segunda-feira, 24 de junho de 2013

Cientistas apontam novos usos para os drones e debatem privacidade

folha de são paulo
DE SÃO PAULO

Uso de drone pela Folha repercute no 'WSJ'; site suspeitou ser um óvni



O emprego de um drone (veículo aéreo não tripulado) dotado de aparato de filmagem pela Folha repercutiu em umareportagem do "Wall Street Journal", no qual é destacado o uso da "última tecnologia para captar imagens" dos protestos.
O site "Ghost Theory", também estrangeiro, publicou umartigo em que classificava o equipamento como um "óvni misterioso" --antes de identificá-lo.
O mistério também foi noticiado pelo site "Huffington Post".
"Enquanto os brasileiros saíram para protestar contra os gastos causados pela Copa do Mundo de 2014, havia algo de estranho acontecendo no céu de São Paulo", escreveu o "Ghost Theory", que também divulgou um vídeo --agora indisponível-- do "óvni".



STEVEN POOLE
DO "GUARDIAN"

GuardianCom o programa americano de monitoramento de dados, as câmeras de vigilância e o novo Google Glass, parece que não haverá como escapar aos olhos da alta tecnologia. Mas talvez venhamos a considerar este "um tempo dourado", de relativa privacidade, antes que as aeronaves de vigilância de pilotagem remota (os chamados drones) saiam em enxames invisíveis pelo ar, gravando todos os nossos movimentos.
Isso pode soar futurista, mas não está distante de acontecer. Na conferência mundial de tecnologia e design TEDGlobal, em Edimburgo, cientistas e pensadores discutiram seriamente a ética do uso de drones, em um futuro digno da ficção científica.
Os drones podem ser usados para bombardear pessoas --o uso militar e as mortes causadas por ele, de fato, é o mais conhecido--, mas também podem ser usados para contar orangotangos ameaçados na selva.
A palavra drone (que em inglês significa zangão, zumbido, conversa mole) foi escolhida para designar os VANTs (veículos aéreos não tripulados, em português, ou UAV, em inglês) para causar aversão. Ninguém gosta de sentar ao lado de alguém que fala sem parar, ou pensar em uma abelha zumbindo no seu ouvido.
Ilustração Elder Galvão
E justamente pensando nisso, cientistas da Universidade Harvard (EUA) já criaram um robô que toma por modelo uma borboleta, do tamanho de uma mosca, e deram a ele o nome de RoboBee. É feito de fibra de carbono, pesa menos de um grama e bate minúsculas asas robotizadas.
A peça ainda precisa estar acoplado a uma fonte de energia, mas dentro de alguns anos ele poderá voar livremente. As futuras gerações do RoboBee carregarão minúsculas câmeras para registrar intrusivamente imagens de pessoas comuns e celebridades. Os paparazzi não terão mais de se esconder nas moitas; poderão ficar em casa, usando seus iPad Nano para controlar drones.
E este é o lado bom: os drones são apenas robôs, e robôs podem ser programados para fazer o bem ou o mal. O pai do RoboBee, o cientista Kevin Ma, sugeriu que robôs semelhantes poderiam ser usados em "operações de busca e salvamento", voando em espaços confinados ou destruídos para procurar sobreviventes. Ou ainda em "monitoração ambiental", equipados com sensores para detectar traços de produtos químicos, por exemplo.
Outro programa apresentado na TEDGlobal, por Andreas Raptopoulos, vai na mesma linha: ele planeja usar drones para entregar suprimentos, médicos e de outra ordem, rapidamente a pessoas que precisam de atendimento urgente em áreas de calamidade --o sistema foi experimentado no Haiti, depois do terremoto de 2010.
O desafio dos drones não é que tenhamos de escolher entre os usos positivos e negativos para eles, mas sim o de que todos esses usos --e outros que ainda não foram concebidos-- acontecerão simultaneamente, em um futuro próximo no qual drones serão um recurso genérico.
Hoje, por cerca de R$ 1.000, já é possível comprar um "quadricóptero" que voa e transmite vídeo ao seu celular --o instrumento usado para controlar o voo. Daí para a invasão de privacidade do vizinho, é um pulo.

