segunda-feira, 19 de maio de 2014

As eleições menos importantes do país - Renato Janine Ribeiro

Valor Econômico - 19/05/20014


O que queremos dos deputados estaduais? Eles são os eleitos com menos poder em nosso sistema político.



Nas eleições deste ano, um cargo chama, se posso assim dizer, nossa desatenção - porque é o menos importante em jogo: o de deputado estadual. Eles são mais de mil, incluindo os distritais de Brasília. Mas têm menos poder do que deputados federais, senadores ou mesmo vereadores. Todos os governadores, ou quase, controlam as Assembleias Legislativas sem dificuldades. A oposição, nessas Casas, é fraca; em alguns casos, nem existe. Fala-se que o legislativo federal é controlado pelo poder executivo; mas o controle é mais forte no nível estadual.

Uma razão para isso pode estar na menor competência dos Estados para legislar. Nossa Constituição confere à União competência legislativa sobre praticamente qualquer assunto, enquanto cabe aos municípios decidir assuntos de interesse local, como o zoneamento, que afetam diretamente a vida dos moradores. Já os Estados têm sobretudo uma competência concorrente à da União e dos municípios. Como aos legislativos cabe, é óbvio, votar leis, resulta disso que os estaduais produzam pouco. E como os governadores são personagens de destaque em nossa política, efetuando um poderoso meio de campo entre prefeitos e presidência, bem como influenciando bancadas no Congresso, cresce o fosso entre um Executivo estadual forte e um Legislativo fraco.

Só para comparar Estados e União: a Presidência da República tem muito poder, mas a cada votação relevante tem de renegociar sua maioria em duas Casas legislativas distintas, nas quais há mais partidos relevantes do que nos Estados. Porque, se em cada Estado há poucos partidos que contam, na escala nacional eles se tornam numerosos. O legislativo federal é mais complexo que os estaduais.

Que poderes têm os deputados estaduais?

Pode haver razões históricas para o menor peso das assembleias. No Brasil colonial, o que importava, em termos sociais e políticos, eram os municípios. (Ulisses Guimarães, na época da Constituinte, certamente lembrava esta tradição, ao dizer que "as pessoas vivem nos municípios, não na União"). As capitanias, antecessoras das províncias do tempo imperial e dos Estados da era republicana, na prática contavam pouco. Nas cidades, estava o que tínhamos mais perto de uma política representativa. Não tivemos assembleias provinciais, como as colônias inglesas da América, mas câmaras municipais, atuantes, ainda que esses órgãos em que pobres e escravos não tinham vez não fossem, propriamente, democráticos.

Mas a autonomia local, numa época de comunicações difíceis e lentas, foi um traço importante de nossos primeiros séculos. Prova disso é que, quando Pedro I outorgou a Constituição de 1824, depois de dissolver a Constituinte, ordenou que fosse submetida à apreciação das Câmaras Municipais - que, sensata ainda que não democraticamente, a aprovaram. As assembleias provinciais só nasceram com o Ato Adicional de 1834, durante o que Paulo Pereira de Castro chamou nossa "experiência republicana", a Regência.

A República rompeu o modelo centralizador que vigia desde os tempos portugueses, conferindo autonomia aos Estados. Na República Velha, houve verdadeiras guerras civis no plano estadual, sem que a União interviesse. Érico Verissimo relata, no "Lenço encarnado", a revolução gaúcha de 1923, em que chimangos e maragatos se matavam ante a neutralidade das tropas federais. A Força Pública paulista dispôs até mesmo de uma aviação militar. Desde 1930, porém, essa autonomia recuou. Nunca nossos Estados, ao contrário dos norte-americanos ou mexicanos, puderam legislar sobre o crime. Mas tiveram, nos primeiros quarenta anos do regime republicano, códigos próprios de processo. A partir da Revolução de 30, reforçada pela ditadura militar, a centralização caminhou a largos passos. Reduziu, nesse processo, a competência de legislar dos Estados.


Isso é bom, é ruim? Não sei. Hoje o poder político reside, em larga medida, na orientação da atividade econômica. Essa é uma tarefa, em qualquer lugar do mundo, do poder soberano. Unidades subnacionais podem gastar o que arrecadam em impostos, mas não têm meios fortes para definir como se produz a riqueza - da qual vêm os tributos. Na própria Europa, a unificação em curso reduz o poder dos Estados nacionais, o que fica evidente na atual, longa e talvez insolúvel crise do euro. Era inevitável diminuir a competência legislativa de nossos Estados - até porque a enorme autonomia deles, vigente na República Velha, não resultava de demandas populares, mas de um acordo entre oligarquias.

Mas fica o problema. A competência de legislar dos Estados é limitada; suas assembleias não causam muito impacto; um vereador de capital pode ser mais influente do que um deputado estadual; salvo desconhecimento meu, a única assembleia do País a ser forte no imaginário dos cidadãos é a fluminense, para onde se voltam protestos de toda ordem. Não por acaso, dentre as assembleias só a ALERJ é popularmente reconhecida por sua sigla. Governadores são personagens políticos relevantes, deputados estaduais não. Queremos isso?

Essa situação é boa para nossa política, nossa sociedade? Há meios de mudá-la? O quadro me faz pensar na Assembleia de Representantes criada, em 1891, por Júlio de Castilhos, no Rio Grande do Sul. Ele fez adotar uma constituição positivista, que deixava aos deputados gaúchos só o papel de votar o orçamento. Todas as outras leis eram baixadas pelo Executivo. É claro que tudo mudou, de lá para cá. Mas deveríamos discutir o que queremos de um órgão legislativo que, em que pesem as intenções dos seus membros e os votos que legitimam seus mandatos, é o menos significativo de nosso sistema político.

