sexta-feira, 26 de julho de 2013

Assange lança candidatura ao Senado da Austrália

folha de são paulo
WIKILEAKS
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS - O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, 41, lançou ontem sua candidatura ao Senado australiano. Ele também apresentou outros seis candidatos de seu recém-criado Partido WikiLeaks para a eleição, em setembro. A porta-voz da agremiação disse que Assange "quer retornar à Austrália para ocupar sua cadeira" caso seja eleito.
Desde junho de 2012 ele está refugiado na Embaixada do Equador em Londres, onde pediu asilo político para escapar da extradição à Suécia.
Ele é acusado de crimes sexuais naquele país, no que vê uma conspiração dos EUA para poder julgá-lo pelo vazamento de documentos secretos. A lei australiana permite que ele concorra mesmo fora do país.

Além da retórica da pobreza - CANDIDO MENDES


O GLOBO - 26/07/2013

O Papa dos confins faz, agora, ao Brasil, a primeira viagem fora do cenário de Roma, na busca da sintonia com o nosso tempo. Depois do Vaticano II, investe-se da responsabilidade de um recado, e esse não pode escapar ao profético, no magistério da Igreja. No capital de expectativa que granjeou, só reforça a sutileza nos gestos, ao lado das palavras e da visão implacavelmente pública de cada um de seus passos. Soube, já, evitar a retórica fácil da simplicidade, no manter um cotidiano, tão seu, do ex-arcebispo de Buenos Aires, no descarte do luxo pontifício, desde a troca da cruz peitoral.

Na fidelidade ao Vaticano II, avulta frente aos seus predecessores que vieram ao Brasil, no descarte da teologia da libertação, de João Paulo II, e nas limitações da retomada ecumênica, com Bento XVI. O novo papado pede, mais que tudo, e para além de uma correição doutrinária, a prospectiva, inseparável de um primeiro recado e do direito à expectativa do povo fiel. A atualidade da palavra não está na repetição do corpus tradicional, mas na vitalização da esperança, que só nasce do concreto, do nosso ser no mundo , e de sua consciência para além da purga do mal-estar cotidiano. Por força, o timbre da mensagem se esbaterá, na simples repetição dos interditos da doutrina, da condenação do aborto, das limitações da eugenia, ou do casamento homossexual.

O real que desabrocha defronta-se, na sua verdadeira tensão, na fala sobre a injustiça social, e a plangência de sua denúncia, muito mais do que na mobilização de uma humanidade para além de seus credos ou alianças, libertadas de suas ideologias.

Francisco é um herdeiro direto do Vaticano II e da guinada contra o atraso de mais de século da Igreja, na sua condenação explícita da modernidade, com Pio IX e Pio X. A força da crítica ao comunismo não se acompanhou da entrada no âmago do sistema adverso, de um capitalismo, a partir da crise de 2008, que conjugou a apropriação da prosperidade com o desequilíbrio, hoje, ínsito à sua dinâmica. Não bastará tomar o partido dos pobres, num tempo que pede os olhos de ver , e do que fazer frente, inclusive, à crescente falta de audiência dos poderes públicos, assaltados pela guerra de religiões , a retomada do enlace entre a Igreja e o Estado e o recuo dos direitos humanos.

Até onde a profecia desponta para trazer as exigências da cidadania à cristandade, prévias aos choques dos dogmas, e fiéis ao impulso fundamental do religare e às prioridades indiscutíveis de uma política de real mudança social? O Papa argentino não quer embalar a tranquilidade preguiçosa de uma cristandade alheia ao compromisso visceralmente político para enfrentar um mundo sufocado pelo consumismo e a ditadura dos seus simulacros. Fugiríamos, de vez, ao que Paulo VI identificava à Igreja pós-Vaticano II como a da conquista diurna do mais ser do homem e de todos os homens . O Papa veio à esperança pelos gestos novos da despossessão. Mas é a mais exposta das virtudes cardeais ao anticlímax, ao quietismo espiritual. Francisco, ao contrário da santidade ecológica do Poverello de Assis, quer responder ao aqui e agora de uma modernidade exilada de sua consciência.

Milagres eletrônicos - ARNALDO NISKIER


O GLOBO - 26/07/2013

As novidades, no campo da informática, são diárias. Ou mesmo de minuto a minuto se toma conhecimento de algo surpreendente, em termos de avanço científico e tecnológico.

São curas aparentemente milagrosas ou previsões de enchentes com cinco anos de antecedência, como pudemos verificar participando da 7ª Multiconferência Internacional em Sistemas, Cibernética e Informática, representando a Academia Brasileira de Letras.

O evento foi realizado na cidade de Orlando (Flórida), nos Estados Unidos, reunindo cerca de 200 especialistas do mundo inteiro, inclusive muitos brasileiros. Assistimos a apresentações espantosas, como a acessibilidade e autonomia para cegos, com o emprego do jogo de xadrez.

O mundo tem 285 milhões de deficientes visuais, dos quais 39 milhões são cegos. Hoje, graças a pesquisas intermitentes, muitos deles podem jogar xadrez via áudio, com o uso de computadores cada vez mais arrojados. A incapacidade visual está sendo tratada como questão de direitos humanos, e assim nasceu a VerWeb.

Há muito empenho em medir o desempenho dos professores em aula, valorizando-se iniciativas de inovação educativa. No México, por exemplo, com metodologias participativas, emprega-se redes sociais no ensino, com ênfase na matemática, integrando pesquisa à prática. Com bons resultados.

Novos conhecimentos são repartidos, inclusive por muitos brasileiros.

O técnico Stevan Lopes, do Instituto Nacional de Telecomunicações, mostrou em seu estudo que a interface pode ser amigável. Criou uma plataforma para simulação gráfica e análise de sinais.

Outra patrícia, a professora Ilana Souza Concílio, da Universidade Mackenzie, que trabalha com games, apresentou um aplaudido jogo para estimular o raciocínio em matemática, sabidamente matéria que apresenta graves deficiências na educação brasileira. Mostrou como o game pode valorizar o aprendizado da ciência do raciocínio.

Em outro momento, um grupo de cientistas do Instituto Manguinhos, da Fundação Osvaldo Cruz, demonstrou como são desenvolvidos medicamentos da rica biodiversidade brasileira, com vistas ao uso do SUS.

O objetivo é capacitar gestores, 700 deles com o emprego da modalidade da educação à distância, para utilizar mais adequadamente nossas famosas plantas medicinais.

Já a especialista paranaense Deisy Mohr Bauml, partindo do princípio de que o Brasil tem 1,5 milhão de pessoas com Síndrome de Down, mostrou como é possível desenvolver competências e qualidade de vida mesmo com essa deficiência.

Um encontro muito positivo, com grandes lições também sobre a segurança das informações.

