quarta-feira, 11 de junho de 2014

Entrevista com Reiner Klingholz - Maximilian Popp

Entrevista: Alemanha atrai número grande de imigrantes altamente qualificados

Maximilian Popp

  • Shutterstock
    Nos últimos anos, a Alemanha começou a atrair um grande número de imigrantes altamente qualificados
    Nos últimos anos, a Alemanha começou a atrair um grande número de imigrantes altamente qualificados
Nos últimos anos, a Alemanha começou a atrair um grande número de imigrantes altamente qualificados. O especialista em perfil demográfico Reiner Klingholz diz que isso pode ser vital para o futuro do país, apesar dos atuais problemas com a integração dos estrangeiros.
Spiegel – Klingholz, em seu estudo "New Potential" ("Novo Potencial", em tradução livre), você ressalta um paradoxo: apesar de a Alemanha ter se tornado um país que recebe muitos imigrantes, muitos problemas relacionados à integração dessas pessoas ainda não foram resolvidos.
Klingholz – Atualmente, as empresas alemãs estão atraindo imigrantes que são, em média, mais qualificados do que a população nacional. Em 2010, mais de um terço dos imigrantes provenientes do sul da Europa tinha nível universitário. Eles estão fazendo contribuições significativas para o bom estado da nossa economia. Aqueles que vieram para a Alemanha como trabalhadores convidados em décadas passadas geralmente tinham pouca qualificação. Isso significa que, hoje em dia, essas pessoas geralmente têm empregos mal remunerados ou estão desempregadas ou recebem baixas aposentadorias.
Além disso, os filhos dessas pessoas geralmente apresentam uma desvantagem educacional. Apenas uma em cada quatro crianças – ou 25% – filhas de imigrantes turcos consegue obter o diploma do ensino médio em escolas preparatórias para a universidade (Nota da tradutora: essas escolas, chamadas de Gymnasium, têm forte ênfase na aprendizagem acadêmica e destinam-se a preparar os alunos para entrar na universidade, ao contrário das escolas técnicas, por exemplo). Entre os filhos de pais alemães, essa taxa é de 43%.
Spiegel – Por que os filhos e netos de imigrantes turcos têm tanta dificuldade na escola e no mercado de trabalho?
Klingholz – Em toda a população alemã, o nível de escolaridade dos pais tem uma enorme influência sobre o sucesso escolar dos filhos. Dessa maneira, não é nenhuma surpresa que os filhos das famílias turcas que foram convidadas para trabalhar na Alemanha estejam entre aqueles que têm mais dificuldade na escola. Além disso, essas famílias frequentemente tiveram experiências negativas em relação à integração no país. Essas pessoas são discriminadas no mercado de trabalho devido a suas origens mesmo que tenham as qualificações necessárias. O resultado, muitas vezes, se reflete na seguinte crença: mesmo com mais educação, nós não seremos capazes de ascender na escada social.
Spiegel – Recentemente, milhares de turcos-alemães fizeram festa para homenagear o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, na cidade de Colônia. Esse é um sinal de que eles ainda não se sentem totalmente em casa na Alemanha?
Klingholz – Há várias razões para essas homenagens ao primeiro-ministro turco. Pessoas de origem turca de todos os estratos sociais participaram dessa homenagem. Mas aqueles que têm oportunidades limitadas aqui e não se sentem aceitos certamente anseiam por mais força e por sua terra natal. Para essas pessoas, Erdogan representa uma Turquia economicamente bem-sucedida e forte, mesmo que, na realidade, existam problemas significativos no país.
Spiegel – Como a integração desses imigrantes de classes sociais mais baixas poderia ser mais bem-sucedida?
Klingholz – As crianças devem ser matriculadas em creches de língua alemã em uma idade precoce. Tudo o que não pode ser oferecido em casa, pelos pais, deve ser oferecido pelo ensino público da primeira infância. E elas precisam ter exemplos positivos. Temos que mostrar para os jovens imigrantes que as pessoas de seu grupo podem ascender na escada social, mas que é necessário ter iniciativa pessoal. Mesmo alguém tão bom quanto (o astro do futebol profissional alemão) Mesut Özil não chegaria onde está sem esforço.
Spiegel – O governo da chanceler Angela Merkel se orgulha de ter tomado medidas para diminuir as regras relacionadas à obtenção da dupla cidadania. Há um bom motivo para todo esse orgulho?
Klingholz – O projeto de lei é sensato, pois permite que as crianças filhas de pais estrangeiros nascidas na Alemanha mantenham ambas as cidadanias depois de alguns anos. Para os imigrantes, no entanto, a dupla cidadania só é reservada às pessoas de certos países-membros da UE (União Europeia), por exemplo. Isso é incompreensível.
Spiegel – Atualmente, as questões relacionadas à integração são tratadas pelo Ministério do Interior. Será que isso faz sentido?
Klingholz – As questões relacionadas à segurança interna desempenham um grande papel entre os temas tratados pelo Ministério do Interior. Mas, com a imigração, o foco principal recai sobre as necessidades das empresas alemãs por trabalhadores qualificados. Dessa maneira, o Ministério da Economia provavelmente seria o melhor órgão para lidar com essa questão.
Spiegel – Os alemães têm um grande medo dos "imigrantes da pobreza", originários do Leste Europeu.
Klingholz – E, apesar disso, a Europa Oriental tem nos enviado um número maior do que a média de pessoas altamente qualificadas, como médicos e engenheiros. Em 2010, por exemplo, mais de 40% dos imigrantes romenos e búlgaros com idades entre 30 e 64 anos tinham diploma universitário. Muitas das pessoas com pouca qualificação que vêm desses países são trabalhadores sazonais. Mas o mercado de trabalho necessita desses dois grupos de trabalhadores. Sempre há, é claro, os imigrantes que sobrecarregam o nosso sistema de previdência social. Em 2010, a taxa de desemprego entre os romenos e os búlgaros que viviam na Alemanha era de 10%.
Spiegel – De acordo com seu estudo, a Alemanha é dependente da imigração.
Klingholz – Os "baby-boomers", aquelas pessoas que vieram ao mundo quando o número de nascimentos estava em alta, atualmente estão se aproximando da idade da aposentadoria. Por volta do ano 2030, haverá o dobro de pessoas se aposentando anualmente em relação ao total de jovens que estarão entrando no mercado de trabalho. Nem as empresas serão capazes de sobreviver sem a imigração nem será possível financiar os sistemas de previdência social sem os imigrantes.
Spiegel – Será que a imigração é capaz de acabar com as significativas mudanças demográficas que estão ocorrendo?
Klingholz – Não, mas ela pode amortecer o golpe. É verdade que os imigrantes tendem a ter entre 20 e 30 anos no momento em que chegam aqui e que, em média, costumam ter uma quantidade um pouco maior de filhos do que os nativos – eles diminuem a faixa etária da população em geral, tornando-a mais jovem. Mas eles também envelhecem, e a taxa de natalidade entre os grupos de imigrantes tende a cair para os níveis mais baixos que observamos atualmente aqui na Alemanha no período de uma geração.
Ampliar

