniela rompeu um tabu, e a Globo também. E assim se escreveu mais um capítulo da história da TV brasileira.
Tony Goes
Tony Goes tem 52 anos. Nasceu no Rio de Janeiro mas vive em São Paulo desde pequeno. É publicitário em período integral e blogueiro, roteirista e colunista nas horas vagas. Escreveu para vários programas de TV e alguns longas-metragens, e assina a coluna "Pergunte ao Amigo Gay" na revista "Women's Health". Colaborador frequente da revista "Junior" e da Folha Ilustrada, foi um dos colunistas a comentar o "Big Brother 11" na Folha.com.

Tv Paga


Estado de Minas: 03/06/2013 

Pobre menino rico
Estreia hoje, às 22h, no Telecine Premium, o drama Cosmópolis, dirigido por David Cronemberg. Galã da saga Crepúsculo, o ator Robert Pattinson (foto) faz o papel de um milionário egocêntrico que começa a perceber o colapso de seu império e vive as 24 horas mais importantes de sua vida, crente de que alguém está prestes a assassiná-lo. Também estão no elenco Juliette Binoche, Paul Giamatti e Sarah Gadon.

Muitas alternativas na
programação de filmes

Na mesma faixa das 22h, o assinante tem mais oito opções: Sequestro no espaço, na HBO2; A garota, na HBO HD; Colaborador, no Max; A feiticeira, no Sony; O despertar de uma paixão, na MGM; Acerto de contas, no FX; Mera coincidência, no TCM; e As mil palavras, no Telecine Pipoca. Outros destaques da programação: Jake Grandão, às 20h, no Telecine Cult; Noivas em guerra, às 20h45, no Megapix; Licença para casar, às 21h, no Boomerang; O melhor amigo da noiva, também às 21h, no Studio Universal; O articulador, mais uma vez às 21h, no ID; e Bullying virtual, às 23h45, no Telecine Touch.

A bruxinha Grachi volta
às aulas no Nickelodeon


Na terceira temporada de Grachi, que estreia hoje, às 18h30, no Nickelodeon, a heroína da série começa na famosa escola de treinamento dos bruxos do mundo. Ela conhece Axel, um bruxo malvado, com quem compartilha os sonhos de um misterioso colar. Grachi se sente estranhamente atraída pelo garoto malvado, descobrindo que todos nós temos um lado bom e um lado escuro, incluindo a Escolhida. Axel representa toda a rebeldia que existe em Grachi e toda a sua força também. Poderá o amor de Daniel salvar Grachi de seus próprios poderes?

Renato Maurício Prado
comanda novo talk show

Também hoje, às 20h30, estreia A última palavra, novo programa semanal do Fox Sports, comandado por Renato Maurício Prado. A atração, em formato de talk show, contará sempre com uma personalidade do esporte que vai contar suas histórias e falar de suas experiências, ajudando a debater os temas do momento e a analisar os principais os eventos da semana esportiva no Brasil e no Mundo.

Canal Brasil traça perfil
do jornalista Joel Silveira


Outra novidade de hoje, mas no segmento dos documentários, é a estreia da segunda temporada de Ciência em casa, às 20h30, no Nat Geo. No canal Bem Simples, a Semana do Meio Ambiente vai ao ar de hoje a sexta-feira, às 21h15, com produções sobre a preservação da natureza e a conscientização do uso racional dos recursos naturais. Já às 22h, o Canal Brasil exibe o documentário Garrafas ao mar: a víbora manda lembranças, em que o jornalista Geneton Moraes Neto rende sua homenagem a Joel Silveira, o “maior repórter brasileiro”.

Música erudita ou heavy
metal? É você que decide

Para quem é fã de rock pesado, o canal VH1 tem toda segunda-feira o programa That metal show, às 21h, hoje com as presenças do baterista Brian Tichy, do guitarrista Slash e dos ex-integrantes da banda Dokken, George Lynch, Mick Brown e Jeff Pilson. Às 21h30, no canal Arte 1, vai ao ar um recital do pianista mineiro Nelson Freire no Festival de Verbier, na Suíça.

