terça-feira, 2 de setembro de 2014

TeVê

TV paga

Estado de Minas: 02/09/2014



 (Sony/Divulgação)

Jogo duro


O canal Lifetime, que substitui o Sony Spin, estreia hoje. Às 23h30, a segunda temporada de Necessary roughness, que tem como personagem central a terapeuta Dani (Callie Thorne), que trabalha com uma equipe de futebol americano, tentando equilibrar carreira e vida pessoal. No episódio "Nadar ou morrer" (foto), Dani está preocupada que um atleta sofra de transtorno de estresse pós-traumático, já que ele demora a voltar à ativa depois de ter sido atingido por tiros disparados por um fã.

Leo e Leite vão enfrentar
búfalos bravos no Marajó


No segundo episódio da nova temporada de Desafio em dose dupla Brasil, os aventureiros Léo Rocha e Coronel Leite vão invadir o território dos búfalos selvagens no arquipélago do Marajó. O ponto de partida dessa jornada é uma embarcação encalhada em um banco de areia, no turbulento encontro de águas dos rios Tocantins e Amazonas com o mar. Confira no Discovery, às 20h30.

Real Gabinete Português
de Leitura é assombrado?


O imponente edifício do Real Gabinete Português de Leitura esconde em suas salas e corredores um acervo riquíssimo e diversos tesouros literários. “Dizem que também há fantasmas...”, avisa a diretora Gilda Santos, que recebe a equipe de produção do documentário Os segredos do Real Gabinete Português de Leitura, de José Barahona, atração do Sala de notícias, às 14h35, no canal Futura.

Patrimônio imaterial
é tema de três curtas


No SescTV, a sessão Curtadoc emenda três filmes a partir das 21h: A mão que borda, de Caroline Mendonça; Versos da ilha, de Daniel Choma; e Viva Cabo Verde, de M. Rego, H. Illana e A. Langdon. Já às 22h, a emissora dá continuidade ao especial Ocupação Mirada, no clima do Festival Ibero-americano de Artes Cênicas de Santos 2014, destacando os grupos Piollin de Teatro (PB), Cia. dos Atores (RJ), Teatro Máquina (CE) e Companhia Brasileira de Teatro (PR).

O cinema está na pauta
de Abu, no Provocações


O roteirista pernambucano Hilton Lacerda é o entrevistado de Antonio Abujamra, no programa Provocações, às 23h30, na Cultura. Ele comenta as diferenças em fazer cinema no eixo Rio-São Paulo e em Recife, além de falar sobre sua formação e seu filme mais recente, Tatuagem, que está cotado para representar o Brasil no Oscar 2015.

Muitas alternativas na
programação de filmes


Por falar em cinema, Naomi Watts é a estrela de programa duplo no Telecine Pipoca, nos filmes O impossível (20h) e Diana (22h). No Telecine Action, outra sessão dupla, com Jogos mortais III (20h) e Jogos mortais IV (22h). Na faixa das 22h, o assinante tem mais oito opções: Hoje, na HBO; Cão sem dono, no Canal Brasil; Meu passado me condena, no Telecine Premium; Procura-se um amigo para o fim do mundo, no Telecine Touch; Vocês ainda não viram nada, no Telecine Cult; Sob o domínio do medo, no Max Prime; Ligados pelo crime, no MGM; e Adrenalina 2: alta voltagem, no Studio Universal. E mais: O iluminado, às 21h, no Cinemax; Salem Falls, às 21h30, no Lifetime; Número 23, às 22h30, no FX; e Esposa de mentirinha, também às 22h30, na Fox.


CARAS & BOCAS » Sem erotização
Simone Castro


José Mayer interpreta o homossexual Cláudio, em Império: nada de beijo explícito (João Cotta/TV Globo)
José Mayer interpreta o homossexual Cláudio, em Império: nada de beijo explícito
Mais uma cena de beijo está prevista para os personagens Cláudio (José Mayer) e Leonardo (Klebber Toledo), em Império (Globo), segundo a sinopse do autor Aguinaldo Silva. E como as duas anteriores, não será exibida. Em pesquisa realizada pela Globo, como é de praxe na emissora para descobrir quais temas são bem aceitos e quais são rejeitados pelos telespectadores, foi comprovado que o público não é contra tramas envolvendo homossexuais, mas se mostra incomodado com o excesso de personagens gays na novela. E diz não à erotização de cenas entre casais de mesmo sexo, segundo o site Notícias da TV. A emissora concluiu que o romantismo gay e a discussão de direitos são respeitados, mas há resistência à erotização, o que afasta a audiência heterossexual, que é maioria. Para grande parte dos 40 milhões de telespectadores da novela das nove, segundo o site, cenas de beijo e carinhos mais íntimos entre homossexuais só interessam aos homossexuais. A emissora tem usado a pesquisa, realizada há duas semanas, para fazer cortes na trama. No geral, a direção da novela tem suavizado também as cenas entre casais heterossexuais, como José Alfredo (Alexandre Nero) e Maria Ísis (Marina Ruy Barbosa). Como Cláudio e Leonardo, a novela ainda conta com os gays Téo Pereira (Paulo Betti) e Xana Summers (Aílton Graça).