Fotógrafo cruza as Américas para retratar imigração6 fotos

1 / 6
Uma mostra no Museu Nacional de Belas Artes do Chile, em Santiago, destaca o trabalho do fotógrafo holandês Kadir Van Lohuizen, que percorreu as Américas do Sul, do Norte e Central para retratar a vida dos imigrantes no continente. Na foto, a família Hueitra, que é mapuche do sul do Chile, e agora mora no bairro pobre de Cerro Navia, na capital do país, Santiago. A imagem mostra a atual casa do grupo aborígene Leia mais Kadir van Lohuizen/NOOR
Tradutora: Cláudia Gonçalves 

Frei Betto - Fome de pão e justiça‏

Fome de pão e justiça 

Se não há carência de alimentos nem excesso de bocas, é obvio que o que falta é a justiça social 
 
Frei Betto
Escritor, autor do romance Minas do Ouro (Rocco), entre outros livros
Estado de Minas: 11/06/2014


Olivier De Schutter, belga, 45 anos, encerrou neste semestre seu mandato de seis anos como relator da ONU para o direito à alimentação. Declarou que, se dependesse de uma única decisão para erradicar a fome no mundo, optaria pela “generalização da proteção social” que, nos países pobres, representaria menos de 7% do PIB.

 Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), há 842 milhões de pessoas (12% da população mundial) em situação de desnutrição crônica. De Schutter acredita que o dado da FAO está subestimado, pois considera apenas quem passa fome 12 meses por ano, e não a carência sazonal. Ele avalia em 1 bilhão o número de famintos crônicos. E admite que “cometemos o erro de apostar demasiado nos ganhos de produtividade e não investimos o suficiente na proteção e no apoio aos pequenos agricultores.”

 Acrescenta que faliu a “solução” apontada pela Organização Mundial do Comércio (OMC): os países com mais poder de produção agrícola exportarem para os países com menos. A prática demonstrou que isso é mero neocolonialismo, para reforçar a dependência dos pobres em relação aos ricos e eliminar a agricultura familiar dos países importadores. Nos últimos 50 anos, a produção de alimentos aumentou anualmente 2,1%, enquanto as vítimas da fome diminuíram pouco. Dados da FAO indicam que em 1990 elas eram 900 milhões.

 Está provado que não basta ampliar a produção nem promover a desaceleração demográfica para resolver o problema. Se não há carência de alimentos nem excesso de bocas, é obvio que a causa reside na falta de justiça social.

 De Schutter propõe um novo paradigma na produção alimentar favorável à agricultura familiar e à agroecologia: “Não nos colocamos a questão de saber se a industrialização da agricultura era compatível com o respeito pelos ecossistemas e negligenciamos a questão da saúde, da diversidade alimentar. São três dimensões: justiça social, sustentabilidade ambiental e saúde”.

 O ex-relator da ONU aponta como uma das dificuldades o descompasso entre o governo e a iniciativa privada. Das empresas surgem as decisões estratégicas. Elas vinculam o produtor ao consumidor. O grave, segundo ele, é que “tomam decisões em função do lucro esperado, e as questões de sustentabilidade, desenvolvimento rural e igualdade na compensação dos atores não as preocupam muito”.

 Acelera-se, hoje, a mercantilização dos produtos alimentares e também de suas fontes, como a terra e a água: “Os consumidores do Norte (do mundo), que querem carne e biocombustíveis, fazem concorrência aos do Sul, que querem a mesma terra e água para as suas necessidades essenciais. É um problema ético e jurídico”.

 O Brasil se gaba de ser um dos pioneiros em matéria de biocombustíveis. Eis o que destaca De Schutter: “A corrida à produção de biocombustíveis produz três tipos de impactos: primeiro, vincula o mercado alimentar ao da energia. Quanto mais sobe o preço do petróleo, mais rentável se torna a produção de biocombustíveis e mais aumenta a produção sobre o mercado agrícola. Segundo, os biocombustíveis fazem pressão sobre a terra arável do Sul. Terceiro, o mercado de biocombustíveis encoraja a especulação financeira, pois quando a União Europeia e os EUA anunciam metas de produção e consumo de biocombustíveis até 2020, eles dão um recado aos investidores: ‘Independentemente de variações, os preços vão continuar a subir. Especulem!”.

 De Schutter elogia a preocupação de José Graziano da Silva, atual diretor-geral da FAO, quanto ao desperdício no mundo, que atinge, hoje, a cifra de 1/3 dos alimentos produzidos! Ao todo, 1,3 bilhão de toneladas por ano. Isso equivale a mais da metade dos cereais cultivados anualmente.