Cientista implanta memória falsa em camundongo

folha de são paulo
RAFAEL GARCIA
DE SÃO PAULO

Um grupo de cientistas anunciou ontem ter conseguido implantar memórias falsas no cérebro de camundongos --procedimento que até agora estava restrito a filmes de ficção científica como "O Vingador do Futuro".
O experimento foi realizado no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e coordenado por Susumu Tonegawa, biólogo que ganhou o Nobel de medicina de 1987. A ideia ainda está muito longe de ser aplicada em humanos, mas é um avanço importante no entendimento de como o cérebro funciona.
Para fazer os roedores recordarem um evento que não tinham vivenciado, Tonegawa usou um elaborado esquema, que envolveu animais transgênicos e uso de "optogenética", técnica que ativa células expondo-as à luz.
Segundo estudo do pesquisador na edição de hoje da revista "Science", o experimento revela as estruturas do cérebro envolvidas em eventos nos quais memórias equivocadas surgem naturalmente no cérebro. Neurocientistas já sabiam que o mero ato de lembrar um acontecimento modifica a memória que temos dele, mas o mecanismo por trás disso ainda não era bem conhecido. O estudo de Tonegawa pode então abrir portas para entender isso.
A primeiro passo do experimento foi criar na cobaia uma memória comum. Pondo o camundongo numa caixa com odor de vinagre, cientistas identificaram quais células do hipocampo --estrutura cerebral ligada à formação de memória-- atuavam no registro desse ambiente. As células foram então "marcadas" por optogenética para serem ativadas depois.
Na segunda etapa, o camundongo era levado a um outro local, com cheiro de amêndoa. Nessa segunda caixa, porém, os cientistas também o atormentavam eletrificando o chão. E, ao mesmo tempo, usavam um cabo de fibra óptica para ativar os neurônios que haviam sido associados à primeira caixa.
Por fim, ao ser levado de volta à primeira caixa --ambiente que normalmente estaria associado a um local seguro, com cor e cheiro distintos da caixa onde recebeu o choque-- o animal ficava paralisado de medo.
Ele acreditava que a descarga elétrica estava por vir, pois a memória do local tinha sido artificialmente associada à do chão eletrocutado, demonstrando que a reação do roedor não se deve a um condicionamento.
Um experimento tão invasivo e estressante não poderia feito em humanos, mas os cientistas partem do princípio de que seria possível.
Ilustração Carolina Daffara/Editoria de Arte/Folhapress
RECORDAÇÃO TOTAL
Em "O Vingador do Futuro", personagens ganhavam implantes de falsas lembranças de férias, recordando lugares paradisíacos onde nunca haviam estado. Não está claro, porém, se um procedimento artificial poderia criar memórias tão complexas.
Mesmo sem aplicação prática, o trabalho de Tonegawa, porém, tem implicações filosóficas. O sucesso do experimento é uma evidência em favor da teoria dos "engramas", segundo a qual memórias são armazenadas em estruturas discretas do sistema nervoso.
Há estados específicos do cérebro que correspondem a distintos episódios de nossas vidas e só agora a neurociência está mostrando quais são.

Papa Francisco diz no Twitter que noite em Copacabana foi "inesquecível"

Folha de São Paulo

DO RIO

Papa no BrasilEm seu Twitter oficial, o papa Francisco na manhã desta sexta-feira (26) disse que a Cerimônia de Acolhida dos jovens ontem (25) na praia de Copacabana, na zona sul do Rio, foi "inesquecível", e mandou uma bênção para todos os envolvidos no evento.
Hoje, o papa tem uma extensa agenda, que começou com uma missa reservada na residência do Sumaré, onde está hospedado.
Por volta das 9h30, o sumo pontífice seguirá para a Quinta da Boa Vista, zona norte da capital fluminense, parque próximo ao estádio do Maracanã, onde ouvirá a confissão de cinco jovens da Jornada Mundial da Juventude, cada um deles representando um continente.
Às 11h30, o papa se encontra com cinco detentos no Palácio São Joaquim, sede da Arquidiocese do Rio de Janeiro, na Glória, zona sul da cidade. Às 12h está prevista uma oração do Angelus Domini, que será feita no balcão central do Palácio São Joaquim.
Depois de compromissos com o comitê organizador da Jornada e de almoçar com Dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio, o papa Francisco volta para a residência oficial, onde ficará até 17h, quando partirá de helicóptero para o Forte de Copacabana.
Às 18h começa a via-sacra com jovens na praia de Copacabana, uma representação da vida de Cristo em plena praia que é o cartão postal da cidade.
Treze palcos foram montados ao longo do trecho de 900 metros, cada um deles destinado a encenação de uma das 14 estações da Via Sacra. A última cena será representada no palco principal, montado no Leme, diante do papa Francisco.

Papa em Copacabana

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J.P.Engelbrecht/Divulgação PRJ
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Papa Francisco participa da missa da acolhida, em Copacabana, pela Jornada Mundial da Juventude Rio 2013
O PAPA NO BRASIL
Francisco encoraja luta contra a corrupção
'Nunca desanimem' diante de 'injustiças' e desvios, afirma papa em discurso para jovens de comunidade pobre no Rio
Em favela controlada por forças policiais, pontífice diz que não haverá 'pacificação' se desigualdade continuar
FABIANO MAISONNAVEENVIADO ESPECIAL AO RIONum discurso de forte conteúdo social e recheado de mensagens políticas, o papa Francisco encorajou ontem os jovens a lutar contra a corrupção e as injustiças sociais.
Visitando a favela Varginha, no Rio, que no início do ano passou a ser controlada pelas forças de segurança, o pontífice disse que nenhuma "pacificação" pode ser duradoura se as desigualdades sociais não forem corrigidas.
"Vocês, queridos jovens, possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício", disse o papa.
A fala destoou do tom pastoral que marcou seus sermões e pronunciamentos desde que chegou ao país, na segunda-feira. Até então, ele havia se limitado a tratar das questões da fé católica, sem tangenciar temas que dizem respeito ao ambiente político do Brasil nas semanas que precederam a Jornada Mundial da Juventude.
"Nunca desanimem, não percam a confiança, não deixem que se apague a esperança. A realidade pode mudar, o homem pode mudar. Procurem ser vocês os primeiros a praticar o bem."O discurso do papa foi interpretado como uma alusão à onda de protestos iniciada no país em junho.
O papa foi mais direto ao criticar políticas de combate à violência que não são acompanhadas de ações efetivas contra a desigualdade social.
"Nenhum esforço de pacificação' será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma."
Varginha é uma das favelas do Complexo de Manguinhos, um dos mais pobres e violentos da cidade. Em janeiro, ela ganhou uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). Lá havia uma das maiores cracolândias do Rio.
O papa exortou ainda em seu discurso ricos e dirigentes políticos a saber "dar a sua contribuição para acabar com tantas injustiças sociais".
Duro com os ricos e as classes dirigentes, Francisco elogiou a disposição de "colocar mais água no feijão" dos moradores da Varginha.
"Vocês sempre dão um jeito de compartilhar a comida: como diz o ditado, sempre se pode colocar mais água no feijão'! E vocês fazem isto com amor, mostrando que a verdadeira riqueza não está nas coisas, mas no coração!"
Mas, num improviso ao ler seu discurso, também fez uma breve advertência contra o consumo de álcool.
"Queria bater em cada porta, dizer bom dia', pedir um copo de água fresca, beber um cafezinho, e não um copo de cachaça, falar como a amigos de casa, ouvir o coração de cada um."