TeVê

Estado de Minas - 19/05/2014

TV PAGA

Teste sua memória


 (Rogério Resende/Divulgação)

O canal Viva estreia hoje, às 23h, a série O show da vida é fantástico, em que a apresentadora Valéria Monteiro relembra videoclipes que marcaram a história da revista dominical da Globo O programa é curtinho, o suficiente para exibir o clipe e entrevistar o artista envolvido na produção. Valéria Monteiro começa conversando hoje com Marina Lima (foto). Também participam da temporada Wanderléa, Preta Gil, Sidney Magal, João Bosco, Paulo Ricardo, Guilherme Arantes, Fafá de Belém e Biafra, entre outros convidados.


Música também é a  dica do canal Curta!

No canal Curta!, a programação musical começa às 19h45 com o documentário Raimundo Fagner, dirigido por Sérgio Santos, que era vizinho do cantor e compositor cearense no Bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, na década de 1970. Às 22h é a vez de Os doces bárbaros, em que o diretor Jom Tob Azulay acompanha a turnê que Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Gal Costa fizeram em 1976, com o dramático registro da prisão e julgamento de Gil e de um companheiro por porte de drogas.

Muitas alternativas  no pacote de filmes

No pacote de cinema, o destaque de hoje é o drama Bonsai, do chileno Cristián Jiménez, às 22h, no Max. No mesmo horário, o assinante tem mais oito opções: A última ameaça, no Telecine Action; Transformers 2 – A vingança dos derrotados, na Fox; Chuva negra, no TCM; Irmãos de sangue, no Glitz; Peixe grande e suas histórias maravilhosas, na MGM; A qualquer preço, no Telecine Premium; Além da escuridão – Star trek, no Telecine Pipoca; e JFK – A história não contada, na HBO 2. Outras atrações da programação: O livro de Eli, às 19h55, no Universal Channel; Jogo de cena, às 20h30, no Arte 1; Ponto de vista, às 20h45, no Megapix; e Limite vertical, às 21h, no Cinemax.

MTV vai promover  encontro de casais

A MTV reservou para hoje duas estreias. Às 17h, The ex and the why dá a chance aos participantes de se reencontrar com seu ex e, talvez, acertar de vez seus ponteiros e ser feliz no amor. Já em Time’s up, que vai ao ar às 17h30, casais devem reavaliar sua relação num momento em que a faculdade, a carreira e outros acontecimentos os forçam a seguir caminhos diferentes na vida.

Jerry Springer faz  bico em série do ID

Novidade também no Investigação Discovery. Às 22h estreia a série Crimes de primeira página, apresentada por Jerry Springer, personalidade da TV norte-americana, há mais de 20 anos à frente de um programa muito popular no qual narra histórias protagonizadas por personagens extravagantes. Dessa vez ele vai falar de crimes reais, começando com os relatos de dois casos envolvendo adolescentes.
CARAS E BOCAS » Ensaio fotográfico

Simone Castro


Shirley (Vivianne Pasmanter) vai posar nua com sua cobra favorita   (João Miguel Jr/Globo )
Shirley (Vivianne Pasmanter) vai posar nua com sua cobra favorita


Ousada como sempre, Shirley (Viviane Pasmanter) vai virar notícia nos próximos capítulos de Em familia (Globo). Não se falará em outra coisa depois que a socialite posar nua com a sua cobra Serafina enrolada em seu corpo. O ensaio, claro, será realizado por Marina (Tainá Müller), em dificuldades financeiras com seu estúdio até que começa a ser procurada por outras mulheres que também querem um álbum de fotos semelhante. O ensaio de Shirley vai causar, literalmente! Não só porque irá parar em coluna de jornal , mas por provocar ciúmes em Helena (Júlia Lemmertz) e Luiza (Bruna Marquezine), pois seus pares, Virgílio (Humberto Martins) e Laerte (Gabriel Braga Nunes), respectivamente, vão
elogiar a modelo.


CANAL CURTA! VALORIZA  A PRODUÇÃO ARTÍSTICA

A partir de amanhã, o Curta! (TV paga) vai abrir mais espaço para as artes. Em parceria com a ArtRio, a emissora produziu as Pílulas de arte, vídeos com cerca de um minuto de duração que falam sobre o processo de criação e conceito de algumas obras. Os programetes vão ao ar durante os intervalos. Entre as “pílulas”, está o depoimento do artista plástico Fábio Carvalho, explicando o conceito do “Exército Monarca”, uma coleção de medalhões em faiança pintados à mão

MÚSICA E POLÊMICA NA  PAUTA DO COLETIVATION

A semana promete no Coletivation, da MTV, reunindo atrações que trazem muita música, mas também polêmica. Hoje, Kéfera e Patrick Maia recebem Leo, do vlog Bom dia Leo, que fala como começou a fazer vídeos e explica a relação que mantém com seu público. O grupo de forró Falamansa é a atração de amanhã. Na quarta-feira será a vez do vlogueiro Leandro Zagui. O Maestro Billy é o convidado de quinta-feira, e a pauta fecha na sexta-feira com duas entrevistas, com as organizadoras da Marcha das Vadias e com a atriz Maria Gal, que fala sobre seu livro A bailarina e a bolha de sabão, narrando o bullyng que sofreu na infância.