Agora entendo por que minha mãe dizia quando, na infância, eu mirava inapetente o prato de comida: “Come, menino. Há muita gente passando fome”. Por uma questão de justiça.

Eduardo Almeida Reis-Complicações‏

Complicações 

Tendo sido consensual, houve concordância de pensamentos e sentimentos entre ela, estagiária na Casa Branca, e o presidente dos Estados Unidos 
 
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 11/06/2014




Antes de dormir, num rápido balanço existencial, concluí que não vali nada. Besteira minha, porque não fui tão ruim e acabei perdendo minutos de sono pensando no verbo valer, que hoje, diante do computador e do dicionário eletrônico de que me valho, confirmo que é meio complicado.

Tem uma porção de acepções, todas muito parecidas, e pode ser pronominal, bitransitivo, transitivo indireto, intransitivo e transitivo direto. Sob certo aspecto é melhor do que o verbo trazer, de conjugação irregular, que milhões de brasileiros dizem trago em lugar do particípio trazido: “Se eu soubesse, teria trago”.

Vejamos: amanhã, trago duas caixas de charutos para casa e o leitor já sabe que não trago charutos. Linguinha complicada, sô. Trago duas caixas, verbo trazer; não trago charutos, verbo tragar, no sentido de “inalar a fumaça de”, verbo de origem obscura que entrou em nosso idioma no século XIII, quando a Europa ainda não conhecia o tabaco, mas os europeus já tomavam os seus tragos. Aí, trago é substantivo masculino: “o que se bebe de uma vez, de um gole”. E tem mais um trago, pequena saliência cartilaginosa à entrada da orelha externa, que se cobre de pelos nas idades mais avançadas; trágus.

Tão vendo? Até os lexicógrafos implicam com os idosos ao falar dos pelos em nossas orelhas. Vou parando por aqui, antes de me desavir com o finado Houaiss; gosto de me avir com todos, menos com os petistas.

Aleluia!

Ao denunciar a ladroeira e outros crimes, jornalismo é serviço; ao denunciar o péssimo estado de muitas estradas, jornalismo é serviço; ao prever, ainda que sem sucesso, o tempo que vai fazer amanhã ou depois, jornalismo é serviço, como também é serviço quando recomenda, com pureza de alma e sem qualquer interesse pessoal, um produto da melhor supimpitude.

Zake Tacla, no seu ótimo O Livro da Arte de Construir, que não consigo localizar nas estantes, distingue uma pia de um lavatório. A primeira ficaria na cozinha, enquanto o lavatório no banheiro ou no lavabo. Digo “ficaria” porque o negócio vai de memória para informar ao caro, preclaro e pacientíssimo leitor que implico solenemente com os lavatórios entupidos.

Bolei um ralo difícil de entupir para residência que nunca construí: ralo normal, seguido de tubo de duas polegadas. Fiquei na intenção de construir e não posso jurar que o sistema funcione. Enquanto fica no projeto, venho lutando contra os entupimentos do lavatório do meu banheiro, comprei desentupidor de privada, mandei cortar o cabo e o negócio não funciona direito. Pensei chamar um bombeiro-encanador para passar aquele arame especial, que desobstrui o sistema durante algum tempo. Acontece que não conheço bombeiros por aqui e é chatíssimo saber que há um estranho trabalhando no banheiro que a gente usa.

Eis senão quando, bumba!, uma amiga me falou de um produto chamado Diabo Verde, que mandei comprar, é baratíssimo, a comadre jogou na pia, perdão, no lavatório, e o negócio funcionou à perfeição. Tanto assim que me apresso em informar o leitor, porque jornalismo é serviço, falou?

Ave Monica

Ave, Caesar, morituri te salutant, algo assim como “Salve César, os que vão morrer te saúdam”, frase latina que os gladiadores endereçavam ao imperador antes de começar um combate na arena, cuja primeira citação literária pode ser lida, noutros termos, em Vida de Cláudio XX, de Suetônio (69-141). Frase que também serve, em 2014, como saudação do philosopho para Monica Lewinsky, que vem de elucidar um dos maiores mistérios da história da humanidade. Maior ainda que o Último Teorema de Fermat, objeto de pesquisas durante 300 anos, até ser demonstrado em 1994 pelo matemático britânico Andrew Wiles.

Depois de obter seu mestrado em psicologia social pela respeitada London School of Economics, Monica Samille Lewinsky, em artigo para a revista Vanity Fair, finalmente admitiu que seu relacionamento com o então presidente Bill Clinton, no salão oval da Casa Branca, foi consensual.

Tendo sido consensual, houve concordância de pensamentos e sentimentos entre ela, estagiária na Casa Branca, e o presidente dos Estados Unidos. Até então, isto é, até a publicação do artigo na Vanity Fair, a humanidade pensava que a estagiária, sem autorização de Clinton, abriu o zíper da calça do presidente, afastou a cueca, retirou aquilo que precisava retirar e fez o que deveria ser feito. Só agora soubemos que Bill ajudou na operação e deve ter ficado muito satisfeito.

O mundo é uma bola


11 de junho de 1509: Henrique VIII da Inglaterra se casa com Catarina de Aragão, sua cunhadinha, filha dos Reis Católicos da Espanha. Fluente em espanhol, latim, grego, francês e depois em inglês, Catarina enviuvou de Artur, príncipe de Gales e irmão de Henrique, casando-se com o cunhado.

Catarina tinha virtudes tais como a viuvez, o cunhadio e o fato de ser prima relativamente próxima dos reis da Inglaterra. Mãe de Mary I, da Inglaterra, escapou de ser morta pelo primo, ex-cunhado e marido. Católica, morreu de morte morrida aos 50 anos em 1536. História fascinante que não cabe aqui. Hoje é o Dia da Marinha, véspera do primeiro jogo da Copa das Copas.

Ruminanças

“Jamais o exílio corrigiu os reis” (Béranger, 1780-1857).

