segunda-feira, 1 de abril de 2013

Quadrinhos

folha de são paulo

CHICLETE COM BANANA      ANGELI

ANGELI
PIRATAS DO TIETÊ      LAERTE

LAERTE
DAIQUIRI      CACO GALHARDO

CACO GALHARDO
NÍQUEL NÁUSEA      FERNANDO GONSALES
FERNANDO GONSALES
MUNDO MONSTRO      ADÃO ITURRUSGARAI
ADÃO ITURRUSGARAI
BIFALAND, A CIDADE MALDITA      ALLAN SIEBER
ALLAN SIEBER
MALVADOS      ANDRÉ DAHMER

ANDRÉ DAHMER
GARFIELD      JIM DAVIS

JIM DAVIS

HORA DO CAFÉ      ALVES

alves

Redes sociais favorecem a transparência, afirmam especialistas

folha de são paulo

O segundo evento que marcou os 30 anos do "Tec" debateu, em São Paulo, o futuro das redes sociais e sua importância nos dias de hoje
DE SÃO PAULOAs redes sociais pressionam governos e empresas a agir com mais transparência e são fundamentais para o futuro da educação, afirmaram os participantes que debateram o tema em evento realizado na última terça-feira, no MIS, em São Paulo. Foi o segundo evento para marcar os 30 anos do "Tec", caderno de tecnologia da Folha.
"Pequenos e grandes poderes estão sendo cada vez mais expostos a um escrutínio público. Hoje é praticamente impossível guardar um segredo", afirmou Ronaldo Lemos, colunista da Folha e diretor do Centro de Tecnologia e Sociedade da Escola de Direito da FGV-RJ e do Creative Commons Brasil.
Lemos disse ser otimista quanto à transparência proporcionada pelas redes sociais, mas citou, como contraponto, as batalhas judiciais pela remoção de conteúdo na internet durante as eleições brasileiras.
O apresentador Marcelo Tas, por sua vez, destacou que elas não devem ser demonizadas pelos educadores.
"É importante não personificar as ferramentas: dizer que a televisão é violenta, ou que a internet está cheia de fraudes, por exemplo. Nós acabamos dando poderes para coisas que são apenas isso: ferramentas", afirmou.
Segundo Lemos, um dos desafios dos professores é integrar as redes sociais à educação, em vez de bani-las ou tentar criar simulacros que podem ser vistos com desconfiança pelos estudantes.
"O futuro da educação passa pelas redes sociais. Aliás, eu não consigo pensar no futuro da educação sem pensar em redes sociais", disse Lemos, que usa grupos privados do Facebook para se comunicar com seus alunos.
Para Guilherme Ribenboim, diretor-geral do Twitter no Brasil, as redes sociais fizeram com que a criação de conhecimento se tornasse mais colaborativa. "Imaginem se Albert Einstein vivesse hoje. Imaginem as oportunidades de troca com pessoas que poderiam colaborar com suas pesquisas."
Para Leonardo Tristão, diretor da operação brasileira do Facebook, as redes sociais fizeram com que a internet se reorganizasse. "Hoje, são as pessoas que estão no centro."
Tas concordou. "A internet não é uma rede mundial de computadores, e sim uma rede de pessoas."
E, se antes havia escassez de acesso ao conhecimento, hoje a dificuldade é filtrar o conteúdo diante de uma oferta praticamente infinita, segundo os participantes.
"O desafio é fazer a curadoria da informação que pode ser relevante para nós", disse Tristão.
Segundo Lemos, as redes sociais transformaram a sociedade de consumo de informação em uma sociedade de produção. "Hoje há muito mais gente falando do que gente disposta a ouvir."

    Traição - Marion Strecker

    folha de são paulo

    Segundo a empresa Websense, apenas o crescimento de links maliciosos cresceu 600%
    Acordei com um e-mail do Gerald Thomas: "Oi, meu amor, fico recebendo coisas do tipo: Marion te adicionou ao TWOO ou algo assim. O que vem a ser isso? Love, J".
    O Gerald, um internauta veterano, resolveu perguntar antes de sair clicando no link que recebeu por e-mail. Fez bem.
    Embora o e-mail tivesse até uma foto minha, não fui eu que mandei.
    Quem mandou foi um site maligno que funciona em 37 idiomas e inferniza o público disparando e-mails a torto e a direito. Ele se aproveita dos contatos do seu computador e do seu Facebook.
    O site pertence à empresa belga Massive Media e diz atrair 9,6 milhões de pessoas por mês, citando dados da comScore de novembro do ano passado.
    Essa atração é feita com base em traição, o que não chega a ser novidade na internet.
    O principal executivo do Twoo, Lorenz Bogaert, prometeu corrigir o "mal-entendido" quando foi questionado. Mas o problema persiste.
    Mal tinha respondido ao e-mail do Gerald, recebo um outro com logotipo do Serasa. Trazia um aviso eletrônico de multa do Detran em meu nome e link para um boleto.
    Estranhei. Daí me ocorreu pousar o cursor sobre o link enviado para observar a URL que aparecia (aquele endereço eletrônico de um site). Pronto: o endereço não era derivado da família de endereços do Serasa (www.serasa.com.br ou www.serasaexperian.com.br). Apaguei.
    Há muitos anos não passo uma semana sem receber e-mails maliciosos, em nome de bancos, empresas ou pessoas, conhecidas ou desconhecidas, com pedidos ou convites, anexos ou links que nada mais são do que armadilhas.
    Segundo a multinacional de segurança Websense, baseada em San Diego, Califórnia, apenas o envio de links maliciosos cresceu 600% no último ano. Do total de e-mails em circulação, apenas 21,6% eram legítimos, sendo 76,4% deles spams (e-mails não solicitados), 1,6% phishing (tentativa de recolher nome de usuário, senha ou dados de cartão de crédito) e 0,6% malware (software malicioso).
    Como sair ileso? Abrindo mão da curiosidade. Desconfiando de tudo e de todos, especialmente de mensagens que não sejam evidentemente apenas para você. Checando endereços antes de clicar em um link. Não abrindo nenhum anexo a não ser aquele que você já estava esperando. Evitando aplicativos de um modo geral, a não ser que sejam muito bem recomendados.
    Vale fazer tudo isso? Não sei.
    Fiquei pensando nos jovens que em vez de e-mail usam celular e redes sociais. Lembrei que spam, links maliciosos e softwares maliciosos já aparecem também em celular e redes sociais.
    Fiquei matutando sobre quanto tempo e dinheiro gastamos para driblar as arapucas da internet. Pensei no mote que parece ser: "Crie problemas e venda soluções". Ou: "Crie pânico e venda tranquilidade".
    Lembrei da arquitetura da violência. Moro num condomínio que se enche de grades e câmeras de segurança enquanto adolescentes são roubados e mortos na calçada da frente. Pensei que as estatísticas servem para explorar o medo e comercializar produtos. Não exatamente para melhorar serviços ou a qualidade de vida das pessoas.

    Talvez tenhamos de adotar um pacto pelo ensino da matemática

    folha de são paulo

    ANÁLISE
    KATIA STOCCO SMOLEESPECIAL PARA A FOLHAAntes dos sistemas de avaliação, já se sabia que as dificuldades com a matemática eram uma das causas mais evidentes do fracasso escolar (reprovação ou abandono).
    Há uma etapa em que o problema é grave, mas estamos olhando pouco para ela: os anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano).
    É aí que a matemática começa a ganhar complexidade, que as turmas passam a ter mais alunos e que os professores ficam com menos tempo para os estudantes.
    Essa dificuldade vai ser levada para o restante da vida acadêmica do aluno.
    Pesquisa do Observatório Ibero-Americano de Ciência, Tecnologia e Sociedade (2008 a 2010) com jovens de 15 a 19 anos da América Latina (São Paulo incluída) e Espanha, revela que só 2,7% pensa em seguir carreira em ciências da natureza e em matemática.
    O desinteresse vem da dificuldade para aprender, dos assuntos desinteressantes, da impressão de poucas oportunidades profissionais, da forma como o conteúdo é ensinado e da limitação dos recursos utilizados nas aulas.
    Para melhorar esse ambiente de aprendizagem, falta uma orientação clara do que ensinar em cada etapa escolar, além de deixar de dar continuidade a programas a cada mudança de gestão.
    Temos hoje o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. Talvez tenhamos de adotar um pacto pela aprendizagem da matemática.