Aécio na linha direta de FHC


Renato Janine Ribeiro
Não surpreende que Aécio Neves seja o candidato à Presidência da República ungido por Fernando Henrique Cardoso. É que seu programa no horário político do PSDB, iniciando de fato a propaganda eleitoral, traduz em linguagem televisiva e popular um artigo seminal do ex-presidente, que causou impacto dois anos atrás, mas confinado na época a um debate quase acadêmico. Refiro-me a "O papel da oposição", que saiu no número 13 da revista "Interesse Nacional", criada pelo embaixador Rubens Barbosa, um dos melhores cérebros próximos a FHC. O artigo pode ser lido no site da revista e em outros endereços na internet.
O que dizia o artigo? Se resumirmos não só o que Fernando Henrique disse com todas as letras, mas também as implicações menos visíveis mas inegáveis, seria o seguinte. O PSDB não tem como rivalizar com o PT junto aos mais pobres. As propostas tucanas são para a classe média. Mas esta última cresce. Os petistas não terão muito o que lhe dizer. O PSDB terá. E deve em especial lutar no âmbito de uma nova forma de relações sociais, que são as virtuais, as proporcionadas pela comunicação via internet. Falou assim primeiro o cientista político, ao mostrar os limites dos discursos tanto petista quanto tucano, e depois o sociólogo, ao pensar em novas relações sociais - o sociólogo que, quando foi presidente da República, se entusiasmava em dizer que estamos à beira de uma nova Renascença, o presidente que tinha por amigo Manuel Castells, um dos grandes teorizadores das possibilidades que nos abre a rede mundial de computadores. Para tanto, aliás, FHC criou a rede Observador Político, iniciativa que pretendia ser não-partidária e abrir um canal de discussão mais rico sobre a política.
Vamos reconhecer que a segunda parte do que disse FHC continua no plano das intenções, mas isso não é falha sua. Nossa sociedade, dominada pelo narcisismo, tem dificuldade em dialogar com o outro, em especial se for mesmo diferente de nós. As oportunidades que abre a Internet são destroçadas pela multiplicação de Narcisos. Mas isto fica para outro dia. O fato é que a primeira grande tese de FHC foi muito bem compreendida por Aécio Neves e está na raiz do que ele disse na TV.
Aécio quer tirar a classe média de Dilma
Quando o senador mineiro diz que devemos ir além do Bolsa Família, está implicitamente reconhecendo o êxito e até a autoria petista da grande expansão dos programas sociais. Sim, ele recorda que foram tucanos os que os começaram. Mas isso é "pro forma". O fato é que os governos Lula e Dilma são os grandes responsáveis pela transformação de nossa pirâmide social em losango - o processo pelo qual as classes mais pobres deixaram de ser as mais numerosas, papel que hoje é da chamada classe C; entre 2005 e 2010, cerca de 50 milhões passaram das classes D e E para a nova classe média. Então, por que brigar com a realidade? Por que atacar isso, quando o segredo que desvenda FHC é que esse processo pode ter como beneficiário, justamente, o PSDB?