SAIBA O QUE VEM POR AÍ
NOS JOGOS DO BRASILEIRO


Fique por dentro de todos os lances de mais uma rodada do Campeonato Brasileiro no Alterosa esporte desta terça-feira, às 11h50. A apresentação é de Leopoldo Siqueira, com comentários da bancada democrática.

FILME NÃO É PÁREO PARA
PROGRAMA SÍLVIO SANTOS


Sílvio Santos venceu o retorno da sessão de filmes da Globo, anteontem, depois do Fantástico, com 4% a mais na audiência. Na disputa das 23h08 à 0h01, o Programa Sílvio Santos marcou 11,2 pontos, contra 10,7 do filme, 5,0 pontos da terceira colocada e 3,9 da quarta. Na média geral, das 19h59 à 0h01, a atração do SBT/Alterosa obteve 10 pontos, contra 9 da terceira colocada e 17 da primeira. O share foi de 17% e o pico de 13 pontos. No programa, Sílvio Santos recebeu a modelo Dani Bolina e a atriz Mari Alexandre.

THE VOICE VOLTA COM
DUAS NOVAS CARAS


O The voice Brasil (Globo) estreia a terceira temporada dia 19, no lugar de A grande família. Dois técnicos da atração, Cláudia Leitte e Lulu Santos, vão contar com novos assistentes. No time da baiana, sai Maria Gadú e entra Dudu Nobre. Já na equipe de Lulu, Gaby Amarantos dá lugar a Di Ferrero. Com Daniel e Carlinhos Brown continuam, respectivamente, Luiza Possi e Rogério Flausino.

 (Paulo Belote/Globo)


SAUDADE NO AR

A atriz Guta Stresser (foto) se manifestou em uma rede social no último dia de gravação de sua personagem Bebel, em A grande família, que vai sair de cena este mês, depois de 14 temporadas. “Hoje gravo minha última cena como Bebel, sra. Maria Isabel Silva Carrara. É com o coração já tomado de saudade que me despeço da personagem mais longeva de minha carreira de atriz e a que me deu mais alegria, mais orgulho, a família artística mais incrível e talentosa do mundo e muito, muito trabalho”, disse. Guta agradeceu à personagem, aos autores e à direção da série, que estreou em 2001, remake do original de 1972. “O programa me trouxe algo incalculável, que é ser artista nesse país e viver dignamente com os recursos que seu trabalho gera. Obrigada, Bebel, obrigada a todos que de alguma forma fizeram parte da sua história e obrigada principalmente aos que criaram, possibilitaram e escreveram e dirigiram sua história! #gratidão #agrandefamíliaúltimatemporada.” O último episódio vai ao ar dia 11.

VIVA
“Arquivo confidencial” com Drica Moraes, no Domingão do Faustão (Globo). A atriz é maravilhosa.

VAIA
Em Boogie oogie (Globo), além de o tema da troca de bebês ser batido, não impulsiona a trama das seis. 

FELIT » Festival literário homenageia Cony‏

Carlos Herculano Lopes
Estado de Minas: 02/09/2014 



Carlos Heitor Cony, de 88 anos, vai a São João del-Rei e Tiradentes  (Ana Paula Migliari/Divulgação)
Carlos Heitor Cony, de 88 anos, vai a São João del-Rei e Tiradentes

 A cada ano se firmando como um dos encontros literários mais importantes do interior mineiro, está fechada a programação do 8º Festival de Literatura de São João del-Rei e Tiradentes (Felit), que será realizado de amanhã a sábado, no Teatro Municipal de São João del-Rei e no Centro Cultural Yves Alves, em Tiradentes.

O homenageado este ano será o jornalista e romancista carioca Carlos Heitor Cony, que vai conversar com o público e autografar seus livros. Para o curador José Eduardo Gonçalves, a escolha de Cony se deu pela relevância da sua obra como ficcionista e pelo grande jornalista que é. “Cony é um dos nomes mais importantes da cultura brasileira, uma voz que todo o país escuta e respeita”, diz José Eduardo.

Além de Carlos Heitor Cony, que é autor, entre outros, do clássico Quase memória, também estarão presentes no Felit a romancista Nélida Piñon, imortal da Academia Brasileira de Letras; Cristóvão Tezza, um dos autores brasileiros mais celebrados dos últimos anos; o roteirista e romancista Raphael Dracon; e Sérgio Paulo Rouanet. A grande atração internacional será o escritor angolano José Eduardo Agualusa, que vai participar de uma mesa na companhia da escritora e jornalista Leila Ferreira.

