segunda-feira, 22 de abril de 2013

Quadrinhos - Julio&Gina

folha de são paulo

JULIO & GINA      CACO GALHARDO
CACO GALHARDO
CHICLETE COM BANANA      ANGELI
ANGELI
PIRATAS DO TIETÊ      LAERTE
LAERTE
DAIQUIRI      CACO GALHARDO
CACO GALHARDO
NÍQUEL NÁUSEA      FERNANDO GONSALES
FERNANDO GONSALES
MUNDO MONSTRO      ADÃO ITURRUSGARAI
ADÃO ITURRUSGARAI
BIFALAND, A CIDADE MALDITA      ALLAN SIEBER
ALLAN SIEBER
MALVADOS      ANDRÉ DAHMER
ANDRÉ DAHMER
GARFIELD      JIM DAVIS
JIM DAVIS

HORA DO CAFÉ      ALVES
ALVES

Cresce mundo paralelo de pseudoacademia

folha de são paulo

The New York Times

Por GINA KOLATA
Os cientistas convidados para participar de uma conferência intitulada "Entomology-2013" acharam que tinham sido chamados para fazer uma apresentação perante a principal associação profissional de cientistas que estudam insetos.
Mas eles estavam equivocados. A conferência prestigiosa e academicamente sancionada que tinham em mente tem um nome ligeiramente diferente: "Entomology 2013" (sem o hífen). A conferência para a qual eles tinham se inscrito tinha palestrantes recrutados por e-mail que não foram indicados por acadêmicos renomados.
Àqueles que concordaram em comparecer foi, mais tarde, cobrada uma taxa polpuda pelo privilégio, e praticamente todos os que pagaram ganharam um espaço no pódio, que pôde ser usado para exagerar o valor de seus currículos.
"Acho que fomos ludibriados", escreveu um dos cientistas à Entomological Society.
Os cientistas tinham ido parar num mundo paralelo e pseudoacadêmico. Nesse mundo, muitos dos periódicos e das conferências possuem nomes quase idênticos aos de publicações e eventos respeitados e amplamente conhecidos.
Steven Goodman, reitor e professor de medicina na Universidade Stanford, na Califórnia, e editor do periódico "Clinical Trials", que tem seus próprios imitadores, descreveu o fenômeno como "o lado sombrio do acesso aberto", o movimento que busca disponibilizar publicações acadêmicas gratuitamente.
O número desses periódicos e conferências vem subindo vertiginosamente à medida que o mundo editorial científico passa de um modelo tradicional -voltado a sociedades de profissionais e baseado quase inteiramente em receitas de assinaturas- para o acesso aberto -que depende de autores ou de financiadores para a publicação de artigos on-line que podem ser lidos por qualquer pessoa.
Alguns pesquisadores estão soando o alarme para o perigo da proliferação de periódicos on-line que, ao que parece, publicam qualquer coisa em troca de uma taxa. Eles avisam que pessoas não especializadas que fazem pesquisas on-line terão dificuldade em distinguir pesquisas dignas de crédito de materiais que não têm valor.
Pesquisadores dizem também que as universidades estão enfrentando novos desafios para avaliar o currículo de acadêmicos. Será que os artigos que eles mencionam foram publicados em periódicos altamente competitivos ou em outros que se fazem passar por isso?
Alguns acadêmicos dizem que tiveram dificuldade em se distanciar desses periódicos depois de terem equivocadamente concordado em participar de seus conselhos editoriais.
Jeffrey Beall, bibliotecário pesquisador na Universidade do Colorado em Denver, redigiu uma lista negra de "periódicos de acesso aberto predatórios", em suas palavras. Em 2010, sua lista tinha 20 títulos de publicações. Hoje, ela inclui mais de 300. Bealls estima que hoje existam mais de 4.000 periódicos predatórios. "São publicações que rendem dinheiro fácil, requerem muito pouco trabalho e fazem poucas exigências", disse ele.
Um dos publishers mais prolíficos na lista de Beall é Sribubabu Gedela, diretor do Omics Group. Ele possui cerca de 250 periódicos e cobra dos autores até US$ 2.700 por artigo. Gedela, que afirma ser Ph.D. pela Universidade Andhra, na Índia, diz em seu site que "aprendeu a criar maravilhas na biotecnologia". "Não há concessões na política de revisões de qualidade", escreveu ele por e-mail.
O médico Paulino Martínez, de Celaya, no México, contou que foi ingênuo o suficiente para enviar dois artigos em resposta a um e-mail que recebeu no ano passado do "Journal of Clinical Case Reports". Seus artigos foram aceitos. Em seguida, chegou uma conta de US$ 2.900. Martínez ficou chocado -ele não fazia ideia de que era cobrada uma taxa pela publicação de artigos. Pediu que seus artigos fossem sustados, mas eles foram publicados assim mesmo.
O periódico ofereceu reduzir a taxa para US$ 2.600. Finalmente, após um ano, muitos e-mails e um telefonema, a publicação perdoou a dívida de Martínez. "Sou médico num hospital de província. Não tenho o dinheiro que a publicação pediu."