      Estudante de matemática piora entre o 5º e o 9º ano
      Estudo indica que percentual de alunos no nível adequado cai de 22% para 12%
      Para especialistas, carência e má formação de professores estão entre os principais problemas enfrentados
      FÁBIO TAKAHASHIDE SÃO PAULOO percentual de estudantes com rendimento adequado em matemática na rede pública do país cai ao longo dos anos do ensino fundamental, mostra estudo que comparou a evolução de alunos entre 2007 e 2011.
      A constatação é de levantamento inédito da ONG Todos pela Educação, que detalha a evolução do rendimento dos alunos de escolas públicas do país na Prova Brasil, exame do governo federal.
      O percentual de estudantes com rendimento adequado na disciplina de uma turma caiu de 22% no quinto ano, em 2007, para 12%, quando ela chegou ao último, em 2011.
      Ou seja, 88% deles não sabiam calcular porcentagens ou a área de uma figura plana ou mesmo ler informações em um gráfico de colunas. E levam essa defasagem para os ensinos médio e superior.
      Em língua portuguesa, o recuo entre as séries não foi tão intenso (26% para 23%).
      Uma das explicações mais citadas por especialistas é a falta de professores na área. É na etapa final do fundamental que os alunos passam a ter aulas com docentes especialistas nas matérias.
      "Um jovem com habilidade em matemática pode ter salários mais altos se for para engenharia, para bancos. Poucos querem lecionar", disse o professor Rogério Osvaldo Chaparin, do Centro de Aperfeiçoamento do Ensino da Matemática, da USP.
      No último levantamento federal, matemática apareceu como a área de maior deficit de professores (65 mil).
      Igor Willian, 17, ficou quase 2010 inteiro sem docente da disciplina, na zona leste da capital. "Até hoje tenho dificuldade com matemática, física e química, porque fiquei aquele ano no pátio."
      Ele recorreu ao Henfil, cursinho popular, para diminuir a defasagem. "Gostaria de fazer engenharia civil, mas tenho medo dos cálculos."
      Para a gerente da área técnica do Todos pela Educação, Alejandra Meraz Velasco, há dificuldades adicionais nos anos finais do fundamental.
      Uma delas é que os alunos são divididos entre municípios e Estados. "O final do fundamental fica num limbo, quase sem políticas para melhoria. E em matemática o problema fica mais evidente, porque há uma sequência difícil de recuperar depois", diz.

        MEC minimiza queda e afirma que as 'perspectivas são positivas'
        Pasta diz que se apoia em outra medição, que aponta perdas menores do que as apresentadas
        Para especialistas e entidades, problema passa por falta de professores e falha na didática de ensino
        DE SÃO PAULO
        O Ministério da Educação afirma que a qualidade do ensino está melhorando e que a queda entre séries não é tão intensa quanto a que foi apresentada pela Todos pela Educação.
        O presidente do Inep (instituto de pesquisas do MEC), Luiz Cláudio da Costa, diz "respeitar" o trabalho da ONG, mas afirma que a União se apoia em outra medição.
        Ele citou o Ideb, índice federal de 0 a 10 que mescla o desempenho em português e em matemática na Prova Brasil com as taxas de aprovação dos alunos.
        No índice, os anos finais do ensino fundamental público foram de 3,5 para 3,9 entre 2007 e 2009 (atingindo as metas que foram estabelecidas pela pasta).
        "Nossa medição olha a média, não só os melhores alunos", diz Costa. "Claro que há alguma perda com o passar das séries, que vão ficando mais complexas, mas as perspectivas são positivas."
        PROFESSORES
        Cleuza Repulho, presidente da Undime (entidade dos secretários municipais de Educação), diz que o maior problema é a falta de docentes. Para ela, as redes precisam ter carreira e salários mais atraentes e são necessárias mais verbas para o setor.
        Heleno Araújo, dirigente da CNTE (que representa docentes da rede pública), diz que um problema dos anos finais do fundamental é que começam as diversas disciplinas. "O que é ensinado tende a perder a unidade", afirma.
        Para Angela Dannemann, diretora-executiva da Fundação Victor Civita, que investigou boas práticas no ensino de matemática, os cursos de formação dos professores têm falhas. "Falta a didática do ensino da matemática."
        A docente da PUC-PR Neuza Bertoni Pinto cita a dificuldade para mostrar a relação da matemática com o mundo real. "O aluno deve ser seduzido para a aprendizagem."
        Já uma aluna de 14 anos reclama das faltas dos professores. Até este mês, estava no 8º ano da escola municipal Paulo Carneiro Thomaz Alves, uma das piores públicas de São Paulo. "Ano passado ficamos no pátio quase todas as aulas de matemática."
        A Secretaria de Educação afirma que o quadro está completo, mas que está preocupada "com o elevado número de ausências dos professores".


        FOCO
        Baixa rotatividade de professores e alunos alavanca escola campeã em SP
        JOÃO ALBERTO PEDRINIDE RIBEIRÃO PRETOBaixa rotatividade de docentes, participação dos pais e permanência dos alunos na unidade por todo o ensino fundamental (1º ao 9º anos) são a base do sucesso da escola municipal José Negri, em Sertãozinho, que obteve a maior nota de matemática do Estado na Prova Brasil - 2011.
        Segundo a diretora, Inês Angélica Servidoni Cabril, duas das três professoras de matemática atuam há mais de uma década na unidade.
        A permanência de alunos na escola por muitos anos ajuda, diz a professora de matemática Luciane Pereira.
        "Já conhecemos deficiências de cada aluno desde cedo e, por isso, podemos atacar os problemas pontuais, individualmente. Os professores acabam trocando informações. Um ajuda o outro."
        Luciana Cancian, também professora de matemática, disse que os alunos registram bons desempenhos em competições pelo país. Na última Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, dos 21 que participaram, 20 ganharam prêmios.
        Rafaela Milene do Carmo, 12, do 8º ano, diz que a escola estimula o compartilhamento de informações entre os alunos. "Tenho uma amiga que diz que sou a melhor professora dela", conta.
        "Ajudamos uns aos outros. E isso contribui com quem não está conseguindo aprender", diz Pablo Henrique Ninin, 13, também do 8º ano.
        A diretora ressalta ainda a cobrança por resultados, o planejamento e a disciplina. "Qualquer problema envolvendo um aluno já acionamos imediatamente os pais."

          Marcos Augusto Gonçalves

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          A violência ao redor
          Cidade de São Paulo volta à taxa de homicídio de 2007 e dá a impressão de que o "potencial" chegou ao limite
          Se não fomos vítimas, todos podemos certamente contar uma história de violência que aconteceu ao redor. Ou com amigos ou na rua onde moramos ou no restaurante que conhecemos ou no edifício que já visitamos.
          Os caras que invadiram a casa e fizeram roleta russa com a dona na frente dos amigos amarrados; os policiais que pegaram o rapaz, puseram na viatura e o estupraram; o moleque que eu vi apanhando de pau na frente do bar; os manos encostados contra o muro-pelourinho nas noites escuras e humilhantes do centro da cidade. E eu não moro na Vila Brasilândia onde moram pessoas que conheço -e com muito medo de morar.
          São Paulo, não obstante, tem os melhores índices de violência do país. Ou os menos piores. A medição que se tornou consagrada é o número de homicídios -se estuprou mas não matou, a violência não amentou. Mas, vá lá. O valor maior é a vida e esse é um critério internacional.
          A taxa de homicídios da capital, acima de 11 por 100 mil habitantes, é o o dobro da de Nova York. Mas -ufa- é metade da média nacional. Cidades de regiões mais precárias, como o Nordeste, registram índices de áreas conflagradas. A tradição oligárquica do mandar matar, a fragilidade das instituições e o MMA da sobrevivência no ambiente hostil da urbanização selvagem conspiram a favor de estatísticas sombrias, mesmo num quadro de aumento do emprego e da renda -prova de que as relações entre violência e economia são mais complicadas do que alguns imaginam.
          São Paulo começou a reduzir os homicídios no finalzinho dos anos 1990. Entre 1999 e 2005, passou de 35,3 ocorrências por 100 mil habitantes para 17,7. Em 2008 chegou a 10,8 -e de lá para cá os índices ficaram nessa faixa. Desde meados do ano passado, porém, as estatísticas são ascendentes.
          Os dados recém-divulgados mostram que São Paulo voltou ao ano de 2007, quando o Estado atingiu 11,7 homicídios por grupo de 100 mil. Com os dados de fevereiro, foi justamente essa (11,67) a taxa média apurada para os últimos 12 meses.
          Esse cenário nos faz pensar em questões que vão além do perfil ideológico da gestão da segurança pública, se mais "fascista" ou mais "direitos humanos".
          A dificuldade de reduzir o patamar atingido há seis anos sugere que São Paulo pode ter chegado ao limite do "potencial" de redução da violência dentro das condições dadas. Aumento de investimentos, melhores meios para as polícias, aperfeiçoamento tecnológico e política de aprisionamento em massa deram resultado. E podem dar em outros Estados e cidades, como o Rio, onde a queda das taxas contribui para uma percepção social otimista, embora os índices mantenham-se acima dos paulistas.
          Não é demais lembrar que antes da política de UPPs a cidade do capitão Nascimento convivia com a barbárie escancarada, a guerra a céu aberto -uma situação extrema e inaceitável. O Rio caminha agora para a "normalidade". Quem sabe estacionará perto das taxas de São Paulo e nos daremos todos conta da distância que continuará a nos separar dos padrões civilizados.
          Talvez estejamos presenciando na segurança pública paulista um fenômeno análogo ao que se observa em outras áreas, como o trânsito ou a própria economia: a caixa de ferramentas disponível já deu o que tinha que dar.
          É preciso encontrar instrumentos novos, que permitam mudanças estruturais. Investir em puxadinhos não vai mais gerar mudanças significativas. Permaneceremos na zona entorpecida da mediocridade, com êxitos que mais parecem suaves fracassos.

