sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Bactéria ganha lógica programável e memória persistente


Com informações do MIT - 14/02/2013

Bactéria ganha lógica programável e memória persistente
Os circuitos genéticos bacterianos podem não apenas fazer cálculos, mas também lembrar dos resultados, que ficam codificados no DNA da bactéria. [Imagem: Liang Zong/Yan Liang]
Memória biológica
Há poucas semanas, cientistas coreanos surpreenderam o campo dabiologia sintética ao criar um"circuito genético", um circuito lógico feito com genes de bactérias.
Agora, cientistas do MIT, nos Estados Unidos, deram um passo ainda mais radical nesse campo emergente e promissor, mas que também levanta uma série de preocupações.
Piro Siuti e seus colegas manipularam as células bacterianas de forma a não apenas dar-lhes lógica, mas também memória.
Ou seja, os circuitos genéticos bacterianos podem não apenas fazer cálculos, mas também lembrar dos resultados, que ficam codificados no DNA da bactéria.
E é uma lembrança persistente, já que o DNA vai passar ao longo de gerações, conforme os microrganismos se reproduzem.
Bactéria ganha lógica programável e memória persistente
Um dos objetivos de longo prazo da biologia sintética é criar microrrobôs vivos que entrem no corpo humano para detectar doenças. [Imagem: U.S. Fish and Wildlife Service]
Biológica e bio-memória
Até agora, os cálculos executados pelas portas lógicas bacterianas - o que pode ser algo tão simples quanto apontar se uma molécula está ou não presente no ambiente - transformam-se em resultados na forma de uma resposta específica, como a produção de uma proteína verde fluorescente (GFP).
Quando os cálculos são mais complexos, o que também já foi demonstrado experimentalmente, os resultados só duram enquanto o estímulo original está presente.
É aí que entra a inovação feita por Siuti e seus colegas.
Eles modificaram geneticamente a bactéria de forma que o circuito lógico seja alterado de forma irreversível pelo estímulo original, criando uma memória permanente do evento, ou do cálculo.

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Bill Gates, fundador da Microsoft, diz que vai auxiliar a educação pública da América Latina

folha de são paulo
DA EFE, EM TEXCOCO (MÉXICO)

O magnata e filantropo americano Bill Gates disse na última quarta (13) que o caminho para o desenvolvimento da América Latina passa por "ter um melhor sistema de educação pública", área que quer ajudar a desenvolver ao lado de diferentes parceiros por meio de sua fundação.
"Nos encantaria trabalhar com outros filantropos na região", disse Gates à Efe após inaugurar na cidade mexicana de Texcoco as novas instalações do Centro Internacional de Melhoramento do Milho e do Trigo (CIMMYT), dedicado a pesquisa de produtividade agrícola desde 1966.
O fundador da Microsoft explicou que nos países da América Latina "há algumas boas universidades mas, na média, a educação pública não é o que deveria ser, particularmente na comparação com o Sudeste Asiático".
Ronaldo Schemidt/AFP
Bill Gates fala durante a inauguração de centro de pesquisa bancado por sua fundação em Texcoco, México
Bill Gates fala durante a inauguração de centro de pesquisa bancado por sua fundação em Texcoco, México
Perante o desafio de mudar isso, o também co-fundador da Fundação Bill e Melinda Gates lembrou que "até mesmo países da Ásia com níveis de riqueza inferiores (aos latino-americanos) fazem um melhor trabalho na educação".
"Nossa instituição foca em educação nos Estados Unidos e esperamos que algumas lições sobre avaliação dos professores e a forma como ajudá-los a crescer, como utilizar a tecnologia, (...) sejam levadas a nível global", apontou.
Além disso, considerou importante que os Governos desses países ajam para sanar problemas na área da saúde e erradicar a desnutrição, o que pode prejudicar o "desenvolvimento cerebral" das crianças e impedi-las de "alcançar seu potencial máximo".
No entanto, Bill Gates comentou que alguns países, como Costa Rica, México, Brasil e Chile, "fizeram boas coisas e parece que estão chegando ao ponto em que se olham" mutuamente em busca de conhecer e colocar em prática as políticas públicas de desenvolvimento que funcionaram melhor nos outros.
'FUTURO PROMISSOR'
Sendo uma região de países de indicadores econômicos medianos, em geral, o futuro é promissor, avaliou.
Envolvido em trabalhos filantrópicos desde 2000, Gates se mostrou muito satisfeito com a colaboração que mantém com a Fundação Carlos Slim, empresário mexicano que é a única pessoa no mundo com uma fortuna maior do que a sua.
Ambos trabalham desde 2010 na Iniciativa Mesoamericana de Saúde, mas o magnata americano, à frente da maior fundação privada do mundo, com fundos de US$ 30 bilhões, está disposto a associar-se a outros filantropos privados da região.
A história do empresário americano é peculiar. Do êxito da Microsoft, transformada em uma das empresas de referência em tecnologia da informação no planeta, passou a aplicar "mais de 95%" da sua fortuna em filantropia.
A grande pergunta que ele e sua mulher, Melinda, se fizeram foi se queriam gastar esse dinheiro com eles mesmos ou deixá-los para seus filhos. Como não estavam satisfeitos com nenhuma dessas opções, optaram por devolvê-lo à sociedade, contou.
"Foi uma viagem emocionante juntos, na qual aprendemos sobre saúde, agricultura e educação. Envolvemo-nos muito pessoalmente nesses temas tentando encontrar os inovadores, que é a melhor forma de alcançar os resultados", expressou Gates.
"Um grande marco para nós foi quando nosso amigo Warren Buffet decidiu nos dar a grande maioria da sua fortuna para a fundação. Isso quase duplicou a escala do trabalho que podíamos fazer. Foi muito emocionante e fizemos o melhor que pudemos para corresponder à confiança que ele colocou em nós", acrescentou.
Agora Gates gostaria de ver mais magnatas latino-americanos e de outras regiões do mundo destinando o seu dinheiro a projetos de desenvolvimento, o que ele acredita que eventualmente sucederá.
Ele mesmo promove o Giving Pledge ("promessa de dar"), uma opção pela qual os milionários doam metade de suas fortunas à filantropia.
"Com o tempo, acho que a filantropia aumentará em todas as partes, e certamente compartilho a minha positiva experiência", previu.