Em outras palavras, se o sonho de Dilma Rousseff é fazer do Brasil "um país de classe média", e se quem sabe falar à classe média e dar-lhe o que ela quer é o PSDB, então o interesse maior dos tucanos é que a presidenta e seu partido tenham pleno êxito em seu projeto. E o problema do PT, que os tucanos terão enorme prazer em apontar, seria tratar-se de um partido bom para vencer as grandes mazelas sociais, mas incapaz de dar um passo adiante - um partido bom para a emergência social em que vivemos estes séculos, com níveis de miséria e discriminação absolutamente indignos, mas incapaz de garantir, depois disso, um crescimento econômico e um desenvolvimento social sustentáveis. (E com esta ideia de sustentabilidade o PSDB pode também fazer acenos aos que apoiaram ou apoiam Marina Silva, cuja palavra de ordem foi deixando de ser "o verde", ou o meio ambiente, para se tornar a sustentabilidade em geral).
O PT seria capaz de medidas emergenciais. O Bolsa-Família pode ser o melhor programa de inclusão social do mundo, mas ninguém vai - ou deve - prosperar graças à assistência. É preciso criar empregos e empreendedorismo. A desigualdade étnica no País é escandalosa e as ações afirmativas são importantes para reduzi-las. Mas, em ambos os casos, trata-se de medidas pontuais, que têm de ser provisórias, pois apenas serão eficazes se tiverem data de conclusão próxima de nós no tempo. Assim, esperam FHC - e, agora, Aécio - construir, com políticas liberais, uma alternativa mais bem sucedida ao PT na conquista deste público, a classe média baixa.
Pela primeira vez desde 2002, o PSDB pode ir à campanha propondo, de fato, o que Serra formulou em palavras - mas que não convenceram o eleitorado - em 2010: continuidade em relação aos êxitos petistas. Ele passa a ter claro interesse em que o petismo realize o sonho de Dilma. Exagerando, ele pode até ser educadíssimo com o PT... Comparando, estamos numa situação análoga, ainda que com sinais invertidos, à de 2002. Lula tinha interesse em que o Brasil, que ia receber de FHC, estivesse bem. E a "herança maldita" estava longe de ser tão má, porque passar o cargo a um presidente eleito de esquerda era algo inédito em nosso país.
Parece que o país quer continuidade com mudanças, ou mudanças com continuidade. Quem nos convencer que fará isso ganha. Pessoalmente, não acredito que 2014 seja já a vez de Aécio; mas sua estratégia é boa, e o é porque deve muito a este artigo de FHC, que merece ser lido por quem ainda não o conhece. E fica o alerta para o PT. O desafio aumenta. Não vai ser fácil guardar a hegemonia política no país.
Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo. Escreve às segundas-feiras
E-mail: rjanine@usp.br


