O Globo - 26/09/2013
A pesquisa recém-divulgada da Fundação Oswaldo Cruz sobre o perfil e
o número dos usuários de crack no país é um importante alerta e chega
em boa hora: o Senado está prestes a votar um projeto de lei que coloca
o Brasil na contramão da história do ponto de vista da política sobre
drogas, sacramentando a internação compulsória do dependente químico e
aumentando a pena mínima para o tráfico, que passa a ser mais alta do
que aquela para homicídio.
A pesquisa é um alerta, em primeiro lugar, porque revela números com
precisão jamais vista. A partir de um sofisticado método (NSUM) que
estimou o número de usuários, estejam eles onde estiverem, a partir de
visitas domiciliares com 25.000 entrevistados, chegou-se à cifra de
370.000 usuários de crack e outras formas similares de cocaína fumada
no país (www.fiocruz.br). Este número equivale a 0,8% da população das
capitais brasileiras, ou seja, menos da metade do indicado por outros
levantamentos exclusivamente domiciliares, com utilização de amostras
muito reduzidas. Ademais, os que defendem os resultados de pesquisas
anteriores ao rigoroso estudo da Fiocruz seguem afirmando que o Brasil
vive uma epidemia de crack, quando não temos séries históricas
confiáveis, utilizando metodologia efetiva para avaliação de populações
não domiciliadas, como faz o NSUM. A situação detectada, embora grave,
está muito distante do quadro de caos que se tentava difundir e que
serve de justificativa para estratégias equivocadas e ultrapassadas na
área das políticas sobre drogas.
Além da pesquisa domiciliar, a equipe da Fiocruz realizou também, em
todas as regiões do país, levantamento dos locais utilizados por
usuários de drogas como o crack e similares, superando em muito
análises anteriores que se limitavam a estudos com algumas dezenas de
pessoas, sem representatividade estatística.
Justamente a partir desse levantamento é que se tem a dimensão da tragédia
brasileira: longe de termos uma epidemia de crack, temos, como já se
disse, uma epidemia de abandono. 40% dos usuários de crack estão em
situação de rua, vivendo um quadro de extrema privação social. Uma
população sem alternativas ou perspectivas, para quem a droga é a única
fonte real de prazer, como lembra Cari Hart, professor da Universidade
de Columbia. Em resumo, estamos diante de um relevante problema de
saúde pública entre os "deserdados da terra" (como definiu Francisco
Inácio Bastos, coordenador do projeto e pesquisador sênior da Fiocruz) e
não entre pessoas encontráveis em seus domicílios, por meio de métodos
tradicionais.
A pesquisa é, também, um alerta para aqueles que acreditam em
internação compulsória e outros métodos medievais para tratamento dos
usuários problemáticos de drogas. Na pesquisa da Fiocruz, 80% dos
usuários, revelaram desejar tratamento, o que não quer dizer que as
pessoas desejem ser privadas de sua liberdade e internadas em
comunidades terapêuticas, em sua maior parte mantidas por grupos
religiosos que fazem da adesão aos rituais e à prática da "fé" a
estratégia de uma suposta "cura" Precisamos investir recursos públicos,
sobretudo, no atendimento e tratamento em meio livre.
Nunca é demais repetir: a grande maioria de usuários de drogas
lícitas e ilícitas não desenvolve dependência e jamais vai precisar de
tratamento porque faz uso recreacional. Apenas 9% dos que usam maconha,
17% dos que usam cocaína, e 15% dos que usam álcool se tornam
dependentes. Aliás, é bom lembrar que nos Estados Unidos, além dos 22
estados que já legalizaram o uso medicinal da maconha, há outros dois
que legalizaram o uso recreacional dessa substância: Colorado e
Washington. Quando o país que levou o mundo a uma fatídica e genoci-da
guerra às drogas começa a mudar de rumo, vale ficar atento.
Julita Lemgruber é socióloga e coordenadora do Cesec/Ucam
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Tv Paga
Estado de Minas: 26/09/2013
Humor à brasileira
Estreia hoje, às 21h, no canal Sony, a série de humor Agora sim. A produção mostra a rotina da Bitt Propaganda, uma agência de publicidade que luta para se manter no mercado. No primeiro episódio, a agência se muda para uma nova sede, estrategicamente localizada em frente a uma das maiores agências do país para poder espioná-la e se inspirar a criar novas campanhas para seus clientes e quem sabe até conseguir novas marcas.
The good wife emplaca
sua quarta temporada
No Universal Channel, a novidade de hoje é a estreia da quarta temporada da série The good wife, às 23h. O novo ano começa com o desenrolar da história de Kalinda (Archie Panjabi) e Alicia (Julianna Margulies) e seus filhos sendo parados por um policial na estrada. A temporada conta com a participação de Melissa George, Juliet Rylance e Ben Rappaport.
Anquier vai comandar
competição na cozinha
Apresentado por Olivier Anquier, o reality show Cozinheiros em ação estreia às 20h30, no GNT. Participam candidatos de vários estados do Brasil, com os mais variados perfis, desde donas de casa até pessoas que cozinham por hobby, enfrentando provas temáticas que serão avaliadas pelos jurados Ivan Achcar, Monica Rangel e Renata Vanzetto.
A história das guerras é
contada pelos vitoriosos
Como as guerras mais complicadas terminaram? A resposta está na nova atração do Discovery Civilization, Batalhas cruciais, que estreia hoje, às 21h. As investigações e relatos indicam quais foram as estratégias usadas nas guerras, começando hoje com a disputa pelo controle do Pacífico por Estados Unidos e Japão na 2º Guerra Mundial.
Documentário mostra
como se vive sobre rodas
No Futura, estreia hoje, às 21h30, a série Sobre rodas América Latina. A produção mostra como levam a vida artistas, vendedores ambulantes e personagens inusitados que exercem atividades sobre rodas em vias públicas. Os episódios foram gravados no Brasil, Argentina, Chile, Colômbia e Cuba. A direção é de Sérgio Bloch.
Quem vem da roça sabe
como se dança a catira
O cantor e compositor baiano Lucas Santtana é o convidado de hoje de Paulinho Moska, no programa Zoombido, às 21h30, no Canal Brasil. No mesmo horário, no SescTV, a música vem com muita dança, no caso com mais um episódio da série Coleções, desta vez dedicado à catira, dança folclórica de origem portuguesa e indígena muito difundida entre tropeiros.
Canal Megapix estreia o
filme Paraísos artificiais
E já que o assunto é Brasil, o Megapix estreia hoje, às 22h35, o filme Paraísos artificiais, de Marcos Prado, com Nathalia Dill, Luca Bianchi e Lívia De Bueno. Na concorrida faixa das 22h, o destaque é o clássico MASH, que Robert Altman rodou em 1970, mas o assinante tem mais oito opções: Malu de bicicleta, no Canal Brasil; Diários de motocicleta, no Telecine Cult; Quatro amigas e um casamento, no Telecine Pipoca; Batman – O Cavaleiro das Trevas ressurge, na HBO HD; O futuro, no Max; Ethan Frome, no Sony Spin; O olho do mal, na MGM; e Vestida para matar, no TCM. Outras atrações da programação: Corrida mortal, às 20h, no Universal Channel; e Lindas e malvadas, às 23h, no Comedy Central.
Estreia hoje, às 21h, no canal Sony, a série de humor Agora sim. A produção mostra a rotina da Bitt Propaganda, uma agência de publicidade que luta para se manter no mercado. No primeiro episódio, a agência se muda para uma nova sede, estrategicamente localizada em frente a uma das maiores agências do país para poder espioná-la e se inspirar a criar novas campanhas para seus clientes e quem sabe até conseguir novas marcas.
The good wife emplaca
sua quarta temporada
No Universal Channel, a novidade de hoje é a estreia da quarta temporada da série The good wife, às 23h. O novo ano começa com o desenrolar da história de Kalinda (Archie Panjabi) e Alicia (Julianna Margulies) e seus filhos sendo parados por um policial na estrada. A temporada conta com a participação de Melissa George, Juliet Rylance e Ben Rappaport.
Anquier vai comandar
competição na cozinha
Apresentado por Olivier Anquier, o reality show Cozinheiros em ação estreia às 20h30, no GNT. Participam candidatos de vários estados do Brasil, com os mais variados perfis, desde donas de casa até pessoas que cozinham por hobby, enfrentando provas temáticas que serão avaliadas pelos jurados Ivan Achcar, Monica Rangel e Renata Vanzetto.
A história das guerras é
contada pelos vitoriosos
Como as guerras mais complicadas terminaram? A resposta está na nova atração do Discovery Civilization, Batalhas cruciais, que estreia hoje, às 21h. As investigações e relatos indicam quais foram as estratégias usadas nas guerras, começando hoje com a disputa pelo controle do Pacífico por Estados Unidos e Japão na 2º Guerra Mundial.
Documentário mostra
como se vive sobre rodas
No Futura, estreia hoje, às 21h30, a série Sobre rodas América Latina. A produção mostra como levam a vida artistas, vendedores ambulantes e personagens inusitados que exercem atividades sobre rodas em vias públicas. Os episódios foram gravados no Brasil, Argentina, Chile, Colômbia e Cuba. A direção é de Sérgio Bloch.
Quem vem da roça sabe
como se dança a catira
O cantor e compositor baiano Lucas Santtana é o convidado de hoje de Paulinho Moska, no programa Zoombido, às 21h30, no Canal Brasil. No mesmo horário, no SescTV, a música vem com muita dança, no caso com mais um episódio da série Coleções, desta vez dedicado à catira, dança folclórica de origem portuguesa e indígena muito difundida entre tropeiros.
Canal Megapix estreia o
filme Paraísos artificiais
E já que o assunto é Brasil, o Megapix estreia hoje, às 22h35, o filme Paraísos artificiais, de Marcos Prado, com Nathalia Dill, Luca Bianchi e Lívia De Bueno. Na concorrida faixa das 22h, o destaque é o clássico MASH, que Robert Altman rodou em 1970, mas o assinante tem mais oito opções: Malu de bicicleta, no Canal Brasil; Diários de motocicleta, no Telecine Cult; Quatro amigas e um casamento, no Telecine Pipoca; Batman – O Cavaleiro das Trevas ressurge, na HBO HD; O futuro, no Max; Ethan Frome, no Sony Spin; O olho do mal, na MGM; e Vestida para matar, no TCM. Outras atrações da programação: Corrida mortal, às 20h, no Universal Channel; e Lindas e malvadas, às 23h, no Comedy Central.
Marina Colasanti - A bordo, uma luz
Estado de Minas: 26/09/2013
Eu havia entrado
primeiro no avião – privilégios da idade – e, sentada junto ao corredor,
livro já pronto no colo, esperava a chegada da pessoa que sentaria ao
meu lado, no assento do meio. A moça chegou, abriu o compartimento ao
alto, acomodou sua mochila, fechou, sentou-se. O comissário de bordo
veio em seguida. Abriu o compartimento, e retirando a mochila dela,
justificou: “Neste, estamos levando um órgão para transplante. Pela lei,
tem que viajar sozinho”. Colocou a mochila em outro compartimento, e se
foi.
Se foi, e eu não era mais a mesma de quando ele havia chegado. Seu anúncio havia aberto em mim a reverência. Era como se acima da minha cabeça, naquele espaço anódino que não nos merece a atenção, naquele quase depósito, viajasse agora um recém-nascido. A delicadeza primeira da vida viajava ali, oculta em isopor, desconhecida dos demais. Uma luz fechada em sua caixa térmica exigia isolamento para manter-se acesa.
O livro ficou sem abrir no meu colo.
Fosse eu o comandante daquele avião, teria precedido a costumeira saudação aos passageiros, com a informação da preciosa presença: “Senhores passageiros, com prazer informo que nossa aeronave leva hoje a bordo uma vida a mais, vida que alguém, na ponta de uma longa fila, espera há tempos. A aviação ganha, com ela, um sentido maior”.
Porém o comandante nada disse além da duração que teria o voo, da altura em que transitaria a aeronave – o avião, para o comandante, é sempre aeronave, palavra mais grandiosa ligada aos insondáveis oceanos aéreos –, das condições meteorológicas e da temperatura que nos aguardava no local de chegada. Da carga preciosa, nem uma palavra. Pensei que a discrição pode fazer parte das normas, pensei que esse tipo de carga pode ser mais comum do que se pensa, quase uma rotina para a tripulação. Pensei, sem que isso diminuísse minha emoção.