Papa nomeia alemão como novo presidente do Banco do Vaticano


Folha de São Paulo 
com Agência de Notícias
O papa Bento 16 nomeou nesta sexta-feira o advogado alemão Ernst von Freyberg como presidente do IOR (Instituto para Obras Religiosas), mais conhecido como o Banco do Vaticano, informou o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi.
Associated Press
O advogado alemão Ernst von Freyberg, em foto divulgada na última sexta-feira
O advogado alemão Ernst von Freyberg, em foto divulgada na última sexta-feira
Segundo Lombardi, o papa manifestou seu pleno consentimento à designação de von Freyberg pela comissão de cardeais que supervisiona as atividades da instituição, após uma profunda avaliação dos candidatos.
O comunicado da Santa Sé diz que Freyberg traz "vasta experiência em questões financeiras e o processo regulatório financeiro"
Nascido em 1958, ele é membro do conselho de assessores da agência de empregos temporários Manpower GmbH e da empresa de gestão de ativos Flossbach von Storch AG.
O novo chefe do banco é um católico devoto, mas, de acordo com Lombardi, não é um amigo pessoal de Bento 16.
Segundo o Vaticano, cerca de 40 pesoas em todo o mundo foram consideradas para o cargo.
PRESSA
O anúncio de que o papa indiciaria o novo presidente do IOR foi feito nesta quinta-feira pelo secretário de Estado, Tarcisio Bertone, o segundo homem na estrutura da Santa Sé, a quem se acusa de ter feito pressão para que fosse demitido Ettore Gotti Tedeschi, pessoa de confiança do papa e membro da Opus Dei --a poderosa ordem que teve papel relevante com João Paulo 2º e continuou tendo com Joseph Ratzinger.
Gotti Tedeschi, acusado de má gestão, sem maiores especificações, foi afastado em maio do ano passado.
A demissão foi "acompanhada de uma demolição de sua figura humana e profissional, que filtrou dos muros vaticanos e que não tem precedentes na história recente da Santa Sé", segundo o boletim "Vatican Insider", publicado pelo matutino "La Stampa".
O simples fato de que o cargo ficou vago durante quase um ano indica como as finanças do Vaticano são obscuras e problemáticas.
"Vatican Insider" critica a decisão de nomear o novo presidente do banco exatamente no momento em que há estupor pela renúncia de Bento 16.
Lamenta que, "nesta dramática semana (...), a máquina da Cúria atue normalmente, não obstante o pasmo bem evidente mesmo dentro dos muros vaticanos".
É razoável supor que o cardeal Bertone tenha apressado a nomeação do banqueiro para evitar que a vacância continuasse por pelo menos mais um mês, porque a renúncia do papa causa a paralisia do Vaticano, inclusive nomeações.
COM CLÓVIS ROSSI, ENVIADO ESPECIAL A ROMA

Quadrinhos

folha de são paulo

CHICLETE COM BANANA      ANGELI

ANGELI
PIRATAS DO TIETÊ      LAERTE

LAERTE
DAIQUIRI      CACO GALHARDO

CACO GALHARDO
MUNDO MONSTRO      ADÃO ITURRUSGARAI
ADÃO ITURRUSGARAI
PRETO NO BRANCO      ALLAN SIEBER

ALLAN SIEBER
PRETO NO BRANCO      ALLAN SIEBER

ALLAN SIEBER
MALVADOS      ANDRÉ DAHMER

ANDRÉ DAHMER
GARFIELD      JIM DAVIS

JIM DAVIS

HORA DO CAFÉ      ALVES

Alves

Cineastas se expõem em obras feitas na primeira pessoa -Gracie Santos‏

Cineastas se expõem em obras feitas na primeira pessoa, premiadas em festivais, todas pautadas por relações familiares. Algumas inclusive feitas para resolver conflitos do autor 

Gracie Santos
Estado de Minas: 15/02/2013 
Não gosto de matérias na primeira pessoa; de filmes sim, os bons, claro. Textos assim soam melhor na literatura. No jornal, parece que o autor quer criar intimidade ou se mostrar demais. No caso dos filmes, acho todos corajosos, alguns “umbiguentos” demais, os autores se perdem em si mesmos. Outros somam espontaneidade e profissionalismo. Voltando ao texto... agora, por exemplo, se estivesse no seu lugar, pode ser que nem passasse dessa frase. Mas o cineasta Kiko Goifman, de 41 anos, desafiou-me a escrever assim. E o poeta e escritor Fernando Pessoa convenceu-me a seguir. Quem sabe não o convencem também? Kiko me sugeriu que fizesse a matéria na primeira pessoa, já que a discussão gira em torno da coragem de o cineasta se expor na própria obra. Álvaro de Campos escreveu: “Basta de ser para si a primeira pessoa do singular de qualquer pronome ou verbo. Sejamos a Pessoa Absoluta do Plural Incomensurável. Menos que isto é arte do passado! Acabemos com o não haver machinas no verso, e com o haver versos com a mesma medida para tudo – fato-feito da inspiração barateira”. Pessoal sim, mas universal.