            Doméstico só pode ter 2 horas extras ao dia

            folha de são paulo

            Limite vale para jornadas de 8 horas por dia; número além do previsto só é aceito em "exceção", diz advogado
            Jornada de 44 horas semanais e 8 diárias passa a valer a partir da promulgação da lei, prevista para amanhã
            CAROLINA MATOSDE SÃO PAULOO empregado doméstico com jornada de oito horas diárias, limite previsto na nova lei que ampliou direitos da categoria, só pode fazer até duas horas extras por dia, afirma o advogado trabalhista Frank Santos, do escritório M&M Advogados Associados.
            Carga horária extra maior, diz o especialista, só é aceita em "casos de exceção". Por exemplo, uma festa.
            "Não pode ser rotina", destaca Santos. "Além disso, o empregador precisará observar a exigência de ao menos 11 horas de descanso entre a saída do funcionário da residência e o retorno ao trabalho", acrescenta.
            Ou seja, se houver uma festa e o doméstico trabalhar até a uma hora da madrugada, só poderá voltar ao emprego a partir do meio-dia.
            A hora extra tem custo 50% maior que a normal.
            ADICIONAL NOTURNO
            Outro direito adquirido pelos domésticos a partir da nova lei foi o adicional noturno, mas esse ainda depende de regulamentação para vigorar.
            Se as regras seguirem as válidas para trabalhadores outras categorias, a hora noturna deverá ser 20% mais cara que a diurna.
            E há outras particularidades, como, por exemplo, a duração da hora noturna -que, em vez de 60 minutos, é de 52 minutos e 30 segundos, de acordo com Santos.
            "Isso é feito para compensar o funcionário que faz jornada noturna, considerada mais penosa", diz o advogado trabalhista.
            É considerada jornada noturna aquela das 22 horas às 5 horas do dia seguinte.
            Santos diz ainda que é possível contratar um doméstico com jornada mista -que começa durante o dia e entra pela noite-, desde que sejam obedecidas todas as exigências de duração e valores.
            Outros itens da nova lei dos domésticos também dependem de regulamentação para entrar em vigor, como o pagamento do FGTS (Fundo Garantidor do Tempo de Serviço) e o seguro-desemprego.
            De acordo com o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, uma proposta de regulamentação deve ser apresentada em 90 dias.
            Os itens que não dependem de regras específicas, como jornada de trabalho de 44 horas semanais e oito horas diárias, passam a valer a partir da promulgação da lei, prevista para amanhã.
            Veja respostas a 70 dúvidas sobre a lei
            folha.com/no1253877

              FIQUE DE OLHO
              Hora extra
              Custa 50% mais que a hora normal. Só em casos excepcionais é possível fazer mais de 2 h extras por dia
              Descanso
              Em caso de hora extra, empregador deve observar a exigência de ao menos 11 horas de descanso entre a saída do funcionário da residência e o retorno ao trabalho
              Adicional noturno
              Depende de regulamentação. É considerada jornada noturna trabalho das 22 h às 5 h do dia seguinte

                DÚVIDAS SOBRE A NOVA LEI
                1 Há um máximo de horas extras permitido por lei ao dia?
                Sim. Via de regra, o funcionário só pode fazer duas horas extras ao dia, no máximo, além da jornada de 8 horas diárias. Em casos de exceção (uma festa, por exemplo), o empregador pode solicitar mais que esse limite de horas extras, mas é preciso respeitar o descanso mínimo de 11 horas para que o funcionário retorne ao trabalho após a saída nesse dia.
                2 Quais são os detalhes para o cálculo da hora noturna?
                Além de custar 20% mais que a hora diurna normal, a hora noturna, válida para a jornada de 22h às 5h, é "mais curta". Ou seja, em vez de 60 minutos, ela tem duração de 52 minutos e 30 segundos. Essa diferença foi estabelecida para dar ao trabalhador uma compensação pelo trabalho noturno, considerado mais penoso.
                3 É possível que o trabalhador cumpra uma jornada mista, parte diurna e parte noturna?
                Sim. Nesse caso, é preciso observar as especificidades de remuneração de horas diurnas e noturnas.
                4 Qual é a jornada de trabalho estabelecida?
                A jornada é de 44 horas semanais, sendo no máximo 8 por dia.
                5 As quatro horas que os empregados deveriam trabalhar no fim de semana podem ser descontadas das horas extras se não forem utilizadas?
                Elas não podem ser descontadas, ou acarretarão em prejuízo do salário. Além disso, a jornada é de no máximo 8 horas por dia. Nada impede que o empregador estipule uma jornada de 6 dias por semana e 7h20 horas por dia.
                6 Como comprovar a jornada do empregado? É possível solicitar que o condomínio registre a hora de entrada e saída do trabalhador?
                O patrão precisará ter um caderno para anotar o horário de entrada e saída, que o empregado deverá assinar. O condomínio pode ter um controle paralelo para fiscalizar horas extras e se, de fato, as horas conferem com a jornada.
                7 Como devo detalhar a jornada em contrato?
                É recomendável que o empregador elabore o contrato especificando:
                Horário de entrada do trabalhador;
                Horário para início de refeição/descanso;
                Horário para retorno da refeição/descanso;
                Horário de saída;
                Horário de horas extras (no máximo de duas horas além das 8 horas diárias de trabalho)
                8 Que atestado médico -do SUS, do médico particular ou, se for o caso, da perícia do INSS- pode ser aceito para justificar faltas?
                Todos são aceitos. A recomendação é que o código da doença seja solicitado no atestado, embora essa informação não seja obrigatória. O código ajuda a identificar se o problema de saúde de fato interfere no trabalho do empregado.
                9 É possível descontar o pernoite da doméstica que dorme no emprego?
                Não. Se ela dorme no serviço, é porque há uma concordância entre as partes. Descontos por conta do pernoite podem ser considerados ilegítimos.
                10 No período noturno, como fica o intervalo para refeição se o contratado começa a trabalhar a partir das 22h?
                Da mesma forma: jornada até 6 horas com intervalo de 15 minutos e superior a 6 horas, com intervalo de, no mínimo, 1 hora. As partes devem convencionar quando o descanso ocorrerá.
                11 Se a empregada está na sua casa, mas não está trabalhando, isso conta como hora extra?
                Se a funcionária não estiver a trabalho, não pode ser caracterizada como hora extra nem jornada efetiva. Mas o empregador não pode se beneficiar do trabalho quando o funcionário não estiver a serviço.
                12 Como fica o caso da doméstica que dorme no trabalho? O período em que ela está dormindo conta como adicional noturno?
                Não conta, o que contaria é o trabalho efetivo. Se ela está dormindo, cabe ao empregador manter o controle de jornada.
                13 Muda algo para as diaristas que vão até duas vezes por semana e não têm vínculo empregatício?
                Nada muda. As diaristas só poderiam pleitear direitos trabalhistas perante a Justiça do Trabalho em condições muito específicas que comprovem relação de subordinação e dependência. Por exemplo, quando o empregado trabalha há muito tempo nessa condição e recebe salários, ordens, cumpre regularmente a jornada e não pode ser substituído, a relação trabalhista pode ser caracterizada como vínculo empregatício. Como no caso das babás, por exemplo.
                14 Cuidadoras de idosos deverão seguir as mesmas regras?
                Sim. A regulamentação da PEC vale para todo trabalhador atrelado ao serviço de uma residência, independente da nomenclatura.
                15 Pode haver compensação de horas de trabalho? Por exemplo, se o empregado trabalha menos em um dia, pode trabalhar mais no outro, evitando-se que o patrão pague hora extra?
                Sim, desde que dentro de uma mesma semana quando a jornada não ultrapassar 44 horas semanais nem 8 horas diárias. Em alguns casos de convenção coletiva (acordo feito com o sindicato dos trabalhadores), existe a permissão de extensão da jornada diária para até 10 horas, mas isso não se aplica, ao menos por enquanto, à categoria dos domésticos.

                  Gasto por impulso mostra que não somos racionais como nos livros de economia

                  folha de são paulo

                  ANÁLISE
                  SAMY DANAESPECIAL PARA A FOLHANo último dia 20, o Sistema de Proteção ao Crédito (SPC) anunciou uma elevação de 6,65% no nível de inadimplência em fevereiro de 2013, em comparação com o mesmo período de 2012.
                  Podem explicar isso o incessante incentivo do governo ao consumo (ainda que a poupança clame por socorro), o crédito fácil oferecido a taxas de juros exorbitantes e a famigerada inflação.
                  Por falar nela, no dia 28, o Banco Central anunciou a projeção do IPCA para 2013: 5,7%, valor bem acima dos 4,5% esperados em 2012.
                  A conjuntura em que o consumidor se encontra é bastante desfavorável. Por que, então, o brasileiro, ciente de sua impossibilidade de sanar dívidas, não para de comprar?
                  Há muitos fatores envolvidos no consumo que os livros clássicos de economia não explicam. O homem que vive neles é perfeitamente racional. Mas a realidade mostra que fatores psicológicos são, muitas vezes, os mais relevantes nas decisões financeiras.
                  Estudiosos buscam entender essas motivações subjetivas. As explicações mais comuns estão relacionadas às emoções e influência exercida pela sociedade.
                  Em pesquisa recente do SPC e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, foram levantadas as causas que levam homens e mulheres a comprar por impulso: principalmente estresse, ansiedade e vida profissional.
                  Entre as mulheres, o estímulo ao consumo se vincula à baixa autoestima, em 49% dos casos, e à tensão pré-menstrual, em 32%. Já para os homens, as principais causas são ansiedade (45%) e problemas no trabalho (38%).
                  Não é fácil controlar impulsos. Gastar mais do que se pode não há de sanar nenhuma dor. Mas é o que a pesquisa mostra que estamos fazendo.
                  Conhecer e controlar o seu comportamento de consumo, especialmente em momentos emocionais vulneráveis, parece ser a chave da questão.