ANA LUIZA TRAJANO VAI  PROVAR JACARÉ ASSADO

Em Fominha, hoje, às 18h, no GNT (TV paga), a chef Ana Luiza Trajano continua a viagem às 12 capitais que vão sediar os jogos da Copa do Mundo. Quem são os craques de caldeirões, panelas e chapas que levantam as arquibancadas? O que o torcedor brasileiro come? O destino de hoje é a Amazônia, coma cobertura de um amistoso entre duas tribos indígenas. O troféu para o vencedor? Um jacaré na brasa. A convidada do dia é a cantora Fafá de Belém.

MÁRIO SÉRGIO CORTELLA  DE VOLTA NA REDE MINAS

O Brasil das Gerais desta segunda, às 20h, na Rede Minas, vai reprisar a entrevista do filósofo, escritor e educador Mário Sérgio Cortella. Autor de 10 livros e colaborador de outras tantas edições, ele explica a ligação entre a filosofia, religião, educação, família, trabalho e convívio social, mostrando que se engana quem pensa que filosofia é uma ciência abstrata para se ver e analisar o cotidiano.

PATRÍCIA FRANÇA  EM MALHAÇÃO

A atriz Patrícia França retorna à Globo, depois de 10 anos. Ela está no elenco da temporada 2015 de Malhação, no papel de Delma, mãe de um menino que sonha ser rockstar. E fará par romântico com o personagem do ator Felipe Camargo. A atriz falou sobre o assunto ao site da novelinha: “Eu fico muito feliz de estar trabalhando com esse horário, porque eu tenho uma filha adolescente e, para mim, é uma experiência nova. Acho que ela vai poder me ajudar, quem sabe?”. O último trabalho de Patrícia na emissora foi na novela Chocolate com pimenta, em 2004. Antes, atuou em tramas de destaque, como Renascer e Sonho meu, ambas
em 1993.


VIVA
Regina Duarte e Fafá de Belém no Programa do Jô (Globo).

VAIA
Otaviano Costa e um tom bem acima no Vídeo show (Globo).

Continente literário - Walter Sebastião

Continente literário
 
Editoras especializadas em cultura africana e afrobrasileira conquistam mercado no país. Novas publicações ampliam cenário de estudos acadêmicos e revelam autores de ficção


Walter Sebastião
Estado de Minas: 19/05/2014


Para Íris Amâncio, da Nandyala, é preciso informação de qualidade para subverter o lugar subalterno reservado aos negros no Brasil (Marcos Michelin/EM/D.A Press)
Para Íris Amâncio, da Nandyala, é preciso informação de qualidade para subverter o lugar subalterno reservado aos negros no Brasil

Com a lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino de história e culturas africana e afrobrasileira nas escolas, vem aumentando no mercado editorial o número de publicações dedicadas a estes temas. Seja em literatura de ficção ou em pesquisas acadêmicas de várias especialidades. Com 100 títulos já lançados e priorizando a produção de autores negros está a mineira Editora Nandyala. Uma pioneira, com 40 anos de existência e extenso catálogo no setor, é a carioca Pallas Editora. Ambas trabalham para que adultos e jovens leitores tenham novas referências sobre os temas definidos na lei, com qualidade editorial e a partir de um olhar menos estereotipado. Mas praticamente todas as editoras brasileiras têm lançado novos títulos
voltados para a literatura e estudos na área abarcada pela legislação.


Mais visibilidade

“A cultura afrobrasileira é muito presente na nossa vida. Mas não prestamos atenção”, continua Mariana Warth, de 35 anos. O exemplo, aponta, vai da comida à infinidade de palavras de origem africana, como farofa, moleque, quindim, fofoca, sapeca. Termos vindos do Dicionário banto do Brasil, de Nei Lopes, lançado pela Pallas, só um exemplo de dedicação à afrobrasilidade. O primeiro livro publicado pela editora, no início dos anos 1970, foi Iemanjá, rainha do mar, uma antologia de contos. É daquele ano o volume Ação afirmativa em questão: Brasil, Estados Unidos, África do Sul e França, organizado por Ângela Randolpho Paiva.

Até os anos 1970, recorda Mariana Warth, temas ligados à afrobrasilidade eram vistos com preconceito. “A Pallas foi vanguarda ao romper com esta situação”, afirma. Ela lembra que o assunto está presente no catálogo desde que o pai criou a empresa. A mãe, a historiadora Cristina Fernandes Warth, ampliou o tema com abordagens acadêmicas e pesquisas. Na editora desde 2002, Mariana tem se dedicado aos jovens leitores, inclusive porque não havia nada para eles no mercado. “Espero que nossa atividade signifique a transformação cultural pela qual os movimentos e militantes vêm lutando há muito tempo”, resume.

Uma dica de Mariana Warth para quem quer conhecer o trabalho da Pallas é o livro Uma escuridão bonita, do moçambicano Ondjaki, com ilustrações de Antônio Jorge Gonçalves, considerado um dos melhores lançamentos de 2013 para jovens leitores pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.

Conhecimento Na língua dos nyaneka-khumbi, de Angola, nandyala significa “nascida em tempos de fome”. A palavra foi adotada em 2007 como nome de livraria pela professora de literatura Íris Amâncio e pela pedagoga Rosa Margarida de Carvalho Rocha, para traduzir o a necessidade de conhecimento das africanidades. O propósito da livraria era contribuir para a quebra de um imaginário estereotipado e racista em torno da questão.