Drone em SP

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Danilo Verpa/Folhapress
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Drone utilizado pela TV Folha para gravar imagens das manifestações é demonstrado na praça Charles Miller, em frente ao estádio do Pacaembu, em São Paulo; uso doméstico do drone aumentaLeia mais
Na democracia dos drones que está por vir, as possibilidades são ilimitadas. Pais preguiçosos poderão usar drones de carga mais robustos para levar as crianças à escola? Os futurólogos dizem que sim,
Do lado negativo, será mais fácil para alguém explodir coisas de longes, remotamente.
Os céus do futuro parecem de fato movimentados. Talvez tenhamos uma guerra de drones constante em nosso ambiente, com drones antibombas tomando por alvo os drones bombardeiros, e drones ambulância, carregados de equipamento médico, em cenas de acidentes ou de ataques feitos por outros drones.
Tradução de Paulo Migliacci

Missão é transmitir dados complexos de forma intuitiva, diz brasileira que trabalha do Google

NATASHA FELIZI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO
A brasileira Fernanda Viégas, 42, comanda ao lado de Martin Watterberg o grupo 'Big Picture', dedicado à pesquisa e desenvolvimento de ferramentas de visualização de dados no Google.
É dela o Google+ Ripples (ou Google Eco, no Brasilbit.ly/googleeco ), lançado em 2011, que mostra a trajetória de compartilhamento de um link desde que foi postado.
Ao olhar para o gráfico, um círculo central mostra o nome do usuário que originalmente postou o conteúdo. Ao redor dele, círculos menores indicam quem compartilhou.
No Rio, Fernanda falou com a Folha sobre como seu trabalho ajuda a entender os novos fluxos de informação.
Ela não quis falar sobre o impacto disso na privacidade dos usuários. Por meio da assessoria de imprensa, o Google disse tratar-se de uma prioridade e que "centenas de milhões de dólares são investidos todos os anos".
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Divulgação
A brasileira Fernanda Viégas lidera o grupo de pesquisa de visualização de dados Big Picture, no Google
A brasileira Fernanda, 42, que trabalha no Google
RAIO-X - FERNANDA VIÉGAS
IDADE E ORIGEM
42 anos, brasileira
FORMAÇÃO
Bacharel em design gráfico e história da arte pela Universidade do Kansas e PhD em Media Arts & Science pelo Massachusets Institute of Technology (MIT).
CARREIRA
Desenvolveu o Many Eyes, projeto experimental de visualização de dados públicos na IBM;
Lidera o grupo de pesquisa de visualização de dados Big Picture, no Google e tem projetos artísticos diversos, vários deles exibidos em museus. Conheça o WindMap (hint.fm/wind/) e outros trabalhos.
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Pode explicar rapidamente o que mudou de dez anos para cá, com o aumento da quantidade de dados em circulação? O que se chama hoje de Big Data foi uma mudança apenas quantitativa ou também qualitativa?
Fernanda Viégas: A mudança foi quantitativa e qualitativa. É importante pensar em três dimensões quando se fala de big data.
Volume. 90% dos dados que existem hoje foram criados nos dois últimos anos; ou seja, o crescimento é exponencial. Hoje temos dados sendo gerados em contextos que não existiam antes: texto vindo de redes sociais, dados recolhidos por sensores, transações comerciais, etc.
Variedade. Há estimativas mostrando que cerca de 80% dos dados de empresas hoje não são numéricos. Isso significa uma variedade grande de formatos: texto, imagens, vídeo, áudio, etc.
E Velocidade, que não se refere somente à produção de dados, mas também ao seu processamento que deve acontecer rapidamente. Para processos em tempo real, como monitoramento de fraude por exemplo, os dados têm que ser processados como um stream em tempo real.
De que maneira esse fenômeno teve impacto sobre a visualização? E como é possível garantir a veracidade dos dados quando usamos ferramentas de visualização? Uma curva de dados pode revelar algumas coisas enquanto oculta outras, certo?
Hoje há muito mais dados disponíveis na web. Vários governos têm iniciativas para publicação de dados na rede. Cientistas também estão disponibilizando muitos dados de pesquisa. A tarefa de visualização tem se tornado um pouco mais fácil devido à criação de ferramentas gratuitas. Hoje há ferramentas de visualização que visam desde o usuário leigo (e.g. Many Eyes) até o desenvolvedor (e.g. d3.org, processing).
A visualização traz a vantagem de ressaltar claramente certos erros numa base de dados, por exemplo. Também é importante haver sempre uma conexão entre a visualização e os dados brutos para que se possa checar quaisquer dúvidas que surjam sobre a informação sendo mostrada.
Como diferenças culturais influenciam nossa interpretação de dados? E na criação de visualizações?
Diferenças culturais podem afetar a interpretação de visualizações de dados de maneira sutil. Um exemplo clássico se refere a leitura das cores. Enquanto o vermelho para nós significa perigo ou alerta, em alguns países asiáticos essa cor é bastante positiva, representando felicidade e coisas boas.
Como são criadas visualizações de streaming data, quando você não sabe que dados existem até ter esses dados?
Um dos maiores desafios quando visualizamos dados em tempo real é a variedade na amplitude. Sempre que desenhamos uma visualização, levamos em conta os valores mais altos e mais baixos dos dados. A ideia é que a variação de valores fique clara nas imagens que criamos. Quando lidamos com streaming data, nem sempre sabemos quais serão os valores extremos a cada momento.
O que você tem desenvolvido no Google? Quais são as particularidades desse trabalho?
Nossa missão no Google é criar visualizações que transmitam informações complexas aos usuários de maneira intuitiva. Já lançamos o Google+ Ripples, uma visualização que mostra como links se tornam virais na rede social. Também lançamos o YouTube TrendsMap, que mapeia os vídeos mais assistidos nos EUA em tempo real.
No Brasil ainda não temos uma cultura forte de disponibilização de dados abertos. Enxerga algum caminho para melhorar isso?
O Brasil já começou a dar os primeiros passos em prol da abertura de dados. Com a criação do dados.gov.br, o governo brasileiro abriu um diálogo com a população e reconheceu nesses dados um bem público.
Você disse que acredita que a visualização pode ser um meio que apela à emoção...
A visualização de dados é uma maneira de entendermos o mundo a nossa volta. Há dados impessoais mas também há muitos dados emocionais. Quando visualizamos nossas conversas com familiares, por exemplo, criamos um mapa íntimo de nossas vidas.
Há alguns anos atrás, o New York Times publicou uma visualização chamada "Faces of the Dead", que mostra o rosto de todos os soldados americanos mortos na guerra com Iraque e Afeganistão. A visualização é atualizada todos os dias, mostrando que as mortes continuam até hoje.