                    KLEDIR RAMIL - Kleitons e Kledires

                    Zero Hora - 01/04/2013

                    Estava no meu quarto de hotel, em Salvador, Bahia, e tocou a campainha. Abri a porta e um rapaz se apresentou: “Sou funcionário aqui do hotel. Você poderia me dar um autógrafo?”. “É claro”, eu disse, pegando o CD do rapaz: “Qual o teu nome?”. “Kleiton”, ele respondeu. Surpreso, comentei: “Que coincidência...”. O rapaz abriu um sorriso: “E eu tenho um irmão chamado Kledir. Nosso pai era fã da dupla”.

                    Temos encontrado alguns Kleitons e Kledires pelo Brasil afora. Provavelmente são frutos de namoros embalados pelos sucessos de K&K na década de 1980. Kleitons então, tem um monte. Não sei se é o caso, mas houve uma época em que o Internacional tinha três titulares com variações sobre o mesmo tema: Claiton, Cleitão e Cleiton Xavier. Pensei em telefonar para o presidente do clube sugerindo contratar uns Cledires para equilibrar melhor o time, mas acabei desistindo.

                    O Cordel do Fogo Encantado, ótima banda de Recife, tem um guitarrista chamado Kleiton. E o apelido desse Kleiton pernambucano, acredite se quiser, é Kledir.

                    Há pouco tempo, meu amigo Roberto Lima ligou pra contar que havia nascido mais um Kleiton em Minas Gerais. O bebê teve parto normal e na hora do “aí vem a placenta” foi que ficaram sabendo que havia outro. Eram gêmeos. O pai não teve dúvida, batizou de Kledir aquilo que haviam imaginado fosse apenas uma placenta. Tudo bem, estamos sobrevivendo, ele e eu.

                    Antigamente, era costume batizar os filhos com o nome de grandes vultos da história. Hoje em dia, pra você ver como está o mundo, até Kledires existem por aí.

                    Dentro dessa tradição de homenagear ídolos, aparecem algumas aberrações, como as que tentam reproduzir em português o nome de celebridades americanas: Maicol Jéquisson, Uóxinton, Xarlixáplim.

                    Muitas vezes, um nome esquisito é resultado da soma dos nomes dos pais. Conheço um Glaucimar, filho da Glaucia e do Ademar. Glaucimar tem uma irmã chamada Adéa, que é o que sobrou da montagem anterior. Essa mania de juntar dois nomes diferentes, ou batizar a criança com nome de artista, faz muita gente passar vergonha o resto da vida. É o caso da filha de Raimundo de Souza, de Vitória da Conquista. Fã ardoroso de cinema, ele resolveu prestar uma homenagem às famosas atrizes Ava Gardner e Gina Lolobrigida, e batizou a menina de Avagina Cinema Souza. Parece brincadeira, mas é verdade.

                    Os direitos humanos em mãos impróprias - RENATO JANINE RIBEIRO


                    VALOR ECONÔMICO - 01/04/2013

                    Contra tudo e (quase) todos, o deputado Feliciano e seu Partido Social Cristão se aferram ao cargo mais alto a que chegaram, a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. A situação é insustentável para o país, porém conveniente a ele e ao partido, até porque dificilmente obterão, um dia, outro posto dessa envergadura ou tanta repercussão na mídia.

                    O PSC, com seus 16 deputados federais e um senador, faz o seguinte cálculo: quer aumentar seus votos em 2014, valendo-se - paradoxalmente - da exposição num cargo que vai contra tudo em que o deputado crê. Falem mal de mim, mas falem: mesmo a mídia negativa ajudará a ganhar eleitores, numa franja inculta e preconceituosa da sociedade. Isso, mesmo sabendo que, ao pregar o que a opinião esclarecida repudia e que o Supremo Tribunal Federal descartou em vários julgados, o PSC inviabiliza sua presença no governo federal, atual ou futuro. Não se imagina que, no mandato a se iniciar em 2015, Dilma, Marina, Aécio ou Campos deem um ministério a um político dessa agremiação. Seria alto o custo de ter no primeiro escalão quem endossa a tese de que os negros descendem do filho amaldiçoado de Noé, e por isso merecem miséria, Aids e Ebola, ou de que a mulher deve obedecer sempre ao homem. Um custo, aliás, não só nacional - porque repercussão internacional negativa, se não houve, virá - até porque o deputado começou a gestão visitando a embaixada do Irã, país constantemente condenado por ações contrárias aos direitos humanos.

                    O caso ilustra um problema sério de nosso presidencialismo de coalizão. As bancadas que apoiam o governo se infantilizam: demandam vantagens, em vez de formular projetos. Assim, o presidente é quem dá racionalidade a uma coligação que, sem ele, seria puro negócio. A coalizão é irracional, o presidente é racional. A questão é quanto o presidente cede. Ele cede nas bordas, protege o essencial. Como disse certa vez Roberto Pompeu de Toledo, a Fazenda jamais irá para um partido duvidoso. Assim agiram Itamar, FHC, Lula e, hoje, Dilma. O saldo é positivo para a governabilidade, negativo para a reputação da política. O braço mais democrático de nosso sistema, o Legislativo e, nele, a Câmara, fica com a imagem ruim junto aos eleitores. E, a meu ver, todos os presidentes mencionados cederam mais do que deviam.

                    O pior é que uma área fortemente ética, como os direitos humanos, fique nas bordas, seja negociável, não esteja protegida.

                    Se chegamos a essa crise, foi justamente porque, na hora do vamos-ver, os grandes partidos acharam que os Direitos Humanos (ou o Meio Ambiente, no Senado) eram moeda de troca barata. Mais importantes, para eles, são as grandes comissões. Quando o ministério se reúne, as Pastas da ética - Igualdade Racial, Mulheres, Meio Ambiente, Direitos Humanos - ficam no fundo da sala. Mas isso precisa, tem de mudar! Os ministérios econômicos são essenciais para o futuro do país, mas o que é este futuro? Ele será definido pela igualdade das pessoas, sem acepção de sexo ou cor, pelo respeito à natureza, pelo desenvolvimento de uma economia e de uma sociedade sustentáveis e, finalmente, pela possibilidade que todos tenham, não prejudicando o outro, de florescer.

                    Isso porque os direitos humanos são a ética pública de nosso tempo. O respeito ao outro surge em dezenas de artigos das grandes declarações nacionais de direitos humanos, a inglesa de 1689, a francesa e a americana de 1789. Esses direitos se ampliam com os da declaração universal de 1948, bem como outros documentos da ONU - e de muitos países. Ir contra eles é afrontar o melhor do espírito de nosso tempo. O que significam os direitos humanos? Numa só frase: permitir que uma pessoa floresça como queira. O grande limite aos direitos, assim, deriva deles mesmos: eles não autorizam ninguém a impedir outrem de, também, florescer. Essa ideia tão simples foi e é uma novidade histórica notável. Todos conhecemos histórias, passadas e presentes, de sofrimentos e mesmo desgraças que não existiriam, houvesse esse respeito. O que os direitos humanos procuram eliminar são algumas grandes causas de infelicidade.

                    Daí que seja decisivo, para nossa sociedade, na qual os direitos têm avançado graças a uma soma notável de esforços - os movimentos de minorias, a atuação aqui convergente de PSDB e PT, as decisões do Supremo Tribunal Federal e até as novelas da Globo -, que não haja ponto de retorno. Se eleitores desejam eleger um representante que se insurja contra esses direitos, desde que fique dentro dos limites constitucionais, isso a democracia permite. Mas, que um porta-voz do preconceito represente o país, seja no Executivo, no Legislativo ou no Judiciário, eis o que passa dos limites aceitáveis. A opinião pública deve deixar isso bem claro, na mídia e para os partidos. Os direitos humanos são uma conquista que não se pode pôr em xeque.

                    Porque está em jogo, agora, a própria democracia. Nos Estados Unidos, uma das pátrias da democracia, já se impediu na prática, por mil pequenos ardis, a implementação de direitos humanos fundamentais. A Corte Suprema em certas épocas os reconhece, em outras não; ainda hoje, a pena de morte é aplicada por vezes sem defesa adequada dos réus nos tribunais. Em nosso país, onde o Supremo apoia mais os direitos humanos, corremos hoje risco comparável - quando uma comissão decisiva, em vez de debater crimes de ódio, vai tirá-los da agenda, porque é controlada por alguém que se opõe aos melhores valores de nossa época. A prática pode desfazer o que foi enunciado na teoria. É por isso que devemos, todos, impedir este retrocesso. 