A boa recepção ao romance No fundo do canto, de Odete Semedo, da Guiné-Bissau, editado sem muita expectativa, fez a Nandyala mudar de direção: deixou de ser livraria e tornou-se editora. No fim de 2013, sob coordenação apenas de Íris Amâncio, a editora comemorou o centésimo título publicado, em catálogo que abrange literatura e textos acadêmicos. “Para o que começou como sonho de educadoras, chegar a 100 obras, com recorte editorial específico, é um grande momento”, celebra Íris.

O carro-chefe da editora são as africanidades, entendidas como diversidade étnico-racial, a postura de pensar o negro em suas várias dimensões, como sujeito histórico em termos culturais, sociais e artísticos. Foco que tem se ampliado para questões de gênero, para a temática indígena e da sustentabilidade. Há um carinho especial pela literatura de países de língua portuguesa. “O literário, por circular em vários espaços, oferece potencial mais amplo de conhecimento do que a pesquisa acadêmica”, acredita Íris.

A constatação de que existe desconhecimento da literatura produzida por autores negros, sejam africanos ou brasileiros, vem junto à avaliação crítica da situação no Brasil. “Temos de considerar a hipótese de que exista racismo editorial no mercado de livros, vindo da herança colonial portuguesa”, suspeita Íris Amâncio, que conclui relacionando autores e livros que admira, entre brasileiros e estrangeiros: As falas da aranha, de Edimilson de Almeida Pereira; Poemas da recordação e Insubmissas lágrimas de mulheres, de Conceição Evaristo; Só as mulheres sangram, de Lia Vieira; Ualalape, do moçambicano Ungulani Baka Khosa; As andorinhas, de Paulina Chiviane, também moçambicana; e Midju du Fogu, do cabo-verdiano Pedro Matos.

DEPOIMENTOS


“O aumento do catálogo de títulos dedicados às africanidades permite conhecer outras vivências sociais, históricas, raciais. Estamos no século 21, marcado por respeito às diferenças e à diversidade ”, afirma Íris Amâncio, coordenadora editorial da Nandyala. “A editora dá ênfase na condição de intelectual, invertendo e subvertendo o lugar de subalternização a que o negro foi colocado na série histórica”, explica Íris.

“Livros sobre a cultura africana, afrobrasileira e negra fortalecem e disseminam formação, informação e discussão de questões que são muito da nossa sociedade”, concorda Mariana Warth, da Editora Pallas, para quem deve-se valorizar vivências brasileiras e não ficar associando a comunidade negra a miséria e a pobreza. “Isso dificulta a identificação”, observa.


TRÊS PERGUNTAS PARA...

Eduardo de Assis Duarte - Professor da Faculdade de Letras da UFMG


Como o senhor explica o crescimento de publicações ligadas às culturas africana e afrobrasileira?
Além da lei 10.639, está havendo uma abertura crítica na academia, de maneira geral, para literaturas situadas fora do cânone ocidental, para as falas periféricas. Seja a produção de países periféricos ou das periferias, no sentido cultural, social e institucional, como a de imigrantes e minorias. Acho positivo. Novas vozes estão se manifestando, vão se ampliando focos de análise, renovando-se pontos de vista, avaliações e julgamentos. Importante neste processo é recordar o trabalho de editoras como Selo Negro, Nandyala. A Pallas e a mineira Mazza Edições foram pioneiras, fizeram trabalho de fundação. Foi um ato de coragem. Elas se lançaram na aposta por autores que estavam em momento de descrédito ou eram desconhecidos.

O senhor acredita que tais publicações podem ter impacto sobre a literatura e a vida social?
Tem impacto sim. Literatura forma mentalidades, ensina, tem o poder de produzir debates, questiona o estabelecido, não é só arte pela arte. É difícil terminar de ler a última página de um bom livro sem se sentir transformado. E o que estamos vendo não é só publicação de obras literárias, mas também de estudos sociológicos, históricos e antropológicos, que abarcam ampla visão da África, que precisa ser estudada com mais profundidade.

Qual a contribuição do que vem sendo publicado nos últimos anos?
A vantagem de se preocupar com ponto de vista étnico, no que toca à literatura brasileira, é que se descobrem dezenas de autores negros não estudados, que não foram levados em consideração pela academia e instituições de ensino. Existe, há mais de 150 anos, toda uma produção de autoria negra completamente ausente das histórias da literatura. Como Maria Firmino dos Reis e Luiz Gama. São do século 20 muitos outros: Adão Ventura, Oliveira Silveira e, vivos, Cuti (Luiz Silva) ou a mineira Conceição Evaristo, que vendeu 20 mil exemplares do romance Ponciá Vicêncio e o livro está em segunda edição nos Estados Unidos. Conseguir isso não é para qualquer um.

Padre Fábio de Melo participa hoje à noite do projeto Sempre um Papo‏

Momento DE revelação 

Padre Fábio de Melo participa hoje à noite do projeto Sempre um Papo, no Palácio das Artes. Além de cantor, ele é também escritor e acaba de publicar o livro O discípulo da madrugada 
 
Ana Clara Brant
Estado de Minas: 19/05/2014


O religioso conta que o personagem de seu livro tem a vida modificada ao conhecer Jesus (Rodrigo Magalhães/Divulgação )
O religioso conta que o personagem de seu livro tem a vida modificada ao conhecer Jesus


O mais novo lançamento editorial do padre Fábio de Melo, o livro O discípulo da madrugada (Editora Planeta, 184 páginas, R$ 29,90) tem tudo para vender milhares de exemplares assim como suas demais publicações. O sacerdote estará hoje à noite no Grande Teatro do Palácio das Artes para participar do projeto Sempre um Papo, que está celebrando 28 anos.