Quadrinhos

folha de são paulo
CHICLETE COM BANANA      ANGELI
ANGELI
CHICLETE COM BANANA      ANGELI
ANGELI
DAIQUIRI      CACO GALHARDO
CACO GALHARDO
NÍQUEL NÁUSEA      FERNANDO GONSALES
FERNANDO GONSALES
MUNDO MONSTRO      ADÃO ITURRUSGARAI
ADÃO ITURRUSGARAI
BIFALAND, A CIDADE MALDITA      ALLAN SIEBER
ALLAN SIEBER
MALVADOS      ANDRÉ DAHMER
ANDRÉ DAHMER
GARFIELD      JIM DAVIS
JIM DAVIS

País em Protesto: Virou aula - Sabine Righetti

folha de são paulo
PAÍS EM PROTESTO
Virou aula
Disciplinas como história, português e sociologia discutem as manifestaçõespelo país; segundo professores, a demanda parte dos próprios alunos, que querem entender o que está acontecendo
SABINE RIGHETTIDE SÃO PAULOSe está difícil para os adultos entenderem o que está acontecendo nas manifestações que tomaram conta do país nos últimos dias, está mais complicado ainda para as crianças e os adolescentes.
A demanda dos jovens por mais informações é tão grande que algumas escolas de São Paulo passaram a debater o tema em aulas de disciplinas como história, geografia e redação.
"Abrimos espaço na aula para contextualizar o que está acontecendo. Os estudantes traziam muitas questões", diz Walter Maejima, professor de geografia do São Luís.
A professora de história do colégio Santo Américo, Raquel dos Santos Funari, sentiu a mesma demanda.
"Eles querem saber o que está acontecendo. Relacionei o tema em aula com manifestações que aconteceram na Europa no século 18", conta.
Folha acompanhou uma aula de sociologia no 2º ano do ensino médio no colégio Santa Maria para ver como as manifestações estão sendo tratadas em classe e quais são as questões dos estudantes.
De acordo com o professor e antropólogo Bernardo Fonseca Machado --que escrevia na lousa palavras como "alfabetização política", "transporte" e "partidos"--, o interesse dos alunos é crescente.
"Quando comecei a lecionar aqui, os alunos nunca tinham participado de nenhuma manifestação. Hoje isso mudou." Da turma do 2º ano, 10% dos alunos estiveram nos protestos recentes.
Alguns até reclamam por não terem estudado o tema mais cedo. "Deveríamos ter discutido essas questões [como alfabetização política] antes de as manifestações começarem", disse João Pedro Martins, 16. Os alunos concordaram com a cabeça.
REFLEXÃO POSITIVA
Para a psicopedagoga Neide Barbosa Saisi, da PUC-SP, essa reflexão nas escolas e em casa é "bastante positiva".
"O que é democracia? O que é participar? Qual é a função da PM na sociedade? Essas questões podem ser debatidas em aula", explica.
Os alunos, especialmente do ensino médio, relatam os professores, são os mais ansiosos por informações.
"Muitos deles trazem a opinião dos pais", conta a professora de redação Roberta Baradel. Ela dá aula no Arbos, da rede Uno Internacional, e na escola municipal Oscar Niemeyer, entre outras escolas de São Caetanos do Sul. "Depois do debate, muitos mudam de ponto de vista."
Mas o assunto não está apenas na sala de aula. Na Escola Internacional Alphaville, por exemplo, os alunos têm se reunido em uma espécie de assembleia, no horário de aula, para discutir o tema.
E fora da escola? Pais e professores devem incentivar os estudantes a participarem dos protestos nas ruas?
"Como mãe, teria medo. É preciso mostrar que há um risco", diz Saisi, da PUC-SP.