                    Entrevista da 2ª: Richard Dawkins

                    folha de são paulo

                    Se não acreditamos em Thor, por que crer no Deus cristão?
                    Para biólogo conhecido por teoria do 'gene egoísta', não se deve respeitar crenças que vão contra consensos na comunidade científica
                    RONALDO RIBEIROCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NA FILADÉLFIA (EUA)Fila dando volta no quarteirão. Parecia estreia de um filme de Hollywood.
                    Tudo para ver a palestra de Richard Dawkins, 72, talvez o ateu mais famoso do mundo, biólogo, tipo raro de intelectual híbrido que se comunica bem com o grande público e com os eruditos dos centros de pesquisa de ponta.
                    Dawkins alcançou notoriedade tanto nos círculos acadêmicos dos departamentos de biologia quanto no delicado debate público sobre o papel das religiões no mundo contemporâneo.
                    Após a publicação do livro "O Gene Egoísta", Dawkins ganhou evidência na academia ao deslocar o foco dos estudos em biologia evolutiva dos grupos e organismos para o estudo dos genes.
                    Segundo o biólogo, quanto mais parecidas duas espécies, maior a tendência de se comportarem de forma cooperativa -o que explicaria em parte tendências altruístas entre seres geneticamente semelhantes.
                    Ironicamente, tais pendores altruístas viriam do chamado "egoísmo dos genes", uma tendência biológica das espécies de quererem espalhar seus genes.
                    Dawkins atingiu o grande público ao atacar a noção de um criador do cosmos onisciente e onipotente.
                    No livro "O Relojoeiro Cego", Dawkins argumenta que a suposta perfeição da natureza e o aparente design que se observa no mundo podem ser explicados, ainda que parcialmente, por meio da biologia evolutiva.
                    Com "Deus, um Delírio", o cientista britânico nascido em Nairobi (Quênia) se tornou best-seller, ao ampliar suas críticas às religiões em geral e defender que não há necessidade de se conhecer o pensamento religioso ou ter qualquer conexão com entidades divinas para se viver uma vida moralmente digna e eticamente responsável.
                    Mais recentemente, o cientista tem-se dedicado a viajar o mundo para debater com autoridades religiosas. Boa parte do material gravado abastece os diversos documentários dos quais o cientista participou.
                    Figura polêmica, Dawkins tem provocado a admiração da comunidade leiga ao pregar o entusiasmo pelo pensamento livre e não dogmático; e também a ira de muitos líderes religiosos por sua crítica impiedosa ao criacionismo -tese que rejeita a evolução das espécies- e, ao mesmo tempo, sua apologia do ateísmo.
                    Apesar do pensamento sofisticado, agudo e ferino, Dawkins pareceu bastante áfavel, brincalhão e interessado nas ideias alheias.
                    Foi no dia seguinte à palestra de Dawkins para mais de 1.500 pessoas numa pequena sala sala da Universidade da Pensilvânia, no mês passado, que esse pop star do ateísmo no mundo concedeu à Folha a entrevista a seguir.
                    Folha - Deus existe?
                    Richard Dawkins - Nós não sabemos se fadas existem. Nós não levamos a sério a existência do deus nórdico Thor, ou de Zeus, ou de Dionísio ou de Shiva.
                    Até que tenhamos sérias evidências de que algum deles existiu ou exista, não perdemos tempo com isso. Por que deveria ser diferente com o Deus cristão ou com o judeu ou com o muçulmano?
                    Mesmo que alguém concorde com o que o sr. acaba de dizer, há milhares de fiéis pelo mundo. É possível explicar essa enorme propensão à fé?
                    Há experimentos em psicologia infantil que demonstram que crianças, quando indagadas sobre a existência de uma pedra pontiaguda em um ambiente, preferem a explicação que tenha causa e consequência claras.
                    Em outras palavras, preferem acreditar que a pedra é pontiaguda para que os animais daquele ambiente possam usá-la para se coçarem.
                    Não aceitam que a pedra pontiaguda se formou a partir de processos geológicos e da erosão através do vento e da água. Talvez muitos dos fiéis de hoje ainda retenham esta atitude infantil ao pensarem sobre o mundo.
                    Um outra hipótese é que a propensão à fé seja simplesmente um resquício do medo de se ficar só em um ambiente hostil. Nossos ancestrais viviam sob constante ameaça de serem atacados e mortos por animais selvagens.
                    Pode ser que nossa necessidade de criar fantasmas e divindades que vão nos punir esteja conectada com esse traço evolutivo presente em nossos primórdios.
                    O sr. diz que há uma tendência ao silêncio em relação às doutrinas religiosas dos outros, que as pessoas evitam debater sobre suas próprias crenças, e que esse fato é nocivo à sociedade. Não seria necessário simplesmente respeitar as diferentes crenças das pessoas?
                    Não devemos respeitar crenças que influenciam a vida de crianças e que vão contra conhecimento dado como consenso na comunidade científica.
                    Uma coisa é uma pessoa dizer que acredita em Papai Noel e manter esta crença dentro de sua família -ainda que eu considere uma pena para os filhos.
                    Quando algumas pessoas, contudo, começam a ensinar que a Terra tem apenas cerca de 10 mil anos, aí eu acho um absurdo e quero lutar contra isso.
                    Um novo papa acaba de ser eleito. Ele é argentino. É possível dizer que isso representa um avanço em termos políticos da fé no mundo em desenvolvimento?
                    Se pensarmos que haverá uma menor centralização política daqueles que determinam o futuro da Igreja Católica, sim, sem dúvida.
                    No Brasil, a Igreja Católica tem perdido fiéis para outras tradições protestantes. Alguns atribuem tal fenômeno à dinâmica dos rituais católicos, ainda bastante hierarquizados e tradicionais, se comparados às religiões protestantes.
                    Não conheço bem o contexto brasileiro, mas é possível imaginar que a não participação ativa dos fiéis nas missas católicas é um dos fatores que provavelmente têm contribuído para tal queda.
                    Explicando melhor, os rituais protestantes nos EUA são como shows, os participantes dançam, cantam, tocam instrumentos.
                    Suponho que no Brasil as missas ainda tenham um formato bastante tradicional e que provavelmente tenham pouco apelo social para conquistar seguidores jovens.
                    Em sua obra, o sr. dá ênfase à possibilidade de qualquer um rejeitar crenças religiosas ou vivências espirituais e ainda assim ter uma vida plena e ética. Sem as religiões, onde é que encontraríamos códigos morais?
                    Suspeito que não encontramos regras morais nos ensinamentos religiosos. Se fosse esse o caso, nossa conduta moral não se alteraria praticamente a cada década. Seria estanque.
                    Pense que até bem recentemente nós considerávamos a escravidão como algo normal e que também as mulheres não deveriam participar dos processos democráticos.
                    E quanto ao que não conseguimos explicar? Não vem daí uma das "necessidades" da religião e da crença no "sobrenatural"?
                    Essa talvez seja uma das explicações que mais me aborrecem para se crer em uma deidade.
                    Eu gostaria que as pessoas não fossem preguiçosas, covardes e derrotistas o suficiente para dizer: "Eu não consigo explicar, portanto isso deve ser algo sobrenatural". A resposta mais correta e corajosa seria a seguinte: "Eu não sei ainda, mas estou trabalhando para saber".
                    Acabam de ser divulgados os primeiros resultados das pesquisas sobre índices de felicidade idealizados pelo governo do primeiro-ministro britânico, David Cameron. O sr. já investigou a relação entre religiosidade e felicidade?
                    Não vi os resultados ainda. Quanto à relação entre religiosidade e felicidade, ainda que eu não tenha estudado o assunto, é possível prever que tal correlação é mais um mito do que um fato.
                    Os países que apresentam melhores índices de desenvolvimento humano e, em tese, uma melhor condição para a existência da felicidade, são países com o maior número de ateus do mundo.
                    Seus cidadãos encontram bem-estar, alegria e consolo nas possibilidades sociais, culturais e intelectuais concretamente disponíveis em seus países, não em entes divinos.

                      RAIO-X - RICHARD DAWKINS
                      FORMAÇÃO
                      Biologia, etologia e zoologia. Na Universidade de Oxford, teve como orientador o etologista ganhador do Nobel Nikolaas Tinbergen
                      ATUAÇÃO
                      Escritor e professor universitário. Já lecionou na Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA), e na Universidade de Oxford, na Inglaterra
                      LIVROS
                      "A Magia da Realidade", "A Grande História da Evolução", "O Gene Egoísta", "O Relojoeiro Cego", "Deus, um Delírio", entre outros


                      FRASES
                      "Os países com melhor IDH, em tese os que têm melhor condição para a existência da felicidade, são os com o maior número de ateus do mundo"
                      "Eu gostaria que as pessoas não fossem preguiçosas o suficiente para dizer: 'Eu não consigo explicar, portanto isso deve ser algo sobrenatural'"
                      " Quando algumas pessoas começam a ensinar às crianças que a Terra tem apenas 10 mil anos, eu acho um absurdo e quero lutar contra isso"

