sexta-feira, 11 de abril de 2014

TeVê

TV paga


Estado de Minas: 11/04/2014



 (Juliana Coutinho/Divulgação )

Quem sabe faz ao vivo


Samantha Schmütz (foto) é mais conhecida por suas participações em programas de humor, mas a artista também canta e dança e ainda adora sapateado. E se engana quem pensa que a vida está fácil para ela. Na verdade, Não tá fácil pra ninguém é o nome de seu novo programa, que estreia hoje, às 22h, no Multishow. Na atração, Samantha brinca com situações cotidianas em esquetes de humor e números musicais com a participação da Banda Brasov. Estão previstas as participações especiais da cantora Ana Carolina e do humorista Paulo Gustavo.

Meninas superpoderosas
na Chapada Diamantina


Depois do Sul do Brasil e Uruguai, a meninas do programa Sem destino foram parar na Chapada Diamantina, no interior da Bahia. No episódio de hoje, às 21h30, no Multishow, as belas Julia Ericson, Raquel Iendrick, Carol Guarnieri e Gabriela Pinazzo começam explorando a cidade de Lençóis, indo até a Cachoeira do Mosquito. De bicicleta, encaram uma longa pedalada até a tirolesa no Poço do Diabo. Para fechar o dia de aventuras, elas correm para chegar a tempo de se despedir do sol do alto do Morro do Pai Inácio.

Já Diego Buñuel faz um
passeio pela Antártida


Passeio radical faz Diego Buñuel em episódio inédito de Não tá no guia, às 23h15, no NatGeo. O destino é a Antártida. Ele faz uma viagem de seis horas e meia desde a Cidade do Cabo, na África do Sul, a bordo de um avião soviético de carga, até o continente mais frio e mais seco do mundo. Diego acompanha os cientistas cujas pesquisas têm impacto de longo alcance e vive experiências únicas, como explorar uma profunda gruta de gelo e aproximar-se do mais conhecido morador do local: o pinguim-imperador.

Ação, drama e humor
no pacotão de cimema


Amantes da ficção científica têm encontro marcado hoje no Megapix, que emenda os filmes Alien Vs. Predador (20h35) e Predadores (22h30). No Telecine Cult, continua a sessão de faroeste na madrugada, com O grande búfalo branco (0h10) e A trilha da amargura (2h). Outro destaque de hoje é o drama Cru, de Jimi Figueiredo, às 22h, no Canal Brasil. E no Arte 1, às 21h30, um clássico do cinema francês: O pecado original, de Jean Cocteau. Na faixa das 22h, o assinante tem mais seis opções: The Avengers – Os Vingadores, no Telecine Action; O ex-namorado da minha mulher, no Telecine Fun; Late bloomers – O amor não tem fim, no Max; Príncipe da Pérsia – As areias do tempo, no Max Prime; O reverso da fortuna, no Sony Spin; e Taxi driver, no TCM. Outras atrações da programação: Gran Torino, às 20h10, na Warner; Jackass 3.5, às 21h30, no Universal; O sangue de Romeu, às 22h15, na MGM HD; Se eu fosse você 2, às 22h30, na Fox; Missão madrinha de casamento, também às 22h30, na TNT; e O traidor, às 22h45, no Cinemax.


CARAS & BOCAS » Getúlio Vargas no cinema
Simone Castro

Tony Ramos é o convidado de Simone Zuccolotto no Cinejornal, que vai ao ar amanhã, no Canal Brasil (Canal Brasil/Divulgação)
Tony Ramos é o convidado de Simone Zuccolotto no Cinejornal, que vai ao ar amanhã, no Canal Brasil

Volta ao cinema e à TV. O ator Tony Ramos falou sobre os próximos trabalhos no bate-papo com a apresentadora Simone Zuccolotto, do Cinejornal, que vai ao ar amanhã, no Canal Brasil (TV paga). Entre outros pontos, abordou a responsabilidade de interpretar Getúlio Vargas na telona. “Quando o João Jardim e o George Moura me disseram que eram os últimos 19 dias de vida desse personagem histórico, entrei de cabeça no projeto e tentei fazer o meu Getúlio, não queria imitar o ex-presidente”, disse o ator, que comemora 50 anos de carreira em 2014. Tony Ramos também contou sobre sua próxima novela, Rebu, remake que irá ao ar no horário das 23h na Globo, ainda neste semestre, e adiantou a possibilidade de filmar Se eu fosse você 3, sucesso que dividiu nas duas franquias anteriores com Glória Pires. O ator revelou o interesse em trabalhar com diretores mais autorais, como o pernambucano Cláudio Assis. “Em 50 anos de carreira, nunca fui leviano. Conduzo minha profissão com humor, mas não é uma brincadeira. Apesar de me divertir muito, levo a sério a minha carreira”, afirmou.