    Redes sociais mudam a forma de ver TV

    folha de são paulo

    Tête-à-tela
    Assistir à tv com smartphones e tablets na mão aproxima telespectador
    MARCO AURÉLIO CANÔNICODO RIOA sua TV já não cabe mais naquele aparelho da sala chamado televisor.
    Ela se expandiu para, agora sim, uma telinha: as de seu computador, celular e tablet. E, por saber que você está na frente de um desses dispositivos --ou navegando na internet enquanto assiste à programação--, quem faz televisão não quer perder sua atenção.
    Segundo o Ibope, 43% dos internautas assistem à televisão enquanto navegam; nos EUA, são 77% das pessoas, de acordo com dados do Google.
    A consequência disso é a ascensão da chamada "segunda tela", o termo do momento entre as emissoras.
    Os aparelhos que se conectam à web permitem à audiência interagir com o que está passando na TV, seja acessando informações complementares, sincronizadas à transmissão, seja comentando sobre a programação nas redes sociais.
    "É um fenômeno estabelecido que tende a evoluir", diz Juliana Sawaia, 35, gerente do Ibope Media. "As pessoas não estão abandonando a TV, estão consumindo-a de outra forma."
    Emissoras e patrocinadores têm investido em aplicativos para celulares e tablets que fazem a ponte entre a programação e a internet --quem assiste a uma corrida de F1 ou a um jogo de futebol, por exemplo, pode seguir estatísticas extras.
    Já os fãs das séries "The Walking Dead" ou "Hannibal" baixam os aplicativos das séries e podem, enquanto assistem ao episódio, obter informações detalhadas sobre o passado de um personagem, por exemplo.
    Atenta ao fenômeno, a Rede Globo lançou recentemente seu app, o Com_VC.
    "As mídias sociais enriqueceram a forma de ver TV, deram um dinamismo novo às conversas", diz Sergio Valente, diretor de comunicação da Rede Globo.
    A segunda tela também serve para dar vazão à sede de consumo disparada pela TV, como mostra o exemplo do site brasileiro TV Square.
    "Você coloca o que está vendo e tem não só informações do que as pessoas estão vestindo, mas acessa os links para comprá-los", diz Mariana Eva, 39, fundadora do TV Square.

    TV+INTERNET = $$$
    O potencial mercadológico da interação entre TV e internet já é explorado.
    No maior negócio de sua história, o Twitter pagou quase US$ 100 milhões pela Bluefin Labs, criadora de uma plataforma que mede as reações das redes sociais à programação de TV.
    Uma pesquisa recente da Motorola Mobility mostrou que 78% dos entrevistados no Brasil se disseram interessados em relacionar seus perfis de redes sociais com os serviço de TV, de forma que pudessem mostrar aos amigos o que estão vendo e discutir isso on-line.

      Espectadores relacionam-se entre si, e hábito de comentar a programação deixa a sala de estar para a internet
      Opiniões também funcionam para chamar mais audiência e para informar sobre o que está passando
      DO RIOConecte-se a uma rede social durante a transmissão de algum evento popular na TV --um jogo de futebol, uma novela, a escolha do novo papa, uma premiação como Oscar ou Grammy-- e é certo: ela vai estar fervilhando com comentários sobre cada detalhe do que está no ar.
      "Eu costumo dizer que é uma nova profissão, comentarista de TV das redes sociais", diz o ator Luiz Fernando Almeida, 38, de Santos, usuário do site TV Square, que reúne telespectadores.
      "Quando você está em casa, assistindo sozinho, é uma forma bacana de interagir, inclusive com gente desconhecida. Você acaba conhecendo pessoas que se interessam pela mesma programação."
      Com a proliferação da segunda tela (do computador, do celular ou do tablet) e do hábito de ver TV e navegar na web ao mesmo tempo, a experiência de socializar em torno da programação passou da sala de estar para sites como o Facebook e o Twitter.
      "Comentar os programas de TV sempre foi um hábito do brasileiro. E as mídias sociais conseguiram torná-lo ainda mais interessante", diz Sergio Valente, diretor de comunicação da Globo.
      O burburinho na rede acaba atraindo para a TV gente que não estava ligada, além de atuar como um guia de programação personalizado.
      "Antes, eu ficava zapeando na televisão e ia para a rede social, agora eu faço o contrário, vejo pelos comentários o que está rolando e vou para o canal que me interessa", conta Allan Novo, 21, DJ e produtor musical do Rio.
      "Era muito mais interessante ver Avenida Brasil' com o Twitter ou com o Facebook, porque transformava a experiência num grande fórum", diz Sérgio Branco, 38, professor da FGV-RJ, especialista em direitos autorais e tecnologia.
      "Esse grande debate coletivo é o futuro de assistir à TV e, para as próprias emissoras, é fundamental essa resposta do público enquanto o programa está acontecendo."
      Assim, os canais investem em apps para concentrar as conversas que estão soltas nas variadas redes sociais.
      "Mas não achamos que fazer um app é o melhor caminho para todos os programas", afirma Eric Berger, vice-presidente de conteúdo digital da Sony Pictures. Para ele, reality shows, por exemplo, não são conteúdo que peça um software próprio.
      "O ato de compartilhar é inerente hoje. As emissoras vão se adaptar a esse novo cenário e criar ambientes específicos para que essa conversa aconteça de uma forma mais estruturada", diz Juliana Sawaia, gerente do Ibope Media.