A obra apresenta um personagem religioso e bem-intencionado que tem a vida modificada ao se tornar amigo de Jesus, antes de presenciar sua crucificação. Ao ouvir a pregação de Jesus, esse homem sente ruir a estrutura que até então dava sentido ao seu mundo. Desalojado em si mesmo, ele inicia uma aventura pelos caminhos da liberdade interior. Um personagem que tem um pouco de todos nós. Ou muito. É preciso observá-lo de perto, pois pode ser que o conheçamos bem. Pode ser até que a identificação seja tão profunda que, sem receios, possamos dizer – este sou eu.

“O livro aborda questões pertinentes aos dias de hoje”, avalia Padre Fábio. “Muitas pessoas se limitam a viver uma religião infértil, desvinculada da vida, carregada de obrigações. Não deveria ser assim. O fruto de toda religião deve ser a espiritualidade, o sopro que vivifica a vida humana, a mística que derrama sentido sobre o cotidiano e modifica nossas atitudes.”

Lançado há pouco mais de um mês, próximo de seu aniversário (em 3 de abril), o padre diz que ainda não deu tempo de sentir muito a repercussão tanto da crítica quanto do público, mas o que escutou já o deixou com a sensação de missão cumprida. “O discípulo da madrugada é um homem amarrado em regras religiosas, privado de viver a liberdade interior que deveria ser o fruto natural de uma experiência mística. As pessoas vivem processos muito semelhantes, e por isso a identificação com o livro”, afirma.

O religioso revela que tinha um desejo antigo de escrever esta obra, mas que nunca se sabe exatamente quando um livro começa a nascer. Ele diz que sempre o incomodou a discrepância entre o Deus cruel do Antigo Testamento com o Deus amoroso revelado por Jesus e que quando começou a cursar teologia pode compreender que a linguagem bíblica está sempre imersa nos recursos da metáfora.

Segundo o sacerdote, esta arregimentação linguística carece de contextualização ao ser interpretada. “O Deus bélico, combatente e cruel do Antigo Testamento não é sem razão. A revelação divina esbarra nos limites humanos. É natural que em comunidades onde prevalece uma mentalidade tribal Deus assuma as mesmas características. Todos nós trazemos na alma esta herança. Muitas pessoas que conheço viram Deus pela primeira vez num campo de batalha. Mas nós somos herdeiros do Novo Testamento. O desafio é viver a travessia que só Jesus pode nos ajudar a fazer. Esta é a trama do livro”, justifica.

Acostumado a participar de encontros com o público nos shows sempre lotados ou em palestras Brasil afora, padre Fábio, que é mineiro da cidade de Formiga, diz que um evento como o Sempre um Papo oferece ao autor a possibilidade de descobrir sua obra por meio do outro. “O formato dialético do programa facilita o desvelamento de avessos que só o leitor é capaz de realizar. É a continuidade do livro, o desdobramento das tramas abordadas, o resultado que nunca tem fim”, resume.


SEMPRE
UM PAPO

Lançamento do livro de Padre Fábio de Melo, hoje, às 19h30, no Grande Teatro do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Informações: www.sempreumpapo.com.br. Entrada gratuita mediante retirada de senha distribuída a partir das 10h, no balcão do hall de entrada do Palácio das Artes.

Eduardo Almeida Reis - Evolução‏

Evolução
Advogados modernos deram para distribuir benções
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 19/05/2014




Em Goiânia, Thaise Cristiane de Abreu Prudente e Michelle Almeida Generozo Prudente são casadas e mães de Helena, que já saiu da maternidade com duas mães na DNV, Declaração de Nascimento Vivo. Helena foi gestada por Thaise com óvulo de Michelle, fecundado por doador anônimo. A juíza da 6ª Vara de Família de Goiânia, Vânia Jorge da Silva, autorizou o registro de Helena com duas mães, argumentando que o formato das famílias se alterou e que os filhos dos casais homoafetivos fazem parte dessa evolução.

A advogada Cinthya Barcellos, vice-presidente da Comissão Especial de Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), comemorou a decisão da juíza de Goiás dizendo que atualmente, para ter direito à dupla maternidade ou à dupla paternidade, os casais homoafetivos precisam recorrer à Justiça. Cinthya foi ao casamento de Michelle com Thaise “e lhes deu uma benção especial”, diz a notícia publicada no Globo do dia 18 de abril. Advogados modernos deram para distribuir benções.

O Maranhão e a ciência trataram de mostrar como acompanham essas novidades. O estado superiormente administrado pela governadora Roseana Sarney tem o Rancho Hedônia, do senhor Fábio Franco, clube que fica em São José de Ribamar, o terceiro município mais populoso do Maranhão. O Rancho Hedônia (hedonismo = dedicação ao prazer como estilo de vida) recebe sócios g0ys (assim mesmo, com zero no lugar do a), homens que ficam com outros homens, mas dizem não ser gays.

E a ciência entra na conversa com uma “novidade evolutiva” citada pela publicação Current Biology: nas cavernas extremamente secas do Brasil, os cientistas descreveram quatro espécies de insetos do gênero Neotrogla, que se alimentam de fezes de morcegos e cujas fêmeas têm uma espécie de pênis, enquanto os machos têm cavidade semelhante a uma vagina. As fêmeas introduzem seus “órgãos intromitentes” nas cavidades dos machos em sessões que duram de 40 a 70 horas!