    'Estou fazendo a maior bagunça', diz papa a prefeito

    ITALO NOGUEIRA
    DO RIO
    LEANDRO COLON
    ENVIADO ESPECIAL AO RIO

    Papa no BrasilHoras antes de ser anunciada a mudança do local da missa final da Jornada Mundial da Juventude, o papa Francisco brincou com o prefeito do Rio, Eduardo Paes.
    "Estou fazendo como você falou para mim: não estou respeitando as regras e fazendo a maior bagunça. Obrigado pelo esforço que você tem feito", disse o pontífice, ao ser recebido por Paes na prefeitura ontem.
    Segundo o prefeito, o papa ainda o aconselhou sobre como acabar com a chuva que atinge a cidade desde o início da semana.
    "Ele disse: 'Tem até sol, mas está acima das nuvens'. E sugeriu mandar 12 ovos para as freiras clarissas, para santa Clara ajudar a melhorar o tempo. Vou providenciar urgente", disse Paes.
    É uma tradição católica pedir para santa Clara fazer parar de chover. Há várias simpatias: desde colocar ovos na janela e rezar à santa até levar alguns deles para as freiras clarissas.
    Paes ainda fez brincadeiras ao apresentar ao papa o coordenador técnico da seleção de futebol, Carlos Alberto Parreira, e o jogador de basquete Oscar Schmidt. O prefeito disse que ambos ganharam muito da Argentina, terra natal de Francisco.
    O pontífice foi à sede da Prefeitura do Rio para receber a chave da cidade e abençoar bandeiras olímpicas e paraolímpicas.

    Tv Paga


    Estado de Minas: 26/07/2013 


    Besteirol à moda de Cohen

    Depois de Borat e Bruno, Sacha Baron Cohen encarna o general Haffaz Aladeen na comédia O ditador (foto), que estreia hoje, às 22h, no Telecine Premium. O personagem é o líder da fictícia República de Wadiya, disposto a tudo para não deixar que a democracia chegue à sua amada nação. Quando vai a Nova York falar na ONU sobre seu programa de armas nucleares, ele é sequestrado e obrigado
    a viver a dura realidade  de plebeu.

    Ação, drama e humor
    no pacotão de cinema

    O Telecine Action segue fazendo aquecimento para a estreia de 007 – Operação Skyfall no sábado, exibindo esta tarde, às 12h15, o documentário Tudo ou nada: A história desconhecida de 007. Na concorrida faixa das 22h, o assinante tem várias opções, a começar pela versão dublada de A criança, na TV Cultura. Outras seis atrações merecem destaque: Lara, no Canal Brasil; Despertar de um pesadelo, no TCM; Dizem por aí, no Glitz; O sorriso de Monalisa, no Sony Spin; A garota da capa vermelha, na HBO 2; e O morro dos ventos uivantes, no Telecine Touch. E mais: Entrando numa fria, às 20h, no Telecine Fun; Amigos, amigos, mulheres à parte, às 21h15, no Viva; O caso dos irmãos Naves, às 21h30, no Arte 1; e Bastardos
    inglórios, às 22h35,
    no Universal.

    Bio destaca o trabalho
    dos Doutores da Alegria

    O trabalho voluntário de atores para alegrar crianças em hospitais é tema de Doutores da Alegria, que o canal Bio exobe hoje, às 17h. A produção recebeu prêmios em vários festivais, entre eles Gramado, Parati Cine, e Brazilian Festival of NY. Dirigido por Mara Mourão em 2005, o documentário relata o trabalho de um grupo de atores que se dedica a divertir e entreter crianças internadas em hospitais em São Paulo, Rio de Janeiro e Campinas. A trupe foi criada em 1991 por Wellington Nogueira.

    Extraterrestres e zumbis
    invadem THC e Nat Geo

    Outros dois documentários merecem a atenção do assinante. Às 22h, no The History Channel, Contato extraterrestre apresenta histórias sobre naves não identificadas que caíram dos céus, especialmente em Puebla, no México, e na fronteira entre Argentina e Bolívia, além do famoso caso Roswell, ocorrido em 1947, no Novo México (EUA). Às 23h45, no Nat Geo, é a vez de Armageddon, com episódio inédito que, entre outros casos, entrevista um jovem que
    está se preparando para um apocalipse zumbi.

    Gêmeos dos quadrinhos
    encaram Zé do Caixão

    O álbum Música crocante, da banda Autoramas, é o tema de hoje de O som do vinil, às 21h30, no Canal Brasil. Mais tarde, à meia-noite, em O estranho mundo de Zé do Caixão, o cineasta José Mojica Marins recebe os gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá, quadrinistas, que já tiveram obras publicadas em sete países e que falam do gosto pelo desenho, do gênero de terror e das semelhanças com o cinema.

    Palmirinha comanda
    especial do Dia da Avó    

    Hoje é o Dia da Avó, sabia? Pois o canal Bem Simples não vai deixar a data passar em branco. A emissora agendou para as 21h34 um especial com a vovó mais amada do Brasil, Palmirinha Onofre, que conta anedotas e fala de sua vida enquanto prepara pratos aparentemente deliciosos, como uma torta xadrez com goiaba.    

    O último forró ( Dominguinhos ) - Eduardo Tristão Girão‏

    Dominguinhos fez show inesquecível em Belo Horizonte, lotando o Sesc Palladium em setembro do ano passado. Quem não conseguiu entrar improvisou animado arrasta-pé na porta do teatro 


    Eduardo Tristão Girão

    Estado de Minas: 26/07/2013 

      Shows lotados não são novidade no Grande Teatro do Sesc Palladium, mas o de 2 de setembro do ano passado foi diferente. Ou melhor, especial. Marcou a última apresentação em Belo Horizonte do acordeonista e compositor pernambucano Dominguinhos, morto esta semana. Com a saúde debilitada e o tempo todo sentado, o sanfoneiro foi ovacionado ao entrar no palco e ao encerrar o segundo bis. Bravamente, levou até o fim o repertório de duas horas, como havia combinado.

    Muita gente na plateia de 1.321 lugares se levantou para dançar. O forró foi tão bom que até as centenas de pessoas que não conseguiram entrar armaram um arrasta-pé improvisado em plena Rua Rio de Janeiro, com trio tocando e tudo.

    Emblemática, a última apresentação do acordeonista ocorreu em 13 de dezembro, em Exu, no interior de Pernambuco, quatro dias antes de ser internado no Recife. Subiu ao palco para comemorar o centenário de Luiz Gonzaga justamente na cidade natal do Rei do Baião, que o considerava seu herdeiro artístico.