        O "da poltrona" acordou para nos dizer o que espera da telinha - Marcelo tas

        folha de são paulo

        OPINIÃO
        MARCELO TASESPECIAL PARA A FOLHAQuem me despertou para a existência da segunda tela na TV foi uma insônia. Nos últimos anos, toda segunda, chego em casa tarde depois do transmissão ao vivo do "CQC". Com a cabeça agitada, o sono demora para chegar.
        Numa dessas noites, ainda na primeira temporada do programa, no ano de 2008, percebi que usando palavras-chave recuperava no Twitter o que os telespectadores comentaram, não depois, mas durante o programa.
        Nunca, em três décadas de trabalho na TV, eu tive acesso ao que o telespectador falava enquanto eu entrava na casa dele. Foi um susto! A resposta era tão direta e sincera que, às vezes, beirava a crueldade!
        Com disciplina de monge tibetano, passei a me dedicar à tarefa de entender o que o meu "cliente", o telespectador, tentava me falar. Há muito ruído e bobagens, claro. Mas essa interação mudou minha forma de trabalhar. A coleção de palavras para definir minha atuação é tão abundante quanto aparentemente incoerente. Vai de "mestre" a "babaca", de "feio e nojento" a "lindo e gostoso" e certezas contraditórias como "desconfiança absoluta" e "credibilidade total".
        Foi ainda a segunda tela que me revelou o hábito das pessoas de assistir ao "CQC" em grupo, como antigamente. Um dia, sem querer (querendo?), anunciei: "CQC', o programa da família brasileira". A frase virou slogan.
        Em pouco tempo, aprendi mais sobre o meu trabalho, sobre a natureza humana e sobre mim mesmo do que em todas as décadas anteriores, enquanto o "da poltrona" ficava calado. Foi o comediante Renato Aragão que criou esse bordão. Minha certeza é que o "da poltrona" mexeu o traseiro e cansou da passividade em que estava hibernando.
        Talvez por sua natureza "broadcast"--mais preocupada com falar que ouvir--, a televisão tem reagido com hesitação e um certo preconceito a essa gigantesca revolução. Com a segunda tela se tornando um novo negócio --mesmo que frugal demais para o apetite de glutão do mercado-- surge uma oportunidade preciosa para a velha senhora, a TV, se reinventar.
        Uma coisa é certa: este é apenas o início de uma mudança. O telespectador passivo do passado, que engolia tudo calado, está em processo de extinção. Se a TV não acordar, vai junto com ele.

          Twitter vê como crucial simbiose com a TV

          folha de são paulo

          MARIANNA ARAGÃODE SÃO PAULOA interação do Twitter com a televisão, embora não detectada por Jack Dorsey quando criou a rede de microblogs em 2006, se tornou crucial para o crescimento da plataforma recentemente.
          Desde o início de 2012, o número de tuítes sobre programas e eventos transmitidos pela TV cresceu 200% nos Estados Unidos. Metade do conteúdo produzido pelos usuários se refere a esporte.
          Segundo a vice-presidente de mídia do Twitter, Chloe Sladden, a expansão ocorre diante do potencial da plataforma para alavancar a audiência das emissoras, além do interesse dos usuários em participar das transmissões.
          "O usuário se sente parte do programa, o que torna tudo mais emocionante", diz a executiva à Folha.
          A rede de microblogs, que tem 200 milhões de usuários ativos no mundo, tem estimulado essa interação.
          Nos últimos anos, Sladden e sua equipe, de cerca de 20 pessoas, trabalham para estreitar as relações com emissoras e produtoras de TV.
          No Brasil, um dos maiores mercados do Twitter, isso tem acontecido naturalmente, diz ela, que esteve em São Paulo na semana passada.
          "Antes mesmo de abrirmos o escritório aqui [em dezembro] já havia seis ou sete programas [de TV] fazendo isso."
          Em 2012, a novela "Avenida Brasil" e as partidas finais de campeonatos de futebol estiveram entre os temas mais comentados no país na rede.
          "Além do forte engajamento dos usuários brasileiros, vemos muita inovação acontecendo por parte das redes de TV", afirma Chloe.
          Ela cita um programa de esportes brasileiro que criou enquetes ao vivo por meio de Twitter, iniciativa que acabou de ser lançada nos Estados Unidos pelo canal ESPN.
          Segundo a executiva, com a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas por aqui, o país deve ganhar ainda mais destaque dentro da estratégia da empresa.
          "Certamente vamos bater novos recordes de tuítes por minuto nesses eventos."
          AUDIÊNCIA
          Para a executiva, a simbiose entre tuítes e audiência será cada vez maior.
          Um estudo feito nos EUA pela Nielsen em março aponta que um aumento de 8,5% no volume de tuítes entre a população jovem (entre 18 e 34 anos) pode elevar em 1% a audiência de um programa.