    Rejeição de interlocutores ameaça legado dos protestos

    folha de são paulo
    ANÁLISE
    LUCIANA COELHODE SÃO PAULOOs manifestantes que saíram às ruas do Brasil nas duas últimas semanas têm lições a tirar do Occupy Wall Street, movimento que chacoalhou o debate político nos EUA em 2011 e 2012 e desde então viu sua relevância se dissipar sem legado maior.
    A maior delas: por mais poderosa que seja uma massa, ela não pode se dar ao luxo de rejeitar interlocutores.
    A dimensão e a ressonância dos protestos, a polarização política dos dois países e a pulverização de demandas tornam a comparação automática (e, sim, lá houve vandalismo por uma minoria, mas menos disseminado).
    Tanto que na última semana o Occupy publicou em seu site um texto de apoio ao movimento brasileiro.
    Outro ponto comum foi ter criado um debate sobre realidades distintas.
    No caso americano, sobre a desigualdade, por muito tempo assunto restrito ao círculo acadêmico e de ativistas.
    No brasileiro, a cola por trás do quebra-cabeças é menos clara, mas pode ser resumida, talvez, na dissonância entre o país que virou "hype" em manchetes internacionais e aquele onde ainda há muito a consertar.
    O fato de a sensação sobrepor-se à mensagem pode ser um começo ou um fim.
    Nos EUA, foi um fim. Em outubro de 2011, quando o movimento americano tinha apenas um mês de vida, a Folha ouviu de um líder de sua ala de Washington que o objetivo, naquele primeiro momento, era "atrair as pessoas para a conversa", pois o país até então só "exigia soluções sem debater os problemas".
    ESQUERDA
    O recado, nos EUA, guardava clara identificação com a esquerda, sob a bandeira da desigualdade crescente, e era alimentado por recém-formados desempregados.
    Tomava como alvo o sistema financeiro, simbolizado pela rua que abriga a Bolsa de Valores de Nova York, Wall Street, perto da qual os manifestantes acamparam.
    No Brasil, a insatisfação ainda soa geral e genérica, assim como a massa que lhe deu voz. No primeiro momento, isso tem facilitado a adesão. Em um passo seguinte, arrisca transformar tudo em ruído.
    A horizontalidade da liderança e o crescimento orgânico dos protestos também repetem a versão americana. Nos EUA, nunca se forjou uma lista de demandas nem se conseguiu estabelecer interlocutores. Havia assembleias onde a insatisfação contra o "sistema" era palpável, mas nunca organizada em metas ou prioridades.
    Políticos eram rejeitados em bloco, o que impediu o estabelecimento de diálogo.
    Aos 21 meses de vida, o movimento pouco aparece na mídia. Quando é discutido, a história contada é a da crise de identidade adolescente de uma criança promissora.