    Dominguinhos morava em São Paulo e tinha medo de avião. Chegou a vir a Belo Horizonte no Fusca de que tanto gostava. Certa vez, o carro estragou no meio do caminho e o produtor cultural Paulo Ramos, responsável pela Festa da Música, teve de buscá-lo. Em 2007, o artista tocou na primeira edição desse evento, promovido pelo Estado de Minas. No show de dezembro, o público começou a aparecer às 7h. Detalhe: o show estava marcado para as 20h. Todo mundo queria garantir o seu ingresso.

    A gerente do Sesc Palladium, Milena Pedrosa, ficou impressionada. “As pessoas chegavam e ficavam tocando e dançando. Durante o show, todos se levantaram para dançar, o que não é muito comum no teatro”, relembra.

    O sanfoneiro não costumava sair com os músicos ou amigos depois do show, conta Paulo Ramos. Mantinha hábitos simples, gostava de ficar conversando com as pessoas no saguão do hotel. “Ano passado, ele se locomovia melhor, parecia ter melhorado. Enquanto tomava café no hotel, reparei que estava animado e bem disposto. Ele planejava parar de viajar. Pensava em tocar nas festas de são-joão do Nordeste – ficaria metade do tempo lá e metade aqui no Sudeste”, lembra Paulo.

    De ouvido

    Entre os músicos que acompanharam Dominguinhos em BH estavam o veterano pandeirista Fuba de Taperoá (eles tocaram juntos por décadas), o jovem cantor Flavinho Lima (que também tocou triângulo) e Adelson Viana, responsável pela segunda sanfona. “O público mineiro foi muito caloroso, maravilhoso. Ao entrarmos no palco, começaram a gritar. Ovacionaram o Dominguinhos”, conta Adelson.

    Não havia rotina ao lado do herdeiro de Luiz Gonzaga. “Tocar com ele era sempre uma experiência, aprendia-se muito. Dominguinhos jamais ensaiava, fazia tudo na hora. Não sabia nem com que música ia começar. Fazia um jazz com muita emoção. Todo show era diferente, sempre com improviso e introduções lindas que ele depois nem se lembrava de como havia feito”, revela o sanfoneiro.

    Adelson relata que Dominguinhos chegou a tentar aprender a ler partituras, trocando informações com um músico de bossa nova, mas que desistiu. Dizia aprender mais rápido tocando de ouvido. “A gente que toca e lê partitura e acha que sabe alguma coisa vê como ele era genial, sem ensaiar nada. Ele sempre se dizia repentista da sanfona. Fazia tudo na hora, colocou isso na música nordestina. Urbanizou o forró, com bom gosto melódico. Era um melodista formidável”, completa.

    Vazio


    Talentosamente, Dominguinhos fez a triangulação entre a música nordestina, a MPB e o vigor da cena instrumental brasileira. Seu trabalho serviu de inspiração para artistas de norte a sul. Sabia mesclar elementos tradicionais e contemporâneos. “As melodias do forró deixaram de ser tão simples. Ele transitou por todas essas vertentes, influenciou o pessoal do Tropicalismo e vice-versa. Também teve enorme experiência com gente como Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo e Altamiro Carrilho. Tudo isso ampliou o horizonte dele”, avalia Paulo Corrêa Sobrinho, produtor cultural e organizador do Fórum de Forró de Aracaju, em Sergipe, amigo do sanfoneiro.

    Para ele, a morte de Dominguinhos representa a perda tanto de um farol para a música nordestina quanto de referência essencial para o forró. “Ele conseguiu aproximar a música do Nordeste de outros estilos. Como sua marca é muito forte, não acredito que haverá retrocesso, mas ficará o vácuo. A presença dele facilitava tudo, a chancela dele fazia todo mundo olhar para as coisas de forma diferente”.

    Oswaldinho, Waldonys, Mestrinho, Gennaro e Cezinha são acordeonistas que Paulo Corrêa aponta como donos de perfil musical semelhante ao de Dominguinhos. “Cezinha e Mestrinho são novos, mas têm futuro e tempo para crescer musicalmente”, aposta.

    Eduardo Almeida Reis-Dromomania‏

    Preocuparam-me, no estudo do doutor Heloani, o aumento dos casos de depressão e o uso abusivo de drogas 


    Eduardo Almeida Reis


    Estado de Minas: 26/07/2013 

    Impulso incontrolável e mórbido de perambular, de viajar (especialmente de abandonar os lugares onde golpes emocionais foram sofridos), a dromomania me parecia associada às viagens dos feriadinhos e feriadões. Vejo, agora, que a enfermidade se espalha entre respeitados jornalistas, que deram para viajar por qualquer motivo e até sem motivo algum.

    Se o sujeito gosta do que faz, está em paz com a sua consciência e não teve a infelicidade de comprar sítio ou casa de campo, não tem motivos para viajar. Caso contrário, diagnóstico sombrio: é delírio ambulatório.

    Li no imperdível Jornal da ImprenÇa, do amigo e mestre Moacir Japiassu, transcrição de um trabalho publicado no Portal Imprensa sobre o aumento dos casos de depressão, infidelidade conjugal e uso abusivo de drogas e álcool entre profissionais de jornalismo. Estudo realizado durante 10 anos pelo doutor em psicologia José Roberto Heloani, da Unicamp.

    Infidelidade conjugal e fidelidade alcoólica, tudo bem, nunca foram novidade e não acho prejudiciais ao exercício da profissão. Há que respeitar os raros profissionais que não bebem ou bebem pouquíssimo, meu caso de um ano a esta parte.

    Preocuparam-me, no estudo do doutor Heloani, o aumento dos casos de depressão e o uso abusivo de drogas. Depressão é um horror e as drogas, sem uso abusivo, infelizmente são velhas como a Sé de Braga. Jovem jornalista minha amiga relatou festa a que compareceu com os colegas do seu jornal. Os festeiros se dividiram em duas salas: a turma do pó e do uisquinho, e a turma do cigarro (tabaco) e do uisquinho. E isso há exatos 20 anos, portanto uma década antes de começarem os estudos do psicólogo da Unicamp.

    Heloani trabalhou com amostragem de 250 jornalistas, encontrando grande número de profissionais trabalhando em estados de pré-exaustão e de exaustão na maioria das redações. Falou, também, da vulnerabilidade ao assédio moral e sexual. Presumo que tenha estudado o problema nas grandes cidades em que são editados os jornais, todas elas com trânsito insuportável e violência assustadora.

    Tiro&Queda jamais pretendeu solucionar os problemas da humanidade e o seu autor já fica muito satisfeito quando consegue fazer coluna leve e divertida. Por isso, deixo ao leitor, eventualmente interessado, o trabalho de ler o estudo do professor da Unicamp e volto à drapetomania – impulso incontrolável de vagar, errar, de andar ao léu – irmã gêmea da dromomania.

    Que levaria os caros e preclaros jornalistas às estradas e aos aeroportos? Estudarei o assunto com calma e prometo contar ao leitor, mas a síndrome é preocupante.