GAME OF THRONES TERÁ
MAIS DUAS TEMPORADAS


Game of thrones, cuja quarta temporada estreou no domingo, já tem outras duas garantidas, segundo anúncio da HBO (TV paga). Ganhadora de dois Emmys em 2011 e seis Globos de Ouro em 2012, a série se baseia nos famosos livros de fantasia épica As crônicas de gelo e fogo, de George R. R. Martin. O elenco da série traz, entre outros, Peter Dinklage (Tyrion Lannister), Nikolaj Coster-Waldau (Jaime Lannister), Emilia Clarke (Daenerys Targaryen) e Kit Harington (Jon Snow), entre outros. A quarta temporada conta com novas participações, como Pedro Pascal (Oberyn Martell) e Indira Varma (Ellaria Sand, amante de Oberyan). Game of Thrones tem 10 episódios de uma
hora cada.

 (Globo/Divulgação)


O GALO BENÉ


Em Meu pedacinho de chão, um galo dos ventos, que do alto de um telhado vê tudo e sabe de tudo o que se passa na Vila de Santa Fé, também tem uma tarefa: despertar todas as manhãs o vilarejo onde se passa a trama. O nome do adorável personagem é Bené e não é coincidência ter sido batizado com um diminutivo de Benedito Ruy Barbosa. Ele foi idealizado pelo diretor Luiz Fernando Carvalho para homenagear o autor da novela. “Nada mais emocionante do que estar frente ao Benedito para ouvir seus ‘causos’ e histórias. Essa fluidez da narrativa oral ele transpõe magistralmente para as rubricas e exclamações de seus personagens. Mas não são palavras escritas para serem ditas, pertencem ao texto apenas no sentido de orientar o tom certo para os atores e a direção. Resolvi homenagear não só este traço de sua linguagem, mas seu próprio autor, oferecendo estas rubricas também aos telespectadores”, explica. O galo é uma animação em stop motion, técnica que utiliza a disposição sequencial de fotografias diferentes de um mesmo objeto inanimado para simular o seu movimento. Cada 18 segundos de cena, por exemplo, correspondem a mais de 400 movimentos, o que consome, em média, três dias de trabalho. O público também poderá interagir com o galinho por meio de um aplicativo gratuito exclusivo para celulares com os sistemas operacionais Android e iOS. O usuário conta com um despertador animado que permite criar alertas personalizados. O “sim” de alerta é o grito do Galo Bené. Para baixar o aplicativo – Para iOS: itunes.apple.com/br/app/despertador-do-galo/id852535951?mt=8. Para Android: play.google.com/store/apps/details?id=air.com.tvglobo.despertador.

VIVA
Estreia de nova temporada de Pé na cova (Globo), especialmente no flashback dos principais personagens. O destaque foi a atriz Paula Frascari, que interpretou Darlene, personagem de Marília Pêra, que se afastou do programa temporariamente. Ela recriou, com perfeição, todos os trejeitos da alcoólatra.

VAIA
Episódio de estreia da nova temporada de Tapas & beijos (Globo) não empolgou. Como sempre, encontros e desencontros amorosos dos protagonistas. Mais do mesmo. O seriado já vinha com alguns altos e baixos na temporada anterior. Agora precisa ser renovado pra valer. Fôlego para tanto ainda tem. 

Idiomas criados pelo homem obedecem a alguns padrões universais

GRAMÁTICA UNIVERSAL » Receita linguística



Roberta Machado

Estado de Minas: 11/04/2014 



Brasília – A ordem dos fatores altera, sim, o produto. Ao menos no campo das palavras, que causam estranhamento quando aparecem fora do lugar de costume. Isso ocorre porque a mente humana demonstra uma preferência natural por certa disposição dos termos em uma sentença. A regra é seguida instintivamente quando vamos escrever, falar ou aprender uma nova língua. De acordo com um estudo da Queen Mary University, de Londres, as pessoas seguem um padrão ao escolher o ordenamento das palavras, dando mais destaque, por exemplo, aos adjetivos do que aos numerais.