                        Rubens Ricupero

                        folha de são paulo

                        Periferias existenciais
                        Maior fenômeno social da América Latina, as periferias são para nós um mundo desconhecido
                        É significativo que Hugo Chávez (1954-2013) e o papa Francisco coincidam na prioridade das periferias, geográficas ou existenciais.
                        A extraordinária carreira do líder venezuelano se deve à intuição de que as periferias eram diferentes. Não se sentiam representadas pelos partidos e políticos tradicionais de classe média e alta.
                        Os mesmos que, assustados pelo "caracazo", o violento protesto de 1989 contra o pacote do FMI, denunciavam: "Os macacos desceram dos morros"!
                        As periferias constituem o maior fenômeno urbano e social da América Latina dos últimos 80 anos. Da cidade do México a Buenos Aires, das palafitas de Salvador e Recife à árida desolação de La Paz ou Lima, elas reúnem em condição precárias dezenas de milhões de migrantes e descendentes que jamais contaram com políticas públicas razoáveis de urbanização, transportes, educação e saúde.
                        Tendo perdido a estrutura de proteção das comunidades rurais de origem, as periferias inventam novas formas de sociabilidade. Geram cultura própria, como se vê nos bailes funk e na música de nossa periferia. Possuem estética original, estilo inconfundível.
                        Em religião, são pentecostais, evangélicos, preferem as pequenas igrejas de proximidade e acolhimento emotivo. Em política, libertados dos coronéis do interior, se identificam com líderes como Chávez ou Morales, mestiços ou índios como eles, pertencentes ao que os populistas russos do século 19 chamavam de "o povo escuro".
                        Em 1961, o antropólogo Oscar Lewis escreveu "The Children of Sanchez", onde, a partir da trajetória de uma família miserável da periferia da Cidade do México, afirmava existir uma "subcultura da pobreza" capaz de criar valores e padrões de comportamento originais.
                        O importante em Lewis não é sua teoria, mas ter chamado a atenção para a irredutível alteridade das periferias, para um fenômeno em que a diferença radical de condições materiais acaba por gerar culturas distintas da envolvente.
                        Quase ninguém percebeu isso, nem os governos, nem as igrejas, nem os partidos, nem as universidades. Para nós, a periferia é um mundo mais desconhecido que a Amazônia.
                        Conclamar a igreja a "ir às periferias" foi o discurso que elegeu o cardeal Bergoglio, segundo o cardeal de Havana. Não só as periferias geográficas, mas "as existenciais, do mistério do pecado, da dor, da injustiça, da ignorância e ausência da fé, de toda a miséria".
                        Se não sai de si mesma, a igreja se torna autocentrada, adoece de mundanismo e narcisismo espiritual. É indispensável deixar de "viver em si, de si, para si" e ir para a periferia.
                        Para o papa, a periferia é a situação limite, a fronteira do humano, a condição onde os valores se encontram sob ameaça. Francisco a descobriu na sua América Latina, mas ela hoje se expande na Ásia e na África, onde, a cada semana, mais de 1 milhão de pessoas trocam o campo pela cidade.
                        Se o conselho é bom para as igrejas, para os governos, as universidades, os hospitais, ele é ótimo. A única questão é: será seguido?

                          Painel _ Vera Magalhães

                          folha de são paulo

                          Operação Dudu
                          À procura de pontos fracos do governador e potencial presidenciável Eduardo Campos (PSB), o PT vai usar a Petroquímica Suape, que acumula prejuízos há três anos, para questionar o sucesso de seu governo em atrair investimentos. Em 2010, o saldo foi negativo em R$ 96 milhões. Em 2012, em R$ 387,4 milhões. Para atrair o complexo da Petrobras, Campos ofereceu mais incentivos fiscais que o petista Jaques Wagner (BA). Lula também agiu para que o polo fosse para Pernambuco.
                          Conta... Das três plantas previstas no parque, a primeira entrou em operação com quase dois anos de atraso. Além disso, o investimento necessário para erguer o complexo mais que dobrou. Inicialmente, estava orçado em R$ 4 bilhões, mas se prevê que custará R$ 9 bilhões.
                          ... não fecha O negócio está ficando pesado para a Petrobras, que, no meio do caminho, ainda viu seu sócio privado (Vicunha) deixar a empreitada. As obras contam com recursos do PAC e foram financiadas pelo BNDES.
                          Outro lado O governador afirma que não tem a ver com o prejuízo da Petrobras, decorrente do atraso nas obras. Para ajudar mais a estatal, Campos disse ter prorrogado o limite de uso dos benefícios fiscais concedidos até 2022. Para ele, Suape é o melhor local para uma petroquímica.
                          Pós-show Mesmo com uma lista de pelo menos 120 fundos de investimento estrangeiros interessados em investir nas próximas licitações de infraestrutura, consolidada após o road-show de projetos no exterior, o governo está preocupado.
                          Concorrência Planalto e Fazenda acham que terão sucesso nos leilões do pré-sal e dos aeroportos, mas temem problemas com rodovias e ferrovias. Os EUA, em recuperação industrial, estão tirando dos países emergentes potenciais investidores.
                          Vantagem Pelo menos 18% dos parlamentares que propuseram emendas à medida provisória que desonerou novos itens da cesta básica tentaram legislar em causa própria. O senador Blairo Maggi (PR-MT), produtor de soja, e o deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), dono de fábrica de biscoitos, foram os que obtiveram mais êxito.
                          Híbrido 1 Aliados de Geraldo Alckmin tentam convencê-lo a fechar acordo com partidos que apoiarão Eduardo Campos e Dilma Rousseff, a despeito de o PSDB lançar Aécio Neves a presidente, e que permita campanha para ele casada com a dos outros presidenciáveis.
                          Híbrido 2 Esses aliados defendem Márcio França (PSB) para vice de Alckmin, o que afastaria o PSB do PT e do PSD de Kassab em São Paulo. Sobre a esperada queixa dos aecistas, lembram as chapas Lulécio (Lula e Aécio) e Dilmasia (Dilma e Anastasia), que pipocaram em Minas em 2006 e 2010.
                          Fuleco 1 O governo do Ceará comprou quatro "tatuzões", escavadeiras que abrem túneis de metrô. Cid Gomes afirma que o gasto de R$ 130 milhões, inusual (geralmente empreiteiras alugam as máquinas), vai permitir que a Linha Leste do Metrô de Fortaleza saia em prazo recorde e a preço menor.
                          Fuleco 2 O "tatuzão" tem vida útil curta. Uma empresa norte-americana ganhou a licitação para a compra, com preço R$ 50 milhões menor que outra, alemã. As quatro máquinas vão operar ao mesmo tempo nos dois túneis, que terão 13 km e custarão cerca de R$ 3,6 bilhões.
                          Boleira Dilma Rousseff irá na sexta-feira a Salvador para inaugurar a Fonte Nova. Será o terceiro estádio da Copa do Mundo a ser entregue.
                          TIROTEIO
                          A propaganda enveredou pelo delírio: até a situação da Petrobras está uma maravilha. Abusam do dinheiro e da nossa paciência.
                          DO SENADOR ALOYZIO NUNES FERREIRA (PSDB-SP), sobre os gastos do governo com programas de TV que promovem as realizações da presidente Dilma.
                          CONTRAPONTO
                          Laços de família
                          A homenagem que o Coronel Paulo Telhada pretende fazer à Rota, enaltecendo a atuação da corporação durante a ditadura militar, dominou os debates na primeira reunião da Comissão da Verdade da Câmara de São Paulo, na terça-feira. Escalado para dissuadir o colega de partido da iniciativa, Mário Covas Neto (PSDB) se aproximou do editor Sérgio Gomes.
                          -O senhor tem que honrar o seu avô - pediu Gomes.
                          -Pai - respondeu o tucano.
                          Para espanto de Covas Neto, o interlocutor perguntou:
                          -Mas o senhor não é neto do Franco Montoro?

                            Tv Paga

                            Estado de Minas - 01/04/2013

                            Garimpando talentos
                            O produtor musical Rick Bonadio vai abrir as portas do seu estúdio, Midas, para a realização do novo reality do Multishow, Fábrica de estrelas, que estreia hoje, às 21h30. A ideia é formar uma girl band. Logo no primeiro episódio, Rick recebe a dupla Fernando & Sorocaba para transformar uma música dos sertanejos em um rock pesado ao lado de Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura. Também na estreia, o produtor e a cantora Manu Gavassi se encontram para conversar sobre a carreira dela. Ao longo dos 26 episódios, o estúdio vai receber artistas e grupos como NX Zero, Luiza Possi, Wanessa, Thiaguinho, Rouge, Negra Li e Fiuk.

                            Uma noite com as divas
                            do teatro, TV e cinema


                            Entrevista interessante deve ser a que Luana Piovani vai fazer com Irene Ravache – sua colega de elenco na novela Guerra dos sexos, na Globo –, na estreia da nova temporada do Superbonita, às 21h30, no canal GNT. No mesmo horário, no Canal Brasil, Lázaro Ramos entrevista a atriz Fernanda Montenegro para o programa Espelho. Na Cultura, à meia-noite, vai ao ar o documentário Stardust: a história de

                            Cineasta vai até a Síria
                            em busca de suas raízes

                            Por falar em documentário, o Canal Brasil reservou para hoje, às 22h, na faixa É tudo verdade, o filme Futuro do pretérito: Constantino, em que o cineasta brasileiro Otavio Cury investiga as origens de sua família a partir de uma viagem à Síria em 2001 e do encontro de um livro escrito por seu bisavô, o professor e dramaturgo Daud Constantino Al-Khoury. No NatGeo, às 20h30, estreia a série Grandes fugas, narrando as dramáticas histórias por trás de algumas das mais importantes fugas de prisões da atualidade e o trabalho da polícia para recapturar os foragidos.