    Dicionários
    Procurando em português o adjetivo relativo à obra de Huxley, como existe o huxleyan inglês, encontrei no Aulete o espantoso huzuarexe, que a imprensa deveria usar para poupar o leitor do manjadíssimo iraniano, sempre atual com as estripulias dos aiatolás. A partir de hoje, alterno língua iraniana e os adjetivos e substantivos masculinos irânico e iraniano, ambos datados de 1877, com o extraordinário huzuarexe, deixando a critério dos que me leem a procura da etimologia, que não encontrei.

    Presumo que um aiatolá huzuarexe acredite muito mais em Alá do que os outros “altos dignitários na hierarquia religiosa dos muçulmanos xiitas”. E aproveito a oportunosa ensancha para dizer que aiatolá vem do árabe áyatolláh, que significa “sinal de Alá na Terra”. Só não dá para entender que o nosso Houaiss tenha escrito “altos dignitários”, quando ele próprio diz que dignitário é aquele que ocupa cargo elevado, que goza de alta graduação honorífica. Se o cargo é elevado e é alta a graduação honorífica, não dá para pensar em baixo dignitário.

    E assim se conta como é possível fazer um suelto de 180 palavras, divertido e referto de ensinança, numa fria manhã invernal. Quanto aos dignitários xiitas, screw them!


    O mundo é uma bola
    26 de julho de 1139: como vimos ontem ou anteontem, Afonso, então conde portucalense, é aclamado rei de Portugal e proclama a independência em relação a Leão, que não deve ser confundido com o grande felino encontrado originalmente na Europa, Ásia e África.

    No episódio em tela, vosso philosopho se referia ao Reino de Leão, Reinu de Llión ou Reino de León, um dos mais antigos reinos ibéricos surgidos no período da reconquista cristã, independente durante três períodos: de 910 a 1037 (sob domínio da casa Leonesa), de 1065 a 1072 (casa de Navarra) e de 1157 a 1230 (casa da Borgonha).

    Em 1030, Compostela ficava em León, como vejo no mapa da abençoada Wikipédia. Conheço uma porção de gente que fez o Caminho de Compostela. Um amigo, mais inteligente, foi de automóvel bebendo e comendo tudo a que tinha direito.

    Em 1788, uma notícia que interessa aos compristas mineiros: Nova Iorque se torna o 11º estado norte-americano, depois de ratificar a Constituição dos Estados Unidos. Nele fica a cidade homônima, destino comprista da mineiridade.

    Hoje é o Dia do Arqueólogo, do Moedeiro, do Avô e da Avó.


    Ruminanças
    “Para a pedra atirada, cair não é um mal, nem subir um bem” (Marco Aurélio, 121-180).

    Painel Vera Magalhães

    folha de são paulo
    Fora de época
    Causou perplexidade no Palácio do Planalto a decisão da CNI (Confederação Nacional da Indústria) de realizar pesquisa de avaliação do governo fora do calendário trimestral de levantamentos da entidade. A última pesquisa CNI/Ibope tinha sido divulgada em junho, no auge dos protestos no país. A intenção ao realizar nova rodada, segundo o presidente, Robson Andrade, foi justamente medir o impacto das manifestações na avaliação de Dilma Rousseff e dos governadores.
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    Saudosismo 1 Disparou o percentual de eleitores que consideram o governo Dilma pior que o de Lula, pela CNI/Ibope. Em março, 18% dos entrevistados diziam que a atual administração é inferior à passada. Agora, são 46%.
    Saudosismo 2 O índice de eleitores que dizem que Dilma faz governo melhor que o de Lula caiu de 20% em março para 10%. O grupo que acha as gestões equivalentes caiu de 61% para 42%.
    Tóxico O pior desempenho de Dilma se dá no Rio de Janeiro de Sérgio Cabral (PMDB), onde ela tem 19%. Petistas dizem que a presidente deveria se descolar do governador, ao lado de quem vai aparecer no domingo.
    Auto-ajuda Quem leu a nota da atleticana Dilma saudando o time pelo título na Libertadores viu recado político no final: "Parabéns não apenas pela vitória. Parabéns por, mesmo diante de resultado adverso, não desistirem, não esmorecerem e, por isso mesmo, se superarem".
    Deserto Dado o cenário de perda de popularidade de governantes em geral, Geraldo Alckmin (PSDB) disse a correligionários que prevê um número recorde de votos em branco e nulos nas eleições para deputado em 2014.
    Calma Eduardo Campos (PSB) reagiu com cautela aos 58% de aprovação. Vai concentrar a agenda em Pernambuco. A aliados, tem dito que "a hora é de entregar".
    Boletim médico Dilma ligou para Roberto Kalil para se informar acerca da saúde de José Genoino. O deputado petista foi internado ontem em São Paulo após sentir fortes dores no peito.
    Em alerta Por conta da transferência do local onde o papa Francisco realizará a missa de domingo, de Guaratiba para Copacabana, a Polícia Federal já apura possíveis manifestações na região, com as quais o governo não contava no local original.
    Caixa... O prefeito Fernando Haddad (PT) começou a consultar representantes da sociedade civil sobre a aceitação de cobrança de tributos sobre a gasolina de carros particulares como forma de compensar a redução das tarifas de ônibus.
    ...antecipado O petista quer colocar o modelo da Cide municipal em prática até o ano que vem, para evitar ou amortecer o impacto de um novo aumento das passagens previsto para 2014.
    Sem sinal O PSDB na Câmara segura a tramitação do projeto de lei de antenas, já aprovado no Senado e considerado por técnicos do governo fundamental para agilizar os procedimentos para licenciamento de antenas e aumentar a cobertura de celulares nas grandes cidades.
    Rua O deputado estadual paulista Campos Machado (PTB) vai lançar em 22 de agosto uma campanha nacional pela redução da maioridade penal, com coleta de assinaturas para propor um plebiscito sobre o tema.
    Visita à Folha Dirceu Barbano, diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), visitou ontem a Folha. Estava com Márcia Turcato, assessora de comunicação.
    com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
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    TIROTEIO
    "Não é profecia nenhuma prever que um Giannazi qualquer' tomaria uma atitude para defender a ética no exercício da política."
    DO DEPUTADO ESTADUAL CARLOS GIANNAZI (PSOL-SP), sobre o alerta que Guilherme Afif diz ter recebido sobre a possibilidade de seu impeachment.
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    CONTRAPONTO
    Nos tempos da brilhantina
    O governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) discursou animado para uma plateia de aposentados, esta semana, quando anunciou o "passe livre" para idosos em ônibus intermunicipais. Primeiro, disse que os bailes da terceira idade são os mais animados. Depois, citou Fernando Henrique Cardoso para dizer que a vida começa aos 80. Por fim, ao citar autores célebres, o tucano fez referência a Honoré de Balzac e emendou:
    --Antigamente, as pessoas chamavam as mulheres de 30 anos de balzaquianas, mas hoje tem muita mulher de 40 anos que é um brotinho!