            O fascínio de uma câmera analógica - Luli Radfahrer

            folha de são paulo

            A evolução é muito mais complexa e sutil do que propõem os que vendem a eficiência dos processos
            Minha sobrinha Duda é a artista da família em sua geração. Não se sabe de onde a mocinha tirou tanto talento. Sua criatividade não se dá tanto pelo que produz --é uma criança, afinal--, mas por sua forma de questionar e analisar o mundo em volta. É comum vê-la observando distraidamente um formigueiro ou brincando por horas com uma pilha de elásticos.
            Para seu aniversário de dez anos, eu queria dar um presente marcante. Nada de vestidinhos ou bonecas ou gadgets eletrônicos. Ela merecia uma ferramenta com que pudesse exercitar sua veia artística. Depois de muita pesquisa, decidi presenteá-la com uma câmera. Analógica. Manual. Uma daquelas chamadas de "antigas" por aqueles também rotulados com esse termo. Uma clássica Olympus Pen, sem baterias ou controles, vazando um pouco de luz, verdadeiro tesouro "hipster" que encontrei abandonado no fundo do armário.
            Devidamente limpa, equipada e embalada, ela estava pronta para ser entregue. Faltava, no entanto, uma explicação. Por mais que digam que "criança não liga para essas coisas", a passagem da primeira década é uma ocasião importante. Nessa sociedade mercantilista, um presente "velho" pareceria falta de consideração. Ele precisava ser bem apresentado.
            Pensando na situação, lembrei-me da frase do pioneiro da computação Alan Kay: "Tecnologia é tudo o que for inventado depois de você nascer". Cidadã do século 21, Duda dificilmente se interessaria por argumentos históricos ou analógicos. O fato de ter sido uma tecnologia fascinante quando eu tinha a idade dela tampouco teria apelo.
            Recorri, então, às artes plásticas. O que ela tinha em mãos não era uma câmera, mas um instrumento de arte, capaz de gerar peças únicas, originais, frágeis e perecíveis. Não servia para registrar qualquer momento ou situação, mas para colecionar impressões. Acima de tudo, sua operação demandava uma grandeza rara hoje em dia: tempo.
            Em um filme não cabiam infinitas fotos, por isso era preciso tempo para planejá-las. O material exposto precisaria ser revelado, e isso também demandava tempo. Sua câmera digital, em um velho smartphone, prepararia os rascunhos antes da foto definitiva na "velha" maquininha, que apresentava como vantagens todas as características que há alguns anos a tornaram obsoleta.
            O filme fotográfico em preto e branco era outra preciosidade. Multifuncional, servia para a captura e o armazenamento das imagens. Sua estrutura e finalidade poderiam ser mudadas infinitamente, bastava ter uma caixa preta e um buraco. Achei melhor não contar que as imagens dos negativos eram projetadas em papéis virgens e banhadas em soluções químicas --e não impressas-- para não confundi-la. O choque da novidade já tinha sido grande.
            Ao ver o fascínio da mocinha frente a um tipo de câmera que todos um dia chamaram de velha entendi a paixão causada por Polaroids e linotipos, que podem ser desmontados ou repropositados de infinitas formas. A evolução é muito mais complexa e sutil do que propõem os que vendem a eficiência dos processos.
            Queria usar uma foto dela para ilustrar a coluna, mas infelizmente o filme não foi revelado a tempo de entrar na composição do jornal impresso. Nem tudo é vantagem no mundo analógico.

            Advogada dos policiais condenados afirma que resultado foi frustrante e que pedirá a anulação do julgamento

            folha de são paulo

            'Não é a vontade da sociedade', diz defesa
            Para ela, PMs agiram de forma legítima e o resultado deve prejudicar o trabalho da corporação nas ruas
            DE SÃO PAULOA advogada Ieda Rodrigues de Souza disse ter recebido a notícia da condenação de seus clientes com "grande frustação" por não refletir o desejo de grande parte da população, como se pode verificar pelas redes sociais na internet.
            "Se nós cogitarmos das redes sociais para cá, não é essa a vontade da sociedade brasileira. Eu não esperava nenhuma condenação. Esperava o reconhecimento da ação legítima", afirmou.
            Ainda segundo ela, os PMs condenados não têm que se arrepender do que fizeram no Carandiru. "Se arrependerem do quê? De terem entrado, de terem feito o serviço deles? Não há motivos."
            Ieda disse que vai tentar a anulação do julgamento por acreditar que a decisão dos jurados não tem base nas provas existentes no processo.
            "Há uma decisão manifestamente contrária às provas dos autos", afirmou. "Eu não posso ter crime qualificado quando tenho policiais dessa tropa feridos."
            A advogada afirmou ainda não ver falhas na estratégia de defesa e que acredita ser possível conseguir inocentar os outros PMs que serão julgados nos próximos meses.
            Ela disse que os PMs foram condenados por uma diferença de um jurado: 4 a 3 (resultado de alguns quesitos analisados pelos jurados).
            "Na minha defesa, não deu nada errado. São sete jurados, e não tenho condição de controlar o entendimento de nenhum deles. Vou ter um novo conselho de sentença [no próximo júri]. Vou ter novas pessoas trabalhando para entender o caso."
            Ieda disse que outras pessoas também deveriam ser julgadas pelo massacre do Carandiru, como o ex-governo Luiz Antonio Fleury Filho e o então secretário da Segurança, Pedro Franco de Campos.
            "Eu acho que houve uma participação importante e decisiva dessas pessoas. E criminosa quando eu tenho a responsabilidade que o promotor quis imputar: a teoria do domínio do fato, que é a responsabilidade de todos. Porque só dos policiais?"
            A advogada afirmou que a decisão poderá interferir no trabalho realizado pela própria polícia nas ruas. "Eles vão cumprir o seu dever, mas vão pensar um pouco mais antes de fazê-lo. É um risco para toda a sociedade."

              ANÁLISE
              Antecedentes de réus e número de tiros impressionaram o júri
              LUIZ FLÁVIO GOMESESPECIAL PARA A FOLHAApesar da falta de individualização da conduta dos 23 policiais militares condenados pelo Massacre do Carandiru, a Promotoria conseguiu habilmente convencer os jurados de que os réus deveriam ser responsabilizados penalmente pela morte de 13 presos no primeiro andar do pavilhão 9 do presídio.
              Mesmo com a ausência do exame balístico e das perícias nas armas utilizadas pelos réus naquele 2 de outubro de 1992, cada policial militar condenado recebeu uma pena de 156 anos de prisão no júri encerrado na madrugada do último domingo.
              O fundamento técnico da condenação foi o seguinte: quando todos os coautores combinam um determinado crime, os que comprovadamente participam do fato respondem pelo resultado (pela obra final), independentemente do que cada um fez.
              A condenação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu no julgamento do mensalão, no ano passado, foi mencionada pela Promotoria.
              A condenação do petista foi baseada na teoria do domínio do fato, que só se aplica juridicamente em casos de criminalidade organizada, em que o chefe, ao mandar seus subordinados cometerem o delito, acaba respondendo também como autor.
              Em relação aos policiais militares que dispararam contra os presos, por não terem posição de comando, a teoria é inaplicável. De qualquer modo, foi uma estratégia que deu certo no júri do massacre do Carandiru.
              Ao analisar o resultado final, entretanto, vale observar que nunca um único fator é decisivo para o veredicto.
              No universo da argumentação da Promotoria, os jurados naturalmente também se impressionaram com os antecedentes dos réus, o número de disparos efetuados e o fato de presos terem sido mortos em suas celas.