Estranhamente, a morte do doador daquele órgão não entrou nas minhas cogitações. Era como se ali estivesse um Lázaro, saído inteiro da tumba em atendimento ao chamado do Senhor, e não apenas uma parte dele, a única à qual seria permitido continuar em vida. A vida é tão intensa que uma parte pode ocupar o espaço do todo.
“Que órgão seria aquele?”, me perguntei. Amigos tive alguns que se beneficiaram por doações, outros que teriam gostado mas haviam passado da idade, e a amiga que bem precisaria de um fígado novo, mas mora em uma ilha pequena onde as doações são improváveis. Quem doa não sabe a quem, não sabe em que corpo uma parte de si irá lançar novas raízes, em que geografia ou família. Lázaro saiu para voltar à própria casa, mas a casa de quem doa está perdida para sempre, a volta terá que ser tão escura quanto a partida.
Um órgão anônimo viajava acima da minha cabeça e os meus no meu corpo palpitavam. Já não servem para doação, embora ainda me prestem fiéis serviços. Trabalharam muito, trabalharam a contento e lhes sou grata. Uma falha ou outra, devidamente contornadas, pontuaram nossa convivência, mas é provável que eles tenham mais queixas de mim do que eu deles. Fui, em certas ocasiões, usuária excessivamente exigente. Sobretudo do coração. Agora, em bom funcionamento, já estamos bem adiantados na viagem. Só não sabemos quando o comandante informará a hora da chegada.
Se foi, e eu não era mais a mesma de quando ele havia chegado. Seu anúncio havia aberto em mim a reverência. Era como se acima da minha cabeça, naquele espaço anódino que não nos merece a atenção, naquele quase depósito, viajasse agora um recém-nascido. A delicadeza primeira da vida viajava ali, oculta em isopor, desconhecida dos demais. Uma luz fechada em sua caixa térmica exigia isolamento para manter-se acesa.
O livro ficou sem abrir no meu colo.
Fosse eu o comandante daquele avião, teria precedido a costumeira saudação aos passageiros, com a informação da preciosa presença: “Senhores passageiros, com prazer informo que nossa aeronave leva hoje a bordo uma vida a mais, vida que alguém, na ponta de uma longa fila, espera há tempos. A aviação ganha, com ela, um sentido maior”.
Porém o comandante nada disse além da duração que teria o voo, da altura em que transitaria a aeronave – o avião, para o comandante, é sempre aeronave, palavra mais grandiosa ligada aos insondáveis oceanos aéreos –, das condições meteorológicas e da temperatura que nos aguardava no local de chegada. Da carga preciosa, nem uma palavra. Pensei que a discrição pode fazer parte das normas, pensei que esse tipo de carga pode ser mais comum do que se pensa, quase uma rotina para a tripulação. Pensei, sem que isso diminuísse minha emoção.
Estranhamente, a morte do doador daquele órgão não entrou nas minhas cogitações. Era como se ali estivesse um Lázaro, saído inteiro da tumba em atendimento ao chamado do Senhor, e não apenas uma parte dele, a única à qual seria permitido continuar em vida. A vida é tão intensa que uma parte pode ocupar o espaço do todo.
“Que órgão seria aquele?”, me perguntei. Amigos tive alguns que se beneficiaram por doações, outros que teriam gostado mas haviam passado da idade, e a amiga que bem precisaria de um fígado novo, mas mora em uma ilha pequena onde as doações são improváveis. Quem doa não sabe a quem, não sabe em que corpo uma parte de si irá lançar novas raízes, em que geografia ou família. Lázaro saiu para voltar à própria casa, mas a casa de quem doa está perdida para sempre, a volta terá que ser tão escura quanto a partida.
Um órgão anônimo viajava acima da minha cabeça e os meus no meu corpo palpitavam. Já não servem para doação, embora ainda me prestem fiéis serviços. Trabalharam muito, trabalharam a contento e lhes sou grata. Uma falha ou outra, devidamente contornadas, pontuaram nossa convivência, mas é provável que eles tenham mais queixas de mim do que eu deles. Fui, em certas ocasiões, usuária excessivamente exigente. Sobretudo do coração. Agora, em bom funcionamento, já estamos bem adiantados na viagem. Só não sabemos quando o comandante informará a hora da chegada.
Tereza Cruvinel - Era uma vez...
O troca-troca aberto com a criação de
duas siglas teria sido evitado com a vedação da portabilidade dos
mandatos. O projeto foi barrado com o pretexto de que visava Marina
Silva, que pode morrer na praia por outros motivos
Estado de Minas: 26/09/2013
O tempo se esgotou e o Congresso não conseguiu responder à insatisfação da sociedade com a representação popular, aprovando a reforma política ou, pelo menos, o aprimoramento das regras eleitorais. Essa é uma situação que ocorre há anos no fim de setembro, quando expira o prazo para alterações que surtam efeito sobre a eleição do ano seguinte. Alguns poucos se esforçam sinceramente, quase todos se declaram a favor, mas, na hora H, a maioria sempre trava o jogo. E, assim, segue a história: era uma vez um país encantado com a democracia, mas dotado de um sistema inadequado que a elite política insistia em conservar.
O resultado, todos sabem: campanhas caras, corrupção e caixa dois, baixa qualidade da representação, baixo desempenho dos parlamentos. Esquecendo o passado e ficando apenas nos últimos quatro anos, eles começaram as promessas de mudanças trazidas pela posse da primeira presidente mulher. O intelectual e o operário que vieram antes fizeram outras reformas, não esta. Ela também, absorvida pela gestão, só foi tratar do assunto quando as manifestações de junho trouxeram, entre muitas reivindicações, protestos contra os representantes políticos. Dilma Rousseff propôs a Constituinte exclusiva e o plebiscito sobre o tema, caminhos que poderiam ter levado uma reforma com participação popular. A elite do Congresso valeu-se de sua fragilidade naquele momento para se fingir de ofendida com a intromissão e recusar as propostas.
Pouco antes, entretanto, uma reforma já aprovada pelo Senado havia sido rejeitada pela Câmara, embora o texto do relator, Henrique Fontana (PT-RS), tenha sido negociado à exaustão. Após enterrar o plebiscito, o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), criou uma comissão mista, que deveria ter feito uma proposta da reforma possível este ano. Deu em nada. Os senadores, em outra frente, resolveram aprovar apenas uma reforma das regras eleitorais. Rapidamente, aprovaram a proposta do senador Romero Jucá (PMDB-RR), que, embora não toque nos problemas mais complexos – como o financiamento de campanha e a forma de eleger deputados, hoje baseada na individualidade, o que encarece barbaramente a disputa –, traria alguns benefícios. A emenda dos senadores Humberto Costa (PT-PE) e Walter Pinheiro (PT-BA) tornaria ilegal a contratação de cabos eleitorais. Alguns custos seriam reduzidos, na medida em que fossem proibidas alguma práticas caras e poluentes, como os cavaletes de rua e o envelopamento de carros. Mas nem isso, pelo andar das coisas na Câmara, será aprovado.
A oposição, temendo mudanças que favoreçam os partidos governistas, partiu para a defensiva nos anos recentes. Os partidões não querem reforma nenhuma que ameace as posições atuais. Com outras regras, podem ter as bancadas reduzidas, perdendo o poder de barganha de onde retiram poder e vantagens. O PT, tendo compromisso histórico com as mudanças no sistema que combateu quando era oposição, afora o pouco empenho nestes 10 anos, errou nos procedimentos recentes, como admite o senador Humberto Costa: “De fato, o PT errou. Se não queria uma reforma política parcial, não devia ter concordado em participar da comissão mista da Câmara nem ter permitido que o Vacarezza (PT-SP) fosse relator. Se não concordava com a minirreforma eleitoral deflagrada pelo Senado, que ajudaria pelo menos a reduzir os custos eleitorais, deveria ter nos avisado antes. Não teríamos nos empenhado inutilmente”. Na segunda-feira, a Executiva do partido desautorizou o apoio das bancadas aos remendos.
O líder do PT no Senado, Wellington Dias (PT-PI), também se diz decepcionado, e cobra do partido outra postura no futuro: “Agora, Inês é morta. Mas, qualquer que seja o resultado eleitoral do ano que vem, devemos começar 2015 determinados a fazer a reforma. As eleições estarão ainda distantes, ninguém poderá dizer que não se preparou para as mudanças”.
Agora que a população começou a entender o sentido da expressão, talvez faça, no futuro, a favor dela, o barulho que o Congresso escuta.
Feira livre
Dilma pode se encontrar com Eduardo Campos amanhã. Para aquele final civilizando, tipo continuamos bons amigos. O ministro Fernando Bezerra deve ser substituído por Vital do Rêgo, do PMDB. E, com a saída do grupo cearense do PSB, Leônidas Cristino deve continuar na Secretaria de Portos. Com isso, o PT de Pernambuco deve aprovar, na segunda-feira, o desembarque do governo Campos. O PSB pernambucano cooptou um deputado estadual do PT e dois do PTB, que deve cobrar na Justiça Eleitoral a devolução dos mandatos.
Na pescaria de novas adesões, o deputado Garotinho batucava ontem. Filiou-se ao PR o sambista Neguinho da Beija-Flor. Será candidato a deputado federal.
Os novos partidos, PROS e Solidariedade, disputam a filiação dos que estão insatisfeitos em suas respectivas siglas. Nessa hora é que o criador de um partido fatura. Por isso, era bom o projeto que fechava a porta das migrações também para novos partidos. Foi barrado com o pretexto de que visava a candidatura de Marina Silva, que pode morrer na praia por outras razões.
Estado de Minas: 26/09/2013
O tempo se esgotou e o Congresso não conseguiu responder à insatisfação da sociedade com a representação popular, aprovando a reforma política ou, pelo menos, o aprimoramento das regras eleitorais. Essa é uma situação que ocorre há anos no fim de setembro, quando expira o prazo para alterações que surtam efeito sobre a eleição do ano seguinte. Alguns poucos se esforçam sinceramente, quase todos se declaram a favor, mas, na hora H, a maioria sempre trava o jogo. E, assim, segue a história: era uma vez um país encantado com a democracia, mas dotado de um sistema inadequado que a elite política insistia em conservar.
O resultado, todos sabem: campanhas caras, corrupção e caixa dois, baixa qualidade da representação, baixo desempenho dos parlamentos. Esquecendo o passado e ficando apenas nos últimos quatro anos, eles começaram as promessas de mudanças trazidas pela posse da primeira presidente mulher. O intelectual e o operário que vieram antes fizeram outras reformas, não esta. Ela também, absorvida pela gestão, só foi tratar do assunto quando as manifestações de junho trouxeram, entre muitas reivindicações, protestos contra os representantes políticos. Dilma Rousseff propôs a Constituinte exclusiva e o plebiscito sobre o tema, caminhos que poderiam ter levado uma reforma com participação popular. A elite do Congresso valeu-se de sua fragilidade naquele momento para se fingir de ofendida com a intromissão e recusar as propostas.
Pouco antes, entretanto, uma reforma já aprovada pelo Senado havia sido rejeitada pela Câmara, embora o texto do relator, Henrique Fontana (PT-RS), tenha sido negociado à exaustão. Após enterrar o plebiscito, o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), criou uma comissão mista, que deveria ter feito uma proposta da reforma possível este ano. Deu em nada. Os senadores, em outra frente, resolveram aprovar apenas uma reforma das regras eleitorais. Rapidamente, aprovaram a proposta do senador Romero Jucá (PMDB-RR), que, embora não toque nos problemas mais complexos – como o financiamento de campanha e a forma de eleger deputados, hoje baseada na individualidade, o que encarece barbaramente a disputa –, traria alguns benefícios. A emenda dos senadores Humberto Costa (PT-PE) e Walter Pinheiro (PT-BA) tornaria ilegal a contratação de cabos eleitorais. Alguns custos seriam reduzidos, na medida em que fossem proibidas alguma práticas caras e poluentes, como os cavaletes de rua e o envelopamento de carros. Mas nem isso, pelo andar das coisas na Câmara, será aprovado.