ATÉ AS FRUTAS FAZEM MAL‏

ATÉ AS FRUTAS FAZEM MAL 
 
Intolerância à frutose causa problemas intestinais, dores abdominais e até aumento de peso. Além disso, há uma doença rara, a frutosemia, na qual crianças são as vítimas 
 
Luciane Evans
Estado de Minas: 11/06/2014


Depois de 20 anos em busca de explicações para seu mal-estar, Ricardo Leão descobriu a intolerância a frutas (Jair Amaral/EM/D.A Press  )
Depois de 20 anos em busca de explicações para seu mal-estar, Ricardo Leão descobriu a intolerância a frutas




Sempre apontadas como grandes aliadas para uma alimentação saudável e defendidas como supra-sumo para uma dieta equilibrada, as frutas começam a ser questionadas pela medicina e já são vistas como vilãs para muitos casos. Isso porque, em algumas pessoas, elas podem acarretar problemas para o intestino e atrapalhar, inclusive, processos de emagrecimento. A raiz do problema está na intolerância do organismo à frutose, mal que nem sempre é detectado com facilidade, e o paciente, que dificilmente vai suspeitar dos riscos que uma fruta pode oferecer, passa a conviver com dores abdominais, diarreias e tantos outros sintomas característicos da intolerância alimentar.

O dentista Ricardo Leão, de 58 anos, levou duas décadas para encontrar esse diagnóstico. Sempre atento com a própria a alimentação, ele consumia frutas e legumes certo de que estava fazendo o melhor para a saúde. Mas, há 20 anos, passou a se sentir muito mal, com cólicas e diarreias. “Fiz exames para intolerância a glúten e lactose, passei por colonoscopia e até tive um diagnóstico para síndrome do intestino irritado. Mas isso era subjetivo demais e nada resolvia. Foi quando uma homeopata desconfiou da frutose”, conta. A frutose é um monossacarídeo (açúcar simples), que o corpo pode usar para produzir energia. Ela está presente em muitos alimentos, mas o principal sãos as frutas e o mel.

Segundo explica a gastroenterologista especialista em doenças funcionais Vera Lúcia Ângelo Andrade, há no organismo um receptor para a frutose, que se chama Glut -5, responsável por fazer com que o intestino absorva esse açúcar que recebe. “É como se fosse uma porta de entrada para ele, porém, com o passar dos anos, esse receptor pode ser perdido e não funcionar 100%”, afirma. Foi o que ocorreu com Ricardo, ele já não tinha mais o Glut-5 e, por isso, seu organismo não absorvia a frutose que consumia. De acordo com Vera Lúcia, quando o intestino não faz essa absorção, o que permanece é atacado por bactérias. Ela explica que a frutose é absorvida pelo intestino e transportada pelo Glut-5 até cair na circulação sanguínea, quando segue para ser metabolizada no fígado, mas, quando Glut-5 não funciona, ela permanece no órgão intestinal. “Temos cerca de 1,5 quilo de bactérias em nosso intestino. Quando a frutose não é processada, essa flora bacteriana se alimenta dela e libera hidrogênio, que vai sendo absorvido pelo organismo e chegando aos pulmões.”

Por isso, uma das maneiras de diagnosticar a intolerância é por meio do sopro do paciente. Trata-se de um aparelho que mede a quantidade de hidrogênio no ar expelido pela boca. “Geralmente, damos frutose ao paciente e, em seguida, ele sopra o cano do aparelho e detectamos a quantidade de hidrogênio nos pulmões”, explica Vera. Foi assim que Ricardo descobriu que tinha a intolerância. “Nunca imaginei que as frutas me fariam mal. Elas foram proibidas na minha dieta e, atualmente, só posso consumir limão. Como tive dificuldades de encontrar um nutricionista que trabalhasse esse assunto, foi preciso sair de Belo Horizonte e me tratar em São Paulo, por médicos da Universidade de São Paulo (USP). Lá, eles retiraram toda a fruta da minha alimentação e, hoje, estou bem melhor, cheguei a perder 12 quilos”, conta.


As frutas com mais frutose são a maçã, a pera e o caqui (veja quadro), além disso, alimentos industrializados também a contêm. “A frutose é 30% mais doce do que o açúcar normal. Por isso, é usada pela indústria em muitos produtos”, afirma Vera. Para a médica, as pessoas que correm mais riscos com a intolerância são os vegetarianos e veganos, que “acabam retirando de suas dietas alimentos muito importantes e consumindo mais frutas”. “Além disso, eles usam o sorbitol (adoçante), o que aumenta ainda mais a frutose no organismo. E se você tem um excesso de frutose no intestino, há mais gases e um supercrescimento bacteriano do intestino delgado, um mal que é tratado somente com antibióticos”, esclarece a gastroenterologista. Vera Lúcia tem percebido, por estudos de fora do Brasil e também por sua experiência em consultório que a intolerância a frutose ocorre, geralmente, próximo aos 40 anos, quando o Glut-5 começa “a envelhecer”. “Adolescentes não comem frutas, a gente começa a comê-las depois dos 30. Essa pode ser uma explicação”, sugere.

EMAGRECIMENTO Doutor em medicina bioquímica pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles, e nutricionista, Lupércio Cançado Farah costuma definir a frutose como “doce vilão”, e diz que a substância, além das frutas, está também nos legumes. “Esse açúcar, quando não absorvido, provoca uma inflamação nas células e aumenta a produção de radicais livres, o que pode causar câncer”, alerta, comentando que muitas pessoas retiram alimentos da dieta, apostando que comer só frutas pode ser benéfico para a saúde e isso não adianta para o emagrecimento, podendo até comprometê-lo. “Sabe quando você malha e aquela barriga não desaparece? Pode ser que haja aí uma intolerância a frutose”, avisa. O único fruto apontado pelos especialistas como permitido para uma alimentação saudável é o abacate, que já foi tido como vilão para o colesterol, mas hoje é apontado como ideal em uma dieta balanceada. Lupércio diz que o melhor, no caso da intolerância, é diminuir aos poucos a quantidade de frutas na alimentação.