No limite entre vida e arte, o cinema alimenta narrativa que não é nova, remonta aos seus primórdios, quando o diretor registrava cenas caseiras ou documentava fatos próximos. A produção contemporânea tem obras cada vez mais pessoais. Autores tentam conquistar o afeto do pai, encontrar a mãe biológica, acompanham a gestação do filho e envolvem a família em determinada viagem. São filmes que podem incomodar pelo “excesso” de exposição do autor. Em janeiro, Raymond Walravens (diretor e curador do Festival de Cinema Independente de Rialto e do World Cinema, ambos da Holanda), durante a Mostra de Cinema de Tiradentes, aconselhou realizadores a deixar esse cinema de lado e partir para temas que interessem ao mundo.

Na mesma mostra, Maria Clara Escobar, de 24, foi premiada com o filme Os dias com ele, que fez “para tentar se encontrar afetivamente com o pai distante.” O dramaturgo Carlos Henrique Escobar vive há cerca de 13 anos em Portugal. “Os processos artísticos me interessam para me transformar, experimentar novas coisas. Sou de uma geração que não vê a arte como algo rigoroso, ela pode ser fabricada na intimidade, domesticamente, como registro. Consideramos esse limite mais tênue”, afirma. Em Tiradentes, ela conquistou (além do prêmio) o reconhecimento do público. “Muita gente veio falar comigo, sensibilizou-se, identificou-se com o filme, que tem um pouco, na essência, dessa discussão que você propõe. Para mim, o que toca neste momento são coisas sentimentais, a reflexão, como documentar alguém, como enquadrar uma pessoa.” 

Como o pai era “uma figura ausente,” Maria Clara o idealizava “para tapar um buraco”. “Vou tentando construir essa imagem e ele, sucessivamente, recusa-se a ser congelado. Há grande transformação para entender a possibilidade de uma relação, conflitos e a reconstrução do tempo interior. Foi preciso negociar a imagem e o espaço do outro. Tudo numa tentativa de amadurecimento. E ele se mostrou personagem muito forte, difícil de negociar”, conta a diretora. Ela decidiu, então, excluí-lo do processo de montagem. “Até por entender que um consenso harmonioso nunca vai ocorrer entre nós.” Se Maria Clara tivesse que dar um nome a esse “gênero” cinematográfico, seria “amador profissional”.

O pulo do gato

Cao Guimarães, de 47 anos, diretor de Otto (sobre a gravidez de sua mulher e o nascimento do filho), vencedor do Festival de Brasília do ano passado, acha fascinante a cultura do cinema amador. “Amater é cineasta amador e sou cineasta amador com muita honra, me sinto numa composição ótima, sou independente do mercado ou de qualquer coisa”, analisa. Ele lembra que nas artes visuais isso é recorrente e cita o exemplo da francesa Sophie Calle, que, na década de 1970, começou a se misturar com seu trabalho. “O autor traz energia vital para sua arte e se aproxima do espectador e esse é o pulo do gato, está aí a universalidade da arte”, afirma. Confesso ao diretor que quando ele começou a narrar o filme, pensei: “O Cao pirou! Que coragem”. Ele conta que inicialmente havia pensado em deixar o próprio Otto narrar, 20 anos depois, mas mudou de ideia. “Percebi que se a minha mulher e meu filho estavam sendo expostos, seria mais sincero de minha parte se eu estivesse ali.” 

Ventos de Valls, de Pablo Lobato, de 36, abriu a Mostra de Cinema de Tiradentes. Retrata viagem da família dele (com esposa e filha, inclusive) à cidade da Espanha. São pessoas que retornam ao lugar onde viviam depois de anos da fuga de navio para o Brasil. O cinema que o diretor gosta de fazer e com o qual se identifica “é o que está mais próximo do fazer amador, no bom sentido, com amor”. Ele procura “pensar cinema como arte” e o fato de usar pessoas próximas tem muito a ver com “a vibração que elas passam” pela proximidade. “Falamos para ninguém e para todo mundo”, diz, citando Nietzsche (Assim falava Zaratustra – Um livro para todos e para ninguém). O cineasta acha que esse tipo de filme está “muito próximo da liberdade do gesto.” Ficou feliz com a receptividade do longa em Tiradentes (“nunca fui tão procurado pelo público”). Pablo diz que usa Ana (a filha) como componente de algo maior. “É um filme sobre a saga dos Panadés, ela é personagem da viagem. A obra se posiciona no lugar da infância dela e deles (no pós-guerra, na Catalunha).”

Kiko Goifman, autor de 33 (documentário sobre sua busca pela mãe biológica, de 2004, selecionado para vários festivais internacionais) e de Filmefobia (que revela inclusive a fobia do diretor – vencedor do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro em 2008) gosta de trabalhar com equipe mínima, “que dá maior intimidade e permite o registro mais leve”. O diretor lembra que “filmes em primeira pessoa não têm sequer making of, “são o making of deles mesmos.” Em Filmefobia, decidiu se expor porque estava expondo todo mundo; filmou-se desmaiando. Já 33, ele garante, foi terapêutico. 