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Julio&Gina - Caco Galhardo

folha de são paulo

Tablet ajuda a ensinar crianças, diz diretora; outros educadores rejeitam a novidade

folha de são paulo
RODOLFO LUCENA
DE SÃO PAULO

Depois de terem conquistado corações e mentes de crianças, adolescentes e adultos pelo mundo afora, os tablets se voltam para um mercado sempre em expansão: o fabuloso mundo dos bebês. Cidadãos ainda não alfabetizados ou que mal conseguem enrolar algumas palavras encostam suas mãos gorduchinhas nas telas de vidro para comandar carrinhos, letras, músicas, trens e galinhas cantantes.

Fazem isso em casa, por certo, usando os aparelhos dos pais. E, cada vez mais, têm os "seus" próprios gadgets, em escolas de educação infantil que adotam o tablet como ferramenta de ensino e diversão para a meninada de menos de quatro anos.
Karime Xavier/Folhapress
Crianças usam tablet na escola Primetime, em São Paulo
Crianças usam tablet na escola Primetime, em São Paulo
"É uma ferramenta interessante porque traz um tipo de mídia com grau de interatividade que a televisão e os filmes infantis oferecem e por causa da tela sensível ao toque, que torna o uso mais fácil para as crianças. É muito intuitivo, e o bebê não se limita à atividade motora", avalia Christine Bruder, 40, diretora da Primetime, escola no Morumbi, em São Paulo, que atende crianças de até três anos e usa os aparelhos desde o ano passado.
Os resultados são positivos, afirma Jacqueline Cappellano, 40, coordenadora das turmas de dois a quatro anos da Escola Internacional de Alphaville, que também passou a usar as tabuletas eletrônicas no ano passado. "A gente sabe que as crianças aprendem de forma diferente. Um conteúdo que você não consiga atingir por meio de uma estratégia dentro da sala de aula, usando material concreto, consegue que a criança entenda por meio da tecnologia", diz ela.
A turminha adora. No Colégio Brasil Canadá, em Perdizes, crianças de três anos sentam em roda para brincar com o tablet, e o uso do aparelho se torna uma experiência coletiva: estão todos conectados a um sistema de televisão, e o grupo acompanha pela tela grande, por exemplo, quando um coleguinha traça com o dedo o perfil de uma letra.
Editoria de Arte/Folhapress
"O uso da tecnologia faz parte do mundo deles", diz a professora Bruna Figueiredo Elias, 27. "E a interação com o mundo deles é muito importante. Percebemos que eles gostam, que se concentram."
Para isso, porém, é preciso ter os aplicativos corretos --uma busca que não foi fácil, segundo Bruder. "Os aplicativos precisariam ser algo adequado ao interesse das crianças, e não preparando as crianças para aprenderem alguma coisa."
"Até os três anos, eles aprendem pondo a mão na massa, vivendo, experimentando, com liberdade. E muitos aplicativos fechavam o bebê em 'aperte aqui', 'aperte agora', incentivando a rapidez dos movimentos ou queriam ensinar a criança a ler, a reconhecer letras, números. Demorei tempo para achar conteúdo que fizesse sentido para apresentar a um bebê", diz.
Além do controle do conteúdo, há que limitar o tempo de tablet na mão. "As crianças de dois a quatro anos têm uma aula por mês", diz Cappellano, que também delimita o horário em que suas gêmeas de quatro anos podem usar os aparelhos.
CRIANÇAS LIGADAS
O tempo que crianças passam com eletrônicos, mesmo se controlado, pode ser demais, dizem alguns educadores.
"Nós não usamos aqui, dentro do estabelecimento, nenhum desses instrumentais. A gente tem como filosofia que o grande aprendizado da criança na primeira infância é por meio do brinquedo. Não o brinquedo físico, mas o [ato de] brincar", conta a pedagoga Nereide Tolentino, 70, diretora da Escola da Vovó, que funciona há 36 anos e atende crianças de até seis anos em Pinheiros.
"Se a gente coloca a criança na [frente da] televisão ou no computador ou qualquer um desses joguinhos em que ela só aperta botão, ela não tem de criar nem imaginar nada", reforça Valéria Rocha, 39, diretora do Quintal do João Menino, escola maternal e jardim para crianças de um ano e meio a seis anos, na Vila Madalena.
Independentemente de divergências de filosofias pedagógicas, há que ter cuidado com a oferta de tecnologia para as crianças. A Associação Americana de Pediatria "desencoraja" o uso de mídia eletrônica por menores de dois anos e a colocação de aparelhos de TV no quarto de crianças. Em um documento sobre o assunto, a entidade cita estudos que encontraram efeitos negativos no desenvolvimento intelectual infantil.
Outros estudos indicam que poucas pessoas nos EUA deram ouvidos às recomendações dos médicos: levantamento realizado pela Common Sense Media em 2011 mostrou que 30% das crianças com menos de um ano têm televisão no quarto.
Nenhuma das escolas ouvidas pela Folha oferece os aparelhos para crianças com menos de dois anos. E dizem que a experiência precisa ser sempre monitorada.
"As atividades com tablet não podem substituir explicações do professor; as brincadeiras com tablets não podem e não devem substituir as entre as crianças; o contato físico com amigos reais é mais importante --e imprescindível", diz Bruna Elias.

Mesmo antes de falar, bebê já distinguia aplicativos em tablet, conta mãe blogueira