CRIANÇAS Outra má fama para as frutas está em uma doença rara ligada à intolerância a frutose. Trata-se da frutosemia, uma enfermidade hereditária, que geralmente ocorre nos primeiros anos de vida. Foi assim com Davi Melo, filho da pediatra baiana Andréa Melo. “Até os três meses e meio, ele só se alimentava de leite materno. Quando dei a ele o primeiro suco, que foi de melancia, ele passou mal: vomitou, ficou muito ‘molinho’. Tentei o suco de carambola, e ele apresentou uma crise convulsiva, provavelmente por hipoglicemia. Na época, nem imaginávamos que seria por causa da ingestão de frutas. Ele apresentava vômitos, dor abdominal, diarreia, assaduras e havia estacionado o seu crescimento”, conta Andréa.

Davi desenvolveu um aumento do fígado, e foi aí que passou por uma bateria de exames, incluindo biópsia hepática. “Ele estava com um acúmulo de gordura no fígado e teve alterações das enzimas hepáticas e triglicerídeos elevadíssimos. A frutosemia foi revelada por meio do exame genético.” No caso dessa doença, a enzima que metaboliza a frutose no fígado, a aldolase B, está ausente ou diminuída. “É uma doença genética”, afirma Andréa, dizendo que o tratamento é dietético e consiste em uma dieta sem frutose, sacarose e sorbitol, que será adotada por toda a vida.

“Ainda há dificuldade em acharmos informações em tabelas sobre a quantidade de frutose nos alimentos, o que é de grande importância para calcular a quantidade mínima que o paciente pode ingerir em alimentos, como arroz e macarrão. Leite, queijo, ovos, carnes são completamente livres de frutose. A maioria das referências usadas é de outros países, e fatores como clima e solo podem interferir na quantidade de frutose encontrada nos alimentos”, acrescenta a pediatra.

Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana‏

VEM AÍ » Encontro descentralizado Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana terá como tema central o corpo e suas relações.Evento realizado em julho vai investir nas oficinas e na caravana que percorre os distritos 

 
Ailton Magioli
Estado de Minas: 11/06/2014


O acordeonista gaúcho Renato Borghetti está entre as atrações de destaque do Festival de Inverno   (Natasha Uckusic/Divulgação)
O acordeonista gaúcho Renato Borghetti está entre as atrações de destaque do Festival de Inverno


Evento cultural mais importante da região, segundo o reitor Marcone Jamilson Freitas Souza, o Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana, promovido pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), tem expectativa de atrair às duas cidades históricas cerca de 170 mil pessoas, entre 4 e 20 de julho.

Para tanto, a Ufop convocou atrações nacionais e internacionais como os dançarinos Min Tanaka (butô japonês) e Rahul Acharya (odissi indiano) e os músicos Renato Borghetti e o Grupo Corrente, de São Paulo, detentor do Grammy 2014 na categoria álbum de jazz latino por Song for Maura, gravado ao lado do saxofonista cubano Paquito D’Rivera, que também estará presente.

Na tentativa de fortalecer o conceito do evento, de acordo com o coordenador-geral, Rogério Santos, este ano foi eleito o tema “Entrecorpos”, por meio do qual o festival pretende trabalhar o corpo e suas relações. “Desde o ano passado, estamos trabalhando um tema, dentro da diversidade do festival, para pensar o humano”, justifica o coordenador, comemorando o fato de o evento ter ganhado mais uma curadoria (festival com a escola), ao lado das artes cênicas, artes visuais, audiovisual, música, literatura, infantojuvenil e patrimônio.

Outra preocupação de Rogério Santos em relação ao Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana é resgatar a importância das oficinas, que fizeram história. “Elas são a porta de entrada para o entorno das duas cidades, cada qual com oito distritos”, ressalta o coordenador-geral, lembrando ainda da presença da já famosa Caravana dos Distritos, que percorre a região durante o evento. “O objetivo é descentralizar o festival”, acrescenta Rogério.

Apesar das dificuldades encontradas pela universidade diante de um 2014 atípico em que, além de eleições, haverá a Copa do Mundo, o coordenador-geral do festival lembrou que os principais parceiros do evento estão mantidos, entre os quais a Fundação Educativa de Ouro Preto (Feop) e as Prefeituras de Ouro Preto e Mariana., além dos Ministérios da Educação (MEC) e da Cultura (MinC) e do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional). A programação do Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana será disponibilizada no site oficial da UFOP (www.ufop.br) ainda esta semana. Aguarde.


PRINCIPAIS  ATRAÇÕES

Artes Cênicas
Min Tanaka (Japão)
Rahul Acharya (Índia)
Grupo Teatral Ueinzz, com pacientes e usuários dos serviços de saúde mental de SP
Grupos Amok, Sobrevento e Moitará
Key Zetta & Cia. com a solista Morena Nascimento

Artes Visuais
Daniel Hourdé (França), com a mostra Paradise in Progress
Oficina Esquina e Relicários

Audiovisual
Documentário A pessoa é para o que nasce, de Roberto Berliner
Mesa-Redonda A Leitura do Corpo a Partir dos Sentidos Cinematográficos

Música
Trio Corrente e Paquito D’Rivera
Renato Borghetti Quarteto
Raul de Souza


OS NÚMEROS DO FESTIVAL


92 filmes
59 oficinas
27 mesas de debate
23 apresentações
19 shows e concertos
7 exposições

TeVê

TV PAGA » O encanto da bola

Estado de Minas: 11/06/2014


 (Nat Geo/Divulgação)


O NatGeo volta a entrar em campo hoje, com a estreia do documentário inédito Eu quero ser o Messi (foto), na série 100 anos de Seleção Brasileira, hoje, às 20h. Como sugere o título, a produção mostra a paixão pelo futebol a partir do ponto de vista daqueles que fracassaram, dos que ficaram no caminho, dos que deram suas vidas em busca de um sonho que nunca conseguiram alcançar.