“Tanto que nem penso mais na questão. É um filme sobre o tabu da adoção e dou a cara a tapa. Incomodava-me ter que esconder que sou adotado. Não incomoda mais. Mas o resultado tem que ser interessante, senão se torna a terapia mais cara do mundo.” Durante a entrevista, confessei a Kiko que 33 me incomodou, conheço a mãe adotiva dele e, como mãe, tomei as dores dela. Kiko me contou que não fui a única, ele foi muito cobrado. “O processo foi doloroso, ouvia muita gente dizer ‘você já tem mãe’. A primeira coisa que fiz foi conversar com ela, que aprovou. Hoje, instituições que trabalham com adoção exibem o filme.”

Memória

Quebra-cabeças


Na obra La filature, de 1981, Sophie Calle manda contratar um detetive particular para segui-la e constituir um relato sobre suas atividades ao longo de um dia. Ela não conhece a pessoa que a seguirá, mas pede a um terceiro que se coloque num ponto de seu caminho e fotografe as ações de qualquer um que pareça segui-la. Num quebra-cabeças cujas peças são imprecisas, ela expõe esses diferentes olhares cruzados: os dois registros fotográficos 
e três relatórios, o dela própria sobre seu dia, o do detetive contratado e o dessa terceira pessoa sobre as ações do detetive.

A pedida é samba (BossaCucaNova)-Mariana Peixoto‏

A pedida é samba BossaCucaNova reúne um time de craques para gravar releituras de pérolas do repertório de Chico Buarque, Jorge BenJor e Martinho da Vila. Batuque e jazz batem ponto no novo álbum

Mariana Peixoto
Estado de Minas: 15/02/2013 


Passada, há muito, a onda da bossa nova eletrônica, só mesmo os bravos sobreviveram. E fazendo diferente, diga-se de passagem. Criado há 15 anos, o BossaCucaNova, trio eletroacústico formado pelo DJ Marcelinho DaLua, o baixista Márcio Menescal e o tecladista Alexandre Moreira, chega agora ao quarto álbum. Nossa onda é essa!, lançado pela Coqueiro Verde Records, mantém o formato que fez a fama do grupo: releituras com forte presença de convidados. 

Desta vez, há uma diferença essencial. A bossa que dá nome ao trio se faz menos presente. Nossa onda é essa! traz muito mais samba do que seus antecessores (Revisited classics, 1998; Brasilidade, 2001; e Uma batida diferente, 2004). Três das 11 faixas são assinadas pelo grupo: Balança (não pode parar!), Ficar (com Ronaldo Bastos) e Rio de inspiração (com Moska). Colaboradores de primeira hora continuam com o trio, como a cantora Cris Delano e Roberto Menescal, pai de Márcio.

Releituras 


Com um time de bambas, o BossaCucaNova faz a revisão de canções de outros repertórios. Maria Rita é a voz de Deixa a menina (Chico Buarque), samba com ares jazzísticos graças à participação do pianista David Feldman e seu trio; Elza Soares brilha em A pedida é samba (Roberto Martins e Jair Amorim), que contou com Tia Surica no coro; faixa menos conhecida de Jorge BenJor (da época em que ele era somente Ben), Waldomiro Pena ganha tom funkeado na voz de Wilson Simoninha, que gravou também Adeus América ao lado do grande Oscar Castro Neves.

O disco prossegue com outros nomes conhecidos do meio sambista carioca: Martinho da Vila (ele regravou, com ares mais atuais, sua Segure tudo com Cris Delanno); Teresa Cristina (em Deixa pra lá, de Leci Brandão); e a carnavalesca Tô voltando (Paulo César Pinheiro-Maurício Tapajós), que encerra o disco em clima de folia graças à percussão do Monobloco.

E, para não dizer que não faz jus ao nome, É preciso perdoar, na voz de Emílio Santiago, continua sendo bossa, só que com um acento bem diferente de sua gravação mais conhecida, na voz de João Gilberto.

Genes ligados ao câncer adiantam a menopausa-Marcela Ulhoa‏

De acordo com pesquisa americana, as mesmas estruturas ligadas a tumores no ovário e na mama podem reduzir o período fértil feminino. Os estragos são ainda maiores em fumantes 