                Entrevista Luiz Felipe Scolari

                folha de são paulo

                Cristiano Ronaldo é mais fantástico do que Messi
                Campeão em 2002, técnico da seleção vê três times à frente da espanha e afirma não ter medo de perder a copa em casa
                MARTÍN FERNANDEZDE SÃO PAULOLuiz Felipe Scolari, 64, não se esconde. Último treinador campeão mundial com a seleção brasileira, foi chamado há cinco meses para dirigir o Brasil na Copa do Mundo, que começa daqui a 14 meses.
                Assumiu o time e se impôs a missão de aproximar a torcida de uma seleção que ele sabe estar distante. Em quatro partidas, o técnico soma uma derrota para a Inglaterra, empates ante Itália e Rússia e vitória sobre a Bolívia.
                Em entrevista à Folha, Felipão desafia o senso comum. Cita três times à frente da favorita Espanha, põe Cristiano Ronaldo à frente de Messi e assume o risco: "Não tenho medo de perder o Mundial".
                Folha - Depois de quatro jogos, em que ponto está a seleção brasileira hoje?
                No ponto certo. Já temos uma base, um estilo de jogar. Faltam algumas definições, treinar algumas alternativas.
                Para estar na seleção tem que estar jogando no clube?
                Não, não é preciso, não. Eu tenho que ter a convicção de que o jogador é importante para a seleção brasileira.
                Até onde Neymar vai chegar?
                O Neymar é muito, muito bom, como jogador e como atleta. Ele é obediente e, taticamente, está mais completo. Ele tem uma liderança muito grande. É um jogador que vai ainda ser muito melhor daqui a dois, três, cinco anos. E aí por mais dez anos.
                Você tem uma preocupação de protegê-lo, mimá-lo?
                Não diria mimar. Mas ele tem muitos contratos, tem muitas situações fora do futebol em que é envolvido. Se eu conseguir preservá-lo na seleção, vai ter mais descanso. Futebol é corpo, tem que estar inteiro, voando.
                Nesse sentido, ir para a Europa pode ser bom para ele?
                Na Europa, trabalha-se de forma diferente esse aspecto. A mídia não tem tanto acesso. O clube não permite, toma conta das áreas comerciais.
                Para a seleção, seria melhor?
                Eu vi o Neymar melhorar muito nos últimos dois anos, com o Muricy [Ramalho] no Santos. Se ele quiser ir, vai ser ótimo. Para a seleção seria bom. Mas ele não precisa ir.
                É preciso ter volantes mais marcadores no meio?
                A seleção ganhou em 1994 e quem eram os volantes? Mauro Silva e Dunga. 2002? Gilberto Silva e Kleberson. Essa história de volante goleador é muito bonita para a imprensa. É bonito, só não é bonito para o técnico e o time. Quando tu tens laterais como os nossos, Daniel Alves e Marcelo, tem que ter proteção.
                Quem são os maiores rivais do Brasil para 2014?
                Dos que já estão organizados, Alemanha, Itália pela tradição e porque renovou, temos a Argentina jogando muito bem. Quem mais? Num nível já muito bom são essas.
                Deixou a Espanha fora dessa lista de propósito?
                Eles [Espanha] vêm jogando juntos e tudo mais, mas vamos ver essa parte final da eliminatória. A Holanda joga muito bem, a Rússia vai incomodar. Mas aqueles três, com a Espanha sendo uma quarta, vão estar entre os oito.
                O Brasil é favorito?
                Favorito absoluto não. Está no nível de outros. Não temos diferença nenhuma para os outros. O que falta é a definição total de como jogar. Aí nossa qualidade entra.
                Quando assumiu, Dunga teve a missão de resgatar o respeito pela camisa; Mano, a de renovar o time. E você?
                Não recebi missão nenhuma. Tenho que montar uma boa equipe, fazer o povo acreditar que a seleção vai ganhar a Copa, resgatar a imagem, porque a gente nota que a população está um pouco...
                Desconfiada?
                Isso. Resgatar a imagem de que a seleção é importante, como jogo de futebol e como emblema. E a gente vem fazendo um pouquinho, melhorando essa imagem.
                Você leva o peso de ser considerado o salvador da pátria?
                Eu fico feliz, porque quando eu saio, o que mais ouço é isso, nos aeroportos, em qualquer lugar, é que "Estamos contigo", que "Agora vai". Eu passo a ideia de que vamos ganhar, de que temos condições de ganhar.
                Teme deixar de ser o técnico que ganhou a Copa de 2002 para virar o que perdeu 2014?
                Se eu pensar dessa forma... O cara que vendeu um terreno na av. Paulista, por R$ 50 milhões, nunca mais vai vender terreno? Passou. Aquela Copa foi ganha, terminou, vou atrás de outro objetivo. Tenho que pensar de forma otimista, que vou ganhar. E, se perder, será porque não tive qualidade, meus jogadores não foram superiores aos outros. Não tenho esse medo.
                Em 2001 você assumiu a seleção com um presidente da CBF contestado, Ricardo Teixeira. A situação se repete agora com José Maria Marin. Isso afeta o seu trabalho?
                Na minha área não. Porque divide-se muito. Nós temos a CBF entidade, lá, mas a minha área é a técnica.
                Como é conviver com Marin?
                A gente conversa, explica o que está fazendo. O presidente e o Marco Polo [Del Nero, vice] têm sido muito legais, nos deixam à vontade para convocar, para administrar. Está muito bom.
                Os técnicos brasileiros estão desatualizados? Você está?
                Não. Eu troco informações, vou a seminários. Converso com Arsène Wenger, Paulo Bento, Fabio Capello. Cada um fala o que quer. O Ronaldo, por exemplo, disse que tem outras opções para a seleção. Respeito as opções dele. Ele já fez as opções dele.
                Cristiano Ronaldo ou Messi?
                Messi é fantástico, mas Cristiano é mais fantástico.
                Se pudesse naturalizar um deles brasileiro, qual seria?
                Não dá, não posso [risos]. Já fui criticado porque naturalizei Deco e Pepe em Portugal. Imagina aqui. Gosto do Cristiano por outra razão.
                Qual?
                No Barcelona, as outras estrelas não se incomodam com a grande estrela, que é o Messi. No Real Madrid, a impressão que eu tenho é que as outras estrelas se sentem incomodadas com a grande estrela que é o Cristiano. Ele faz tudo que faz, iguala o Messi, então para mim é o Cristiano.
                Seleção de 1982 ou 1994?
                1994. Foi vencedora.
                Guardiola ou Mourinho?
                São dois dos melhores do mundo, do mesmo nível.
                Você já disse que jogador bom é jogador com fome. Essa geração do Brasil tem fome?
                O Neymar ganha o que ganha e tem fome. Cristiano Ronaldo tem fome. Já ouviu falar de o Messi faltar a treino?
                Vai recriar a família Scolari?
                Já passou. O termo foi ali de 2002. Agora é outro grupo, não sei que palavra nós vamos achar. Mas, pelo que vi, vamos ter um ótimo grupo.
                Em 2002 seu livro de cabeceira era "A Arte da Guerra". E hoje?
                Ah, já não é mais o mesmo. Estou buscando alguns livros, algumas citações.
                Tem como controlar jogador?
                Tem. Tu podes deixar até determinado horário, eles estão ali, tu observas. E eles também são responsáveis.
                E acesso a redes sociais?
                Eu acho que não deveriam falar nada. A gente pede, não exige. Nós indicamos o caminho. Mas não dá para pegar uns caras de 30 anos e dizer que está proibido, é absurdo. Se interferir no ambiente, a gente vai tomar posição.
                Onde você se vê no dia 14 de julho de 2014?
                Ainda no Rio. O jogo [final da Copa do Mundo] vai ter sido na noite anterior, no Maracanã. Vou querer pegar um avião para algum lugar do Brasil. E a final da Copa é no dia 13, vou levar o Zagallo.