A oposição, temendo mudanças que favoreçam os partidos governistas, partiu para a defensiva nos anos recentes. Os partidões não querem reforma nenhuma que ameace as posições atuais. Com outras regras, podem ter as bancadas reduzidas, perdendo o poder de barganha de onde retiram poder e vantagens. O PT, tendo compromisso histórico com as mudanças no sistema que combateu quando era oposição, afora o pouco empenho nestes 10 anos, errou nos procedimentos recentes, como admite o senador Humberto Costa: “De fato, o PT errou. Se não queria uma reforma política parcial, não devia ter concordado em participar da comissão mista da Câmara nem ter permitido que o Vacarezza (PT-SP) fosse relator. Se não concordava com a minirreforma eleitoral deflagrada pelo Senado, que ajudaria pelo menos a reduzir os custos eleitorais, deveria ter nos avisado antes. Não teríamos nos empenhado inutilmente”. Na segunda-feira, a Executiva do partido desautorizou o apoio das bancadas aos remendos.
O líder do PT no Senado, Wellington Dias (PT-PI), também se diz decepcionado, e cobra do partido outra postura no futuro: “Agora, Inês é morta. Mas, qualquer que seja o resultado eleitoral do ano que vem, devemos começar 2015 determinados a fazer a reforma. As eleições estarão ainda distantes, ninguém poderá dizer que não se preparou para as mudanças”.
Agora que a população começou a entender o sentido da expressão, talvez faça, no futuro, a favor dela, o barulho que o Congresso escuta.
Feira livre
Dilma pode se encontrar com Eduardo Campos amanhã. Para aquele final civilizando, tipo continuamos bons amigos. O ministro Fernando Bezerra deve ser substituído por Vital do Rêgo, do PMDB. E, com a saída do grupo cearense do PSB, Leônidas Cristino deve continuar na Secretaria de Portos. Com isso, o PT de Pernambuco deve aprovar, na segunda-feira, o desembarque do governo Campos. O PSB pernambucano cooptou um deputado estadual do PT e dois do PTB, que deve cobrar na Justiça Eleitoral a devolução dos mandatos.
Na pescaria de novas adesões, o deputado Garotinho batucava ontem. Filiou-se ao PR o sambista Neguinho da Beija-Flor. Será candidato a deputado federal.
Os novos partidos, PROS e Solidariedade, disputam a filiação dos que estão insatisfeitos em suas respectivas siglas. Nessa hora é que o criador de um partido fatura. Por isso, era bom o projeto que fechava a porta das migrações também para novos partidos. Foi barrado com o pretexto de que visava a candidatura de Marina Silva, que pode morrer na praia por outras razões.
Vacina em spray
Vacina em spray criada nos EUA tem o
princípio ativo protegido por nanocápsulas de proteína, que impedem que a
substância seja barrada pelas secreções nasais
Paulo Lima
Estado de Minas: 26/09/2013
Um dos grandes desafios da medicina é aposentar as vacinas com agulha. Não se trata de agradar aos que temem as injeções. Além de uma questão de segurança, cientistas buscam eficiência. A terapia por meio de um pulverizador nasal surge como uma promissora alternativa. Estudos têm indicado que a vacina em spray apresenta mais eficácia contra doenças virais. Um dos desafios, porém, é fazer com que as secreções da mucosa não embarreirem o que é lançado no nariz. Cientistas americanos podem ter dado um passo importante na solução desse impasse. A vacina tem como base nanocápsulas de proteína que revestem o princípio ativo, facilitando a chegada dele à parte do corpo que precisa ser protegida ou tratada.
“Descobrimos que as nanocápsulas foram resistentes na via respiratória e tivemos resultados além do esperado. Houve imunização sistêmica”, destaca Adrienne Li, pesquisadora do Departamento de Engenharia Biológica do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. A integrante do estudo acredita que a estrutura criada pode se transformar em um método que revolucione a aplicação de vacinas. As nanocápsulas são formadas por combinações de proteínas cobertas de lipídeos. A união faz com que elas fiquem densas e fortes — condição para resistir à ação do muco nasal. Os resultados alcançados foram detalhados na edição de hoje da revista científica Science Translational Medicine.
Para testar a eficácia das nanocápsulas, os cientistas fizeram um experimento com camundongos. Uma parte das cobaias recebeu doses da vacina em spray. A outra, o tratamento tradicional, ou seja, aplicações por meio de injeção. Os bichos imunizados com as nanocápsulas receberam proteção nos pulmões, no intestino e no trato reprodutivo. Isso foi possível porque houve uma ativação das células T, que são responsáveis pela defesa imunológica contra vírus, bactérias e fungos. “Essa resposta imune generalizada indica que o local de administração da vacina é um fator importante para a proteção de doenças infecciosas”, avalia Li.
De acordo com Darrel Irvine, autor da pesquisa americana de nanocápsulas, se a eficácia da vacina via aerosol na mucosa for confirmada em animais maiores, a abordagem pode ser útil para o desenvolvimento de imunizações contra agentes patogênicos respiratórios, como os causadores da gripe, e outros micro-organismos que representam risco à saúde humana. “Essas vacinas podem ajudar a proteger contra a influenza, mas a prevenção se estende às doenças sexualmente transmissíveis, como o papilomavírus humano (HPV), o HIV e o herpes”, prevê o professor de engenharia biológica da Escola de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos.
Irvine cogita até a exploração da técnica para combater células tumorais. “As minicamadas poderiam ajudar a aumentar as células de proteção no corpo e a inibir as estruturas infecciosas do câncer. São resultados promissores. Pretendemos, o quanto antes, seguir adiante”, diz.
Também na USP O Brasil também pesquisa a vacina em spray. O projeto acontece na Universidade de São Paulo (USP). Segundo o professor Marco Antônio Stephano, que orienta o projeto do biólogo Jony Yoshida, é uma vacina feita à base de quitosina, substância presente na casca de crustáceos, como camarões e caranguejos.
Com essa formação, a vacina gruda na mucosa nasal, facilitando que o princípio ativo seja absorvido pelo organismo. “Já testamos a eficácia em ratos e os resultados foram animadores. Agora, estamos em fase de adaptação para que essa vacina seja produzida em pó. Nossa esperança é que, daqui a cerca de seis anos, ela já esteja disponível para uso em humanos”, diz Stephano.
Sobre o estudo dos pesquisadores americanos, Stephano acredita que tem boa aplicabilidade e poderá, de fato, ser uma alternativa importante na hora da imunização. O pesquisador faz um comparativo com a vacina brasileira. “Ambas vão trazer vantagens significativas para a medicina, mas o nosso modelo de nanopartículas é mais barato. Isso poderá ser determinante para oferecer à população uma vacina de baixo custo com efeitos atestados.”
Já existem imunizações em spray aprovadas para uso humano. Uma das mais conhecida é a contra poliomielite, que é absorvida no trato digestivo. Há também a vacina contra a gripe entregue via nasal e a terapia nasal contra cólera, febre tifoide e rotavírus. Mas, de acordo com os pesquisadores americanos, o resultado não é tão consistente quanto o alcançado com as nanocápsulas.
Paulo Lima
Estado de Minas: 26/09/2013
Um dos grandes desafios da medicina é aposentar as vacinas com agulha. Não se trata de agradar aos que temem as injeções. Além de uma questão de segurança, cientistas buscam eficiência. A terapia por meio de um pulverizador nasal surge como uma promissora alternativa. Estudos têm indicado que a vacina em spray apresenta mais eficácia contra doenças virais. Um dos desafios, porém, é fazer com que as secreções da mucosa não embarreirem o que é lançado no nariz. Cientistas americanos podem ter dado um passo importante na solução desse impasse. A vacina tem como base nanocápsulas de proteína que revestem o princípio ativo, facilitando a chegada dele à parte do corpo que precisa ser protegida ou tratada.
“Descobrimos que as nanocápsulas foram resistentes na via respiratória e tivemos resultados além do esperado. Houve imunização sistêmica”, destaca Adrienne Li, pesquisadora do Departamento de Engenharia Biológica do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. A integrante do estudo acredita que a estrutura criada pode se transformar em um método que revolucione a aplicação de vacinas. As nanocápsulas são formadas por combinações de proteínas cobertas de lipídeos. A união faz com que elas fiquem densas e fortes — condição para resistir à ação do muco nasal. Os resultados alcançados foram detalhados na edição de hoje da revista científica Science Translational Medicine.
Para testar a eficácia das nanocápsulas, os cientistas fizeram um experimento com camundongos. Uma parte das cobaias recebeu doses da vacina em spray. A outra, o tratamento tradicional, ou seja, aplicações por meio de injeção. Os bichos imunizados com as nanocápsulas receberam proteção nos pulmões, no intestino e no trato reprodutivo. Isso foi possível porque houve uma ativação das células T, que são responsáveis pela defesa imunológica contra vírus, bactérias e fungos. “Essa resposta imune generalizada indica que o local de administração da vacina é um fator importante para a proteção de doenças infecciosas”, avalia Li.
De acordo com Darrel Irvine, autor da pesquisa americana de nanocápsulas, se a eficácia da vacina via aerosol na mucosa for confirmada em animais maiores, a abordagem pode ser útil para o desenvolvimento de imunizações contra agentes patogênicos respiratórios, como os causadores da gripe, e outros micro-organismos que representam risco à saúde humana. “Essas vacinas podem ajudar a proteger contra a influenza, mas a prevenção se estende às doenças sexualmente transmissíveis, como o papilomavírus humano (HPV), o HIV e o herpes”, prevê o professor de engenharia biológica da Escola de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos.
Irvine cogita até a exploração da técnica para combater células tumorais. “As minicamadas poderiam ajudar a aumentar as células de proteção no corpo e a inibir as estruturas infecciosas do câncer. São resultados promissores. Pretendemos, o quanto antes, seguir adiante”, diz.
Também na USP O Brasil também pesquisa a vacina em spray. O projeto acontece na Universidade de São Paulo (USP). Segundo o professor Marco Antônio Stephano, que orienta o projeto do biólogo Jony Yoshida, é uma vacina feita à base de quitosina, substância presente na casca de crustáceos, como camarões e caranguejos.
Com essa formação, a vacina gruda na mucosa nasal, facilitando que o princípio ativo seja absorvido pelo organismo. “Já testamos a eficácia em ratos e os resultados foram animadores. Agora, estamos em fase de adaptação para que essa vacina seja produzida em pó. Nossa esperança é que, daqui a cerca de seis anos, ela já esteja disponível para uso em humanos”, diz Stephano.
Sobre o estudo dos pesquisadores americanos, Stephano acredita que tem boa aplicabilidade e poderá, de fato, ser uma alternativa importante na hora da imunização. O pesquisador faz um comparativo com a vacina brasileira. “Ambas vão trazer vantagens significativas para a medicina, mas o nosso modelo de nanopartículas é mais barato. Isso poderá ser determinante para oferecer à população uma vacina de baixo custo com efeitos atestados.”
Já existem imunizações em spray aprovadas para uso humano. Uma das mais conhecida é a contra poliomielite, que é absorvida no trato digestivo. Há também a vacina contra a gripe entregue via nasal e a terapia nasal contra cólera, febre tifoide e rotavírus. Mas, de acordo com os pesquisadores americanos, o resultado não é tão consistente quanto o alcançado com as nanocápsulas.
Corações remendados -
Em estudo com ratos, cientistas recuperam
áreas do órgão afetadas por enfarte e as tornam saudáveis novamente.
Técnica pode abrir caminhos para tratamentos
de diversas doenças relacionadas
à degeneração celular, como
câncer e Alzheimer
Estado de Minas: 26/09/2013
A
capacidade de regeneração das células intriga a ciência. Há muitos
anos, pesquisadores buscam formas de recompor tecidos danificados após
lesões ou mesmo fazer com que partes do corpo envelhecidas consigam se
renovar. Uma pesquisa realizada por cientistas dos Institutos Gladstone,
em São Francisco, nos Estados Unidos, mostra que uma técnica conhecida
como reprogramação direta pode ajudar muito na busca pelo controle da
recuperação celular.
Em um estudo feito com ratos, os especialistas norte-americanos fizeram com que as áreas de um coração enfartado que haviam cicatrizado – e, por isso, não eram mais funcionais – voltassem a ser saudáveis. O procedimento, dizem, pode ajudar não só a reverter a insuficiência cardíaca em pacientes que tiveram um ataque, mas também levar a novos tratamentos contra câncer e os males de Alzheimer e de Parkinson.