      Pequenas editoras se viabilizam com tiragens reduzidas

      folha de são paulo
      RAIO-X MEI
      Condições
      Faturar até R$ 60 mil ano e ter até um funcionário
      Quem pode
      cabeleireiro, artesão e padeiro, entre outros
      Tributação mensal
      De R$ 34,90 a R$ 39,90
      Empresas oferecem impressão sob demanda, a partir de cinco exemplares
      COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
      Ao mesmo tempo em que cresce a publicação de livros digitais, pequenas editoras apostam em livros de papel e autores estreantes.
      Para isso, trabalham com pequenas tiragens ou impressão sob demanda.
      O serviço favorece principalmente acadêmicos, que podem imprimir material para seus alunos ou publicar suas pesquisas. Também atende a nichos de mercado com menor demanda.
      Jaime de Andrade, 71, da gaúcha Cidadela Editorial, teve uma gráfica falida nos anos 1970. E ficou com muitos livros que os autores que imprimia não venderam.
      Agora faz um número mínimo de cinco cópias --a impressão é realizada em equipamentos digitais. O mais trabalhoso, diz, é costurar a capa à mão.
      A Multifoco, do Rio de Janeiro, surgiu como resultado de um trabalho de graduação em jornalismo. Leonardo Simmer, 32, queria publicar uma revista que tinham produzido especializada em polo aquático. Percebeu que, como o público é restrito, não seria viável trabalhar com as tiragens praticadas pela maioria das editoras.
      Em 2009, a empresa se instalou em uma casa no bairro da Lapa, utilizada para fazer lançamentos de seus autores e eventos musicais.
      A editora trabalha com uma tiragem de ao menos 30 exemplares. Antes da publicação, são feitas análise e seleção do material enviado. Leonardo diz que, dos cerca de 200 livros que recebe por mês, 50 são lançados.
      DIGITAL
      Na Publit, empresa que nasceu na incubadora de negócios da PUC-RJ, no início focada em trabalhos acadêmicos, os livros ficam expostos na internet e a impressão só é feita após o pedido.
      Para autores, a empresa oferece serviço customizado. Podem ser contratados serviços como revisão gramatical e conteudistas, que ajudam a escrever o livro, afirma Fernando Botto, 39, diretor comercial.
      A AlphaGraphics também atua com livros sob demanda, que são apresentados no site Agbooks e impressos nas franquias da rede. Como vantagem do modelo, Rodrigo Abreu, 39, destaca o fato de os livros expostos na internet poderem ser atualizados constantemente:
      "Essa facilidade faz muito sentido em matérias como tecnologia, ciência e direito tributário, em que as mudanças são constantes".

      Imagina se educação fosse igual a futebol

      folha de são paulo
      Gilberto Dimenstein
      Aproveitando o calendário esportivo, o Movimento Todos pela Educação lançou pelos meios de comunicação uma interessante provocação. Uma provocação que poderia ser vista como alucinação.
      Foi sugerido que imaginássemos um Brasil tão apaixonado pela escola como é pelo futebol. Já pensou se acompanhássemos o desempenho das escolas como se acompanham os campeonatos. E os pais se comportassem como uma torcida vaiando e aplaudindo.
      Podemos estar muito longe desse sonho. Mas talvez não seja alucinação.
      É o que concluo a partir das manifestações. A mais recente pesquisa Datafolha mostrou que, segundo os paulistanos, a educação deveria ser o segundo foco mais importante dos protestos (o primeiro, saúde).
      Pela pesquisa, educação está muito na frente da transporte público de qualidade ou segurança.
      Vemos também que nas manifestações a paixão pelo futebol se misturou a cobranças sobre os gastos com as arenas, vistas como desperdícios. E vieram pedidos de mais recursos para saúde e educação.
      Isso forçou a presidente Dilma Rousseff a se comprometer mais uma vez a drenar 100% do dinheiro do pré-sal nas escolas.
      O próprio fato de que cerca de 80% dos manifestantes que lançaram os protestos têm ensino superior já mostra como investir em educação consegue fazer um país mais transparente.
      Vamos virar uma nação civilizada quando for consenso de que o melhor investimento para nos tornar desenvolvidos é a escola pública de qualidade - o resto é resto.
      Aproveito o tema para mostrar uma seleção de como usar a internet para aprender sem gastar dinheiro - e com materiais de alta qualidade. Veja.
      Gilberto Dimenstein
      Gilberto Dimenstein ganhou os principais prêmios destinados a jornalistas e escritores. Integra uma incubadora de projetos de Harvard (Advanced Leadership Initiative). Desenvolve o Catraca Livre, eleito o melhor blog de cidadania em língua portuguesa pela Deutsche Welle. É morador da Vila Madalena.