Marcela Ulhoa
Estado de Minas: 15/02/2013 

A idade que marca a última menstruação de uma mulher depende de vários fatores — entre eles, os genéticos. De acordo com as estimativas, a influência hereditária na menopausa pode chegar a 80%. No entanto, a transmissão de dois genes modificados pode ser uma herança prejudicial à fertilidade feminina e ao bom funcionamento dos ovários. De acordo com um estudo da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, mulheres com mutações nos genes BRCA 1 e BRCA 2 tendem a entrar na menopausa mais cedo do que o esperado e, com isso, aumentam o risco de infertilidade.
Os dois genes já eram conhecidos por aumentar o risco de desenvolvimento de câncer de mama e de ovário. Entretanto, essa é a primeira vez que é estudada a relação deles com a idade da última menstruação. “Isso pode adicionar importantes implicações psicológicas para quem é portadora de BRCA1/2, e terá um impacto significativo na tomada de decisão sobre a saúde reprodutiva”, avalia o autor principal do estudo, Mitchell Rosen. Como a menopausa representa o fim da fertilidade natural da mulher, a pesquisa ressalta que a antecipação da data acaba por implicar em um período fértil mais curto. Nesse caso, as mulheres com os genes modificados, se quiserem ser mães, são aconselhadas a não atrasarem demais a gravidez.
A fim de traçar o impacto genético na ovulação feminina, os cientistas pesquisaram, no banco de registro de câncer da Universidade da Califórnia, mulheres portadoras de mutações nos genes BRCA 1/2. Além das mais de 400 pessoas escolhidas a partir desse registro, participaram do estudo 765 mulheres saudáveis e da mesma região geográfica. O período de menopausa desses dois grupos foi comparado. Levou-se em consideração na análise se as mulheres eram fumantes e quantos cigarros consumiam por dia.
Os resultados mostraram que, enquanto as mulheres que não apresentavam a mutação entraram na menopausa em média aos 53 anos, aquelas portadoras do gene modificado pararam de menstruar aos 50 anos. Além disso, as voluntárias com a alteração genética que fumavam mais de 20 cigarros por dia entraram na menopausa ainda mais cedo: com 46 anos. O tabagismo, segundo a pesquisa, cataliza o efeito porque provoca vários impactos no organismo, como a alteração do ciclo menstrual e a desregulação do estrogênio.
Apesar de uma diferença de três anos parecer pequena ou mesmo pouco alarmante, Jesus Paula Carvalho, chefe da ginecologia oncológica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), pondera que essa é uma diferença que mostra que as mulheres com a mutação têm, ao longo da vida, um ovário que funciona menos. “Intuitivamente, faz sentido, porque é um ovário doente que vai parar de funcionar antes. A menopausa é o evento final, mas a mulher, desde os 30 anos, vai perdendo um pouco a função ovariana. É de se esperar que, se o ovário acaba a função antes, ele deve, ao longo da vida reprodutiva, ter tido uma função também diminuída”, analisa.

Nova orientação O ginecologista oncológico explica que a recomendação atual é para que as mulheres com mutação nos genes BRCA 1 e 2 tenham os filhos até 35 anos e, depois, retirem os ovários como medida de precaução, diminuindo, assim, o risco de morte por câncer de ovário. “Talvez, a partir desse novo estudo, nós tenhamos que acrescentar na informação que, aos 35 anos, elas podem ter risco de desenvolver um câncer, mas que, antes disso, é provável que a fertilidade esteja diminuída e, com isso, tenham menos chance de engravidar”, explica o médico.
De acordo com ele, as mulheres com mutação nesses dois genes podem ter de 20% a 50% de chance de ter câncer de ovário. Esse tipo de tumor é quase sempre fatal, já que a sobrevida dificilmente passa de cinco anos. É por isso que o protocolo usual é a retirada do ovário antes mesmo de o tumor aparecer, o que, sendo Carvalho, pode acontecer antes mesmo da mulher ter tido o primeiro filho. “A perda da fertilidade tem muitas implicações: a frustração de uma mulher que não pode ser mãe; e a menopausa precoce, que pode trazer outros problemas como a osteoporose. Mas a contrapartida disso é a morte. O câncer de ovário é quase que uma sentença de fim da vida.”

Baixa prevalência O exame para diagnosticar mutações nos genes BRCA 1/2 é bem específico e só é solicitado às mulheres com alto risco de desenvolver câncer ou quando alguém da família já fez o teste e comprovou ser portador do gene modificado. Luciano Pompei, presidente da Comissão Nacional Especializada em Climatério da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), explica que o motivo para o exame ser tão seletivo é o seu alto custo e a baixa prevalência da mutação entre as mulheres, que chega a aproximadamente 1% da população mundial.
A fim de identificar as mutações, é realizada uma coleta de sangue, seguida de um sequenciamento genético para análise de diversos genes oncogênicos, dentre eles, o BRCA. “Quando identificamos um dos genes relacionado ao câncer de mama e ovário nas descendentes da paciente, a gente já não pesquisa todos, vamos direto no que tem mutação”, detalha Pompei. Os genes BRCA estão presentes em todas as pessoas. Em células normais, eles ajudam na verificação do DNA e evitam o crescimento celular descontrolado. “O DNA presente no interior das células codifica todos os genes. Quando uma célula se multiplica, o DNA também é duplicado. Nesse processo, existe um mecanismo interno para verificar se teve alguma falha. Mas se o gene está mutado, tem uma falha nessa verificação e podem surgir células com genes alterados”, explica o ginecologista. 
De acordo com ele, esse mecanismo pode explicar também porque o ovário da mulher com BRCA 1/2 começa a parar de funcionar precocemente. Apesar de não existirem terapias genéticas disponíveis para solucionar o problema, o médico afirma que as mulheres com os genes modificados podem desempenhar o papel de mãe e viver sem os traumas de uma câncer ao realizar um acompanhamento médico adequado. Além disso, ele alerta que, nesses casos, o tabagismo tem efeitos ainda piores do que para o resto da população, devendo ser totalmente evita

CIÊNCIA » Remédio para a ansiedade afeta peixes-Bruna Sensêve‏

Droga que chega aos rios e mares pelo sistema de esgoto torna os animais vorazes e antissociais, afirmam cientistas suecos. Segundo estudo, a eliminação de medicamentos traz riscos para a natureza e a saúde humana 