A formação de cicatrizes devido a um enfarte diminui a capacidade do órgão de bombear sangue, o que traz grandes prejuízos à qualidade de vida dos pacientes. “Os danos causados por um ataque cardíaco são permanentes porque as células do tecido muscular cardíaco que ficaram sem oxigênio durante o ataque morrem. Formam-se, então, fibroses no local”, explica o doutor Deepak Srivastava, diretor de Pesquisas Cardiovasculares e com Células-Tronco dos Institutos Gladstone.
No novo estudo, publicado recentemente na revista Nature, Srivastava e colegas induziram ataque cardíaco em ratos para que as fibroses se formassem. Depois, eles injetaram nos corações dos bichos uma combinação de três genes (chamada de GMT) ligada à formação do órgão durante o estágio embrionário. Um mês depois, a equipe notou que as cicatrizes tinham sido reconvertidas em células saudáveis.
“Nossos experimentos são uma prova de que podemos reprogramar células danificadas para que elas sejam completamente funcionais”, afirma Srivastava. O próximo passo é replicar esses experimentos e testar a segurança deles em mamíferos maiores, como porcos, antes de considerar os testes em humanos. “Essas descobertas podem ter um impacto significativo nos pacientes com insuficiência cardíaca e que muitas vezes não conseguem realizar atividades normais, como subir um lance de escadas”, esclarece a pesquisadora Li Qian, coautora do estudo.
Outros males Tudo indica que a técnica pode ser aplicada com sucesso na recuperação de outros tecidos, não só o cardíaco. Assim, diversos males causados pela degeneração celular poderão ser tratados. “Se a gente consegue fazer isso com uma célula em deterioração e se for reprodutível, abrimos perspectiva para o tratamento não só cardiovascular como também de câncer”, analisa o médico Ricardo Pavanello, supervisor da cardiologia do Hospital do Coração, em São Paulo. “A pesquisa se baseia no princípio da regeneração celular. Busca reparar o dano em um tecido já comprometido. E se isso tiver sucesso, terá uma repercussão fantástica”, conclui o especialista, que não participou do novo estudo.
Segundo o brasileiro, o trabalho está também na base da reversão de problemas degenerativos, como Alzeihmer e Parkinson, do envelhecimento da pele e da degeneração do sistema olfativo e da visão. “É muito mais abrangente do que apenas regenerar células cardíacas”, avalia. Pavanello ressalta ainda que a técnica utilizada pela equipe estrangeira se mostrou muito mais eficaz que a abordagem que vinha sendo testada anteriormente.
Nesses procedimentos mais antigos, também testados em animais, cientistas buscavam regenerar o coração por meio da injeção de células-tronco nele. O procedimento se provou possível e teve, inclusive, resultados primários bons. No entanto, as células musculares que foram regeneradas cresceram de forma desordenada. “As células regeneradas eram iguais às naturais, mas não tinham a mesma orientação espacial e, portanto, não tinham efeito sobre o rendimento do coração”, lembra Pavanello. “Além disso, as tentativas anteriores geraram focos de arritmia cardíaca graves que desencorajaram a continuidade do estudo”, acrescenta o cardiologista.
Mais forte O estudo de Srivastava e colegas foi baseado no trabalho pioneiro de Shinya Yamanaka, que, em 2007, descobriu uma maneira de transformar células adultas da pele em células-tronco e, então, reprogramá-las para que se tornassem um outro tipo de tecido. A técnica de reprogramação tem sido usada em inúmeros trabalhos ao redor do mundo e rendeu ao seu criador o Prêmio Nobel de Medicina no ano passado.
Depois que as cicatrizes nos corações dos ratos enfartados sumiram, os pesquisadores observaram uma recuperação significativa. Três meses depois da injeção gênica, os órgãos estavam batendo mais rapidamente e bombeando mais sangue. O estudo tem potencial de gerar, no futuro, um impacto imenso nos serviços de saúde de todo o mundo. As doenças cardiovasculares são uma das maiores causas de morte no planeta, com 17 milhões de vítimas em 2011, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, o Ministério da Saúde avalia que 1 em cada 3 habitantes morrerá dessas doenças.
Mistério lunar
Quem precisa passar por uma cirurgia no coração pode aumentar as chances de sucesso da intervenção se agendar o procedimento para os dias de lua cheia. Pelo menos é o que indica um estudo recente realizado no Hospital de Rhode Island, nos Estados Unidos. Depois de analisar diversos dados, os pesquisadores notaram que pacientes que foram submetidos a uma dissecção da aorta durante essa fase lunar tiveram, em média, menos complicações que levaram à morte que os demais doentes.
Os responsáveis pela análise observaram ainda que a lua cheia pode ajudar a reduzir o tempo de internação dos pacientes. Aqueles que passaram pela cirurgia durante a fase de noites mais claras ficam cerca de 10 dias no hospital, quatro a menos que aqueles operados em outro período.
Sem explicação Mesmo tendo encontrado uma relação entre os dados e o período lunar, os pesquisadores reconhecem que a explicação para o fenômeno continua desconhecida. “Apesar de a força gravitacional exercida pela Lua nos oceanos ser intensa o bastante para criar marés, estima-se que o seu efeito em corpos menores, como os de seres humanos, seja muito pequeno. Portanto, esse é um fenômeno ainda pouco compreendido”, diz Jeffrey Shuhaiber, um dos autores da pesquisa.
Os resultados vão ao encontro de outro trabalho, realizado em 1989, que identificou uma correlação do ciclo lunar com a incidência de complicações cardíacas na sala de emergência. O maior número de mortes foi registrado durante o primeiro e o último quartos lunares. Além disso, dados coletados entre 1999 e 2001 mostraram uma incidência maior de problemas coronários agudos em dias de lua nova.
Estado de Minas: 26/09/2013
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"Os danos causados por um ataque cardíaco são
permanentes porque as células do tecido muscular do coração morrem.
Formam-se, então, fibroses no local. Nossos experimentos são uma prova
de que podemos reprogramar células danificadas para que elas sejam
completamente funcionais" - Deepak Srivastava, principal autor do estudo |
Em um estudo feito com ratos, os especialistas norte-americanos fizeram com que as áreas de um coração enfartado que haviam cicatrizado – e, por isso, não eram mais funcionais – voltassem a ser saudáveis. O procedimento, dizem, pode ajudar não só a reverter a insuficiência cardíaca em pacientes que tiveram um ataque, mas também levar a novos tratamentos contra câncer e os males de Alzheimer e de Parkinson.
A formação de cicatrizes devido a um enfarte diminui a capacidade do órgão de bombear sangue, o que traz grandes prejuízos à qualidade de vida dos pacientes. “Os danos causados por um ataque cardíaco são permanentes porque as células do tecido muscular cardíaco que ficaram sem oxigênio durante o ataque morrem. Formam-se, então, fibroses no local”, explica o doutor Deepak Srivastava, diretor de Pesquisas Cardiovasculares e com Células-Tronco dos Institutos Gladstone.
No novo estudo, publicado recentemente na revista Nature, Srivastava e colegas induziram ataque cardíaco em ratos para que as fibroses se formassem. Depois, eles injetaram nos corações dos bichos uma combinação de três genes (chamada de GMT) ligada à formação do órgão durante o estágio embrionário. Um mês depois, a equipe notou que as cicatrizes tinham sido reconvertidas em células saudáveis.
“Nossos experimentos são uma prova de que podemos reprogramar células danificadas para que elas sejam completamente funcionais”, afirma Srivastava. O próximo passo é replicar esses experimentos e testar a segurança deles em mamíferos maiores, como porcos, antes de considerar os testes em humanos. “Essas descobertas podem ter um impacto significativo nos pacientes com insuficiência cardíaca e que muitas vezes não conseguem realizar atividades normais, como subir um lance de escadas”, esclarece a pesquisadora Li Qian, coautora do estudo.
Outros males Tudo indica que a técnica pode ser aplicada com sucesso na recuperação de outros tecidos, não só o cardíaco. Assim, diversos males causados pela degeneração celular poderão ser tratados. “Se a gente consegue fazer isso com uma célula em deterioração e se for reprodutível, abrimos perspectiva para o tratamento não só cardiovascular como também de câncer”, analisa o médico Ricardo Pavanello, supervisor da cardiologia do Hospital do Coração, em São Paulo. “A pesquisa se baseia no princípio da regeneração celular. Busca reparar o dano em um tecido já comprometido. E se isso tiver sucesso, terá uma repercussão fantástica”, conclui o especialista, que não participou do novo estudo.
Segundo o brasileiro, o trabalho está também na base da reversão de problemas degenerativos, como Alzeihmer e Parkinson, do envelhecimento da pele e da degeneração do sistema olfativo e da visão. “É muito mais abrangente do que apenas regenerar células cardíacas”, avalia. Pavanello ressalta ainda que a técnica utilizada pela equipe estrangeira se mostrou muito mais eficaz que a abordagem que vinha sendo testada anteriormente.
Nesses procedimentos mais antigos, também testados em animais, cientistas buscavam regenerar o coração por meio da injeção de células-tronco nele. O procedimento se provou possível e teve, inclusive, resultados primários bons. No entanto, as células musculares que foram regeneradas cresceram de forma desordenada. “As células regeneradas eram iguais às naturais, mas não tinham a mesma orientação espacial e, portanto, não tinham efeito sobre o rendimento do coração”, lembra Pavanello. “Além disso, as tentativas anteriores geraram focos de arritmia cardíaca graves que desencorajaram a continuidade do estudo”, acrescenta o cardiologista.
Mais forte O estudo de Srivastava e colegas foi baseado no trabalho pioneiro de Shinya Yamanaka, que, em 2007, descobriu uma maneira de transformar células adultas da pele em células-tronco e, então, reprogramá-las para que se tornassem um outro tipo de tecido. A técnica de reprogramação tem sido usada em inúmeros trabalhos ao redor do mundo e rendeu ao seu criador o Prêmio Nobel de Medicina no ano passado.
Depois que as cicatrizes nos corações dos ratos enfartados sumiram, os pesquisadores observaram uma recuperação significativa. Três meses depois da injeção gênica, os órgãos estavam batendo mais rapidamente e bombeando mais sangue. O estudo tem potencial de gerar, no futuro, um impacto imenso nos serviços de saúde de todo o mundo. As doenças cardiovasculares são uma das maiores causas de morte no planeta, com 17 milhões de vítimas em 2011, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, o Ministério da Saúde avalia que 1 em cada 3 habitantes morrerá dessas doenças.
Mistério lunar
Quem precisa passar por uma cirurgia no coração pode aumentar as chances de sucesso da intervenção se agendar o procedimento para os dias de lua cheia. Pelo menos é o que indica um estudo recente realizado no Hospital de Rhode Island, nos Estados Unidos. Depois de analisar diversos dados, os pesquisadores notaram que pacientes que foram submetidos a uma dissecção da aorta durante essa fase lunar tiveram, em média, menos complicações que levaram à morte que os demais doentes.
Os responsáveis pela análise observaram ainda que a lua cheia pode ajudar a reduzir o tempo de internação dos pacientes. Aqueles que passaram pela cirurgia durante a fase de noites mais claras ficam cerca de 10 dias no hospital, quatro a menos que aqueles operados em outro período.
Sem explicação Mesmo tendo encontrado uma relação entre os dados e o período lunar, os pesquisadores reconhecem que a explicação para o fenômeno continua desconhecida. “Apesar de a força gravitacional exercida pela Lua nos oceanos ser intensa o bastante para criar marés, estima-se que o seu efeito em corpos menores, como os de seres humanos, seja muito pequeno. Portanto, esse é um fenômeno ainda pouco compreendido”, diz Jeffrey Shuhaiber, um dos autores da pesquisa.
Os resultados vão ao encontro de outro trabalho, realizado em 1989, que identificou uma correlação do ciclo lunar com a incidência de complicações cardíacas na sala de emergência. O maior número de mortes foi registrado durante o primeiro e o último quartos lunares. Além disso, dados coletados entre 1999 e 2001 mostraram uma incidência maior de problemas coronários agudos em dias de lua nova.