folha de são paulo
RODOLFO LUCENA
DE SÃO PAULO

Lucas, 2, convive com a tecnologia desde antes de nascer. Quando sua mãe descobriu que estava grávida, abriu um blog para registrar a nova vida; mais tarde, ela colocava músicas do aplicativo do YouTube para o bebê ouvir na barriga e observava os movimentos em reação a elas. Hoje, o garoto já se diverte sozinho com alguns aplicativos.
"O nascimento de Lucas foi uma boa revolução na minha vida", diz Vanessa Cavasotto Leite, 36. Formada em turismo e atualmente estudando direito em Criciúma (SC), ela conta nesta entrevista, realizada por e-mail, um pouco sobre seu uso da tecnologia.
*
Folha - Quando você começou a oferecer para o Lucas brinquedos tecnológicos?
Vanessa Cavasotto Leite - Os gadgets fazem parte da nossa rotina, estão presentes na nossa volta, então o Lucas sempre teve acesso a eles. Primeiro com o celular (iPhone) e em seguida com o tablet (iPad). Ele começou a usá-los com sete meses.
Como se desenrolou a interação dele com o tablet?
Quando bebê, na maioria das vezes, ele esperava que a gente interagisse por ele com o aplicativo [de smartphone]. Com o tablet, ele já conseguia encontrar o aplicativo mais facilmente e escolher ativamente, com a própria mãozinha, virar páginas, fechar aplicativo e escolher outro.
Mesmo antes de falar, quando balbuciava palavras, ele já pedia um ou outro aplicativo, expressando suas preferências. Antes, ele pedia muito pelo aplicativo da Galinha Pintadinha, mas hoje ele é bem mais ativo no tablet: gosta dos apps com os quais ele pode interagir, como os de quebra-cabeça, jogos de memória e historinhas interativas.
Há restrições?
Não estipulamos um limite de tempo de uso do tablet, mas, em geral, o Lucas não fica mais que 30 minutos consecutivos brincando com ele. Ele cansa e volta para os carrinhos -que ainda são seus brinquedos preferidos.
Arte Folha
Aplicativos de Lucas
Aplicativos de Lucas

Missão cumprida - Carlos Herculano Lopes‏

Ávido por boas histórias, o público prestigiou o Fórum das Letras, realizado durante quatro dias em Ouro Preto. A próxima edição do evento literário mineiro discutirá escritas em transe 


Carlos Herculano Lopes

Estado de Minas: 03/06/2013 


Na bela e fria manhã de domingo, choveram versos em Ouro Preto. Desde quinta-feira, leitores, autores e editores participaram da nona edição do Fórum das Letras, encerrada ontem. Das torres da Basílica de Nossa Senhora do Pilar caíram centenas de folhetos coloridos com versos do poeta mineiro Affonso Ávila (1928 – 2012), extraídos do livro Cantaria barroca (1975).
 
Organizada pelo escritor ouro-pretano Guilherme Mansur, a tempestade poética fez a alegria da criançada e encantou os adultos. “Que coisa linda! Vou levar meu papelzinho para casa”, comemorou a pequena Tainá, que mora em Mariana. A paulista Andreia Bizzuti, que visitava Ouro Preto pela primeira vez, já decidiu: no ano que vem, voltará à cidade. Ao lado do marido, que fotografava tudo, Andreia queria saber onde encontrar os livros de Affonso Ávila. É justamente este o objetivo do fórum mineiro: despertar o interesse das pessoas pela literatura.

Por quatro dias, a antiga capital de Minas Gerais ofereceu eventos gratuitos a moradores e turistas – vários deles ficaram lotados. Sábado, no Grêmio Literário Tristão de Ataíde, jornalistas contaram ao público alguns segredos da boa reportagem. Audálio Dantas, Danilo Venticinque e Ivan Marsiglia defenderam a presença das boas histórias em jornais, revistas, TVs e demais veículos de imprensa.

“Às vezes, podemos contar uma boa história com concisão, em poucas palavras, mas isso não quer dizer que não possamos escrever matérias extensas e que demandam tempo, como fiz ao longo da minha carreira”, disse o veterano Audálio Dantas, citando a reportagem que escreveu, há mais de 40 anos, sobre o Rio São Francisco. O jornalista percorreu todo o trajeto do Velho Chico – da nascente, na Serra da Canastra (MG), à foz, em Alagoas. “Alugamos um barco e até uma cozinha levamos”, lembrou.

Marsiglia, que aproveitou para autografar seu livro A poeira dos outros (Arquipélago), garante: ao contrário do que pode parecer, as pessoas querem, cada vez mais, ler boas histórias de não ficção. “Entretanto, por falta de espaço nos jornais, essas histórias têm se refugiado nos livros”, disse. O jornalista é autor de reportagem premiada, publicada em seu livro, sobre a casa em Petrópolis (RJ) onde a militante de esquerda Inês Etiene Romeu foi torturada durante vários dias por agentes da ditadura militar, no início década de 1970.