      Jaime Pinsky e Marcelo Coutinho no Tendências/Debates

      folha de são paulo
      JAIME PINSKY
      TENDÊNCIAS/DEBATES
      O pecado original
      Somos fruto de um pecado original, aquele que criou o Estado em 1822 sem que houvesse, de fato, uma nação que o reivindicasse
      Pode parecer que há motivos variados e até mesmo conflitantes para as manifestações em todo o Brasil. Errado. Todos os protestos decorrem do indiscutível e inaceitável distanciamento que existe no Brasil entre a nação e o Estado.
      A nação, constituída pelos cidadãos concretos, pelas pessoas reais, não reconhece nos poderes constituídos (Executivo, Legislativo e Judiciário) seus representantes. "Nós" somos nós e "eles" são eles.
      Expressar-se, como tem se expressado a sociedade, é mais sintomático ainda em se tratando de gente que poucas vezes sai às ruas (todos observamos o deslumbramento de muitos que as frequentavam pela primeira vez).
      Mas, como escreveram em seus cartazes Lívia e Ana Paula, desde os primeiros dias, "são 513 anos e 20 centavos". Cabe-nos ler e entender o que elas queriam dizer com isso.
      Somos fruto de um pecado original, aquele que criou o Estado brasileiro em 1822 sem que houvesse, de fato, uma nação que o reivindicasse --o contrário do que aconteceu na maioria dos países em que a estrutura jurídico-política surge como decorrência dos anseios de uma nação já constituída (nação aqui definida como o povo com consciência de sua identidade).
      Pelo fato de, entre nós, criarmos um Estado com todo seu aparato que não respondia a anseios da população, esta nunca o reconheceu, tratando-o sempre na terceira pessoa do plural.
      É verdade que governantes, legisladores e juízes não têm facilitado. Ao assumirem papéis na estrutura jurídico-política, deixam de ser povo e se transformam em "autoridades". Claro que, em qualquer país, há rituais inerentes a funções públicas, mas o exagero entre nós é evidente. Nossos supostos representantes vão muito além de cumprimento de obrigações protocolares: as "autoridades" exigem "respeito" equivalente ao que o Faraó, seus funcionários e sacerdotes exigiam dos súditos.
      São automóveis com motoristas à disposição de toda a família, são diárias de viagem superiores ao salário mensal de professores, é o uso de aviões de serviço para conforto pessoal (e até da sogra), é cabeleireiro que cobra cinco salários mínimos por hora de trabalho. Tudo isso às custas dos nossos impostos diretos e indiretos.
      Entre nós, ao contrário do que acontece na maioria das democracias, o modo como se exerce o poder distancia os representantes dos representados. Cidadãos brasileiros são percebidos pelos poderosos de plantão (ou os vitalícios, que os há) não como cidadãos, mas como súditos, simples massa de manobra, gente para ser enganada a cada eleição.
      Talvez por isso nossos governantes quase não governem: uma vez no poder, dedicam-se a criar as bases de sua permanência (e da corriola, é claro) na função obtida, preparando-se para a próxima eleição. Não querem perder o direito ao uso (e abuso) das vantagens conquistadas. Detestariam voltar a ser apenas parte da nação.
      Por outro lado, povo nas ruas pode ser bom, mas substituir a democracia representativa pela direta é inviável em uma sociedade complexa como a nossa. Afinal, não estamos na Grécia clássica, não cabemos todos em uma praça. Precisamos, pois, de representantes. Porém, chegou a hora destes mudarem sua forma de fazer política, criar leis, promover justiça. Temos que melhorar nossa democracia.
      Estamos todos de acordo com penas mais severas e sentenças rápidas para os que confundem patrimônio público com o privado. Concordamos também que não tem sentido arrotar prioridade de transporte público e manter um modelo que isenta de impostos os automóveis privados. Não há dúvidas ainda sobre a necessidade de uma ampla reforma política. Mas, antes que o abismo cresça ainda mais, precisamos reaproximar o Estado da nação.
      MARCELO COUTINHO
      TENDÊNCIAS/DEBATES
      Divisões na América Latina
      A força de Washington perdurará em um mundo em deslocamento para o Pacífico. A questão é quando o Brasil vai perceber esse cenário
      Em 2010, em artigo neste espaço, defendi que o predomínio ocidental estava longe do fim. Minha posição contracorrente destoava da maioria dos analistas, entre os quais havia virado moda falar em mundo pós-americano. Fareed Zakaria foi só um desses autores.
      Com a mesma facilidade peremptória, diz-se agora exatamente o contrário, que talvez a China esteja exaurindo o seu crescimento e que os Estados Unidos estão de volta, com a revolução tecnológica e energética promovida pelo xisto. Uma mudança radical em menos de três anos.
      Fora dos EUA, tantos ressentimentos contra o chamado império criaram "wishful thinkings", tomando desejos por realidade. Simples: se não gostamos da grande potência do norte, então compramos a tese do seu declínio imediato.
      O lugar-comum do mundo pós-americano serviu para vender livros, fazer gracejos e criar novas expectativas como a dos Brics. Agora, em refluxo, os mesmos analistas e consumidores de suas análises temem que o Brasil seja prejudicado pelo fim da exuberância chinesa e pela recuperação norte-americana.
      Dizem que pode haver uma fuga de capitais em direção aos EUA e uma crise entre os emergentes, com os exageros de praxe. Mas, na realidade, a força de Washington perdurará em um mundo em deslocamento para o Pacífico, onde também fica a costa oeste americana.
      A novidade é que a Europa já entendeu as mudanças em curso e, finalmente, pode realizar um acordo comercial com os EUA na tentativa de preservar a força do Atlântico Norte. A questão é quando o Brasil vai perceber esse cenário.
      O Itamaraty tem demonstrado uma preocupante dissonância cognitiva, selecionando apenas os pedaços de informação que parecem mostrar que estamos bem, enquanto ignora dados mais relevantes. Esse é um traço da nossa cultura.
      A política de prestígio da diplomacia brasileira valoriza excessivamente a conquista de um cargo na Organização Mundial do Comércio e menospreza o processo estrutural que nos torna dependentes da exportação de commodities. Pior, começam a se orgulhar disso.
      Nos últimos cinco anos, Brasília dedicou-se a preparar uma política externa parecida com a era do café. Não é concebível como, em tão pouco tempo, jogamos no lixo décadas de uma luta pela diversificação industrial das relações internacionais.
      Derrotado na OMC, o México e parceiros da Aliança do Pacífico "roubam" os investimentos que viriam para o Brasil. Os países da franja liberal da costa oeste latino-americana, como Peru, Chile e Colômbia, crescem mais com estabilidade econômica do que os estranhos desenvolvimentistas primário-exportadores do outro lado do continente.
      Não obstante os discursos oficiais, a América do Sul é uma região partida. De um lado, temos democracias de mercado dinâmico com alternância de poder. De outro, regimes cada vez mais autoritários, com economias estatizadas e desorganizadas. Para variar, a posição do Brasil não é clara.
      No século 19, já havia divisão. Os países mais bem-sucedidos até meados do século 20 foram aqueles que conseguiram conjugar alternância entre liberais e conservadores. Talvez vivamos outra bifurcação novamente que marcará o século 21.