Bruna Sensêve
Estado de Minas: 15/02/2013 

O medicamento é ingerido, exerce sua função no organismo do doente e é excretado pelo corpo. A partir daí, essas drogas passam para pelas estações de tratamento de esgoto e são descarregadas em cursos d’água. O processo se repete em todos os cantos do mundo, diluindo uma enorme quantidade de substâncias sintéticas em rios e lagos e, possivelmente, chegando de volta às residências. As consequências desse ciclo sobre a saúde humana e o meio ambiente ainda são desconhecidos, mas pesquisadores da Universidade de Umea, na Suécia, conseguiram mostrar que o processo certamente causa impacto na natureza. Os especialistas investigaram as reações de peixes expostos a um moderador de ansiedade bastante consumido naquele país e se surpreenderam com a alteração no comportamento dos animais, o que os levou a concluir que a eliminação de remédios na água pode levar a impactos ecológicos inesperados.
O trabalho foi apresentado ontem durante o encontro anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS), maior sociedade científica do mundo e editora da revista Science, que também traz um artigo sobre o trabalho na edição de hoje. Tomas Brodin e sua equipe expuseram um grupo de peixes percas a doses de oxazepam correspondentes às encontradas em águas de áreas densamente povoadas na Suécia. Os animais foram comparados a cobaias que não entraram em contato com a droga. De acordo com o estudo, mesmo pequenas quantidades da substância diluída fizeram com que os bichos passassem a comer mais rapidamente e a correr riscos desnecessários.
As percas normalmente vivem e caçam em grupo, uma estratégia desenvolvida pela espécie para garantir a sobrevivência. No entanto, os peixes que tiveram contato com a droga se mostraram destemidos e menos sociais, deixando seus grupos para procurar alimento por conta própria — um comportamento que os torna mais vulneráveis a predadores. E as esquisitices observadas pelos cientistas não pararam por aí. Ao encontrar alimento, as percas intoxicadas comeram muito mais rapidamente que seus pares. “Mudanças no comportamento alimentar podem perturbar seriamente o equilíbrio ecológico. Vamos analisar quais as consequências que isso pode ter. Nas águas onde os peixes começam a comer de forma mais eficiente, a composição de espécies pode ser afetada e levar a efeitos inesperados, como o aumento do risco de floração de algas”, conta Brodin.

Preocupação A oxazepam é uma droga usada no tratamento psiquiátrico da ansiedade em seres humanos. Ela não é modificada ao deixar o organismo, e resíduos de seu consumo muitas vezes acabam em ecossistemas aquáticos próximos a usinas de tratamento de esgoto. As substâncias sintéticas que repetem esse processo são chamadas de poluentes de preocupação emergente e também abrigam produtos de beleza, drogas ilícitas, hormônios, pesticidas e aditivos industriais. “São produtos processados que surgiram com a modernidade e representam uma grande preocupação, tanto isoladamente quanto em interação”, descreve Cristina Brandão, coordenadora do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade de Brasília (UnB), que não participou do estudo.
Segundo ela, a utilização de organismos aquáticos no estudo se justifica principalmente pela dificuldade de avaliar esse impacto na saúde humana. Isso porque o ser humano recebe esse tipo de substância por diferentes vias, como ingestão e respiração, tornando difícil isolar somente os efeitos da água. “A preocupação existe exatamente por se observa efeitos em animais, inclusive em mamíferos. Embora não tenhamos evidências ou dados para afirmar os efeitos sobre a saúde humana, esses indicadores em animais são um alerta para começarmos a estudar. Não temos informações para dizer sim ou não.”
Brandão considera que é necessário um investimento grande em estudos que possam identificar quais são os limites dessas substâncias para os ambientes naturais, já que, em sua opinião, a proteção das espécies aquáticas pode proteger também o ser humano. Ela também ressalta que, mesmo fora das práticas rotineiras de tratamento da água, existem tecnologias avançadas para a remoção desses compostos nas rotas mais importantes de chegada, os esgotos. “Não são as que estão sendo comumente utilizadas, nem no Brasil nem no mundo, mas elas existem e são capazes de remover esses compostos”, afirma.

TV PAGA

Estado de Minas 15/02/2013

Abracadabra!

O canal TLC estreia hoje a série Dynamo: mágica impossível, às 22h, mas antes disso, às 21h, a emissora passa a exibir episódios inéditos de NY Ink. Nessa última, o tatuador Ami James, do estúdio Wooster Street Social Club, tenta conciliar o sucesso profissional com as demandas da vida pessoal, o que nunca é muito fácil. Já Dynamo é o nome artístico de Steven Frayne, um cidadão de 29 anos que se vira fazendo números de ilusionismo sem superproduções, como outros mágicos 
que mais parecem astros do rock. O negócio de Dynamo é surpreender o público com truques com cartas, notas e moedas nas ruas, em festas e eventos.

Documentários o levam 
numa viagem pelo mundo


Mágica também fazem os snowboarders e esquiadores que o cineasta americano Warren Miller acompanhou pelos cinco continentes, das pistas indoor em Dubai a montanhas da Suécia e do Canadá, em Like there’s no tomorrow, hoje, às 22h, no canal Off. Mais tarde, às 23h45, a Cultura exibe o documentário Diplomat, sobre o hotel de Jerusalém transformado numa comunidade isolada por 600 imigrantes da antiga União Soviética que não se integraram à sociedade israelense e criaram um mundo dentro de outro mundo. 

Canal Bio exibe o perfil 
da top model Kate Moss


Nos canais da rede Fox, mais três destaques. Às 20h15, no canal Fox Life, será exibido “Petiscos da América do Sul “, episódio inédito da série Eat street. Às 22h15, o NatGeo emenda três episódios de Histórias extraordinárias. E às 23h, no Bem Simples, Ticiane e Helô Pinheiro mostram como fazer um creme à base de café e cacau, maquiagem com brilho, banho de lua, além de dar dicas sobre looks e yoga em mais um programa Ser mulher. E por falar em mulher – e mulher bonita –, o canal Bio reservou para hoje, às 18h15, um especial sobre e modelo Kate Moss.