Kazunori Yoshizawa, entomologista da Universidade Hokkaido, no Japão, afirmou por e-mail que “a evolução de novidades como um pênis feminino é excepcionalmente rara. É por isso que fiquei realmente surpreso ao ver essa estrutura”. Os insetos Neotrogla são pequenos, de 2,7 a 3,7 milímetros, e muito parecidos com as moscas, exceto pelas genitálias. Donde se conclui que Kazunori Yoshizawa não conhece os travestis brasileiros.

 Desavenças

Nada mais chato e mais constrangedor do que as brigas por escrito entre colaboradores de um mesmo jornal. Não concordo com as opiniões de alguns colaboradores aqui do jornal, como sei que muitos não concordam comigo. De minha parte, resolvo o problema evitando lê-los para não me aborrecer. Fio que façam a mesma coisa, porque não escrevo para agradar ninguém.

O “filósofo” Francisco Bosco anda às turras com o economista Rodrigo Constantino e vice-versa. Não sei quem começou a contenda, que não aproveita a nenhum dos dois. Ambos têm o direito de pensar, de ter ideias, de expressar suas opiniões. A partir do momento em que um se dedica a falar mal do outro, que revida na mesma moeda, perdem os dois, e perdem os leitores.

 Materiais

Na sexta-feira da Paixão, os jornais anunciaram quatro materiais que mudarão o mundo: grafeno, teia de aranha, metamateriais e estaneno. O estaneno, folha de estanho de um milímetro de espessura, isolante de um lado e condutora do outro, ainda não existe: foi projetado por Shoucheng Zhang, da Universidade de Stanford. Os metamateriais estão sendo desenvolvidos em laboratório com as mais diversas finalidades, como, por exemplo, tornar os objetos “invisíveis” graças aos avanços na nanotecnologia.

A força e a flexibilidade das teias de aranha fascinam os cientistas. Fios feitos de um biopolímero conhecido como “aquamelt” podem ser enredados com muito mais facilidade que os plásticos, que precisam ser aquecidos e resfriados. Difícil tem sido produzir o aquamelt em larga escala, mas a teia de aranha propriamente dita, se interessar à ciência, existe de sobra aqui no escritório onde componho, sem aquamelt, estas bem traçadas linhas.

Já escrevi nesta coluna sobre o grafeno, folha de grafite, a estrutura de carbono usada nos lápis, com um átomo de espessura, material extremamente forte, flexível, além de transparente, altamente condutor e muito barato, que deve ter larga aplicação nas novas gerações de aparelhos eletrônicos.

O mundo é uma bola

19 de maio de 1769: ao fim de três meses de contenda entre as facções favoráveis e contrárias aos jesuítas, o conclave elege o cardeal Lorenzo Ganganelli, nascido Giovanni Vincenzo Antonio Ganganelli, da facção contrária aos jesuítas, que adota o nome de Clemente XIV. Clemente XIV, o Rigoroso, morreu em 1774. Em 1773, publicou o breve Dominus ac Redemptor Noster, com o qual extinguiu a Companhia de Jesus. Filho de médico, foi pregador de grande e impressionante capacidade apostólica. Sua eleição exigiu 179 escrutínios e deve ter sido a mais longa da história papal.

Em 1897, o escritor irlandês Oscar Wilde sai da prisão. Casado com Constance Lloyd, pai de dois filhos, gênio, envolveu-se com um menino bonito e acabou preso. Hoje é o Dia do Físico.

Ruminanças
“O gênio faz o que deve, e o talento o que pode” (Meredith, 1831-1891).

Tecnologia solidária busca doadores de sangue‏

Tecnologia solidária busca doadores de sangue Enquanto o Hemominas tem queda de 40% em seu estoque, empreendedores mineiros lançam aplicativo de cadastro para a doação, com esperança de aumentar o número de voluntários 
 
Shirley Pacelli
Estado de Minas: 19/05/2014

O cirurgião dentista William Macedo, doador há oito anos, testou a versão do aplicativo e aprovou a novidade: %u201CPara se cadastrar é bem simples%u201D   (Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS)
O cirurgião dentista William Macedo, doador há oito anos, testou a versão do aplicativo e aprovou a novidade: %u201CPara se cadastrar é bem simples%u201D
“Eu sou Davi, tenho quase 3 anos e fui diagnosticado com leucemia (do tipo mieloide aguda, um dos mais agressivos) em agosto de 2013...” Com uma mãozinha de sua mãe, o pequeno herói se apresenta na fan page Vamos ajudar o Davi (http://goo.gl/H9Tf7w), no Facebook. No dia 7, ele passou por um transplante de medula óssea para curar seu câncer e passa bem. A página, criada em novembro do ano passado, foi mais uma iniciativa – que tem virado tendência – de utilizar a tecnologia à favor da conscientização e solidariedade na rede. Aproveitando-se desse hábito dos novos tempos, e com o objetivo de ajudar um número maior de pessoas, empreendedores mineiros lançam hoje o aplicativo I’m Donor (Eu sou doador, em português) para cadastro de doadores de órgãos e sangue. Para se ter uma ideia, o estoque de sangue da Fundação Hemominas está 40% menor do que a demanda. “Estamos mobilizando todas as unidades, por meio da campanha Plano Relógio, para aumentar em 20% o estoque, porque seremos sede da Copa do Mundo. Com a intensificação do número de turistas, pode ocorrer uma demanda grande”, ressalva Cíntia Calu, de 29 anos, captadora do Hemocentro de Belo Horizonte. A campanha se estenderá até 8 de agosto.