        Marina Silva

        folha de são paulo
        Energia do erro
        China e EUA, os dois maiores emissores de gases do efeito estufa, divulgaram nas últimas semanas amplo plano de ação para reduzir suas emissões, incluindo aumento da eficiência energética, desenvolvimento de redes elétricas inteligentes e forte incentivo às fontes alternativas e renováveis.
        Quase ao mesmo tempo, o Banco Europeu de Investimento decidiu não mais financiar usinas movidas a carvão. Os gigantes da poluição mundial começam a fazer inflexão na trajetória, para se alinhar na luta contra o aquecimento global e as mudanças climáticas.
        No Brasil, o avanço é o do retrocesso. O governo prepara-se para um leilão de energia daqui a um mês e inclui as termelétricas a carvão, agora não mais na condição de reservas acionadas em caso de emergência, mas como parte do que chama de energia de base no "planejamento estratégico".
        As emissões de carbono diminuíram no Brasil nos últimos anos graças, exclusivamente, ao plano de combate ao desmatamento, que iniciamos há quase dez anos, e já dá sinais de esgotamento devido à má gestão, à falta de atenção às demandas da sociedade e dos movimentos socioambientais e aos retrocessos na mudança do Código Florestal.
        Em todos os outros setores, a emissão de gases-estufa aumentou. No setor elétrico, atingiu 28 milhões de toneladas no primeiro semestre deste ano, um aumento de 132% em relação ao mesmo período de 2012, que já era maior que a do ano anterior.
        No ano que vem, o Brasil sediará uma conferência internacional sobre adaptação às mudanças climáticas e poderá repetir o fiasco da Rio+20, com palavreado evasivo para esconder o retrocesso na prática.
        Talvez os psicanalistas expliquem a resistência do governo a todas as alternativas para aproveitar com inteligência os abundantes recursos naturais e redirecionar o desenvolvimento do país para um padrão de baixo carbono, adaptado às novas condições globais.
        Uma explicação puramente econômica não resiste à análise. O modelo atual acumula crises, agora com ameaças de retorno da inflação e do desemprego. A opção pelas termelétricas não ajuda nesse contexto, pois é mais cara que a eólica e não aponta para um posicionamento do país em relação às tendências tecnológicas.
        Colocado em posição de liderança pela riqueza ambiental e pela diversidade criativa de seu povo, o Brasil recua e se coloca a reboque dos países que mais emitem gases-estufa, entregando-lhes a responsabilidade de encontrar soluções para uma crise que é de todos.
        A produção de energia está submetida, hoje, a esse equívoco estratégico. Estamos comprometendo nosso futuro com opções energéticas do passado, em vez de abraçar as oportunidades e potenciais que temos pela frente.

          Ruy Castro

          folha de são paulo
          Santa exclamação
          RIO DE JANEIRO - Um seriado de TV, "Batman", de fins dos anos 60, marcou época. Era um glorioso deboche, meio "thriller", meio chanchada. Cesar Romero fazia o Coringa; Frank Gorshin, o Charada; Burgess Meredith, o Pinguim. Cada episódio era uma festa de astros convidados. E, quando Batman e Robin lutavam a socos com os bandidos, os ruídos, "Sock!! Pow!! Crash!!", piscavam na tela em letras psicodélicas e coloridas --cores de que não se sentia falta em nossos aparelhos em PB.
          Mas o grande sucesso da série eram as exclamações de espanto de Robin (Burt Ward, dublado): "Santa barbaridade, Batman!", "Santo buraco na rosca!", "Santos ratos na ratoeira!" --sem nenhuma relação com a coisa mencionada. Em inglês, era o mesmo nonsense: "Holy flypaper!" (Santo papel pega-mosca!), "Holy here we go again!" (Santo, lá vamos nós de novo!), "Holy mashed potatoes!" (Santo purê de batata!) etc. Robin usou 347 exclamações diferentes nas três temporadas da série.
          Todas elas, por mais absurdas, eram apenas variantes de "Holy Christ!" (Santo Deus!) e "Holy Mary!" (Santa Maria!) --que os jovens dos EUA eram ensinados a não dizer porque seria usar os santos nomes em vão. Daí, eles as substituíram por "Holy cats!" e "Holy mackerel!", que soavam parecido e não caracterizavam blasfêmia --e, aos poucos, foram enriquecendo o vernáculo com "Holy smoke!", "Holy cow!" e outras bem cabeludas.
          No Brasil, onde até os ateus se valem do "Minha nossa [Senhora]!" ou do "Graças a Deus!" sem maldade ou segundas intenções --eu, por exemplo--, os verdadeiros equivalentes para as exclamações de Robin seriam "Caramba!", "Putzgrila!" ou, no caso de radicalizar, o velho e confiável "P.q.p.!".
          Apenas para lembrar que, por esses dias, se você se vir diante do papa numa rua do Rio, refreie sua exclamação. Use o sistema do Robin.

            Eliane Cantanhêde

            folha de são paulo
            Vencemos para isso?
            BRASÍLIA - Na chegada, o carro do papa Francisco espremido entre táxis e ônibus, num baita engarrafamento na avenida Presidente Vargas, centro do Rio, enquanto na larga pista ao lado, interditada, não se via uma única bicicleta. Um vexame inexplicável.
            Logo mais, no Palácio Guanabara, a presidente Dilma, em vez de um singelo discurso de boas-vindas ao papa, puxou e leu um discurso maior do que o da grande estrela do evento. Faltou "semancol".
            Na mesma noite, enquanto o mundo queria saber a quantas andava o papa no Brasil, o que se via era uma guerra campal entre policiais, vândalos e infiltrados de toda ordem. Uma violência vergonhosa.
            No dia seguinte, milhares de repórteres do mundo inteiro se esfalfavam para registrar os preparativos do grande evento, enquanto cariocas e não cariocas amargavam horas de pane no metrô da cidade anfitriã. Competência zero.
            Ontem, com tudo vistoriado e checado, veio a grande conclusão: impossível fazer a missa de encerramento em Guaratiba, no Rio. O local virou um mar de lama às vésperas do "gran finale". A culpa é só da chuva?
            Em meio a tudo isso, as notícias domésticas nos governos e na mídia são desanimadoras: rombo histórico nas contas externas, emprego desacelerando, arrecadação devagar, quase parando. Os brasileiros gastaram mais de US$ 12 bilhões lá fora no primeiro semestre, e os estrangeiros gastaram aqui menos em junho de 2013 do que em junho de 2012 --apesar da Copa das Confederações. O paraíso evapora.
            Segundo o "New York Times", houve "tensão, erros e protestos (contra Sérgio Cabral)" durante a visita do papa. E o "Chicago Sun-Times", da cidade derrotada pelo Rio para a Olimpíada, indaga, provocativo: "Perdemos para isso?".
            Quando dão certo, papa, Copa e Olimpíada são alavancas eleitorais poderosas. Quando dão errado, o efeito é proporcionalmente inverso.