Telecine Action continua 
sua sessão de pancadaria


Primeiro foi Chuck Norris. Depois, Steven Seagal. Pela lógica, só poderia dar Jean-Claude van Damme na seleção Sobreviventes do carnaval, do Telecine Action, hoje com os filmes Cyborg – O dragão do futuro (15h20) e Olhos de dragão (16h55). Para quem prefere algo mais meigo, o Telecine Pipoca emenda duas fitas de Selena Gomez: Ramona e Beezus (18h10) e Monte Carlo (20h). E na linha da comédia tem Eddie Murphy fazendo hora extra em Sou espião (20h) e Showtime (21h30), no canal FX.

Ação, drama e humor na 
programação de cinema


Estreia hoje, às 22h, no Telecine Premium, o longa Codinome Cassius 7, uma trama de espionagem e filme policial com Richard Gere, Topher Grace e Martin Sheen. No mesmo horário, o assinante tem mais oito opções: As doze estrelas, no Canal Brasil; Almoço em agosto, na Cultura; O aniversário de Laila, no Futura; Sem vestígios, na Warner; A órfã, no Space; Compramos um zoológico, no Telecine Pipoca; Um peixe chamado Wanda, no Telecine Cult; e Poder absoluto, no TCM. Outras atrações da programação: Tudo para ficar com ele, às 21h, no Comedy Central; Robin Hood (2010), às 22h15, no Universal Channel; e The Runaways – Garotas do rock, às 22h25, no Megapix.

Sombra do Papa ['Monsenhor George Clooney']

folha de são paulo
Assessor apelidado de 'Monsenhor George Clooney' será elo entre Bento 16 e sucessor como pontífice
CLÓVIS ROSSIENVIADO ESPECIAL A ROMABento 16 não ficará tão "escondido do mundo" como anunciou ontem, na audiência com o clero de Roma.
Uma verdadeira sombra sua permanecerá a serviço do novo papa, como assessor do pontífice, acumulando o papel de secretário privado de Joseph Ratzinger mesmo depois que este se retirar primeiro para Castel Gandolfo (onde fica a residência de verão dos papas) e, depois, para o convento Mater Ecclesiae, no interior do Vaticano.
Esse duplo papel pertencerá ao monsenhor alemão Geor­g Gäns­wein, 57 anos, que chegou a ser chamado de "Monsenhor George Clooney" pela revista "Vanity Fair", que não é exatamente uma publicação muito dedicada ao espírito.
Pablo Ordaz, correspondente de "El País" na Itália, descreve-o assim: "1,80 m de es­ta­tu­ra, cor­po de atle­ta, cabe­lo loiro, olhos claros". É secretário pessoal de Ratzinger há nove anos, ou seja, desde antes de que o cardeal alemão se tornasse papa -uma indicação clara do grau de confiança e proximidade entre eles.
O duplo papel de Gäns­wein, anunciado ontem pelo porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, provocou óbvia e imediata suspeição na sala de imprensa da Santa Sé, para a qual aflui inexoravelmente toda a sorte de especulações, boatos, apostas e diz que diz de uma Igreja Católica que seu próprio chefe admitiu anteontem estar dividida.
Uma jornalista sugeriu, na sua pergunta a Lombardi, que era discutível, com Gänswein ao lado dos dois papas, que Bento 16 não fosse ter interferência alguma no novo papado.
Lombardi explicou que o prefeito (título que Gänswein terá) não tem participação nem na governança do Vaticano nem na doutrina que dele emana.
Limita-se, continuou, a cuidar de aspectos praticamente burocráticos, como, principalmente, acertar as audiências do papa.
A suspeição se deve ao papel que Gänswein desempenhou em outra função teoricamente burocrática, a de secretário de Bento 16.
Foi ao fax que "Monsenhor Clooney" vigia que chegou uma carta dirigida ao papa com denúncias graves.
O papa a leu e Gänswein guardou-a depois em uma gaveta no próprio apartamento papal. Mas a carta, bem como muitos outros documentos secretos, acabou vazando e apareceu no livro "Sua Santidade - As Cartas Secretas de Bento 16", cujo autor, Gianluigi Nuzzi, foi entrevistado anteontem pela Folha.
O BEM INFORMADO
O dublê de secretário (de um papa) e prefeito (do outro, futuro) está, portanto, bem informado sobre a hipocrisia vaticana que Bento 16 tanto lamentou na Missa de Cinzas.
O sentido comum diz que Bento 16 não poderá se esconder do mundo -pelo menos do mundo eclesiástico- se Gänswein resolver, como é natural, conversar com ele sobre o que acontece dentro do Vaticano.
Até porque Lombardi deixou claro ontem que Ratzinger não perderá o nome de Bento 16, que escolheu ao ser eleito papa. "É um título absolutamente inalienável", disse o porta-voz.
COMITIVA
Além de Gänswein, acompanharão Bento 16 a Castel Gandolfo e depois ao convento o seu segundo secretário, o padre mal­tês Alfred Xue­reb, e a chamada "fa­mí­lia do pa­pa", formada pelas leigas Car­me­la, Lo­re­da­na, Cris­ti­na e Ro­se­lla e pela monja Bir­git Wan­sing.
Dois papas, então, convivendo no mesmo e pequeno Estado do Vaticano? Não, disse ao "Corriere della Sera" o padre Ottavio De Bertolis, especialista em direito canônico da Pontifícia Universidade Gregoriana: "A partir do dia 28, Ratzinger não é mais papa. Ponto, parágrafo".
Mas, como quase tudo nesse ineditismo que é a renúncia de um papa, De Bertolis admite que há uma zona de sombra.
"O direito canônico", diz ele, "cala sobre quais são os direitos e deveres" do papa que deixou o trono de Pedro.