Segundo ela, o baixo estoque se deve principalmente ao frio: muitas pessoas ficam doentes, com problemas alérgicos, ou mesmo tomam a vacina da gripe e, por isso, ficam impossibilitadas de doar. Feriados e férias também fazem com que os doadores se ausentem dos pontos de coleta. “O grupo sanguíneo O negativo é o mais requisitado, porque é usado em prontos-socorros quando não se sabe o tipo do sangue do paciente. Já o A e o O positivo tem-se em maior quantidade no estoque, porque são o tipo de grande parte da população”, explica.
 
Athos Martins Oliveira criou, com um sócio, o I%u2019m Donor, app para que interessados em doar se inscrevam (Jair Amaral/EM/D.A Press  )
Athos Martins Oliveira criou, com um sócio, o I%u2019m Donor, app para que interessados em doar se inscrevam

A rede do Hemominas tem 21 pontos de coleta, incluindo um novo centro no Shopping Estação BH, em Venda Nova. Só o Hemocentro atende diariamente 280 pessoas, cerca de 6 mil por mês. Cíntia diz que é possível perceber um leve aumento no número de candidatos que nunca doaram sangue nos últimos anos, e, em geral, nesse grupo estão os jovens. Em 2012, foram 103.045 cidadãos que se dispuseram a doar, contra 105.145 em 2013. “Esse aplicativo atingirá justamente o público que não foi educado a doar sangue. A ideia é perfeita, desde que a informação transmitida seja correta”, ressalva.

Aplicativo na veia
O aplicativo demorou oito meses para ficar pronto. O usuário pode fazer o login com a sua conta do Facebook e informar o que está disposto a doar (sangue, medula e/ou órgãos). É possível solicitar doações de sangue para parentes ou amigos que estiverem internados em alguma clínica ou hospital, além de divulgar mensagens em sua rede social. Do outro lado, hospitais, hemocentros, bancos de órgãos, pele e medula poderão enviar pedidos de doações aos usuários. Aquele que tiver perfil compatível com a solicitação receberá uma notificação push com local, endereço, telefone e prazo para atender o pedido.

O cirurgião dentista William Macedo Silva, de 30 anos, sendo oito deles como doador de sangue, foi um dos escolhidos para testar a versão beta do aplicativo. Ele aprovou a novidade e disse que a plataforma funcionará como uma rede de interação que aumentará os doadores. “Para se cadastrar é bem simples, pode ser feito por uma rede social. Dá para fazer uma busca por pontos de coleta mais próximos, de acordo com sua localização, e realizar um check-in no local”, conta. Segundo ele, uma seção informativa esclarecendo como os procedimentos são feitos seria algo positivo a acrescentar no app. “É importante saber, por exemplo, que doar é benéfico para o organismo. Estimula a produção sanguínea de células novas”, diz.

Sua esposa, Viviane Rosental, dentista, de 29, nunca doou sangue, mas depois de conhecer o aplicativo se sentiu mais motivada a se cadastrar, especialmente pela praticidade oferecida. “Muitas vezes as pessoas não doam porque acham que os postos estão longe do trabalho. Lembrava só do Hemominas, mas descobri pelo aplicativo que a coleta é feita até em shopping”, conta. Um recurso que poderia ser desenvolvido, segundo ela, é o envio de notificações também por SMS, já que nem sempre as pessoas ficam com o plano de dados ligado o dia todo no smartphone.

O publicitário e sócio criador do aplicativo Athos Martins Oliveira, de 28, conta que no mês que vem a plataforma deve ganhar funcionalidade de cadastro pelo Google +, além de expansão de compartilhamento por outras redes sociais, como o Twitter. Ele assegura que não é preciso temer vazamento de dados, especialmente por causa do tráfico de órgãos. Somente os centros conveniados terão acesso às informações e, mesmo assim, por meio de senhas. 



A expectativa é de 10 mil usuários no primeiro mês. Em princípio, a utilização do serviço pelos centros de captação não será cobrada. O modelo de negócios se dará por meio de espaços publicitários dentro do aplicativo. “As empresas querem associar sua marca a um projeto de bem social”, diz Athos. Segundo ele, o programa começa em Belo Horizonte e região, mas o objetivo é levá-lo para todo o Brasil e até para outros países.


Quem PODE doar

» Pessoas entre 18 e 69 anos de idade. Jovens de 16 e 17 anos precisam estar acompanhados dos responsáveis legais ou portando autorização. Pessoas com mais de 61 anos poderão doar se tiverem realizado, pelo menos, uma doação antes dos 60 anos. É preciso ter e estar com boa saúde, pesar acima de 50kg e dormir bem na noite anterior à doação. Mulheres, mesmo se menstruadas ou em uso de anticoncepcionais, também podem doar.

Quem NÃO pode doar
Aquele(a) que:


» teve hepatite após os 11 anos, exceto se tiver comprovação laboratorial da época em que a pessoa tratou da hepatite A (IgM positiva);
» se expôs a situações de risco acrescido para doenças sexualmente transmissíveis;
» teve gripe, resfriado ou diarreia nos sete dias anteriores à doação;
» ingeriu bebida alcoólica nas últimas 12 horas anteriores à doação;
» usou ou usa drogas injetáveis;
» apresenta ferimento ainda não cicatrizado;
» estiver grávida ou em período de amamentação; após o parto normal, é necessário aguardar três meses; após cesárea, seis meses;
» fez qualquer exame por endoscopia nos seis meses anteriores à doação;
» fez cirurgia por laparoscopia nos seis meses anteriores
à doação;
» fez tatuagem nos últimos 12 meses anteriores à doação;
» fez ou faz tratamento dentário (a pessoa pode ser impedida de doar por um período de até 30 dias, conforme o caso).