PERFIL DE CLÁUDIO VAN BALEN » 80 anos do frade que não foge ao combate
Admirado, controverso, corajoso, às vezes exaltado, líder que dedicou 46 anos a paróquia
da Zona Sul de BH festeja aniversário em busca de leveza, mas sem abandonar a polêmica
Sandra Kiefer
Estado de Minas: 26/09/2013
Frei
vem do latim frater, que quer dizer amigo. E não poderia haver melhor
título eclesiástico do que esse para assinalar a missão de Cláudio van
Balen, que completa 80 anos nesta quinta-feira, 46 deles dedicados à
Paróquia Nossa Senhora do Carmo, uma das mais atuantes da capital, na
comunidade do Carmo-Sion. Com sermões engajados e muitas vezes
controversos, o religioso conquistou uma legião de fiéis admiradores,
sobretudo por estimular a prática de ações sociais e por ousar enfrentar
assuntos polêmicos, tanto para a Igreja Católica quanto para a ciência,
como aborto, eutanásia, homossexualismo, divórcio e até a transposição
do Rio São Francisco, tema que virou presépio na igreja. Mesmo que suas
posições não sejam consenso, a palavra de frei Cláudio é tão contundente
que nem aqueles que discordam dele são capazes de permanecer
indiferentes.
Do alto da firmeza de posições consolidada em seus 80 anos, frei Cláudio está em busca de leveza, conforme confessa na reflexão do boletim da missa do último domingo, na qual paroquianos amigos prepararam homenagem antecipando a celebração do aniversário. “Prosseguirei na caminhada, sendo este o objetivo: deixar alguma flor neste planeta no qual nasci, aprendi, recebi tanto, convivi e pelejei, vencendo obstáculos e colhendo bons frutos”, assinalou, no folheto. Em outro trecho, porém, o religioso desconfia da própria capacidade de se manter sereno. Como diz um colega padre, que o acompanha à distância, no anonimato: “Frei Cláudio é admirável, admirável, admirável… mas tem o temperamento explosivo”.
Coube ao garoto Jildert – nome civil de batismo na Holanda – a escolha de vir para o Brasil aos 16 anos, ainda na condição de seminarista, com um grupo de sete jovens holandeses, estudantes carmelitas da Ordem dos Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo. Dos oito, quatro concluíram a formação sacerdotal. Desses, dois perseveraram no sacerdócio. Frei Cláudio é o único sobrevivente no Brasil. Após dois anos de estudo ginasial em Itu (SP), um ano de estágio em Mogi das Cruzes (SP), três de filosofia e quatro de teologia em São Paulo, frei Cláudio também se formou em letras clássicas. Foi ordenado em dezembro de 1959. De 1960 a 1964, quando se encontrava em Roma, preparando-se para o doutorado em teologia dogmática, conviveu com o clima de renovação que iria desembocar no Concílio Vaticano II. Ele conta que, na ocasião, teve a oportunidade de presenciar “uma significativa – embora passageira – mudança na Igreja Católica, em doutrina e pastoral”.
No retorno ao Brasil, depois de rápida passagem de três anos por São Paulo, foi transferido para Belo Horizonte, onde daria aulas de teologia e trabalharia na paróquia do Carmo, onde permanece até hoje. Em 2010, a informação de que o afastamento de frei Cláudio para outra cidade era cogitado foi o bastante para desencadear intensa mobilização na comunidade, que reagiu com o poder de 13 mil nomes lançados em um abaixo-assinado, além de encher, ainda mais, as missas do religioso. Teriam motivado o movimento para afastá-lo atitudes que fugiriam aos padrões da Arquidiocese de Belo Horizonte. Entre as principais fontes de incômodo estaria o boletim distribuído nas missas, totalmente reescrito por ele. Nas demais paróquias, a celebração segue um roteiro pré definido pela Cúria Metropolitana.
Por fim, o religioso concordou com a saída diplomática: se aposentaria por idade do posto de pároco (acima de 75 anos), sendo substituído na função por frei Evaldo Xavier Gomes. Mas, a pedido dos fiéis, frei Claúdio continua a responder pela missa das 11h do domingo, como vigário. “Muitos padres ainda dizem por aí que minha missa não é válida”, reconhece. De acordo com a Cúria Metropolitana de BH, a Paróquia Nossa Senhora do Carmo é administrada por meio de congregação religiosa, que conta com governo próprio. Portanto, mudanças internas passam pelo discernimento dos próprios carmelitas.
Poucos sabem, porém, que frei Cláudio briga pela modernização do folheto da missa desde a década de 1960. A contenda iniciou-se dois anos depois do Concílio Vaticano II (1962-65), que liberou o emprego do português no início e no fim das celebrações, preservando o latim apenas na parte central do folheto. “Já na metade do ano de 1967, decidimos rezar a missa toda em português. Não tinha sentido insistir em uma língua que ninguém mais entendia. O povo bateu palmas, mas o bispo exigiu explicações. Meio ano depois, em 1968, chegou a ordem de Roma dispensando o uso do latim”, revela o religioso, autor de dezenas de livros e adepto da Teologia da Libertação – corrente sem consenso dentro do catolicismo que surgiu na América Latina, na década de 1960, com forte conotação socioeconômica e política e que defende a atuação da Igreja sobretudo em defesa dos menos favorecidos.
Caráter formado na dureza da 2ª Guerra
Frei Cláudio não poderia ser diferente do que é. De certa forma, suas posturas refletem algo de sua experiência iniciada na Holanda, durante os conflitos da Segunda Guerra Mundial. Aos 10 anos, viu seu pai fazer buracos no silo para esconder jovens que se negavam a colaborar com o Exército alemão. Com o país ocupado pelos nazistas, o frade revela ter ficado muito impressionado com a atitude do então vigário local. Do púlpito, ele insistia para que ninguém colaborasse com o regime de Hitler. Devido às suas mensagens, passou três anos em um campo de concentração nazista.
Fatos e exemplos como esses deixaram marcas profundas no religioso, que, mais tarde, já no Brasil, pregaria contra injustiças e violências do regime militar. “O leite bebido na infância produz, mais tarde, seus efeitos”, observa o religioso, que continua jovem no idealismo que propaga. Durante a ditadura militar, a Igreja do Carmo continuou a funcionar como casa aberta, abrigando reuniões de estudantes das mais diversas frentes de militância política.
Conta o frade: “Certa vez, um grupo de sete rapazes e moças, acusados de iniciativas subversivas, presos e torturados em Juiz de Fora, fizeram chegar a nós o relato do que haviam sofrido. Um dos acusados, preso e maltratado, citou meu nome como facilitador dessa ‘subversão’. Fui ouvido no Dops, xingado e ameaçado, porém prova não foi encontrada, além da palavra do rapaz torturado”.
PAPA Quanto à escolha do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, eleito papa Francisco, frei Cláudio considera que a Igreja Católica está entrando no bom caminho. “Na teologia, o papa bebeu de uma fonte antiga, da qual todos nós – os mais antigos – bebemos também. Felizmente, quanto à pastoral, o papa Francisco tem um jeito bem aberto. Há quem observe que ele fala e faz o que estamos ouvindo e fazendo, na paróquia, há 40 anos. Ainda bem”, suspira.
Entre as “modernidades” adotadas pelo frade carmelita no ritual da missa, estão o repartir da comunhão também com pessoas separadas que se casaram de novo. Ele argumenta que a mesa da Eucaristia deve ser de acolhida e não de exclusão.
Frei Cláudio chega a se exaltar ao descrever o quadro da Santa Ceia, que costuma encimar a mesa da sala de jantar de inúmeras casas católicas em Minas. “Afinal, na Primeira Eucaristia, em uma ponta da mesa estava Judas, que iria trair; na outra ponta, Pedro, que iria negar; e o restante da turminha que iria abandonar Jesus, na hora da condenação. Além do mais, até o papa, ao rezar a missa, na hora da comunhão, também reconhece: ‘Não sou digno de que entreis em minha morada’. Ora, se ninguém é digno, o problema não é a dignidade, mas o convite, que é universal”, defende. “Ninguém é digno, mas todo mundo é convidado.”
Artesão da féEm 21 de outubro será lançado o livro Cláudio van Balen: Artesão da fé, de autoria do padre Mauro Passos e do ambientalista Cláudio Guerra, amigos do frade. A obra detalha um pouco mais da trajetória do religioso, sua infância na Holanda e as atividades sociais da Igreja do Carmo, referência no país. “Sabe do que mais gosto em frei Cláudio? Da sua alma livre, sem narcisismo e sem amarras. Ele é o que é. Eu queria ser assim”, confessa uma entre os 800 voluntários dos mais de 50 projetos sociais da Igreja do Carmo, entre serviços jurídicos, médicos e psicológicos, que atendem a 20 mil pessoas por mês. Diariamente, ela segue de ônibus de um bairro vizinho até o Sion para se inspirar no exemplo de vida do religioso.
Sandra Kiefer
Estado de Minas: 26/09/2013
Sem medo de expressar opiniões, frei Cláudio
tem atitudes vistas com reserva na Igreja, mas também uma legião de
admiradores, que lotam as missas |
Do alto da firmeza de posições consolidada em seus 80 anos, frei Cláudio está em busca de leveza, conforme confessa na reflexão do boletim da missa do último domingo, na qual paroquianos amigos prepararam homenagem antecipando a celebração do aniversário. “Prosseguirei na caminhada, sendo este o objetivo: deixar alguma flor neste planeta no qual nasci, aprendi, recebi tanto, convivi e pelejei, vencendo obstáculos e colhendo bons frutos”, assinalou, no folheto. Em outro trecho, porém, o religioso desconfia da própria capacidade de se manter sereno. Como diz um colega padre, que o acompanha à distância, no anonimato: “Frei Cláudio é admirável, admirável, admirável… mas tem o temperamento explosivo”.
Coube ao garoto Jildert – nome civil de batismo na Holanda – a escolha de vir para o Brasil aos 16 anos, ainda na condição de seminarista, com um grupo de sete jovens holandeses, estudantes carmelitas da Ordem dos Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo. Dos oito, quatro concluíram a formação sacerdotal. Desses, dois perseveraram no sacerdócio. Frei Cláudio é o único sobrevivente no Brasil. Após dois anos de estudo ginasial em Itu (SP), um ano de estágio em Mogi das Cruzes (SP), três de filosofia e quatro de teologia em São Paulo, frei Cláudio também se formou em letras clássicas. Foi ordenado em dezembro de 1959. De 1960 a 1964, quando se encontrava em Roma, preparando-se para o doutorado em teologia dogmática, conviveu com o clima de renovação que iria desembocar no Concílio Vaticano II. Ele conta que, na ocasião, teve a oportunidade de presenciar “uma significativa – embora passageira – mudança na Igreja Católica, em doutrina e pastoral”.
No retorno ao Brasil, depois de rápida passagem de três anos por São Paulo, foi transferido para Belo Horizonte, onde daria aulas de teologia e trabalharia na paróquia do Carmo, onde permanece até hoje. Em 2010, a informação de que o afastamento de frei Cláudio para outra cidade era cogitado foi o bastante para desencadear intensa mobilização na comunidade, que reagiu com o poder de 13 mil nomes lançados em um abaixo-assinado, além de encher, ainda mais, as missas do religioso. Teriam motivado o movimento para afastá-lo atitudes que fugiriam aos padrões da Arquidiocese de Belo Horizonte. Entre as principais fontes de incômodo estaria o boletim distribuído nas missas, totalmente reescrito por ele. Nas demais paróquias, a celebração segue um roteiro pré definido pela Cúria Metropolitana.
Por fim, o religioso concordou com a saída diplomática: se aposentaria por idade do posto de pároco (acima de 75 anos), sendo substituído na função por frei Evaldo Xavier Gomes. Mas, a pedido dos fiéis, frei Claúdio continua a responder pela missa das 11h do domingo, como vigário. “Muitos padres ainda dizem por aí que minha missa não é válida”, reconhece. De acordo com a Cúria Metropolitana de BH, a Paróquia Nossa Senhora do Carmo é administrada por meio de congregação religiosa, que conta com governo próprio. Portanto, mudanças internas passam pelo discernimento dos próprios carmelitas.
Poucos sabem, porém, que frei Cláudio briga pela modernização do folheto da missa desde a década de 1960. A contenda iniciou-se dois anos depois do Concílio Vaticano II (1962-65), que liberou o emprego do português no início e no fim das celebrações, preservando o latim apenas na parte central do folheto. “Já na metade do ano de 1967, decidimos rezar a missa toda em português. Não tinha sentido insistir em uma língua que ninguém mais entendia. O povo bateu palmas, mas o bispo exigiu explicações. Meio ano depois, em 1968, chegou a ordem de Roma dispensando o uso do latim”, revela o religioso, autor de dezenas de livros e adepto da Teologia da Libertação – corrente sem consenso dentro do catolicismo que surgiu na América Latina, na década de 1960, com forte conotação socioeconômica e política e que defende a atuação da Igreja sobretudo em defesa dos menos favorecidos.