    Trivia do Papa

    folha de são paulo

    TRIVIA DO PAPA
    Quando começa o conclave?
    Entre 15 e 20 de março, prazos mínimo e máximo previstos na Constituição vaticana para a duração da chamada Sede Vacante
    Bento 16 perde esse nome?
    Não, "é um direito inalienável", diz Lombardi
    Bento 16 perde o título de cardeal e de bispo?
    O de bispo, não. É um sacramento. O de cardeal é um título. Pode, portanto, cair
    Quem fará a segurança de Bento 16 depois do dia 28?
    A segurança normal do Vaticano, incluída a Guarda Suíça
    Bento 16 participará da posse do novo papa?
    O porta-voz não tem informação a respeito, mas acredita que não
    O que acontece a partir de 1º de março?
    O primeiro movimento será a chamada "Congregação Geral", encontros entre os cardeais que forem chegando a Roma para participar do conclave. É nela que começam a se definir os votos
    Quanto tempo durará o conclave?
    Ninguém sabe, como é óbvio, mas "não será um conclave rápido como o de 2005", prevê o cardeal Wilfried Fox Napier (África do Sul), um dos incontáveis "papabili". O de 2005 durou apenas quatro votações, em dois dias
      http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/93859-trivia-do-papa.shtml

    Como Vargas, Bento 16 joga sobre rivais o peso de seu 'suicídio'


    folha de são paulo
    ANÁLISE
    MARCELO COELHOCOLUNISTA DA FOLHA
    Sobre a renúncia de Bento 16, a frase mais estranha, e mais dura, veio de um cardeal. "Da Cruz não se desce", disse Stanislaw Dziwisz, antigo secretário pessoal de João Paulo 2º.
    O polonês Dziwisz estava comparando a saída de Bento 16 com o sofrimento de seu antecessor. Destruído pelo mal de Parkinson, João Paulo 2º aguentou até o fim; ficou na Cruz. Bento 16, supostamente por fragilidade e cansaço, não foi capaz de sacrifício semelhante.
    Fazer a comparação entre os dois papas parece, da parte de Dziwisz, quase desumano; no mínimo, é falta de compaixão pelo sofrimento alheio.
    Por que tanta dureza? Dziwisz deve ter se lembrado de uma entrevista que Bento 16 deu a uma rede de TV italiana, quando ainda era o cardeal Ratzinger e quando João Paulo 2º já sofria bastante com sua doença.
    O papa não deve renunciar, dizia Ratzinger. O Senhor é quem dá a alguém responsabilidade de ser papa, explicou, e "só o Senhor pode retirá-la." O sofrimento de João Paulo testemunhava sua proximidade com Cristo.
    O repórter pôs, digamos assim, lenha na fogueira. Ele lembrou uma frase de João Paulo 2º: "Deus me iluminou, e só Deus me pode tirar daqui". Por que o papa teria dito isso?
    "Porque assim é", respondeu Ratzinger. Não foram os cardeais que fizeram dele um papa, mas sim uma intervenção divina.
    Incoerência de Bento 16, renunciando agora? Nem tanto: sempre se pode dizer que ele estava apenas justificando a coragem de João Paulo 2º, que afinal é considerado um santo, e que nem todo papa, mesmo bom, tem a obrigação de ser um mártir.
    Mas é aí que o raciocínio de Bento 16 dá mais uma volta. Vale lembrar que três dias antes da renúncia, no dia 8 de fevereiro, o papa fez um discurso para jovens seminaristas, comentando algumas palavras de são Pedro.
    São Pedro, o fundador da Igreja, foi também um "homem que caiu", que negou Jesus. Bento falava de si mesmo? Ou do Vaticano?
    São Pedro decidiu sair de onde estava para ir a Roma, onde o esperava "o martírio", a Cruz. "Roma é o lugar do martírio", acrescentou o papa. Cita ainda são Pedro: Roma? É "a Babilônia". Lugar de paganismo e de pecado.
    Eis que tudo se transforma, então. O sofrimento de Bento 16 não está em seus problemas físicos. O que lhe falta é a energia para enfrentar as tarefas de renovação da igreja.
    Não se trata apenas de "sofrer e orar", como fez João Paulo 2º, mas também de possuir "vigor de corpo e espírito" para "conduzir a barca de são Pedro". É o que ele disse no discurso de renúncia.
    Interpretando: dados os escândalos financeiros e morais de Roma, dessa "Babilônia", é necessário que seja eleito um papa mais vigoroso do que eu. Fica a imagem de um papa vencido por inimigos poderosos.
    Conclusão: Bento 16 acaba saindo como mártir também. Não o mártir passivo, que apenas sofre e reza. Mas um pouco o mártir no estilo de Getúlio Vargas, que se "suicida" simbolicamente e, com isso, joga sobre os adversários, sobre as "forças ocultas", a responsabilidade pelo que aconteceu.
    Se essa versão procede, parecem pequenas as chances de que a burocracia interna do Vaticano, com os cardeais italianos representados pelo secretário Tarcisio Bertone (78 anos), detenha controle da sucessão.