Regras
» Para doar, o candidato não pode estar em jejum. Se a doação de sangue for feita pela manhã, é preciso estar bem alimentado. Se for à tarde, deve-se esperar três horas após o almoço. O prazo mínimo entre uma doação de sangue total e outra é de 60 dias, para os homens, e 90 dias, para as mulheres. Para doadores acima de 60 anos, o intervalo é de seis meses. O material utilizado para a coleta do sangue é descartável, e não há risco de se contrair doenças. A cada nova doação, o candidato passará por nova triagem clínica, e o sangue será submetido a rigorosos testes laboratoriais.

Documentos necessários:


» Documento original e oficial de identidade que tenha foto, filiação e assinatura.

Para baixar:

Disponível, gratuitamente, para dispositivos Android.
Será liberado em breve para iOS.
imdonor.com


SERVIÇO

Interessados em doar sangue devem procurar uma das unidades de atendimento do Hemominas. Veja a lista no site (hemominas.mg.gov.br ). A doação pode ser feita na hora do comparecimento ou agendada com antecedência, por telefone. Algumas unidades disponibilizam o serviço
de pré-agendamento on-line. 

Votação da "Ficha limpa" das ONGs entra na pauta da Câmara nesta semana

Ficha limpa` das ONGs na pauta 

 
Deputados federais podem aprovar, esta semana, projeto de lei que regulamenta o setor e impede que entidades com algum tipo de irregularidade recebam recursos públicos 
 
André Shalders
Estado de Minas: 19/05/2014


Aprovação do projeto que muda as relações do governo com o terceiro setor encerrará uma discussão que começou há 10 anos na Câmara  (Lúcio Bernardo Jr/Agência Câmara - 28/10/13)


Aprovação do projeto que muda as relações do governo com o terceiro setor encerrará uma discussão que começou há 10 anos na Câmara

Brasília – A Câmara dos Deputados deve votar esta semana, em segundo turno, o projeto de lei que cria o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC), para disciplinar as relações entre o Estado e as organizações não-governamentais. Entre outros pontos, o texto prevê a criação do Cadastro Nacional de Ongs, a ser gerido pelo Ministério da Justiça, e uma espécie de “ficha limpa”, que impedirá as organizações com algum tipo de irregularidade ou pendência judicial de receber recursos públicos. A ideia de criar novas regras para o “terceiro setor” apareceu pela primeira vez em 2004, na esteira da primeira CPI das ONGs, e se arrasta pelo Congresso há quase 10 anos.

Apesar dos problemas, as parcerias entre as organizações e o Estado vêm ganhando importância nos últimos anos. O valor transferido pela União a entidades sem fins lucrativos saltou de pouco mais de R$ 750 milhões, em 2011, para cerca de R$ 1,611 bilhão, em 2013. Em 2014 já foram outros R$ 578 milhões investidos nesse tipo de parceria. Se aprovado no plenário, o projeto segue direto para sanção presidencial.

Os números acima foram obtidos por meio do portal Siga Brasil, do Senado Federal, e excluem as transferências feitas ao chamado “Sistema S”, ao Fundo Partidário e a entidades sindicais. Alguns dos antigos modelos de repasse às entidades, como os Termos de Parcerias, celebrados com as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips) e os Contratos de Gestão, feitos com as Organizações Sociais (OSs), foram abandonados pela União nos últimos anos.

Os últimos registros desse tipo de contrato, de acordo com o Siga, são de 2010. Segundo o relator do projeto na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, deputado Décio Lima (PT-SC), o uso desses modelos foi interrompido até a aprovação da nova lei. “A presidente Dilma interrompeu, e essa relação está interrompida até que nós pudéssemos conceber um conjunto de regras, para que haja controle, para que hajam prestações de contas”, comentou ele.

Debate A aprovação do projeto é também uma prioridade das organizações, que chegaram a lançar um abaixo-assinado virtual em apoio. A diretora executiva da Associação Brasileira de ONGs (Abong), Vera Mazagão, conta que o novo Marco Regulatório foi fruto de um longo debate. “Nós apoiamos o PL. Esse texto foi feito depois de um longo processo de diálogo com parlamentares e também com os gestores das políticas. Acreditamos que o projeto representa os interesses tanto da sociedade civil quanto do Executivo”, disse ela. A segurança jurídica e o aumento da transparência são os pontos-chave da proposta, segundo ela.

“Os pontos mais importantes para nós são o estabelecimento de mecanismos próprios, os termos de fomento e cooperação, a responsabilização tanto dos gestores quanto das ONGs, o aumento da transparência e a criação da ‘ficha limpa’ das ONGs, entre outros”, completou Vera.

Denúncias de supostos esquemas de corrupção envolvendo ONGs causaram a queda de três ministros no primeiro ano do governo Dilma, em 2011. Carlos Lupi (Trabalho), Pedro Novais (Turismo) e Orlando Silva (Esporte) acabaram deixando os postos depois das denúncias. Nos três casos, os programas envolvidos foram interrompidos pela administração pública, ou então passaram a funcionar sem as entidades.