Clima criado pela Copa
contagia outros canais

A Copa do Mundo está na pauta também do Futura. Além de mais um programa da série Nota 10, com o episódio “Jovens no trabalho”, às 15h, a emissora exibe às 14h35, no Sala de notícias, o documentário Alambrados do subúrbio, de Rafael Bacelar, sobre a relação de torcedores com os estádios dos pequenos clubes do Rio de Janeiro. No canal Off, embora meio torta, a programação especial continua hoje com o paraquedista Luigi Cani falando de seu desafios, às 23h30.

Quarteto francês toca
em série do Film&Arts

No episódio desta noite de Os salões da música, às 21h, no Film&Arts, o convidado é o violoncelista francês François Salque, acompanhado por Eric LeSage (piano), Lise Berthaud (viola)e Vicente Peirani (acordeom). Na MTV, Kéfera e Patrick Maia recebem a cantora e compositora Paula Lima no Coletivation, às 20h.

Programação destaca
ainda pintura e poesia


Como faz toda quarta-feira, o canal Curta! vai emendar hoje três filmes, a partir das 20h: Bonfanti, de Adriana Nolasco e Camila Márques, sobre o pintor paulista Gianguido Bonfanti; Assaltaram a gramática, de Ana Maria Magalhães, sobre a poesia marginal; e A Babel da luz, de Sylvio Back, sobre a poeta Helena Kolody. Por falar em poesia, às 23h30, na Cultura, o Entrelinhas vai mostrar a literatura dos primeiros brasileiros na cobertura do 1º Sarau das Poéticas Indígenas, realizado em São Paulo.

O romance está no ar
na série Os Simpsons


Divertido deve ser o especial 50 tons de amarelo, às 22h30, na Fox, com seis episódios de Os Simpsons com histórias de amor inesquecíveis, aproveitando que hoje é véspera do Dia dos Namorados. Anote aí os episódios: “A última tentação de Homer”, “Two Mrs. Nahasapee-Mepetilons”, “Natural born kissers”, “Three gays of the Condo”, “Dangers on a train” e “O diabo veste nada”.

Telecine resgata mais
dois filmes de Lumet


No pacote de filmes, a melhor indicação é a Mostra Sidney Lumet, do Telecine Cult, que reservou para hoje os longas Culpado como o pecado (20h) e Equus (22h). Na mesma faixa das 22h, o assinante tem mais seis boas opções: Wolverine: imortal, no Telecine Pipoca; The normal heart, na HBO; Tão forte e tão perto, na HBO 2; Beleza americana, na MGM; Os agentes do destino, no Space; e Rebeldia indomável, no TCM. Outras atrações da programação: Poesia, às 21h30, no Arte 1; Pacto de silêncio, às 21h30, no Bio; Sin City: a cidade do pecado, às 21h35, no Universal Channel; A Liga Extraordinária, às 21h45, no Megapix; Corisco e Dada, às 22h30, no Cine Brasil; e Matadores de velhinhas, às 23h50, no Telecine Fun.



CARAS & BOCAS » Câmera, ação

Simone Castro
Publicação: 11/06/2014


José Luiz Villamarim dirige os atores Camila Morgado e Jesuíta Barbosa, em O rebu         (Walter Carvalho/Divulgação)
José Luiz Villamarim dirige os atores Camila Morgado e Jesuíta Barbosa, em O rebu


Baseado no original de Bráulio Pedroso, o remake de O rebu (Globo) estreia em 14 de julho, logo depois de Em família. No dia seguinte, passará a ocupar a faixa das 23h, que já foi das novas versões de O astro, Gabriela e Saramandaia. José Luiz Villamarim, novo diretor de núcleo da emissora, conduz a trama, trabalho que vem em seguida à badalada minissérie Amores roubados, que ele dirigiu no início deste ano. Há 20 anos na Rede Globo, Villamarim já foi indicado ao International Emmy Awards, o mais importante prêmio da TV mundial, por três vezes: pelas novelas Avenida Brasil, de João Emanuel Carneiro, e Paraíso tropical, de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, e pelo programa Por toda minha vida – Mamonas Assassinas, escrito por George Moura. Mineiro de Belo Horizonte e formado em economia, Villamarim já dirigiu 16 novelas, além das minisséries O canto da sereia, Anos rebeldes e Mad Maria e o seriado Força tarefa, entre outras produções. Ainda esse ano, irá estrear na direção de um longa-metragem, Redemoinho, com roteiro de George Moura, baseado no livro Inferno provisório, de Luiz Ruffato, e direção de fotografia de Walter Carvalho. O filme, que será rodado em Cataguazes, em Minas Gerais, em outubro, e terá produção da Bananeira Filmes, terá Selton Mello e Irandhir Santos como protagonistas.

SÉRIE DO CANAL HBO ESTREIA
PRIMEIRO PARA PRIVILEGIADOS

Vá entender. A HBO (TV paga) programou a estreia de Penny Dreaful para sexta-feira, às 22h. Mas não é que o Now, o serviço de video on demand da Net, já disponibilizou para os assinantes o primeiro episódio? Estrelado por Timothy Dalton e Eva Green (ele ex-James Bond, ela ex-Bond Girl), a história é ambientada na Londres do final do século 19. Mistura suspense, terror e personagens clássicos da literatura de horror, como Frankenstein, Dorian Grey e Van Helsing. Nada mais apropriado para uma noite de Sexta-Feira 13.