      Marion Strecker

      folha de são paulo

      Raio-x


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      Novas desde 10 de junho 34.101
      Distância de ônibus 1h18min
      De carro via R. Cerro Corá 35min
      De carro via Av. Rebouças 38min
      De carro via Marginal 1h02min
      Temperatura em SP 19o
      Probabilidade de chuva 50%
      Km de congestionamento 282
      Lentidão 31,9%
      Bateria do celular 42%
      Tempo real 1 x 0
      Hora 9:36 PM
      Patologias mentais no DSM-5 45
      Camisa da seleção 7x R$ 28,56
      Faltam 353 dias para a Copa
      marionstrecker@gmail.com

      Rubens Ricupero

      folha de são paulo
      Fantasia desorganizada
      Se nossos jovens quiserem purificar o sistema político, eles terão de canalizar a insatisfação para as eleições
      Não é com as Diretas Já ou o Fora Collor que se parecem as manifestações atuais.
      Aquelas iniciativas foram enquadradas e dirigidas por líderes políticos. Possuíam objetivo único e bem definido: o fim da ditadura, o fim de um presidente. Visavam, no fundo, substituir os que detinham o poder.
      O movimento de agora é um primo pobre e muito longínquo de Maio de 68. Não apenas na maciça participação de jovens e estudantes, na caótica desorganização (Maio de 68 era bem mais estruturado), na rejeição do sistema político.
      As maiores semelhanças são de essência: não querem conquistar o poder, mas, num caso, o de 68, "mudar a vida", no outro, "mudar o Brasil".
      O Movimento Passe Livre é muito mais prosaico no ponto de partida: o protesto contra o aumento das passagens. Se desta vez o protesto "pegou", foi porque o descaso com a inflação provocou o agravamento dos conflitos distributivos, como dizem os economistas.
      O MPL não tem nem de longe a radicalidade universal do sonho utópico de Maio de 68. Tampouco se compara com os parisienses no sopro poético de buscar no Manifesto Surrealista a inspiração para inesquecíveis slogans como: "Seja realista: exija o impossível!".
      Não obstante, os manifestantes brasileiros não carecem de virtudes estimáveis. Restabeleceram o exercício direto da cidadania, demonstraram que o mar de corrupção não afogou a consciência moral dos jovens, revelaram senso de hierarquia de valores e prioridades superior ao de um governo empenhado em anestesiar os cidadãos com o desperdício circense da Copa.
      Onde os nossos jovens se meteram num beco sem saída foi na rejeição em bloco de toda a política. Se quiserem purificar o sistema político, terão de enfiar as mãos na massa, canalizar a insatisfação para as eleições, único meio legítimo de conquistar o poder e mudar a sociedade.
      Os discípulos de Marcuse não queriam virar governo por crerem que todo poder é dominação e alienação. Condenaram-se à impotência e ao niilismo: não é de surpreender que tenham dado lugar aos movimentos terroristas dos anos de chumbo.
      Nosso movimento é uma manifestação a mais da crise mundial da democracia representativa. A saída, porém, está em construir mecanismos de participação direta que corrijam os desvios do sistema. Como, por exemplo, o "recall", a revogação do mandato pelos eleitores.
      Não será fácil, mas um foco claro como esse é mais exequível do que esperar que um sistema irremediavelmente sórdido e corrupto se reforme sem pressão irresistível do povo.
      A euforia das passeatas, a intoxicação de se sentir ator e sujeito do próprio destino, traz de volta o que ensinavam os gregos: a mais nobre expressão da vida humana é participar do governo da cidade. Para isso, é preciso ter, como dizia Celso Furtado, uma "fantasia organizada".
      Não se pode ter manifestação sem itinerário, sem segurança que elimine os provocadores, sem respeito à liberdade e propriedade alheia.
      Na falta disso, cai-se no "espontaneismo". Na Espanha, espontâneo é aquele entusiasta de tourada que salta na arena para tourear com o paletó. Quase sempre acaba em tragédia e chifrada...