                  Males da democracia atual - Renato Janine Ribeiro

                  Valor Econômico - 22/04/2013

                  Uma democracia consumista infantiliza o povo

                  Um elogio curioso à democracia deve-se a Winston Churchill, falando na Câmara dos Comuns, em novembro de 1947: "A democracia é a pior forma de governo, excetuando todas as outras que já foram testadas de tempos em tempos". É puro humor britânico. Na prática, diz que a democracia é a melhor forma de governo disponível; mas a graça está em que, mesmo assim, não é um bom regime político. É o menos ruim que podemos ter.

                  Hoje, quando elogiamos a democracia, parece que sua principal virtude é a transparência. Já não se enfatiza sua definição: como "poder do povo", ela dá voz a todos, gera governos que atendam à vontade da maioria, e isso sem esmagar a minoria. Hoje, a transparência parece até mais importante que a vontade do povo. Um século atrás, a Primeira Guerra Mundial marcou o auge e o apocalipse da diplomacia secreta, que levava a tratados negociados a portas fechadas, com o propósito de retaliar países inimigos. A entrada dos Estados Unidos na guerra, defendendo a autodeterminação dos povos, e a saída dos russos da guerra, divulgando os tratados sigilosos, anunciaram o fim da política internacional secreta. Ela fica difícil na democracia, o que é bom. Talvez por isso se diga, com certo exagero, que democracias nunca fazem guerra entre si. Finalmente, a transparência tem sido, talvez, o principal antídoto para o mau uso do dinheiro público.

                  Mas a democracia tem problemas. Estudiosos de comportamento eleitoral afirmam que as intenções de voto acompanham o crédito ao consumidor. O eleitor é racional, sim, ele não se oferece aos demagogos como uma vítima inocente - mas sua racionalidade parece estar ligada ao dinheiro que tenha no bolso para gastar. Isso favorece políticas diretamente voltadas para a satisfação de seus desejos. Assim, a importação de produtos baratos da China ajuda a aumentar o poder aquisitivo dos brasileiros mais pobres. Só que essa importação se faz em detrimento de nossa indústria. Para ganhos sociais em prazo curto, pagamos um preço econômico, a maior prazo.