SBT VEM COM FORÇA TOTAL
PARA A COBERTURA DA COPA

Desde o final do ano passado, o SBT está planejando toda a cobertura da Copa do Mundo para atender ao telespectador. São Paulo, regionais e afiliadas estarão envolvidas e atentas a todos os lances dos jogos durante o evento nas 12 cidades-sede. Quatro especialistas vão comentar sobre os jogos nos telejornais SBT Manhã, SBT Brasil e Jornal do SBT Noite: o ex-jogador e técnico Joel Santana, o ex-jogador da Seleção Brasileira (disputou a Copa do Mundo da Coreia e Japão em 2002) e comentarista do Arena SBT Edmilson e o ex-jogador e apresentador do programa Menino de Ouro Paulo Sérgio. O jornalista e especialista em esportes Bruno Vicari apresenta os boletins SBT na Copa, que serão veiculados em todos os intervalos comerciais da programação. Os boletins trazem informações sobre os jogos, as seleções, eventos e tudo que envolver Copa do Mundo. Uma equipe de vinte profissionais foi montada especialmente para acompanhar a seleção brasileira em todos os jogos do Mundial.

MUSEUS INTERATIVOS PODEM
AJUDAR NAS SALAS DE AULAS

A transformação dos museus em espaços interativos, capazes de fazer da aprendizagem algo muito mais divertido e prazeroso, é tema do Globo educação, sábado bem cedinho. A reportagem mostra como as escolas podem aproveitar os recursos dos museus para dar mais sentido ao processo educacional, acompanhando um grupo de alunos do ensino fundamental em uma visita à Chácara do Céu, no Rio de Janeiro, onde semanalmente tem aulas por meio do projeto Letrarte, criado em 2012.

POSSÍVEL DESFECHO

O casamento de Luiza (Bruna Marquezine) e Laerte (Gabriel Braga Nunes) promete. Na reta final de Em família, as cenas mostrarão a noiva abandonada no altar pelo noivo tresloucado. De acordo com a revista Tititi, Helena (Júlia Lemmertz) se recusa até o dia em prestigiar a filha, mas na hora H aparece e faz questão de ficar na primeira fila. No momento do “sim”, Luiza olha para a mãe e, chorando, se emociona e custa a responder. Já o flautista se lembra do dia em que se casaria com Helena e foi preso no altar. Ele se perturba. Luiza mostra que não quer mais se casar e vai responder “não”, mas é interrompida por Laerte, que lhe pede desculpas e sai correndo da igreja. Capítulos antes, Luiza já se mostrava reticente quanto à decisão de se casar, pois entre outros avisos da mãe, Laerte, realmente, havia proposto que fizessem um pacto de sangue – exatamente como há 20 anos propôs a Helena – deixando-a aterrorizada. Sem falar no ciúme doentio do noivo, capaz das piores cenas.

viva

A série comandada pelo doutor Dráuzio Varella, que mostra mulheres na luta contra o câncer, em quadro do Fantástico (Globo).

vaia

Caldeirão do Huck (Globo). Programa há muito se tornou repetitivo, inclusive com entrevistas previsíveis como a realizada com Neymar.

simone.castro@uai.com.br

COLUNA DO JAECI » A Copa vai começar: nosso time é instável‏

COLUNA DO JAECI » A Copa vai começar: nosso time é instável
"Nossa equipe é favorita por jogar em casa e nada mais. Tecnicamente, ela é inferior a Alemanha, Argentina, Espanha e Holanda, só para ficar nas principais" 

 
Jaeci Carvalho
Estado de Minas: 11/06/2014


Estamos na semana da estreia do Brasil. A Croácia, curiosamente o primeiro rival também na Copa de 2006, será o adversário, amanhã, às 17h, no Itaquerão, que não ficou pronto, e sim maquiado. A presidente Dilma Rousseff avisou que não vai. Depois das vaias na abertura da Copa das Confederações, ano passado, em Brasília, prefere se poupar. Até para a entrega da taça, em 13 de julho, no Maracanã, ela já disse não. A musa Gisele Bündchen, segunda opção, também não quer ser vaiada. Normalmente, cabe ao chefe de estado a entrega do troféu ao campeão. Como não creio no Brasil finalista, tanto faz.

Recebi segunda-feira ligação de Zico. Perguntei-lhe o que pensava da Seleção. O ídolo disse que a vê com boas chances. Saudosista, discordei e lembrei: quatro titulares são ou foram recentemente reservas: Júlio César, que amargou um ano de banco do Queens Park Rangers, Paulinho (Totteham), Luiz Gustavo (Wolfsburg) e Marcelo (Real Madrid). O Galinho reconheceu que nesse ponto eu tinha razão e não há o que fazer, por ser o que temos. Foi exatamente o termo que citei. Não dá para sonhar com Zico, Reinaldo, Falcão, Romário, Ronaldo... A realidade é esta. Zico aponta Neymar, que ainda não se firmou no Barcelona, como nossa única esperança. Felipão já muda o discurso, dizendo que o Brasil não é dependente do astro. Mas, em novembro, em Miami, Parreira me garantiu que o atacante seria fundamental para as pretensões do time canarinho.

Parece samba do crioulo doido. O técnico diz uma coisa, o coordenador, outra. Confio muito em Parreira, por quem tenho grande admiração, mas a mim ninguém engana. Não preciso vender imagem diferente da que estamos vendo. A equipe é favorita por jogar em casa, nada mais. Tecnicamente, é inferior a Alemanha, Argentina, Espanha e Holanda, só para ficar nas principais. Talvez seja igual a França e Itália. Está no bolo das favoritas, como sempre, e não seria diferente em uma Copa no Brasil. Entretanto, cravei Alemanha e Argentina como prováveis finalistas. Mas vou torcer fervorosamente. Não acreditar é uma coisa, deixar de torcer é outra. Não sou alemão nem argentino.