              Uma era secular - Helio Schwartsman

              folha de são paulo
              SÃO PAULO - A pesquisa Datafolha feita às vésperas da chegada do papa ao Brasil mostra que os católicos estão se tornando menos numerosos, menos fiéis (vão pouco a missas) e menos obedientes (são tolerantes para com temas que o Vaticano considera tabu). Este é, se quisermos, um retrato quase perfeito do secularismo, o processo de transformação religiosa que é a marca do Ocidente nos últimos 500 anos.
              Um dos bons livros que peguei nestas férias é "A Secular Age" (uma era secular), do filósofo Charles Taylor. Ainda não terminei as quase 900 páginas da obra, escrita num estilo acadêmico que não é exatamente cativante, mas já li o bastante para perceber que se trata de um texto capital. Um de seus principais méritos é mostrar que a narrativa-padrão, segundo a qual o avanço das ciências foi empurrando a religião para as margens da sociedade, tem mais buracos do que um queijo suíço.
              Em seu lugar, o autor apresenta uma história bem mais rica e complexa, na qual o Iluminismo teve um papel, mas menos determinante do que se apregoa. Tão ou mais importantes foram a Reforma, o desencantamento do mundo (a magia perdeu credibilidade) e o advento do deísmo, no qual a religião das Escrituras cedeu espaço para um Deus impessoal deduzido da natureza pela razão.
              Segundo Taylor, tudo isso somado e outras coisas mais acabaram resultando numa revolução cognitiva que permitiu que passássemos de um registro em que era virtualmente impossível não acreditar em Deus, por volta de 1500, para um em que fazê-lo não só é fácil como até inescapável. Hoje, no Ocidente, seguir ou não uma fé se tornou uma entre muitas possibilidades de escolha individual.
              Taylor é católico praticante, mas não sei se sua obra, em que pese a tentativa de preservar espaço e sentido para a religião, agrada muito ao Vaticano. Ela, afinal, consagra a ideia de supermercado da fé que a Igreja Católica tanto combate.

              Editoriais FolhaSP - Charge

              folha de são paulo
              Drogas, sem metafísica
              Afirmações de papa Francisco sobre entorpecentes, embora legítimas, pouco contribuem para um debate que deve se manter livre de preconceitos
              O papa Francisco tem razão ao afirmar que uma política de drogas mais flexível, como se discute em várias partes da América Latina, não vai resolver o problema da dependência química. O debate sobre o tema, contudo, está longe de se esgotar nessa afirmação um tanto evidente e simplista.
              A ideia por trás da legalização das drogas ou da despenalização de seu uso é a de não acrescentar à longa lista de provações que o dependente já enfrenta atribulações com a polícia, processos judiciais e a possibilidade de encarceramento. O usuário deve ser visto como matéria de saúde pública, e não de segurança.
              Se o sumo pontífice acerta parcialmente no diagnóstico, a terapêutica que propõe padece de ingenuidade. É pouco crível imaginar que as dificuldades impostas pelo vício em drogas sejam resolvidas "educando os jovens para os valores que constroem a vida comum", como afirmou Francisco.
              A verdade é um pouco mais trágica. Pelo menos no atual estado da arte, o problema não tem resposta no que diz respeito à dependência. Ela é uma decorrência da arquitetura neuroquímica humana, sujeita a experimentar prazer, aprender e lembrar. Campanhas de esclarecimento são desejáveis, mas elas não encerram a questão.
              A pior contribuição do papa a esse debate, contudo, não está nas soluções simplistas que propõe. O abuso de metáforas hiperbólicas, que contrapõem bem e mal absolutos, apenas turva uma discussão que deveria ser tão serena e livre de preconceitos quanto possível.
              Não faz sentido qualificar indistintamente todos os traficantes como "mercadores da morte", como fez Francisco. Boa parte da rede de distribuição de drogas é composta por dependentes que se apropriam de parcela do produto repassado a outros usuários para poder sustentar o próprio vício.
              Quanto a esse ponto, o combate às drogas ilegais deve ser centrado nas principais rotas e nas grandes estruturas do narcotráfico.
              Ninguém espera que o papa se torne um defensor de experimentações lisérgicas e de outras manifestações do hedonismo contemporâneo. Como líder de uma instituição milenar, ele tem um compromisso com a tradição e, por que não dizê-lo, com o conservadorismo. Suas opiniões são legítimas e merecem ser escutadas, embora pouco ajudem a esclarecer o tema de uma perspectiva técnica.
              Francisco acerta, por exemplo, ao captar a insatisfação brasileira exposta na recente onda de protestos e se manifestar sobre a corrupção. O tema, porém, é consensual e acomoda com facilidade argumentos metafísicos. Não é o caso da discussão sobre as drogas.
                Eleição no Mali
                Ocupado por forças de paz da ONU e por militares franceses, o Mali promove neste domingo eleições presidenciais, na expectativa de que o retorno à rotina democrática e à ordem constitucional ponha termo à escalada de conflitos verificada nos últimos dois anos.
                O sucesso da disputa eleitoral, porém, está sob risco. Na semana passada, grupos terroristas sequestraram pessoas que trabalhavam na organização do pleito, o que aumentou temores quanto à segurança do processo. Além disso, com 500 mil pessoas desabrigadas no país, não é pequeno o desafio logístico para computar esses votos.
                O país africano vive situação adversa desde 2011, quando se intensificaram rebeliões de tribos nômades. Em março de 2012, militares depuseram o regime democraticamente eleito e abriram espaço para um governo civil de transição.
                Grupos armados de orientação islâmica, filiados à rede terrorista Al Qaeda, se beneficiaram do clima de instabilidade e passaram a controlar regiões ao norte do Mali.
                Com um Exército nacional fragilizado, o país sofreu no início deste ano uma intervenção militar comandada pela França. A operação conteve os avanços rebeldes rumo à capital e retomou a ordem nas principais cidades, mas não impediu que os grupos continuassem a atuar no território malinês.
                A estabilidade no oeste da África é questão relevante para a Europa, que não deseja ver um país geograficamente próximo sofrer rotineiros ataques de radicais islâmicos. O Mali, em particular, é grande produtor de ouro e vizinho de países com importância estratégica. É o caso do Níger, com reservas de urânio, e da Argélia, que fornece um quarto do gás natural importado pelo mercado europeu.
                Será tarefa de um dos 28 candidatos à Presidência buscar a efetiva pacificação local e enfrentar os desafios mais permanentes do país. O Mali é o 175º colocado dentre as 187 nações avaliadas pelo Índice de Desenvolvimento Humano, da ONU, e 69% de sua população vive abaixo da linha da pobreza.
                Diversos analistas sugeriram adiar a disputa, por temores de que o prazo exíguo comprometesse sua organização e lisura, mas as partes envolvidas tiveram boas razões para insistir na data original.
                Do ponto de vista da França, um governo eleito de forma legítima acelera o processo de retirada de suas tropas. Para a força de paz da ONU, haverá um interlocutor definitivo e interessado em trabalhar a seu lado. E, para o Mali, o retorno à ordem constitucional permite a volta do importante auxílio financeiro dos EUA.