                  Vejam um caso: a Europa está sacrificando sua política climática às imposições da crise econômica. Pois sacrificávamos as políticas sociais à primeira turbulência econômica, até não muito tempo atrás. Uma das mudanças do governo Lula foi tornar a política social um componente central - e irrenunciável - de todo projeto político brasileiro. Em 2010, mesmo quem atacava a Bolsa Família propôs aumentá-la. Além disso, havia um subconsumo crônico dos mais pobres em relação a produtos básicos, fosse o iogurte, fosse a geladeira. Mas a ênfase no consumo traz problemas. Um, econômico: consumir é mais popular do que poupar. Outro, cultural: a tão propalada ascensão dos mais pobres à classe C é medida em termos de renda e de acesso ao mercado. Não é avaliada em função da cultura ou da educação. Em suma, promovemos as pessoas não por algo que elas adquiriram e nunca hão de perder, ao se tornar seu patrimônio inalienável: a cultura, o conhecimento; mas por algo que é vulnerável e efêmero: o consumo.

                  Eleitores-consumidores votam de uma maneira específica. Premiarão o governo que lhes permitir o gozo das mercadorias e serviços. Propor políticas de longo prazo fica difícil. Ora, para ter um mínimo de eficiência, o governo tem que mirar o futuro. Daí que o Executivo tenha de ser racional, no lugar de eleitores que não o são. O governo atende o desejo consumista dos eleitores da forma mais barata que conseguir, e se vira para separar dinheiro destinado a grandes projetos estruturais - estradas, portos, universidades, usinas elétricas. O único gasto público de longo prazo que o eleitorado adora é na saúde. Nem a educação consegue igual popularidade.

                  Nada mais longe do iluminismo, o movimento de ideias que no século 18 fundou a democracia moderna, propondo difundir as luzes do conhecimento para melhorar a vida e a ação humana. O filósofo Kant resumiu-o numa expressão: "Sapere aude", atreve-te a saber. Disse que representava a passagem da humanidade à idade adulta. "Iluminismo é a saída do homem da sua menoridade, de que ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de se servir do entendimento sem a orientação de outrem." Recomendo que leiam seu opúsculo "O que é o iluminismo", acessível na internet. Pois, enquanto a democracia se escorar no eleitor-consumidor, ele será perpetuamente infantil. Eis um traço preocupante da política contemporânea, agudo no Brasil, mas presente também nos países ricos. E o pior é que nosso Congresso age de maneira parecida. Afirmei outro dia que o Executivo federal é o garante de nossa racionalidade. Ao não pagar emendas paroquiais ao orçamento, ao vetar leis inconvenientes, ao ter nas pastas ministeriais quadros superiores aos que dirigem as comissões parlamentares, ele atenua o impacto de demandas imediatas, populares ou parlamentares, sobre as finanças e, mais que isso, sobre a construção de nosso futuro. Teria dito FHC, quando presidente, comentando uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que perturbava as finanças públicas: "Eles não pensam no Brasil". É um pouco essa a ideia. Em nossa democracia, pensar no Brasil e em seu futuro se torna dever e ofício da Presidência da República, a quem cabe a tarefa racional de sacrificar o desejo imediato em nome do bem futuro, no lugar dos eleitores, envoltos pelo consumo, e dos parlamentares, ansiosos por serem populares.

                  Como mudar este quadro? Não creio que uma reforma política ou eleitoral o altere; ela terá seus méritos, mas não aqui. A única saída é melhorar a educação e, sua parceira mais que necessária, a cultura.

                  Queda de braço - Painel - Vera Magalhães

                  folha de são paulo

                  Em meio ao debate sobre a PEC 37, que tira poder de investigação do Ministério Público, o inquérito sobre o ex-presidente Lula divide Polícia Federal e procuradores. Delegados da cúpula da PF têm criticado membros do Ministério Público que dão publicidade a investigações em curso. No caso do depoimento de Marcos Valério, que embasa o inquérito, delegados dizem que terão que refazer o trabalho dos procuradores, que não teriam feito perguntas cruciais para esclarecer acusações.
                  Inferno astral Meses após ter sido demitida do governo federal, a ex-chefe de gabinete da Presidência Rosemary Noronha tem agora de lidar com outra dor de cabeça: um irmão seu perdeu o emprego na semana passada na Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, em São Paulo.
                  Academia Joaquim Barbosa fará uma conferência na universidade de Princeton (EUA) nesta semana. A faculdade bancará a passagem. Além da palestra, o presidente do STF recebeu convite para uma homenagem da revista "Time", por figurar na lista dos cem mais influentes do mundo.
                  Tão perto Pesquisa coordenada pelo publicitário Renato Pereira para definir a linha do programa do PSDB que irá ao ar em maio detectou empate técnico entre Dilma e Aécio Neves na classe A. Nesse segmento, Marina Silva aparece em terceiro lugar.
                  Tão longe O bom desempenho de Aécio entre os mais ricos ainda não se reflete na pesquisa geral, que encontrou números bem semelhantes aos levantamentos recentes do Datafolha e do Ibope, com Dilma vencendo já no primeiro turno.
                  Tudo azul A despeito de petistas divulgarem que Lula está irritado com José Dirceu por ter acusado Luiz Fux de ter prometido absolvê-lo no mensalão, o ex-presidente e seu ex-titular da Casa Civil têm se falado normalmente.
                  Saia justa 1 Causou mal-estar no BNDES a determinação de Dilma de mandar nomear o ex-ministro demitido Wagner Bittencourt para a vice-presidência da instituição, no lugar de João Ferraz.
                  Saia justa 2 Braço direito de Luciano Coutinho, Ferraz foi desalojado do posto e ainda não há definição de seu futuro. Coutinho deverá propor a criação de mais uma diretoria para abrigar o ex-vice.
                  Agora vai? Jaques Wagner e ACM Neto devem assinar hoje contrato para estadualização do metrô de Salvador, em obras há 12 anos. O governo baiano passará a administrar a linha 1, da capital, e assumirá a construção da linha 2, interligação para Lauro de Freitas.
                  Tête-à-tête Os deputados Pedro Tobias (estadual) e Duarte Nogueira (federal) se reúnem hoje para tratar da eleição do PSDB paulista. Tobias, atual presidente, só abre mão da disputa se houver apelo pessoal de Geraldo Alckmin.
                  Plano B Após a crise na capital, o governador sofre pressão para agir antes do dia da disputa. Caso opte por Tobias no partido, poderá instalar Nogueira na secretaria-geral nacional da sigla ou convidá-lo para o primeiro escalão de seu governo.
                  Esqueceram... O deputado federal Vicente Cândido se uniu à corrente PT de Lutas e de Massa, controlada pela família Tatto, para lançar Francisco Chagas à presidência do PT paulistano.
                  ... de mim No entorno de Fernando Haddad, a candidatura é interpretada como uma tentativa de ampliar espaço na administração para a ala petista que se diz "desprestigiada", em especial nas subprefeituras.
                  TIROTEIO
                  Hugo Capeto foi eleito rei da França em 987. Um vassalo ousou perguntar-lhe: quem te fez rei? Rosemary Noronha, quem te fez rainha?
                  DO SENADOR ALOYSIO FERREIRA (PSDB-SP), sobre a investigação que revela possível enriquecimento ilícito da ex-chefe de gabinete da Presidência em SP.
                  CONTRAPONTO
                  Bonito é pra se mostrar
                  A ministra da Cultura, Marta Suplicy, apresentava as prioridades da pasta em 2013 para a Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado na semana passada, e começou a listar os órgãos coligados ao ministério.
                  --Temos sete coligadas que são muito importantes: a Ancine, a Fundação Palmares, a Fundação Casa de Rui Barbosa, a Funarte, o Iphan, Ibram e a Cinemateca.
                  Recebeu bilhete alertando que tinha esquecido a Biblioteca Nacional. E deu um cutucão nas gestões anteriores:
                  --Agora não tem nem motivo mais para esquecer... Ela está indo super bem!