A experiência de cinco Copas – nesta sexta, vou ficar mais em BH, tocando o Alterosa no ataque – me diz que será muito difícil o time emplacar. Por ser jovem, ele deverá estar no ponto na Rússia’2018. Sou até capaz de dizer que lá, sim, será o grande favorito, desde que Neymar e Oscar se tornem craques mesmo. Aliás, o segundo me lembra Giovanni (ex-Santos). Titular na França’1998, ele foi mal na estreia, contra a Escócia, foi tirado por Zagallo no intervalo e não atuou mais. Oscar reclama, via imprensa, que querem lhe tirar a vaga. Que ele jogue bola, crie situações de gol, e será elogiado. Por enquanto, porém, seu futebol é pequeno para quem tem tanta responsabilidade.

Fala-se em Ramires e até em Hernanes. Só agora Felipão percebeu a besteira de chamar apenas Oscar para a função? Sinceramente, Oscar é superior a Éverton Ribeiro? Acho o cruzeirense bem melhor e mais útil, mas não atua na Europa nem faz lobby. Assim, o melhor jogador brasileiro da última temporada vai ver a Copa pela TV, em vez de disputar vaga na Seleção.

Olhem que nosso grupo não é essa moleza toda. A Croácia se assemelha à Sérvia. Camarões tem bom time, embora irresponsável taticamente. E o México tem sido pedra no sapato. Mas, em casa, pelo que dizem Felipão e Parreira, o Brasil tem de atropelar e vencer os três. Aí, pegará uma pedreira no Mineirão: Espanha ou Holanda. Não creio no Chile. Não sou Pachecão, não trabalho na emissora dona dos direitos do Mundial, não preciso nem faço média. Nosso time é instável e, contra adversário um pouquinho melhor e bem armado, encontra sérias dificuldades.

ZONA MISTA » Amor antigo Kelen Cristina

Estado de Minas: 11/06/2014 




 A admiração do craque Diego Maradona pelo armador Ronaldinho Gaúcho nunca foi segredo. O argentino sempre rasgou elogios a R10, considerando-o, inclusive, superior a Ronaldo Fenômeno e Romário. Ronaldinho também já declarou que Maradona é um de seus ídolos no futebol. Pois os dois gênios da bola estão agendando um encontro para os próximos dias, aproveitando a Copa do Mundo no Brasil. Ronaldinho seria convidado especial do De zurda (De canhota), programa que Maradona comandará durante o Mundial na Telesur – canal estatal do governo venezuelano –, ao lado do jornalista esportivo uruguaio Victor Hugo Morales.  O programa estreou na noite de segunda-feira e está sendo feito em um estúdio no International Broadcast Center (IBC), centro de imprensa no Rio. Diário, das 22h às 23h, ele é retransmitido para a TV argentina. Antes mesmo da chegada de Maradona ao Brasil sua equipe já estava em contato com o estafe de R10 em BH. Cogitou-se, inclusive, a possibilidade de o encontro ser na capital mineira, já que a Seleção Argentina está concentrada na Cidade do Galo e a agenda de Ronaldinho Gaúho está apertada. Desde a semana passada, o armador do Atlético treina na Vila Olímpica (clube social atleticano e antigo local de treinos do time), para se recuperar de lesão muscular na coxa esquerda, sofrida em 1º de maio. Hoje, ele se junta aos demais atletas do grupo, que estavam de folga, e estão previstas atividades até domingo. Na segunda-feira, o Atlético embarca para a China, para uma série de amistosos.


Das rodas de pagode aos grupos de oração
Os jogadores da Seleção Brasileira sempre enaltecem a união do grupo, mas a verdade é que eles se juntam em torno de interesses comuns, o que é mais que natural. Assim, em pouco mais de duas semanas de convivência já é possível identificar alguns grupinhos. A turma maior e mais animada é a dos pagodeiros, formada pelo zagueiro Dante, o lateral-direito Daniel Alves e o armador Willian. O zagueiro Thiago Silva também costuma participar da roda em ônibus e nos vestiários. Há, ainda, os evangélicos, representados pelo goleiro Jefferson, os volantes Fernandinho e Hernanes e o atacante Bernard. E tem o grupo do videogame, com Neymar, Fred e Oscar como expoentes.


FALOU E DISSE


 (Alberto Lingria/AFP-20/2/13)

‘‘Ela disse sim. O mais importante sim na minha vida”

Mario Balotelli, atacante da Seleção Italiana, que, contagiado pela proximidade do Dia dos Namorados no Brasil ou empolgado com a Copa, pediu a namorada, Fanny Neguesha, em casamento ontem, na concentração da Azzurra em Mangaratiba, no Rio de Janeiro


Dinheiro no pingue-pongue
Confinados na Toca da Raposa II, os chilenos têm duas horas por dia de folga para o lazer. As atividades preferidas são os campeonatos de vôlei de praia (há uma quadra de areia no CT) e o tênis de mesa. Todos os dias, os integrantes da delegação se dividem em duplas e costumam até apostar dinheiro nas disputas. Os valores variam entre R$ 120 e R$ 250, pagos na hora. Os familiares ficam de camarote, acompanhando as partidas.


¡Suerte!
A Seleção do Peru está fora do Mundial, mas nem por isso os peruanos estão alheios aos gramados brasileiros. Ontem, um grupo de xamãs resolveu fazer, em frente ao Estádio Nacional de Lima, um ritual para abençoar o país-sede e desejar boa sorte aos craques da competição. Além da brazuca (bola oficial do torneio) e de uma réplica da taça, eles usaram pôsteres de Neymar e Cristiano Ronaldo e um boneco representando Messi.


Gringos na estrada
A estada do Uruguai em Sete Lagoas atraiu não só jornalistas do país à cidade. Na cola da Celeste Olímpica há correspondentes de veículos de imprensa argentinos, colombianos, equatorianos e chilenos. O treino aberto comandado ontem por Óscar Tabárez atraiu, ainda, repórteres de Portugal e da Alemanha. Informados de que Sete Lagoas ficava perto de Belo Horizonte, muitos deles preferiram se hospedar na capital mineira. Quando caíram na real e viram que teriam de percorrer diariamente cerca de 70km, reclamaram da distância.