      Painel - Vera Magalhães

      folha de são paulo
      Diário de bordo
      Dilma Rousseff vai voltar atrás parcialmente na decisão que tornou sigilosos todos os dados sobre gastos de viagens presidenciais, anunciada no fim de maio. Pressionada pelos protestos em todo o país, que exigem transparência no gasto público, a presidente vai anunciar, juntamente com outras medidas, que serão liberadas as informações sobre suas despesas, do vice Michel Temer, de ministros e assessores. Ficarão sob sigilo apenas os custos e as informações relativas à segurança.
      -
      Discurso... Presidente do PSDB e virtual adversário de Dilma no ano que vem, Aécio Neves procurou os governadores e prefeitos de capitais para fechar uma pauta do partido para a reunião de hoje com a presidente.
      ... próprio A lista incluirá propostas administrativas e nos campos ético e político. O senador diz que os protestos permitem debater o pacto federativo, contra o que chama de ''centralismo da União''.
      Gol contra Aécio aponta oportunismo de Dilma ao dissociar o governo dos gastos com a Copa. "Ela passou seis meses inaugurando estádios como se fossem seus para agora dizer, erradamente, que não há recursos federais.''
      É a política Governadores do PT, capitaneados por Jaques Wagner (BA), devem tentar avançar hoje na discussão da reforma política. Ele defende financiamento público de campanhas, fim das coligações proporcionais e coincidência das eleições.
      Timing Dilma avisou a Luís Roberto Barroso que não irá à sua posse no STF, marcada para quarta-feira, assim como não foi às dos demais ministros nomeados por ela. O Planalto tem grande preocupação com a solenidade, que coincidirá com uma passeata contra a corrupção e com o jogo Brasil x Espanha.
      Sem saída O acesso ao Supremo é facilmente bloqueável caso o ato feche a Praça dos Três Poderes. Na sexta, Joaquim Barbosa conversou com Barroso. Decidiram manter a data da posse.
      Cadê? Políticos notaram o silêncio da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), que foi protagonista em atos na ditadura militar, nas Diretas-Já e no Fora Collor, diante da atual onda de protestos.
      Nas nuvens Fernando Haddad (PT) e Guido Mantega (Fazenda) viajarão juntos hoje a Brasília. A carona mostra que foi superado o mal-estar depois que o ministro vetou novas desonerações fiscais sobre transportes, pedidas pelo prefeito para viabilizar o recuo no reajuste da passagem de ônibus.
      Figurino O PT passou a ver as candidaturas de Lindbergh Farias (RJ) e Alexandre Padilha (SP), ambos na faixa dos 40 e ex-líderes dos caras-pintadas em 1992, como um meio para tentar atingir a juventude cética com o partido.
      Fogueira Padilha está "sob grande pressão" com a reação aos protestos que será lançada hoje, segundo quem acompanhou as conversas no fim de semana. Terá a chance de viabilizar sua candidatura com o programa Mais Médicos e as demais medidas para a saúde, mas se inviabilizará caso elas não decolem.
      Doutor acordou Joga contra o ministro a forte oposição do setor ao programa de ''importação'' de profissionais para atuar no Brasil. Entidades marcaram para quarta-feira atos em todo o país contra o projeto.
      Caixa-preta O prefeito de Salvador (BA), ACM Neto (DEM), mandou a área técnica do governo preparar para divulgação urgente a planilha com os custos e os repasses para empresas de ônibus. Na capital baiana, o serviço de transporte passará pela primeira licitação neste ano.
      com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
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      TIROTEIO
      "Pauta do uso do dinheiro público não é de direita nem de esquerda. Questão da ética antecede a filiação partidária."
      DO GOVERNADOR JAQUES WAGNER (PT-BA), para quem o combate à corrupção passa por maior transparência e pela reforma política para melhorar o sistema.
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      CONTRAPONTO
      Agruras de um prefeito anônimo
      Às voltas com os protestos em Curitiba, o prefeito Gustavo Fruet (PDT) ainda enfrentou na semana passada as piores chuvas do ano. No sábado, foi à região mais afetada, na divisa com Araucária, para uma vistoria. Como chovia muito, vestiu uma capa amarela da Defesa Civil.
      --Você aí, me ajuda aqui a colocar minha moto ali em cima --disse um motoqueiro preso na enchente.
      Fruet, sem se identificar, atendeu o pedido.
      --Mais para a direita --reclamou o motoqueiro.
      Um assessor quis dizer quem era, mas Fruet o conteve.
      --Deixa pra lá. Mas nunca mais visto essa capa...