Os pesquisadores montaram uma pequena série de experimentos para entender como os falantes da língua inglesa compreendem a ordem natural de uma frase: se eles seguem uma estrutura padrão, em que os verbetes vêm sempre na mesma ordem, ou se o mais comum é arranjar a sentença de acordo com a importância do sentido, dando prioridade às palavras que modificam o sentido do objeto em relação a outros complementos. O primeiro caso foi chamado pelos estudiosos de “superficial”, enquanto a conversação focada no sentido foi determinada como “estrutural”.

Para chegar a uma resposta, os linguistas criaram um idioma que foi ensinado a 160 voluntários e, depois, colocado à prova para que o instinto dos falantes se revelasse. O novo dialeto, na verdade, era uma versão invertida do inglês, que usava verbetes dessa língua mas com sua disposição alterada. Se o normal para os anglofônicos é colocar o adjetivo antes do substantivo – por exemplo, a expressão carro azul, em inglês, é blue car –, a linguagem aprendida pelos participantes invertia essa lógica: nela, o correto era dizer car blue.

Os cientistas apresentaram várias frases para os voluntários, cada uma com um tipo de complemento colocado depois do substantivo: adjetivo, numeral e demonstrativo. Ao fim das aulas, os voluntários tinham tido contato com diversas combinações invertidas, como car blue, car four e car that (azul carro, carro quatro e carro aquele, na tradução em português). Com base no que aprenderam, as pessoas tiveram, então, de montar expressões mais complexas por conta própria.

A questão que interessava os autores era: na hora de produzir uma combinação maior, de um substantivo e dois complementos, por exemplo, qual dos complementos viria antes? Os participantes prefeririam dizer car four blue ou car blue four? De acordo com o dialeto inventado, as duas formas seriam teoricamente corretas, já que, em nenhum momento do experimento, uma apresentação do tipo havia sido mostrada aos voluntários. “A primeira (car four blue) é como a ordem em inglês, porque o número vem antes do adjetivo. Mas a segunda é como o inglês de uma forma diferente: o adjetivo fica mais perto do substantivo”, explica Jennifer Culbertson, pesquisadora de linguística da Queen Mary University que conduziu o estudo.

A grande maioria dos participantes (94%) montou as frases posicionando o adjetivo mais próximo ao substantivo (car blue four). Quando havia três complementos, o demonstrativo aparecia, geralmente, em último (car blue four that). Essa escolha é uma versão invertida do que seria a ordem natural do inglês tradicional, mostrando, segundo os pesquisadores, que os falantes dessa língua pensam nos verbetes de acordo com uma hierarquia semântica. Ao “espelhar” a construção da sentença, os participantes, inconscientemente, obedeciam ao isomorfismo da língua, e não à ordem superficial dela.

Para os autores do estudo, os resultados podem ser um reflexo de uma propriedade arraigada no sistema cognitivo humano, como um instinto natural da espécie. Pode ser que a preferência dos participantes esteja ligada ao conhecimento da própria língua inglesa, que também segue a regra da hierarquia semântica, mas, baseados em uma série de outros trabalhos, os linguistas defendem que a origem dessa escolha está nos genes, em um talento que é inerente à mente humana, e não aprendido ao longo da vida.

Se as respostas dos participantes forem as mesmas com grupos russos, espanhóis ou brasileiros, isso apoiará a teoria de que as pessoas falam e escrevem de acordo com uma gramática universal, um tipo de conjunto de regras linguísticas que formam todas as línguas naturais do mundo. “Acreditamos que (os resultados) seriam os mesmos se as relações semânticas entre palavras, e como elas são usadas para formar uma ordem linear, forem universalmente preferidas. O resultado seria o mesmo não importa em que língua. Esperamos investigar isso em trabalhos futuros”, diz Culbertson.

O conceito de uma gramática universal surgiu há mais de oito séculos, mas só ganhou força a partir da década de 1950, com a publicação de trabalhos de Noam Chomsky. Esse filósofo e linguista enfrentou o pensamento behaviorista ao defender a ideia de que toda pessoa nasce com a habilidade inerente de aprender qualquer língua no mundo. De acordo com ele, todas as linguagens seriam, de alguma forma, desenvolvidas com base nesse instinto de comunicação – obedecendo os conceitos que o cérebro “compreende” naturalmente, como a diferenciação de palavras em diferentes classes e a disposição dessas classes em uma ordem lógica nas frases.