Caráter formado na dureza da 2ª Guerra
Frei Cláudio não poderia ser diferente do que é. De certa forma, suas posturas refletem algo de sua experiência iniciada na Holanda, durante os conflitos da Segunda Guerra Mundial. Aos 10 anos, viu seu pai fazer buracos no silo para esconder jovens que se negavam a colaborar com o Exército alemão. Com o país ocupado pelos nazistas, o frade revela ter ficado muito impressionado com a atitude do então vigário local. Do púlpito, ele insistia para que ninguém colaborasse com o regime de Hitler. Devido às suas mensagens, passou três anos em um campo de concentração nazista.
Fatos e exemplos como esses deixaram marcas profundas no religioso, que, mais tarde, já no Brasil, pregaria contra injustiças e violências do regime militar. “O leite bebido na infância produz, mais tarde, seus efeitos”, observa o religioso, que continua jovem no idealismo que propaga. Durante a ditadura militar, a Igreja do Carmo continuou a funcionar como casa aberta, abrigando reuniões de estudantes das mais diversas frentes de militância política.
Conta o frade: “Certa vez, um grupo de sete rapazes e moças, acusados de iniciativas subversivas, presos e torturados em Juiz de Fora, fizeram chegar a nós o relato do que haviam sofrido. Um dos acusados, preso e maltratado, citou meu nome como facilitador dessa ‘subversão’. Fui ouvido no Dops, xingado e ameaçado, porém prova não foi encontrada, além da palavra do rapaz torturado”.
PAPA Quanto à escolha do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, eleito papa Francisco, frei Cláudio considera que a Igreja Católica está entrando no bom caminho. “Na teologia, o papa bebeu de uma fonte antiga, da qual todos nós – os mais antigos – bebemos também. Felizmente, quanto à pastoral, o papa Francisco tem um jeito bem aberto. Há quem observe que ele fala e faz o que estamos ouvindo e fazendo, na paróquia, há 40 anos. Ainda bem”, suspira.
Entre as “modernidades” adotadas pelo frade carmelita no ritual da missa, estão o repartir da comunhão também com pessoas separadas que se casaram de novo. Ele argumenta que a mesa da Eucaristia deve ser de acolhida e não de exclusão.
Frei Cláudio chega a se exaltar ao descrever o quadro da Santa Ceia, que costuma encimar a mesa da sala de jantar de inúmeras casas católicas em Minas. “Afinal, na Primeira Eucaristia, em uma ponta da mesa estava Judas, que iria trair; na outra ponta, Pedro, que iria negar; e o restante da turminha que iria abandonar Jesus, na hora da condenação. Além do mais, até o papa, ao rezar a missa, na hora da comunhão, também reconhece: ‘Não sou digno de que entreis em minha morada’. Ora, se ninguém é digno, o problema não é a dignidade, mas o convite, que é universal”, defende. “Ninguém é digno, mas todo mundo é convidado.”
Artesão da féEm 21 de outubro será lançado o livro Cláudio van Balen: Artesão da fé, de autoria do padre Mauro Passos e do ambientalista Cláudio Guerra, amigos do frade. A obra detalha um pouco mais da trajetória do religioso, sua infância na Holanda e as atividades sociais da Igreja do Carmo, referência no país. “Sabe do que mais gosto em frei Cláudio? Da sua alma livre, sem narcisismo e sem amarras. Ele é o que é. Eu queria ser assim”, confessa uma entre os 800 voluntários dos mais de 50 projetos sociais da Igreja do Carmo, entre serviços jurídicos, médicos e psicológicos, que atendem a 20 mil pessoas por mês. Diariamente, ela segue de ônibus de um bairro vizinho até o Sion para se inspirar no exemplo de vida do religioso.
Eduardo Almeida Reis-Países
Presumo que a maioria esmagadora dos países conte com eletricidade doméstica pelo menos em algumas de suas casas
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 26/09/2013
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 26/09/2013
A Organização das
Nações Unidas (ONU) reconhece 191 países; Taiwan não entra na lista, e o
Vaticano entra como “observador permanente”. O Comitê Olímpico
Internacional admite 202, e a Fifa 205. Contudo, outra fonte diz que a
instituição abriga 193, e o Departamento de Estado norte-americano, 195.
As fontes falam em “países do mundo”, o que me permite supor que pensem
nos países de outros mundos, como o do ET de Varginha, muito respeitado
pelas autoridades federais brasileiras. Presumo que a maioria
esmagadora dos países conte com eletricidade doméstica pelo menos em
algumas de suas casas. Eletricidade implica necessidade de tomadas e o
Brasil era acusado da invenção de um tipo único de tomada. Influenciável
que sempre fui, penitencio-me das muitas vezes que critiquei os
inventores da nossa tomada e creio ter aventado a hipótese de a invenção
ter proporcionado no mínimo R$ 3 bilhões em “dividendos” a determinadas
autoridades, que não especifiquei por desconhecer os seus nomes. É
também possível e até mesmo provável que a invenção tenha rendido mais
que R$ 3 bilhões. Contudo, por amor à verdade e graças à colaboração de
um leitor do EM, devo admitir que a tomada existe na Suíça e o leitor
confirmou sua compatibilidade com aparelhos “brasileiros” nas viagens
que faz à Confederação Helvética. Além disso, mandou-me o link das
tomadas do mundo inteiro, sem aquelas do país do respeitado ET, com
fotos coloridas, especificações, tudo explicadinho, que não posso
recomendar aqui porque tem um número imenso de letrinhas depois do
http://.
Projetos
É da lavra de Abgar Renault a seguinte reflexão: “Só o impossível é digno de ser sonhado. O possível deixa-se colher no solo fácil de cada dia”. Deixemos o impossível por conta dos sonhos, que o possível vai sendo colhido no solo fácil de cada dia, e cuidemos dos projetos feitos quando investimos na Mega-Sena. Projetos que vão sendo alterados com o passar dos anos. Lamento não ter feito a lista dos meus. Desde sempre aposto um pouquinho – atualmente, R$ 14 em cada concurso – e só fiz duas quadras, uma de 800, outra de pouco mais de R$ 1 mil. Os sete números escolhidos variam ao sabor das circunstâncias e nunca me lembro deles depois de apostar, mas me lembro de alguns projetos que fiz. Houve tempo em que planejei dividir o prêmio por quatro, guardar um pedaço para garantir a minha velhice e distribuir os outros três às filhas. Isso, naturalmente, se o prêmio fosse graúdo, porque a minha quarta parte já tinha destinação: três meses embarcado num transatlântico para rodar o mundo, enquanto durassem as obras de conclusão da sede da fazendola que pretendia comprar. Oitenta vacas no leite, duas bandas largas para retomar o trabalho nos jornais, charutos e vinhos a montões, eventual companhia feminina no clima adorável do cerrado mineiro, a uma hora e 20 de Belo Horizonte. Mas isso foi há muito tempo: exatamente seis anos, um tempão. Hoje, faturando prêmio grande, faço uma holding com as meninas e aplico na Bovespa ou desando a construir pequenos prédios para vender, três ou quatro andares, sem elevadores, plantas padronizadas, bairros populares, compradores pobres. Só se ganha dinheiro com pobre. Tenho quem construa para mim. Nem pretendo visitar as obras. Bastam-me os charutos, as duas bandas largas, a biblioteca doméstica e 2 mil palavras/dia, que faço com um pé às costas. Afinal, a vida é uma só.
Bilhete
“Eduardo, sou seu seguidor desde os tempos em que você não era soldador em Itamarandiba nem laboratorista em Monte Alegre de Minas. Concordo com você na crítica às ‘inovações’ que os (principalmente jovens) repórteres (e repórteras) de nossos jornais, rádios e televisões vêm introduzindo na língua pátria. Uma das últimas inovações está no noticiário policial: ‘A vítima foi socorrida para o Hospital João XXIII...’ Nos meus velhos tempos de UH-Minas, Diário de Minas e EM, a vítima era socorrida no... O ‘para’ cabe no ‘levada’ ou ‘transportada’, concorda? Um abraço do A. M., também amigo do Lauro.” Concordo e muito agradeço a sua leitura há tanto tempo, de mesmo passo que louvo sua amizade com o Lauro, que suponho seja o paraopebense Diniz Silva.
O mundo é uma bola
26 de setembro: faltam 96 dias para acabar o ano. Em 1907, independência da Nova Zelândia. Já li um caminhão de livros sobre esse país no tempo em que andei estudando assuntos leiteiros. Se puxar pela memória, fico o dia inteiro escrevendo sobre a produção de leite por lá. Os cinéfilos vão ficar felizes de saber que em 26 de setembro de 1909 foi fundado o mais antigo cinema do mundo, o Kino Pioner (Cine Pioneiro), por Albert Pitzke, na cidade alemã de Stettin, atual Szczecin, na Polônia. Em 1993, entra em órbita o PoSAT-1, o primeiro satélite português. Em 2005, Hélio Bicudo, Chico Alencar, Plínio de Arruda Sampaio e outras lideranças petistas caíram fora do partido, que ajudaram a criar, assustados com a honestidade da companheirada. Hoje é o Dia do Profissional de Relações Internacionais.
Ruminanças
“O autor que se julga um grande escritor, além de antipático, é burro, imbecil” (Ariano Suassuna).
Projetos
É da lavra de Abgar Renault a seguinte reflexão: “Só o impossível é digno de ser sonhado. O possível deixa-se colher no solo fácil de cada dia”. Deixemos o impossível por conta dos sonhos, que o possível vai sendo colhido no solo fácil de cada dia, e cuidemos dos projetos feitos quando investimos na Mega-Sena. Projetos que vão sendo alterados com o passar dos anos. Lamento não ter feito a lista dos meus. Desde sempre aposto um pouquinho – atualmente, R$ 14 em cada concurso – e só fiz duas quadras, uma de 800, outra de pouco mais de R$ 1 mil. Os sete números escolhidos variam ao sabor das circunstâncias e nunca me lembro deles depois de apostar, mas me lembro de alguns projetos que fiz. Houve tempo em que planejei dividir o prêmio por quatro, guardar um pedaço para garantir a minha velhice e distribuir os outros três às filhas. Isso, naturalmente, se o prêmio fosse graúdo, porque a minha quarta parte já tinha destinação: três meses embarcado num transatlântico para rodar o mundo, enquanto durassem as obras de conclusão da sede da fazendola que pretendia comprar. Oitenta vacas no leite, duas bandas largas para retomar o trabalho nos jornais, charutos e vinhos a montões, eventual companhia feminina no clima adorável do cerrado mineiro, a uma hora e 20 de Belo Horizonte. Mas isso foi há muito tempo: exatamente seis anos, um tempão. Hoje, faturando prêmio grande, faço uma holding com as meninas e aplico na Bovespa ou desando a construir pequenos prédios para vender, três ou quatro andares, sem elevadores, plantas padronizadas, bairros populares, compradores pobres. Só se ganha dinheiro com pobre. Tenho quem construa para mim. Nem pretendo visitar as obras. Bastam-me os charutos, as duas bandas largas, a biblioteca doméstica e 2 mil palavras/dia, que faço com um pé às costas. Afinal, a vida é uma só.
Bilhete
“Eduardo, sou seu seguidor desde os tempos em que você não era soldador em Itamarandiba nem laboratorista em Monte Alegre de Minas. Concordo com você na crítica às ‘inovações’ que os (principalmente jovens) repórteres (e repórteras) de nossos jornais, rádios e televisões vêm introduzindo na língua pátria. Uma das últimas inovações está no noticiário policial: ‘A vítima foi socorrida para o Hospital João XXIII...’ Nos meus velhos tempos de UH-Minas, Diário de Minas e EM, a vítima era socorrida no... O ‘para’ cabe no ‘levada’ ou ‘transportada’, concorda? Um abraço do A. M., também amigo do Lauro.” Concordo e muito agradeço a sua leitura há tanto tempo, de mesmo passo que louvo sua amizade com o Lauro, que suponho seja o paraopebense Diniz Silva.