Outra palestra concorrida foi a do jornalista Mino Carta, no Cine Vila Rica, com mediação de Maurício Dias. Muito aplaudido ao chegar, Carta autografou o livro Brasil (Record) e falou sobre sua trajetória. Italiano, chegou ao país “menino de calças curtas” e testemunhou importantes momentos da história política do país.

Para o veterano repórter, o Brasil ainda padece das consequências da ditadura militar. Mino Carta advertiu: “Não foi só uma ditadura militar, mas também civil, pois teve amplo apoio das elites brasileiras, os chamados donos do poder.” Com a chegada do PT ao poder, muita coisa mudou para melhor no Brasil, na opinião dele. Para Mino, Lula conseguiu criar uma política internacional independente, “que tirou o país do quintal dos Estados Unidos”, e Dilma, apesar da crise, está conseguindo levar essa política adiante.

PREÇO O pequeno acesso do cidadão brasileiro ao livro foi tema de debate no Espaço Sesc, montado no anexo do Museu da Inconfidência. Os editores Ivan Pinheiro Machado (L&PM), Sílvia Leitão e Ivo Enoc (Record), com mediação de Sérgio França, discutiram as formas de baratear o produto. Para Machado, um dos caminhos é investir no formato de bolso. “Infelizmente, ainda há grande preconceito por parte da elite e da imprensa em relação a esse segmento”, lamentou.

Silvia Leitão argumentou: independentemente do formato, o que vem em primeiro lugar é o livro ser benfeito. “Uma boa produção, com texto integral e capa bem trabalhada, ajuda muito a despertar o interesse das pessoas pela leitura”, garante ela.

Outro bate-papo reuniu a agente literária Lúcia Riff e o romancista Flávio Carneiro, que conversaram com o público sobre o interesse dos estrangeiros em relação a escritores brasileiros. Representante de 70 autores, muitos deles com obras publicadas no exterior, Lúcia afirmou que a demanda atual se volta para clássicos nacionais e histórias exóticas. “De uns tempos para cá, estamos dando um grande azar. A crise econômica dificulta muito a venda de autores brasileiros na Europa”, lamentou.

2014 na mira

Coordenadora do Fórum das Letras, Guiomar de Grammont, professora da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e editora de autores nacionais da Editora Record, informou que a 10ª edição do evento terá o tema “Escritas em transe”. O evento já foi marcado para setembro de 2014. Para Guiomar, o fórum reforçou sua importância no calendário cultural brasileiro. O encerramento oficial foi marcado para quarta-feira, às 20h, com o espetáculo Recital à brasileira, com Elisa Lucinda e Geovana Pires, no Teatro de Bolso Júlio Mackenzie, no Sesc Palladium, em BH.


Nasce um talento

Carlos Herculano Lopes


Laura Novaes, de 15 anos, é aluna do Colégio Santo Agostinho, em Belo Horizonte. O Fórum das Letras, contou a adolescente, foi um grande acontecimento em sua vida. Desde pequena, ela sonha ser escritora, e o encontro ouro-pretano só veio reforçar essa convicção.

“Com uma história policial, já ganhei um concurso internacional promovido pela escritora americana Meg Cabot”, orgulha-se Laura, que circulava entre eventos do fórum com dois livros debaixo do braço, devidamente autografados: Longe de Manaus, de Francisco Viegas, e Ler o mundo, de Affonso Romano de Sant’Anna.

O casal Daniela Fonseca, jornalista, e Márcio Liberato, administrador de empresas, foi de Divinópolis para Ouro Preto com o objetivo de participar do fórum. “Estou aqui não só porque adoro literatura, mas para conseguir boas notícias para o meu blog. Apesar de terem vindo poucas estrelas a esta edição, com exceção de Adélia Prado, as discussões foram melhores do que as do ano passado”, garantiu Daniela.