Avanço contra a diarreia‏

Avanço contra a diarreia 
 
Compreensão do ataque de parasita pode levar a remédios contra o mal, segunda causa de morte de crianças até 5 anos no mundo 
 
Isabela de Oliveira
Estado de Minas: 11/04/2014


A diarreia mata 2.195 crianças diariamente e faz mais vítimas do que a Aids, a malária e o sarampo juntos. Essa é a segunda causa de morte entre meninos e meninas entre 1 mês e 5 anos no mundo inteiro, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Pouco se ouve falar do problema nos países e nas regiões onde as condições de saneamento básico são razoáveis ou boas, mas, para populações pobres – inclusive brasileiras – , o quadro é de uma realidade ameaçadora. Diante da incidência preocupante, pesquisadores têm dispensado esforços contínuos para compreender os mecanismos da infecção que causa a diarreia.

O resultado mais recente dessa busca foi apresentado ontem na revista Nature. Uma equipe liderada por Katherine Ralston, da Universidade da Virgínia (EUA), traz informações inéditas sobre como um dos patógenos causadores do mal, a Entamoeba histolytica, ataca o organismo. Segundo os pesquisadores, a infestação é muito mais violenta do que parecia ser.

O nome histolytica se deve à capacidade da ameba de destruir tecidos do hospedeiro para alimentar-se deles. Até agora, acreditava-se que a morte das células ocorria antes da ingestão, como resultado da ação de substâncias tóxicas produzidas pela invasora. O novo estudo, contudo, derruba essa informação, mostrando que, na realidade, as amebas devoram as células ainda vivas (veja infografia). A compreensão desse mecanismo deve levar a tratamentos mais eficazes de combate ao parasita.

Mordida A conclusão é resultado de pesquisas em laboratório feitas nos últimos cinco anos para o trabalho de pós-doutorado de Katherine. Ela foi supervisionada pelo pesquisador-sênior William Petri Junior, que estuda o micro-organismo há mais de duas décadas. “A infecção por E. histolytica, conhecida como amebíase, é muito comum em ambientes de baixa renda. As doenças diarreicas são uma das principais causas de morte entre os pequenos. Gostaríamos de obter uma melhor compreensão de como esse organismo causa a doença para podermos preveni-la”, diz a pesquisadora.

Um dado surpreendente do estudo de Katherine Ralston é que a agressão da ameba eleva a quantidade de cálcio na célula, levando-a à morte. Esse processo, chamado trogocitose, parecia ser restrito ao sistema imune (quando os anticorpos extraem fragmentos do citoplasma ou da membrana celular de um invasor) e a pouquíssimos outros micro-organismos. Agora, a cientista mostrou que a E. histolytica usa a mesma arma para destruir o tecido intestinal.

“Essa é a primeira demonstração de que a trogocitose também serve para matar células (inatas do corpo humano). Isso muda a nossa compreensão da amebíase e sugere que esses parasitas invadem e danificam o intestino anfitrião mordiscando as células vivas que revestem o órgão. Curiosamente, outros estudos publicados indicam que a ameba Naegleria fowleri também mordisca. Portanto, esse processo poderia ocorrer em mais micro-organismos”, contextualiza Katherine.

Mais violentas Em 2010, estudo publicado na revista Nature Immunology sugeriu que a trogocitose evoluiu como uma forma de as células adquirirem alimento a partir de outras. Isso também serviria como um meio de comunicação entre elas. A nova pesquisa sustenta a hipótese de uma origem primitiva para o comportamento, que parece aumentar a virulência do parasita. No entanto, ainda não se sabe o que faz com que algumas amebas optem pela fagocitose e outras pela trogocitose.

Mais um dado inesperado é de que os parasitas que atacaram as células anteriormente parecem “sentir mais fome”, mordiscando mais células e, consequentemente, matando mais. Os pesquisadores levantaram a hipótese de que a trogocitose altera o comportamento da E. histolytica. Para Douglas Albernaz, biomédico parasitologista da Universidade Católica de Brasília (UCB), esses resultados são inesperados e explicam a virulência do micro-organismo. Albernaz destaca que as mordidas são uma forma de a ameba criar fissuras nas paredes intestinais que possibilitam a penetração no tecido conjuntivo. Essa invasão gera úlceras no órgão e aumenta as chances de o parasita chegar à corrente sanguínea.