O mundo é uma bola
26 de setembro: faltam 96 dias para acabar o ano. Em 1907, independência da Nova Zelândia. Já li um caminhão de livros sobre esse país no tempo em que andei estudando assuntos leiteiros. Se puxar pela memória, fico o dia inteiro escrevendo sobre a produção de leite por lá. Os cinéfilos vão ficar felizes de saber que em 26 de setembro de 1909 foi fundado o mais antigo cinema do mundo, o Kino Pioner (Cine Pioneiro), por Albert Pitzke, na cidade alemã de Stettin, atual Szczecin, na Polônia. Em 1993, entra em órbita o PoSAT-1, o primeiro satélite português. Em 2005, Hélio Bicudo, Chico Alencar, Plínio de Arruda Sampaio e outras lideranças petistas caíram fora do partido, que ajudaram a criar, assustados com a honestidade da companheirada. Hoje é o Dia do Profissional de Relações Internacionais.
Ruminanças
“O autor que se julga um grande escritor, além de antipático, é burro, imbecil” (Ariano Suassuna).
TCU põe fim à farra no Senado
Tribunal de Contas da União acaba com salários superiores a R$ 28 mil e manda 464 servidores devolverem R$ 300 milhões
Paulo Silva Pinto e Bárbara Nascimento
Estado de MInas: 26/09/2013
Paulo Silva Pinto e Bárbara Nascimento
Estado de MInas: 26/09/2013
Brasília –
Depois de um debate intenso, o Tribunal de Contas da União (TCU) mandou
o Senado acabar com a farra dos supersalários, que beneficia 464
servidores. Os marajás terão que devolver tudo o que receberam acima do
teto do funcionalismo, de R$ 28 mil, nos últimos cinco anos, além de
horas extras e gratificações indevidas e jornadas de trabalho não
cumpridas. Somente as remunerações que excederam o limite constitucional
atingem R$ 300 milhões. As irregularidades foram constatadas em uma
auditoria realizada pelo TCU em 2009 que só ontem foi julgada pelo
plenário.
Hoje o presidente do tribunal, Augusto Nardes, vai se reunir com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para comunicar oficialmente a decisão. A casa legislativa terá 30 dias para decidir como será feito o ressarcimento e para interromper os pagamentos irregulares. Mas Renan se adiantou e afirmou que “o Senado vai implantar imediatamente a redução da remuneração dos servidores ao limite constitucional”.
Em 14 de agosto, o TCU julgou auditoria semelhante realizada na Câmara. Mas determinou apenas a interrupção das irregularidades, sem devolução dos pagamentos, em 60 dias. A Câmara informou ontem que esse prazo começou a ser contado apenas em 16 de setembro, quando foi oficialmente notificada, e que não tomou decisão ainda sobre o que será feito.
O presidente do TCU ressalvou que os funcionários do Senado podem recorrer da exigência de ressarcir os cofres públicos. Ele admitiu que as decisões sobre o Senado e a Câmara são contraditórias quanto à devolução. Disse também que, por meio de uma provocação do Ministério Público, os ministros poderão julgar novamente a questão, tomando decisão única para a Câmara e o Senado quanto à devolução do dinheiro.
De acordo com a auditoria, os gastos com os 464 funcionários do Senado além do teto do funcionalismo foi de R$ 60 milhões por ano. As irregularidades, no total, somaram R$ 157 milhões por ano, ou 10% da folha de pagamento da Casa em 2009. O TCU não tem disponível o número de pessoas envolvidas nas demais irregularidades, e os valores anuais relativos a cada caso. “Esse quantitativo será revisto agora”, explicou Nardes.
No caso da Câmara, o TCU estima que a economia anual para os cofres públicos com a regularização será de R$ 517 milhões. Quando adicionado o fim da farra no Senado, a poupança para os contribuintes subirá para R$ 674 milhões. Estima-se que, incluindo servidores de nível médio e superior, o número dos que ganham mais que os R$ 28 mil pagos a um magistrados do STF, o teto constitucional, chegue a 1.100 na Câmara.
Hoje o presidente do tribunal, Augusto Nardes, vai se reunir com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para comunicar oficialmente a decisão. A casa legislativa terá 30 dias para decidir como será feito o ressarcimento e para interromper os pagamentos irregulares. Mas Renan se adiantou e afirmou que “o Senado vai implantar imediatamente a redução da remuneração dos servidores ao limite constitucional”.
Em 14 de agosto, o TCU julgou auditoria semelhante realizada na Câmara. Mas determinou apenas a interrupção das irregularidades, sem devolução dos pagamentos, em 60 dias. A Câmara informou ontem que esse prazo começou a ser contado apenas em 16 de setembro, quando foi oficialmente notificada, e que não tomou decisão ainda sobre o que será feito.
O presidente do TCU ressalvou que os funcionários do Senado podem recorrer da exigência de ressarcir os cofres públicos. Ele admitiu que as decisões sobre o Senado e a Câmara são contraditórias quanto à devolução. Disse também que, por meio de uma provocação do Ministério Público, os ministros poderão julgar novamente a questão, tomando decisão única para a Câmara e o Senado quanto à devolução do dinheiro.
De acordo com a auditoria, os gastos com os 464 funcionários do Senado além do teto do funcionalismo foi de R$ 60 milhões por ano. As irregularidades, no total, somaram R$ 157 milhões por ano, ou 10% da folha de pagamento da Casa em 2009. O TCU não tem disponível o número de pessoas envolvidas nas demais irregularidades, e os valores anuais relativos a cada caso. “Esse quantitativo será revisto agora”, explicou Nardes.
No caso da Câmara, o TCU estima que a economia anual para os cofres públicos com a regularização será de R$ 517 milhões. Quando adicionado o fim da farra no Senado, a poupança para os contribuintes subirá para R$ 674 milhões. Estima-se que, incluindo servidores de nível médio e superior, o número dos que ganham mais que os R$ 28 mil pagos a um magistrados do STF, o teto constitucional, chegue a 1.100 na Câmara.
Os EUA devem duas desculpas ao Brasil - Eliane Cantanhêde
FONTE: FOLHA DE SÃO PAULO
A verdade dói
BRASÍLIA - Passou quase em branco, mas não foi mero detalhe da abertura da Assembleia-Geral da ONU: a presidente do Brasil falou duro com os EUA, mas nem o presidente Obama, nem o secretário de Estado, John Kerry, nem a conselheira de segurança, Susan Rice, estavam lá. E, dizem, a própria embaixadora dos EUA na ONU só chegou na última hora.
Não foi por falta de aviso. O mundo inteiro sabia que Dilma apontaria o dedo na cara de Obama por causa da espionagem. Ele também.
Hipótese 1 para a ausência: os americanos, sempre tão pontuais, atrapalharam-se no trânsito e chegaram atrasados à cerimônia.
Hipótese 2: o chefe Obama estava ali ao lado, esperando sua vez de falar, e sua equipe não pôde prestigiar Dilma para fazer-lhe a corte.
Hipótese 3: Obama e sua equipe não estão nem aí para as reclamações (justas, diga-se de passagem) e para a gritaria (em tom adequado, idem) da presidente do Brasil.
Hipótese 4: foi uma retaliação à decisão de Dilma de cancelar a visita oficial a Washington, alegando que não haveria clima para a conversa bilateral depois de escancarada a espionagem americana, sobre, até mesmo, a Presidência brasileira.
De qualquer forma, se os EUA deviam um pedido de desculpas ao Brasil pela interceptação ilegal de dados de cidadãos, empresas, representações diplomáticas e do Planalto, agora devem dois: o segundo pela deselegância e pelo descaso diante da fala da presidente a centenas de chefes de Estado e, por extensão, ao mundo todo. O alvo eram os EUA e Obama. E eles deveriam dar atenção.
Dilma usou termos fortes como "ilegal", "indignação", "repúdio" e "inadmissíveis". E, afora a tentativa vã de liderar um movimento por um marco internacional da internet, ela foi bem ao acusar: "Jamais pode o direito à segurança dos cidadãos de um país ser garantido mediante a violação de direitos humanos e civis fundamentais dos cidadãos de outro país". Como discordar?
Eliane Cantanhêde, jornalista, é colunista da Página 2 da versão impressa da Folha, onde escreve às terças, quintas, sextas e domingos. É também comentarista do telejornal "Globonews em Pauta" e da Rádio Metrópole da Bahia.
A voz dos craques - Janio de Freitas
Vão muito além do futebol os sinais de sentido social e político implícitos no movimento lançado por jogadores em busca de uma revisão do calendário dos campeonatos. E, nisso, do próprio poder da CBF. Embora não se trate do primeiro movimento de jogadores, segundo uma definição que não faz justiça a corajosas e castigadas iniciativas do passado.
Começa por ser significativo que, neste país em que por tudo se pensa em mais uma lei e se pede uma ação no Congresso, o representativo grupo de jogadores preservou o alcance e a responsabilidade da iniciativa no seu próprio meio. Mostram-se mais avançados e, suponho, mais conscientes do que os repetitivos atores, cantores, músicos, compositores e, agora, também escritores.
O problema levantado pelos jogadores não é muito mais simples do que os vividos por aquelas classes profissionais, como parece a quem o vê de fora. Os calendários do futebol brasileiro estão submetidos a mais e maiores interesses que os ligados aos cofres e transações políticas da CBF e das federações estaduais. O futebol representa ganhos oceânicos para a TV. A tal ponto que há muito tempo tornou-se usual a influência da TV Globo, dominadora quase absoluta dos bons direitos de transmissão, na montagem dos calendários provenientes da CBF.
O Brasil é o único país em que a programação noturna do futebol passou a ser condicionada pela programação e pela melhor rentabilidade da TV, no caso, com as novelas. Daí decorre o desatino de se iniciarem jogos às 10 para as 10 da noite de dias úteis. Com final já rondando a meia-noite.
Horário que se tornou fator determinante para a redução do número de torcedores, no princípio, e por fim para o hábito da ausência. Disso resultou não só mais uma fonte de faturamento, porém duas: a assinatura dos canais pagos e, apesar de já pagos, sua segunda e cara cobrança para o futebol restrito aos canais "premières". E ainda achamos que é no campo que se dão os grandes gols e as grandes vitórias.
O objetivo central do movimento, porém, merece mais reflexão dos jogadores e dos que lidam com o futebol, inclusive no jornalismo esportivo. Os jogadores pleiteiam reformas no calendário para reduzir o seu desgaste físico, decorrente dos intervalos pequenos entre os jogos e das exigências do Campeonato Brasileiro com distâncias tão grandes entre os locais de jogos. Têm razão, mesmo que não possam negar a característica de que o jogador brasileiro se cuida muito pouco, a força da consciência profissional incapaz de comparar-se à das tentações, menores ou maiores.
Mas, se o objetivo do movimento tem sentido, a maneira proposta para enfrentá-lo não é lógica. O que importa não é quantos jogos um time deve jogar, e nem tanto os intervalos. Importa, sim, contra o desgaste físico, o número de jogos que cada jogador joga. É daí que vem o problema reclamado. Logo, o necessário não está fora do jogador, está nele. Em quantas vezes, sejam quantos e quais forem os jogos do seu time, o jogador deve ir a campo.
Já estão adotados, em vários times, os descansos de alguns jogadores. É isto mesmo que precisa ser institucionalizado. Fisiologistas, neurocientistas, ortopedistas e outros podem dimensionar desde um número padrão, como média geral, ou um número limite. E até, se for o caso, o número individualizado de jogos a serem permitidos a cada jogador. Ou seja, à sua escalação. Total a ser composto com ausências a intervalos periódicos ou não, conforme as circunstâncias do time e do próprio jogador.
Tanto o respeito à limitação humana não é solução complexa, que já está eventualmente praticada. O movimento dos jogadores é um avanço que precisa ir ainda mais adiante, com outras concepções remodeladoras.
Janio de Freitas, colunista e membro do Conselho Editorial da Folha, é um dos mais importantes jornalistas brasileiros. Analisa com perspicácia e ousadia as questões políticas e econômicas. Escreve na versão impressa do caderno "Poder" aos domingos, terças e quintas-feiras.
Monica Bergamo
Nunca a mídia foi tão ontensiva para subjugar um juiz, diz ministro Celso de Mello
DE SÃO PAULO
fonte:folha de são paulo
fonte:folha de são paulo
O ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), fez um desabafo no começo da semana a um velho amigo, José Reiner Fernandes, editor do "Jornal Integração", de Tatuí, sua cidade natal. Em pauta, críticas que recebeu antes mesmo de votar a favor dos embargos infringentes, que deram a réus do mensalão chance de novo julgamento em alguns crimes.