                            BBC HD estreia duas de
                            suas produções originais


                            O canal BBC HD estreia hoje duas produções. Às 21h, Call the midwife é uma adaptação de Heidi Thomas baseada no best-seller sobre as memórias de Jennifer Worth, que faz um relato de sua experiência como enfermeira e parteira no final da década de 1950 na Inglaterra. Às 22h, é a vez de Blackout, drama original de três episódios que acompanha a vida de Daniel Demoys (Christopher Eccleston), que ao longo dos anos deixou de ser um jovem idealista com um intenso desejo de tornar o mundo um lugar melhor para se tornar um político desiludido e corrupto.

                            Telecine Cult selecionou
                            os clássicos do faroeste

                            O Dia da Mentira será especial no FX, com nada menos que seis comédias: Debi & Loide – Dois idiotas em apuros (10h), Apertem os cintos... o piloto sumiu (12h), O Máskara (17h), Hot rod – Louco sobre rodas (18h45), Super tiras (20h15) e As férias de Mr. Bean (22h). Já o Telecine Cult abre hoje uma seleção de clássicos do faroeste com Jesse James – Lenda de uma era sem lei, às 20h, e Paixão dos fortes, às 22h. Na mesma faixa das 22h, o assinante tem mais sete opções: O substituto, no Telecine Premium; A invenção de Hugo Cabret, no Telecine Pipoca; Um amor verdadeiro, no Glitz; Um gato em Paris, no Max; O paraíso é logo aqui, na MGM; Dia da mentira, no Sony Spin; e Armageddon, no TCM. Outras atrações da programação: Casa comigo?, às 20h10, no Universal Channel; O vingador do futuro, às 22h10, na HBO2; Um sonho sem limites, às 22h30, no Comedy Central; e Ponto de vista, às 23h, no AXN.

                            HISTÓRIA » Memórias de um lutador (Marighella)‏

                            Estado de Minas - 01/04/2013

                            O livro Marighella: o guerrilheiro que incendiou o Brasil, de Mário Magalhães, será lançado hoje, às 18h, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O autor vai debater a obra com a Comissão de Direitos Humanos da casa, com participação de Nilmário Miranda e do militante Manuel Cirillo. Vencedora do prêmio da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) como melhor biografia de 2012, a obra percorre a vida e a militância do político, poeta e estrategista da guerrilha no Brasil.

                            Carlos Marighella (1911-1969) foi deputado federal constituinte e fundador do mais importante grupo de luta armada de oposição à ditadura civil-militar brasileira, a Aliança Libertadora Nacional (ALN). Chegou a ser considerado “inimigo número um” do governo militar. Conseguiu se manter ativo ao longo de seus quase 40 anos de militância, mesmo sendo vítima de perseguições por todo o país.

                            A influência de Marighella extrapolou as fronteiras brasileiras. Seu Minimanual do guerrilheiro urbano correu o mundo e virou cult nos anos 1960. Traduzido para dezenas de idiomas, é considerado um clássico da literatura de combate político.

                            Marighella morreu em 1969, assassinado em emboscada preparada pela repressão, sob o comando do delegado Sérgio Paranhos Fleury. Em 1996, o Ministério da Justiça reconheceu a responsabilidade do Estado pela sua morte. No ano passado, a anistia post mortem foi oficializada.

                            Esquerda


                            O livro do jornalista carioca Mário Magalhães, ao trazer para o primeiro plano a história de Marighella, se torna uma referência para o conhecimento dos movimentos radicais e de esquerda no Brasil. À medida que a pesquisa mergulha na vida do guerrilheiro baiano, traz como personagens nomes de ponta da política do século 20. Assim, surgem na narrativa informações sobre Getúlio Vargas, Fidel Castro, Che Guevara, Prestes e Carlos Lamarca, além de pessoas ligadas à cultura, como Jorge Amado, Graciliano Ramos, Portinari, Jean-Luc Godard e Glauber Rocha.

                            Ao lado do painel histórico, o autor delineia o retrato humano do líder, com seu carisma e humor peculiar, que, quando jovem, ficou conhecido na Escola Politécnica ao responder às provas de física e química em versos. O livro é dividido em três partes, que cobrem a agitada vida de Marighella, da infância na Bahia à luta armada nos anos 1960, passando pela militância comunista, oposição a Getúlio Vargas, prisões, mandato como deputado constituinte, organização da ALN e participante de ações armadas. A parte final disseca a farsa articulada por Fleury para assassinar Marighella e revela o destino de dezenas de militantes de organizações de esquerda citados na biografia.

                            Marighella: o gueRrilheiro que incendiou o Brasil
                            Lançamento do livro de Mário Magalhães. Hoje, às 18h, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (Rua Rodrigues Caldas, 30, Santo Agostinho, (31) 2108-7000. Entrada franca. 

                            Neto soberano (Daniel Jobim)-Ailton Magioli‏

                            O pianista e compositor Daniel Jobim fala da herança musical do avô, Tom, e do disco solo que pretende gravar ainda este ano 



                            Ailton Magioli

                            Estado de Minas: 01/04/2013

                            O porte atlético, elegante (1,82m, 87kg) faz pensar em jogador de alguma modalidade de esporte ou modelo. A cara de galã, no entanto, logo diz: trata-se de Daniel, o filho de Paulo e neto de Tom Jobim. que, além da beleza, herdou o talento musical do clã. “Sei do peso que tem nesta história, mas não sinto a pressão”, confessa o neto do maestro soberano da MPB, lembrando que a música está presente em sua vida desde a infância.

                            Aos 40 anos, pai de Teodoro, de 7, Daniel visita regularmente Belo Horizonte, onde, além da namorada Natália, cativa uma série de amigos. De Xexéu (Gabriel Guedes, o filho de Beto Guedes, com quem costuma se aventurar em voos de ultraleve), a Augusto José Vieira Neto (o Bala Doce, juiz aposentado que fez história no Centro Acadêmico da Faculdade de Direito da UFMG), o músico se entrega ao que a mineiridade lhe oferece de melhor em todas as áreas. Atualmente, anda batalhando para levar uma muda de pequizeiro para o sítio Poço Fundo, que o avô deixou de herança em São José do Vale do Rio Preto (RJ).

                            “Adorava quando meu avô chegava às 6h, buzinava e me pegava para a gente subir a serra. Para chegar ao sítio, que fica quase no Vale do Paraíba, em vez de Teresópolis ele preferia ir por Petrópolis”, recorda do programa preferido ao lado de Tom Jobim. “Na Serra Nacional dos Órgãos ele me falava dos macucos e do tipo de grota que eles gostavam. Do barulho da jacutinga comendo palmito na mata”, relata o neto, que, ao contrário do avô, cuja formação era à base de “ouvido”, cresceu nos livros, ganhando, portanto, base científica para entender de fauna e flora brasileiras.

                            “O pequi é ótimo para o reflorestamento”, comemora a oportunidade de levar uma muda da fruta para o sítio. “Tem de testar para aclimatá-lo ao local, onde os papagaios estão em declínio, diante do tráfico de animais e outras ameaças”, lamenta. Morador de Ipanema, o músico não esconde a paixão pelas belezas da Cidade Maravilhosa, “daquele azul da praia inspiradora”, justifica.

                            A influência maior na formação musical, segundo Daniel, vem do pai, Paulo Jobim. “Assim que comecei a tirar músicas no piano, ele rapidamente me colocou para tomar aulas”, recorda. “Ficava ansioso com os sintetizadores, as trocas de timbres”, afirma Daniel, que, pouco depois, já tocava graças às aulas com Evandro Ribeiro Rosa. “A técnica e a linha dele eram a mesma da Lúcia Branco, professora do meu avô, com quem o Evandro também estudou”.

                            Rebelde assumido, muitas vezes o próprio Tom chamava o neto e dizia: “Não estuda!”, recorda Daniel, que, além do piano, prestou vestibular para geografia, na PUC-RJ, e para regência, na UniRio, onde, mesmo com a classificação em primeiro lugar, nunca frequentou o curso. Aulas propriamente ditas ele teve ainda com o músico Antonio Adolfo, com quem estudou arranjos e harmonia, além de Ana Cândida, amiga da família, com quem fez piano clássico. “O meu grande professor foi Antonio Adolfo”, diz Daniel, que toca violão apenas de curiosidade. “E muito mal”, faz questão de acrescentar.

                            Clássicos

                            Além da oportunidade de usar as ideias harmônicas do chefe da prole musical, Daniel recorda que o avô recomendava a ele que escolhesse canções clássicas para estudar. O grande desafio para o compositor, gostava de dizer Tom, é a trilha para cinema, que o neto ainda não teve coragem de experimentar. No repertório dos shows que faz mundo afora (Europa, Estados Unidos e Japão), as canções de Tom são destaque. “Elas são a base”, aponta, admitindo que tem de dar continuidade à obra do avô.

                             “Dizem que o grande artista faz sempre o mesmo show. E Tom falou para a gente continuar tocando suas músicas. Uso a base, sempre, acrescentando algo.” Como quando tocou uma canção do astro pop Michael Jackson junto a uma do avô. As músicas de Tom que não podem faltar em show de Daniel são tantas que ele até se perde na hora de listá-las. A campeã, ele garante, é Águas de março.