Tamanha agressividade, diz o especialista, não é vista em outras amebas. “Se ela cair no sistema sanguíneo, alcança outras partes do corpo, principalmente o fígado, gerando lesões nele também”, diz o professor, que não participou do estudo. Para ele, os resultados alertam para a necessidade de mais pesquisas sobre formas de frear a trogocitose parasitária.


Tratamentos Esse caminho já está sendo trilhado pela equipe de Katherine Ralston, que busca formas de bloquear os mecanismos que ajudam o micro-organismo invasor a reconhecer e se ligar às células humanas. A cientista tem dois alvos de análise: as proteínas lectina e EhC2PK. “A primeira é encontrada fora da ameba e permite que o parasita se prenda à célula hospedeira ao ligar-se a açúcares na superfície delas. A lectina também proporciona o impulso inicial para que as amebas ataquem”, descreve. Ela diz que essas características fazem da lectina uma candidata para o desenvolvimento de vacinas que induzirão o indivíduo a produzir anticorpos que se ligarão à ameba para bloquear o ataque.

A outra esperança é a EhC2PK, que se encontra no interior do patógeno e desempenha papel nos sinais de reprodução do micro-organismo durante a ingestão. “Descobrimos que, se construirmos amebas mutantes que expressam uma versão alterada dessa proteína, a capacidade de trogocitose diminui. O fato de essa proteína ser encontrada apenas em amebas e não em humanos pode viabilizar o desenvolvimento de drogas”, defende a autora.

Internações

Dados da ONG Instituto Trata Brasil mostram que, em 2011, 396.048 pessoas foram internadas por diarreia no país. Dessas, 138.447 (35%) eram crianças menores de 5 anos. E em 45% dos 100 municípios analisados, mais de 50% das internações foram de pacientes nessa faixa etária. As regiões Norte e Nordeste apareceram entre 2009 e 2011 como as áreas com as taxas mais elevadas de internações por diarreias: sete das 10 cidades com pior desempenho eram dessas regiões. Em 2011, os gastos do Sistema Único de Saúde com internações devido ao problema foi de R$ 140 milhões. Nas 100 maiores cidades, o gasto foi de R$ 23 milhões, ou seja, 16,4% do total investido em atenção básica. 

Palavra de especialista
Lívia Vanessa Ribeiro Gomes, chefe do Núcleo de Infectologia do Hospital de Base do DF
Problema de muitas origens

“Existem várias causas para a diarreia. A mais comum é a gastroenterite (infecção intestinal) por intoxicação alimentar (vírus, bactérias e toxinas bacterianas), mas o problema pode ser um sinal de outras enfermidades, como intolerâncias alimentares e doenças inflamatórias intestinais ou até mesmo imunodeficiências. Ao contrário da disenteria, que é uma doença inflamatória dos cólons (intestino grosso) de origem infecciosa, a diarreia, em geral, é autolimitada. Ou seja, a própria atividade inflamatória e o aumento da motilidade do intestino podem eliminar os possíveis agentes infecciosos causadores, não sendo necessário, na maioria dos casos, o uso de antibióticos ou agentes antiparasitários específicos. A desidratação grave é a maior causa de morte relacionada, principalmente em crianças. No entanto, dependendo do agente infeccioso e da falta de assistência, o paciente pode morrer de infecção generalizada.” 

A cidade de cada um - Carlos Herculano Lopes‏

A cidade de cada um
Carlos Herculano Lopes

carloslopes.mg@diariosassociados.com.br
Estado de Minas: 11/04/2014




Há alguns anos, os jornalistas José Eduardo Gonçalves e Silvia Rubião, num destes momentos de inspiração que às vezes costumam nos aparecer, tiveram uma ideia das melhores: fazer mapeamento físico e sentimental de prédios, instituições de ensino, bairros, acidentes naturais ou locais públicos importantes de Belo Horizonte, e convidar escritores, de preferência que morassem por aqui, ou tivessem ligação afetiva com o tema a ser abordado, para escrever a respeito.