                    Os imprescindíveis - João Carlos Martins [tendências/debates]

                    folha de são paulo

                    Na história mais recente, o nosso cenário não pode abrir mão de pessoas responsáveis por aquilo que considero o milagre musical brasileiro
                    Villa-Lobos escreveu: "Não é um povo inculto que vai julgar as artes, mas sim as artes é que mostram a cultura de um povo".
                    Embora seja um aficionado de todas as manifestações artísticas, vou me restringir, neste breve comentário, à música, especificamente.
                    São vários os ícones que mantiveram acesa a chama da música clássica em nosso país.
                    Villa-Lobos, por exemplo, conseguiu trazer o canto orfeônico para todas as escolas do Brasil.
                    Nos anos 1950, H.J. Koellreutter, por meio de sua Escola Livre de música e de seus cursos de férias em Teresópolis, conseguiu realizar uma verdadeira revolução no cenário musical brasileiro.
                    Eleazar de Carvalho, da mesma forma, com a Orquestra Sinfônica Brasileira --hoje novamente em alto nível sob a regência de Roberto Minczuk--, construiu um Brasil orquestral na sua época. Ou Arrobas Martins, com a criação do Festival de Campos do Jordão, que deu origem a dezenas de festivais --como o Femusc, em Santa Catarina, sob a direção de Alex Klein.
                    Nos anos 1960, tivemos a democratização da música clássica através da ação de Diogo Pacheco e Júlio Medaglia.
                    Sociedades como a Cultura Artística, a ProArte, a Dell'Arte e o Mozarteum atravessaram todas as crises possíveis e imagináveis de nossa moeda para manter o contato musical com outras partes do globo.
                    Citei alguns exemplos por considerar essas pessoas ou organizações responsáveis pela trajetória da música clássica no país. Na história mais recente, o nosso cenário não pode abrir mão de pessoas responsáveis por aquilo que considero o milagre musical brasileiro.
                    Realizações como a Orquestra Sinfônica Heliópolis, em São Paulo, Neogiba, na Bahia, e Virtuosi, em Pernambuco, só têm continuidade em razão daqueles a quem chamo de imprescindíveis.
                    A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, nossa Osesp --antes sob a direção de John Neschling e hoje sob a administração de Arthur Nestrovski-- tem no seu renascimento a ação determinante de uma pessoa responsável por aquilo que acabo de chamar de milagre musical brasileiro.
                    Não fora Marcos Mendonça, com o apoio do governador Mário Covas, certamente não teríamos hoje uma Sala São Paulo, uma nova Pinacoteca, uma Osesp e outras múltiplas ações que fizeram de São Paulo uma referência cultural da América Latina para o resto do mundo.
                    Não posso deixar de falar sobre sua excelente gestão à frente da Fundação Padre Anchieta entre 2004 e 2007, durante a qual muitas inovações foram implantadas. Destaco a criação da TV Rá Tim Bum, com programação de primeiríssima qualidade para o público infantil, bem como a ousadia na gestão da Rádio Cultura, que conquistou parcela significativa de novos ouvintes.
                    Como músico, não consigo entender, como um homem de sua estatura, com obra de tal grandeza realizada, tenha ficado alijado do nosso cenário cultural por tanto tempo. Esta é a razão pela qual acredito que sua possível volta à Fundação Padre Anchieta pode significar um marco histórico, principalmente pela bagagem que adquiriu nestes anos, desde sua ação como vereador, na cultura e nas artes do país.
                    Infelizmente, não tenho poder de decisão --mas tenho direito de ficar na torcida.