*
"Há alguns que ainda insistem em dizer que não fui exposto a uma brutal pressão midiática. Basta ler, no entanto, os artigos e editoriais publicados em diversos meios de comunicação social (os 'mass media') para se concluir diversamente! É de registrar-se que essa pressão, além de inadequada e insólita, resultou absolutamente inútil", afirmou ele.
Alan Marques - 12.set.13/Folhapress | ||
O ministro Celso de Mello no plenário do Supremo Tribunal Federal |
*
Mello parece estar com o assunto entalado na garganta. Na terça-feira (24), ele respondeu a um telefonema da Folha para confirmar as declarações acima. E falou sobre o tema por quase meia hora.
"Eu imaginava que isso [pressão da mídia para que votasse contra o pedido dos réus] pudesse ocorrer e não me senti pressionado. Mas foi insólito esse comportamento. Nada impede que você critique ou expresse o seu pensamento. O que não tem sentido é pressionar o juiz."
*
"Foi algo incomum", segue. "Eu honestamente, em 45 anos de atuação na área jurídica, como membro do Ministério Público e juiz do STF, nunca presenciei um comportamento tão ostensivo dos meios de comunicação sociais buscando, na verdade, pressionar e virtualmente subjugar a consciência de um juiz."
*
"Essa tentativa de subjugação midiática da consciência crítica do juiz mostra-se extremamente grave e por isso mesmo insólita", afirma.
*
E traz riscos. "É muito perigoso qualquer ensaio que busque subjugar o magistrado, sob pena de frustração das liberdades fundamentais reconhecidas pela Constituição. É inaceitável, parta de onde partir. Sem magistrados independentes jamais haverá cidadãos livres."
*
"A liberdade de crítica da imprensa é sempre legítima. Mas às vezes é veiculada com base em fundamentos irracionais e inconsistentes." Por isso, o juiz não pode se sujeitar a elas. "Abordagens passionais de temas sensíveis descaracterizam a racionalidade inerente ao discurso jurídico. É fundamental que o juiz julgue de modo isento e independente. O que é o direito senão a razão desprovida da paixão?"
*
O ministro repete: não está questionando "o direito à livre manifestação de pensamento". "Os meios de comunicação cumprem o seu dever de buscar, veicular informação e opinar sobre os fatos. Exercem legitimamente função que o STF lhes reconhece. E o tribunal tem estado atento a isso. A plena liberdade de expressão é inquestionável." Ele lembra que já julgou, "sem hesitação nem tergiversação", centenas de casos que envolviam o direito de jornalistas manifestarem suas críticas. "Minhas decisões falam por si."
*
Celso de Mello lembra que a influência da mídia em julgamentos de processos penais, "com possível ofensa ao direito do réu a um julgamento justo", não é um tema inédito. "É uma discussão que tem merecido atenção e reflexão no âmbito acadêmico e no plano do direito brasileiro." Citando quase uma dezena de autores, ele afirma que é preciso conciliar "essas grandes liberdades fundamentais", ou seja, o direito à informação e o direito a um julgamento isento.
*
O juiz, afirma ele, "não é um ser isolado do mundo. Ele vive e sente as pulsões da sociedade. Ele tem a capacidade de ouvir. Mas precisa ser racional e não pode ser constrangido a se submeter a opiniões externas".
*
Apesar de toda a pressão que diz ter identificado, Celso de Mello afirma que o STF julgou o mensalão "de maneira independente". E que se sentiu "absolutamente livre para formular o meu juízo". No julgamento, ele quase sempre impôs penas duras à maioria dos réus.
FORÇA BRUTA
Técnicos formados para trabalhar na indústria são os que recebem os maiores salários, na comparação com os que atuam em outros setores. O valor médio da remuneração (R$ 2.519) é 24,3% superior ao de técnicos de áreas como comércio, serviços e agropecuária (R$ 2.027), segundo estudo do Senai.
Técnicos formados para trabalhar na indústria são os que recebem os maiores salários, na comparação com os que atuam em outros setores. O valor médio da remuneração (R$ 2.519) é 24,3% superior ao de técnicos de áreas como comércio, serviços e agropecuária (R$ 2.027), segundo estudo do Senai.
PRINCIPIANTE
A pesquisa, com base na análise de 2.514.110 empregos de nível técnico, mostrou ainda que, no primeiro emprego, os profissionais da área industrial recebem 13,4% a mais que os de mesmo nível formados para outros setores. Quem tem dez anos de profissão pode ganhar até 49,2% mais.
A pesquisa, com base na análise de 2.514.110 empregos de nível técnico, mostrou ainda que, no primeiro emprego, os profissionais da área industrial recebem 13,4% a mais que os de mesmo nível formados para outros setores. Quem tem dez anos de profissão pode ganhar até 49,2% mais.
BOCÃO
O músico Lobão vai assinar uma coluna semanal na revista "Veja" a partir deste mês. "Vou falar sobre absurdos como o novo julgamento do mensalão. Ninguém, aliás, protestou contra. Meia dúzia de atrizes tentaram, mas foram ridicularizadas." Ele ainda não definiu o assunto que vai tratar em sua estreia. "Pode ser mensalão, PECs, lei de biografias, o que for o assunto do momento."
O músico Lobão vai assinar uma coluna semanal na revista "Veja" a partir deste mês. "Vou falar sobre absurdos como o novo julgamento do mensalão. Ninguém, aliás, protestou contra. Meia dúzia de atrizes tentaram, mas foram ridicularizadas." Ele ainda não definiu o assunto que vai tratar em sua estreia. "Pode ser mensalão, PECs, lei de biografias, o que for o assunto do momento."
TÔ FORA
Eduardo Suplicy (PT-SP) recusou convite da MTV para ajudar o filho Supla a arrumar namorada em novo reality show do canal, que entra no ar no dia 1º. O senador estaria na comissão que ajudará o cantor a escolher a pretendente. "Isso não é próprio para o pai. É uma escolha muito pessoal", diz Suplicy, que vai aparecer em "Papito in Love" só conversando com o filho. O grupo de conselheiros terá um amigo, uma ex-namorada e a governanta da casa de Supla.
Eduardo Suplicy (PT-SP) recusou convite da MTV para ajudar o filho Supla a arrumar namorada em novo reality show do canal, que entra no ar no dia 1º. O senador estaria na comissão que ajudará o cantor a escolher a pretendente. "Isso não é próprio para o pai. É uma escolha muito pessoal", diz Suplicy, que vai aparecer em "Papito in Love" só conversando com o filho. O grupo de conselheiros terá um amigo, uma ex-namorada e a governanta da casa de Supla.
DOIS EM UM
Luciana Brito recebeu, em sua galeria, convidados para a abertura das exposições "O Tempo Todo" e "Lugar Comum", da artista Rochelle Costi. Teresa Fittipaldi, o designer Gerson de Oliveira, a artista Raquel Kogan e o fotógrafo Fabio Heizenreder estiveram no evento, terça-feira (24), na Vila Olímpia.
Luciana Brito recebeu, em sua galeria, convidados para a abertura das exposições "O Tempo Todo" e "Lugar Comum", da artista Rochelle Costi. Teresa Fittipaldi, o designer Gerson de Oliveira, a artista Raquel Kogan e o fotógrafo Fabio Heizenreder estiveram no evento, terça-feira (24), na Vila Olímpia.
Abertura de duas exposições
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Luciana Brito recebeu, em sua galeria, convidados para a abertura das exposições "O Tempo Todo" e "Lugar Comum", da artista Rochelli Costi, na terça (24)
LUZ, CÂMERA...
Domingos de Oliveira começou segunda no Rio as filmagens de seu novo longa, "Infância". No elenco estão "os melhores atores do mundo", segundo ele: Priscilla Rozenbaum (mulher do diretor), Paulo Betti, o próprio Oliveira e também, "para gáudio dos rapazes", Maria Flor e Nanda Costa. O orçamento da produção é de R$ 2,4 milhões, dos quais R$ 1,7 milhão já foi captado, via BNDES, RioFilme e Fundo Setorial do Audiovisual.
Domingos de Oliveira começou segunda no Rio as filmagens de seu novo longa, "Infância". No elenco estão "os melhores atores do mundo", segundo ele: Priscilla Rozenbaum (mulher do diretor), Paulo Betti, o próprio Oliveira e também, "para gáudio dos rapazes", Maria Flor e Nanda Costa. O orçamento da produção é de R$ 2,4 milhões, dos quais R$ 1,7 milhão já foi captado, via BNDES, RioFilme e Fundo Setorial do Audiovisual.
...AÇÃO
Fernanda Montenegro será uma matriarca na história. "Ninguém é famoso no Brasil por mais que dois ou três quarteirões. Ela, acho que tem um bairro inteiro", diz o cineasta, que promete um filme "honesto, inteligente e sólido", para fazer rir "da desvairada moral burguesa".
Fernanda Montenegro será uma matriarca na história. "Ninguém é famoso no Brasil por mais que dois ou três quarteirões. Ela, acho que tem um bairro inteiro", diz o cineasta, que promete um filme "honesto, inteligente e sólido", para fazer rir "da desvairada moral burguesa".
BOLSO
A inclusão de novas categorias no Simples Nacional é discutida na Secretaria Nacional da Micro e Pequena Empresa. Advogados, psicólogos, representantes comerciais, corretores de imóveis, educadores físicos, arquitetos e engenheiros civis poderão fazer parte do cadastro e passar a pagar até 40% a menos em tributos e impostos.
A inclusão de novas categorias no Simples Nacional é discutida na Secretaria Nacional da Micro e Pequena Empresa. Advogados, psicólogos, representantes comerciais, corretores de imóveis, educadores físicos, arquitetos e engenheiros civis poderão fazer parte do cadastro e passar a pagar até 40% a menos em tributos e impostos.
CURTO-CIRCUITO
A ensaísta e poeta Renata Pallottini toma posse nesta quinta-feira (26) na Academia Paulista de Letras, às 19h.
O advogado Dircêo Torrecillas lança o livro "O Federalismo Atual - Teoria do Federalismo", às 18h, no prédio da OAB na praça da Sé.
Damien Loras, cônsul-geral da França, realiza nesta quinta-feira (26) festa beneficente em prol da Fundação Gol de Letra, às 18h, no Jardim Europa.
com ELIANE TRINDADE, JOELMIR TAVARES, ANA KREPP e MARCELA PAES
Mônica Bergamo, jornalista, assina coluna diária publicada na página 2 da versão impressa de "Ilustrada". Traz informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999.
Calças legging de Cristina viram tema de discussão na Argentina
FOCO
LÍGIA MESQUITADE BUENOS AIRESNa última sexta-feira, Cristina Kirchner decidiu variar um pouco o figurino. Foi à inauguração de um centro recreativo em Ezeiza, na grande Buenos Aires, usando uma legging preta, modelo de calça bem justo que deixou à vista a forma de suas pernas.Desde então, as calças da presidente argentina, de 60 anos, se transformaram em assunto no país. O tema reinou nas redes sociais.
Consultores de moda disseram que Cristina havia quebrado um protocolo ao escolher um look tão casual para um ato oficial.
Algumas pessoas disseram que a presidente queria parecer mais jovem.
O jornal "Perfil" publicou reportagem em que esteticistas, dermatologistas e nutricionistas analisavam a boa forma de Cristina.
Para eles, a presidente pode ter se submetido a um tratamento de última geração que queima a gordura da parte interna das coxas.
Políticos comentaram o caso. O senador e ex-governador de Santa Fé Daniel Reutmann disse a uma emissora de rádio que a legging chamava a atenção. "As calças dão a Cristina um toque muito juvenil."
Anteontem, as calças da presidente se transformaram em uma música divulgada no YouTube, e o tema entrou para os trending topics do Twitter no país.
A letra de "As Calças de Cristina", de Mauro Lecornel, em versão cumbia (popular ritmo latino), diz: "Ai, Cristina, com essas calças está divina!/ Fiu-fiu! Viva Perón!".
Apesar disso, a mandatária argentina não gostou de ver sua forma física e seu vestuário virarem assunto.
No domingo à noite, a presidente usou o Twitter para falar sobre o caso. "Antes [falavam] que eu usava roupa de marca. Agora, [falam de] calças e protocolo. Tanto barulho por umas calças?", postou. E concluiu: "Vade retro, estupidez".
Veja vídeo com a música
folha.com/no1347577
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