Foi assim que, um após o outro, os livros da Coleção BH – A cidade de cada um foram surgindo, até chegar agora ao volume 25, Centro, escrito pelo poeta Antonio Barreto – lançado recentemente. Mineiro de Passos, no Sul do estado, há anos Barretão aportou em BH, cheio dos reco-recos, e fez sua a cidade da qual é cidadão por vontade e direito.

Corre a lenda de que Micítaus do Issás, o Macário, ao ficar conhecendo o recém-chegado, lá na Cantina do Lucas, onde imperava tomando conhaque e escrevendo versos em guardanapos, teria disparado, com sua verve ferina: “O moço não é interessante, mas interessado”. Foi o bastante para dar boas gargalhadas, tornarem-se amigos e cúmplices em sonhos literários. Estes costumavam se estender madrugada adentro, no Bar do Espanhol, Bar da Esquina, Pelicano, Bar do Chico, Gruta Metrópole, Scotellaro e incontáveis estabelecimentos, desde que a cerveja estivesse gelada.

Bem antes disso, já no distante 2004, para inaugurar a coleção, referência e tanto para quem quiser conhecer um pouco da história da capital mineira, foi chamado o jornalista e escritor Wander Piroli, este sim, belo-horizontino da gema. Nascido na Lagoinha, para a qual, nos idos da construção da cidade, chegaram levas de famílias italianas, entre elas a sua, coube ao autor de O menino e o pinto do menino a tarefa, que executou com a conhecida competência, de escrever sobre o bairro.

Para falar do Parque Municipal, que continua resistindo bem no coração de BH, com seus barquinhos no lago, os “mexicanos”, rodas-gigantes, carrinhos de pipocas que fazem a alegria da criançada e alguns lambe-lambes, cada vez mais raros, foi convidado o professor Ronaldo Guimarães. A propósito, o escritor – pasmem! – foi criado dentro do parque, brincando entre árvores, já que seus pais trabalhavam e moravam no local.

Coube ao compositor e cronista Fernando Brant, que dispensa apresentações, contar a história do Mercado Central. O Estádio Independência, que voltou a ser palco de grandes partidas de futebol, foi tema de Jairo Anatólio Lima. A Praça Sete, onde o improvável ocorre, serviu de inspiração para Ângelo Oswaldo. Celina Albano falou do Cine Pathé; Jorge Fernando dos Santos, do Bairro Caiçara; João Antônio de Paula, da Livraria Amadeu; Luis Giffoni descreveu a Serra do Curral; Márcia Cruz, nossa colega aqui no Estado de Minas, retratou o Morro do Papagaio, onde passou a infância tendo o horizonte a seus pés, e assim por diante, pois devido à limitação do espaço não dá para falar de todos.

Voltando ao Centro, livro de Antonio Barreto do qual tenho a honra de ser um dos personagens – e que tem como cenário, como o nome sugere, a região central BH nos anos de 1970/80 –, lê-lo, como fiz de uma sentada, é realizar inesquecível viagem, recheada de humor e boas histórias (o autor jura que todas são verdadeiras) à capital mineira daqueles tempos. Quando para a nossa geração (hoje homens e mulheres com muitos cabelos brancos e poucos sonhos) a vida estava apenas começando.

Eduardo Almeida Reis - Pensamentos‏

Pensamentos
 
Sempre que você chega pontualmente a um encontro não há ninguém para comprovar, mas se chega atrasado todo mundo chega antes de você


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 11/04/2014

De vez em quando o pessoal recolhe frases e ditados conhecidos para rechear e-mails que parecem não ter fim. Transcrevo algumas e alguns para alegrar esta coluna, assaz macambúzia nos últimos tempos, macambuzice que não me deixa achar graça nas gracinhas acrescentadas às frases e aos ditados. Vamos lá.

O seguro cobre tudo, menos o que aconteceu. Quando você estiver com uma só mão livre para abrir a porta, a chave estará no bolso oposto. Duas mãos sujas de graxa provocam coceira no nariz. Não importa de que lado seja aberta a caixa de um medicamento, pois a bula sempre vai atrapalhar.

Se achas que as coisas começam a melhorar é porque algo te passou despercebido. Sempre que as coisas nos parecem fáceis é porque não entendemos todas as instruções. Os problemas não se criam nem se resolvem, se transformam. Você vai chegar ao telefone sempre a tempo de ouvir quando desligam.