                            Em casa, Tom adorava tocar com Daniel. “Era Brahms, Chopin e Debussy todo dia”, recorda, lembrando que como o avô acordava muito cedo, ele sempre aparecia para tocar com ele trazendo partituras, como as das mazurcas de Chopin, entre outras. Amigos de Tom, como Vinicius de Moraes, Chico Buarque, Milton Nascimento e Caetano Veloso, acabaram também se entrosando com Daniel, cujo apelido de infância é Pipo. Como foi amigo de colégio de Moreno Veloso, Caetano acabou se tornando a amizade com maior regularidade de encontros.

                            Paixão pela voz

                            Daniel revela que, “há séculos”, vem preparando o disco solo que poderá sair ainda este ano. Além de integrar o Quarteto Jobim Morelenbaum, ao lado do pai e do casal Jaques e Paula Morelenbaum, Daniel também faz parte do Jobim Trio, com o pai e Paulo Braga. Com os parceiros Ronaldo Bastos e Dudu Falcão, o pianista está sempre compondo melodias. Já com Pedro Baby, filho de Pepeu Gomes e Baby do Brasil, ele fez letras para duas canções. Já com o avô, a parceria se resumiu aos estúdios, onde produziu Antonio Brasileiro, o último álbum de Tom Jobim, de 1994, que contou com as participações de Dorival Caymmi e Sting.

                            Participar eventualmente de uma trilha de novela é, na opinião da Daniel Jobim, importante para chegar ao público. “Nos Estados Unidos, são os filmes e as séries, aqui são as novelas”, compara o cantor-compositor, que dividiu com Xuxa a interpretação do clássico Garota de Ipanema, da parceria do avô com Vinicius de Moraes, para a trilha de Aquele beijo, da TV Globo. “As novelas são um bom canal, mas não o único. Precisamos de outros”, reivindica o herdeiro de Tom. A vontade de fazer dueto com uma cantora permanece desde então. “Na época, Michael Sullivan me chamou, o Lincoln Olivetti fez o arranjo e cada um fez o seu trabalho. Foi profissional: fiz a minha parte, o Lincoln a dele e a Xuxa a dela”, revela, sem se incomodar com as críticas à parceria.

                            “Adoro o coro feminino que meu avô usava em sua música. As vozes femininas abrindo em harmonia, timbrando, é muito bacana. Gosto também de homens cantando no agudo, como o Bituca”, afirma. “Música não é só aqui embaixo”, pondera o pianista, que, além de Bebel Gilberto, já tocou com Paula Morelenbaum, do Quarteto Jobim Morelenbaum.

                            Lixo no Brasil


                            Defensor da música em qualquer veículo, Daniel revela que adora ouvir rádio para saber o que está atraindo o público. “Atualmente, está tudo muito ruim. As pessoas estão ouvindo coisas péssimas, é lixo total”, protesta o pianista, evitando críticas diretas a artistas novos ou antigos.

                            Luxo no Japão

                            A julgar pelo gosto do japonês, um povo de cultura e educação milenares, Daniel acredita que a bossa nova estará viva daqui a 5 mil anos. “Eles sabem tudo da bossa. Há lojas com estantes dedicadas ao gênero, ronologicamente, com a discografia completa de todos os artistas do movimento”.

                            Ex-presidentes da CDH repudiam declaração

                            folha de são paulo

                            DE SÃO PAULODE BRASÍLIAA declaração do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) não foi bem recebida por ex-presidentes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
                            Para a deputada federal Manuela D´Ávila (PC do B-RS), que presidiu a comissão em 2011, o discurso do colega reforça a tese de que ele não pode ocupar a presidência.
                            "Mais uma vez, ele mostra desequilíbrio, inclusive emocional, para presidir uma comissão. É um cargo que exige parcimônia, respeito", disse a deputada.
                            "Ao mencionar que, antes dele, Satanás ocupava esse lugar, indiretamente atinge os ex-presidentes. O deputado mostra que não tem condições de ser o presidente", afirma Manuela.
                            A deputada federal Iriny Lopes (PT-ES), que dirigiu a mesma comissão em 2010, repudiou de maneira enfática a fala de Feliciano. Para ela, o deputado é um "vexame" e "empobrece o parlamento".
                            "Esse pastor é um ridículo. É um vexame e deveria se mancar e não expor à Câmara ao ridículo. Isso não é polêmica [as declarações do pastor]. É um retrato dele. Uma pessoa sem conteúdo. Está jogando para a plateia, para aparecer para a sua base e fazer campanha para 2014. É um desqualificado. Não entende que o Congresso é uma casa de representação."
                            Segundo ela, o PT, que tradicionalmente comandava a comissão e abriu mão de sua diretoria este ano, não pode ser responsabilizado pela ascensão do pastor ao cargo de presidente da Comissão de Direitos Humanos.
                            "Onde está escrito que um partido tem de presidir a vida toda uma comissão? Não se pode imputar esta situação ao PT. A responsabilidade é de todos os partidos", disse.
                            Antecessor de Feliciano no cargo, Domingos Dutra (PT-MA) também criticou a declaração. "Cada vez que fala, ele se encrenca. Ele ofende os demais colegas", disse.
                            Dutra afirmou que vai consultar outros colegas para saber da possibilidade de entrar com uma representação contra o pastor no Conselho de Ética por causa das declarações dele.

                              NAS PISTAS » Raulzito aprovaria-Ailton Magioli‏

                              Filha de Raul Seixas lança o CD Geração da luz, com remixes de algumas das mais populares músicas do pai. Material foi recolhido em arquivos de várias gravadoras 


                              Ailton Magioli

                              Estado de Minas: 01/04/2013 04:00

                              Censurada em 1973, a versão original de Como vovó já dizia (Óculos escuros), de Raul Seixas (1945–1989), mais conhecida pela verso “quem não tem colírio usa óculos escuro”, é destaque no repertório de Geração da luz, o primeiro disco solo da DJ Vivi Seixas, de 31 anos, filha do cantor e compositor. “Na época, meu pai teve de mudar a letra para poder gravar a canção”, conta a filha, admitindo que o lendário roqueiro baiano ficaria feliz com a iniciativa dela.

                              Depois de perambular pelas gravadoras que tiveram Raul em seu cast, Vivi teve acesso a uma série de fitas originais, nas quais o pai registrou alguns de seus clássicos a capela. Agora finalmente ela teve oportunidade de trabalhar todas, remixando e regravando o material com a ajuda de músicos como Arnaldo Brandão (baixo e guitarra), Donatinho (teclados) e Plínio Profeta (baixo, guitarra e theremin), com quem divide a produção do CD, ao lado de Mike Frugaletti.

                              Ainda atual

                               “Agradar a todos é impossível”, consola-se Vivi, reagindo às críticas ao disco, que já começam a rolar nas redes sociais. “Há fãs de meu pai que não aceitam a música eletrônica, há os meus fãs e os do meio, que já gostam”, justifica a artista, cuja estreia fonográfica ocorre nove anos depois da estreia profissional como DJ. “Comecei, na verdade, em 2004”, recorda Vivi Seixas, que dois anos depois já tinha o registro da profissão. Na opinião de Vivi, depois de perceber que ela não era cantora, mas DJ, os fãs começam a entender o trabalho dela.

                              A demora em gravar, diz, se deve a seu desejo de consolidar a carreira de DJ, ser respeitada na cena. “Queria separar as coisas, ser boa no que faço”, justifica a moça, que conquistou vários prêmios e ficou em terceiro lugar na categoria de Melhor DJ Feminino de House, do DJ Sound Awards, promovido pela revista DJ Sound.

                              Segundo Vivi, a letra da música que dá título ao CD, Geração da luz, foi feita pelo pai em parceria com a mãe, Kika Seixas, para incentivar as novas gerações. “Eu já ultrapassei a barreira do som/ Fiz o que pude às vezes fora do tom/ Mas a semente que eu ajudei a plantar já nasceu!!!”, dizem os versos da canção. Na abertura do disco, o próprio Raul saúda os jovens, em discurso à maneira originalíssima dele.

                              Mas, afinal, o que o remix acrescenta à música de Raul? “A música de meu pai é que acrescenta à eletrônica”, diz Vivi Seixas, para quem a música eletrônica não passa mensagem. “As letras de meu pai por si só já trazem mensagem, além de ser atemporais. Nem parece que ele morreu há 20 anos. As músicas de Raul podem até ser antigas, mas as letras são atuais”, defende a filha.

                              O lançamento oficial de Geração da luz será dia 10, na Galeria Café, Ipanema, no Rio de Janeiro. A turnê nacional ainda está sendo avaliada pela DJ, que pretende incorporar os músicos que participaram da gravação. “Tenho de ver a disponibilidade do Donatinho e do Arnaldo Brandão”, diz, admitindo que provavelmente eles possam viajar apenas em ocasiões especiais.

                              EM ESPANHOL
                              A versão de Metamorfose ambulante em espanhol é outro destaque do disco de Vivi Seixas, que incluiu também no repertório Rock das aranhas, Mosca na sopa, Só pra variar e Conversa pra boi dormir, entre outras. Clássico dos clássicos de Raulzito, a gravação de Gita à capela se perdeu nos arquivos das gravadoras. Mas Vivi Seixas diz que tem repertório para um segundo volume. Além de Vivi, Raul Seixas teve mais duas filhas: Scarlet Vaquer Seixas e Simone Andrea Vannoy.