Quando só existem dois programas que temos vontade de assistir, os dois passam na mesma hora. A probabilidade de que você se suje comendo é diretamente proporcional à necessidade que tem de estar limpo. Depois de anos sem usar, quando você decide jogar uma coisa fora, vai precisar dela na semana seguinte.

Sempre que você chega pontualmente a um encontro não há ninguém para comprovar, mas se chega atrasado todo mundo chega antes de você.

Entre as leis da atração universal, os remetentes de imensos e-mails destacam: pobre e funk; mulher e vitrine; homem e cerveja; chifre e dupla sertaneja; poste e carro de bêbado; moeda e carteira de pobre; tornozelo e pedal de bicicleta; fogão limpo e leite fervendo; político e dinheiro público; dedinho do pé e quina de móvel; camisa branca e molho de tomate; tampa de creme dental e ralo de pia; café preto e toalha branca; dezembro da Globo e Roberto Carlos; chuva e carro trancado com a chave dentro.

O modo mais rápido de encontrar uma coisa é procurar outra. Você sempre encontra aquilo que não está procurando. Quando te ligam, se você tem caneta não tem papel; se tiver papel não tem caneta; quando tem os dois, ninguém liga.

Quando você telefona para números errados eles nunca estão ocupados. Todo corpo mergulhado numa banheira ou debaixo do chuveiro faz tocar o telefone. Tamanho Único é sinal de que não serve para ninguém, muito menos para você. Qualquer esforço para agarrar um objeto que cai provoca mais destruição do que se o deixarmos cair naturalmente. Não adianta mudar de fila, porque a fila do lado é sempre mais rápida. Nada é tão fácil quanto parece nem tão difícil quanto a explicação do manual. Só existem dois tipos de esparadrapo: o que não gruda e o que não desgruda. Pessoa saudável é toda aquela que ainda não foi suficientemente examinada. Toda partícula que voa encontra um olho aberto.


Demissão
Sobrou para o doutor Nestor Cuñat Cerveró no escândalo da compra pela Petrobras de uma refinaria em Pasadena, Califórnia, vendida à empresa que o PT está terminando de destruir. Mr. Nestor Cerveró is a chemical engineer and has worked for Petrobras since 1975, when he worked in the refining sector. He was an Advisor to the CEO for New Business Development and, in the area of Gas and Energy, he was the General Director and the Manager of Thermoeletric Plants in the Supervisory Board of Holdings.

Na dissertação de mestrado de Luciana Cao Ponso “Formas de dançar o impossível” encontro a seguinte dedicatória: “Ao Bernardo Cerveró, que me faz olhar o mundo pela sua janela, com olhos insubordinados”. Pelo visto, o clã Cerveró se caracteriza pela insubordinação ocular, pois as fotos dos jornais nos mostram que o diretor demitido pela Petrobras tem o globo ocular esquerdo bem mais baixo e torto que o direito. E a mestranda pela UFF, que só faltou listar nos seus agradecimentos toda a população da Ucrânia, incluindo a Criméia, não se esqueceu de dizer: “Nestor Cuñat Cerveró, Patrícia Anne Cuñat Cerveró e Raquel Cuñat Cerveró, uma família igualmente amada”.

No Google tentei abrir as imagens para Cerveró e fui logo numa bailarina, foto esquisita (talvez seja a dança do impossível), mas o detector de vírus avisou que havia risco de contaminação, motivo pelo qual não abri a foto instigante. Contudo, se o doutor Nestor Cerveró trabalha mesmo na Petrobras desde 1975, são 39 anos de serviços prestados à pátria. Resta saber se ao dançar o impossível vai dançar sozinho ou pretende incluir no corpo de baile todos os que levaram algum cascalho na compra da refinaria de Pasadena.


O mundo é uma bola
11 de abril de 1814: em Fontainebleau, Napoleão Bonaparte abdica em favor de seu filho. Em 1899, a Espanha “cede” Porto Rico aos Estados Unidos. Em 1979 foi deposto o ditador de Uganda, marechal de campo Idi Amin Dada, um figuraço. Hoje é o Dia do Infectologista.


Ruminanças
 “O ladrão finge-se de cirurgião quando vai comprar luvas de borracha” (Ramón Gómez de La Serna, 1888-1963).