Hoje, o jornalista Zuenir Ventura conversa com estudantes sobre “a arte da escrita”, no Câmpus Dom Bosco da Universidade Federal de São João del-Rei. Inspirado em Quase memória, de Carlos Heitor Cony, será lançado também um livro de autoria de 31 estudantes do 9º ano no ensino fundamental das escolas municipais, estaduais e particulares de São João del-Rei. Paralelamente, os melhores restaurantes da cidade vão realizar o 4º Circuito Gastronômico do Felit, com pratos inspirados na obra de Cony. Mais informações na internet:  www.felit.com.br.

AO PONTO

Durante o Felit, os pontos literários vão aproximar a população dos escritores. Cinco pontos de ônibus ganharam espaço onde o passageiro pode pegar, trocar ou doar livros. Eles foram instalados em frente à Escola Municipal Maria Tereza, Estação de Trem, Rodoviária Velha, Praça Frei Orlando e no Câmpus Dom Bosco, em São João del-Rei. 

LIVRO » Na fronteira do real‏

Em seu novo romance, Flores artificiais, o escritor mineiro Luiz Ruffato propõe um jogo entre ficção e realidade. Lançamento em Belo Horizonte será hoje, no Palácio das Artes


Ana Clara Brant
Estado de Minas: 02/09/2014



Luiz Ruffato vai se lançar na literatura infantil e prepara ainda uma coletânea de crônicas (Companhia das letras/Divulgação)
Luiz Ruffato vai se lançar na literatura infantil e prepara ainda uma coletânea de crônicas

Flores artificiais é o primeiro livro do escritor mineiro Luiz Ruffato em que seus personagens são todos estrangeiros. Lançado em junho pela Companhia das Letras, o romance traz temas recorrentes na obra do autor nascido em Cataguases, na Zona da Mata, como o desterro, o não pertencimento e o migrante, mas desta vez abordados em encontros em terras alheias. “Ninguém é brasileiro e todos eles estão deslocados no espaço; nunca estão no país de origem. Temos, por exemplo, um português no Timor-Leste, um argentino no Líbano”, cita.

Ruffato estará hoje à noite no projeto Sempre um papo, na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes, onde vai debater os temas do livro. Este encontro com o público é algo sempre profícuo em sua opinião, porque cria a oportunidade de ter um contato mais próximo com o leitor. “É um formato muito comum na Europa e, no Brasil, cada vez mais isso vem acontecendo. Não apenas lançar o livro, ter noite de autógrafos e ponto. Acho muito interessante ter essa troca de ideias, essa interação”, comenta.

Chaves Em Flores artificiais, Ruffato recebe em sua casa a correspondência de um desconhecido. Trata-se de um manuscrito, Viagens à terra, uma compilação de memórias que Dório Finetto, um funcionário graduado do Banco Mundial, redigiu a partir de suas muitas viagens de trabalho. Como consultor de projetos na área de infraestrutura, Finetto percorreu meio mundo numa sucessão de simpósios, reuniões e congressos. A mente de engenheiro, no entanto, esconde um observador arguto e sensível, uma dessas pessoas capazes de se misturar com naturalidade a um grupo de desconhecidos.

Partindo de um esqueleto ficcional, Ruffato – o autor, e não o personagem do próprio livro – irá embaralhar as fronteiras entre ficção e realidade, sem jamais perder de vista a força literária que é a grande marca de sua obra. “Recebo o livro do Dório, que, literariamente é meu parente, e aí reescrevo todas as histórias que ele colheu ao longo de suas viagens e as publico. Até o próprio título, Flores artificiais, é a grande chave da leitura, ou seja, é a partir daí que o leitor entra ou não na história”, sugere o escritor, que volta a Belo Horizonte em novembro para participar da Bienal do Livro, e, em seguida, parte para sua terra natal para lançar por lá o novo livro.

Durante o evento literário em BH no fim do ano, Ruffato vai aproveitar para apresentar uma novidade: sua estreia como autor infantil, com A história verdadeira do sapo Luiz, ilustrado por Ionit Zilberman. “É uma espécie de autobiografia”, conta o escritor. “Eu tinha um texto que era uma fábula, mas não havia um público específico e a editora acabou gostando. Queria mostrar que não é preciso ser necessariamente um príncipe para ser um príncipe”, filosofa.

Outra publicação que está chegando ao mercado é Minha primeira vez, obra que reúne crônicas publicadas semanalmente desde dezembro na edição ‘‘Brasil’’ do jornal espanhol El País. “Esta experiência tem sido bem intensa e eu achava que era mais fácil escrever uma crônica semanal, mas elas exigem uma dedicação muito grande. Elas sempre têm um tom meio reflexivo; de propor uma reflexão para o leitor. Estes textos têm duas correntes claras; ou político, mesmo no sentido mais amplo, ou mais lírico e literário. Mas tem sido bem interessante”, conclui.

FLORES ARTIFICIAiS
Lançamento de livro e debate com o autor, Luiz Ruffato, hoje, às 19h30, na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Entrada gratuita. Informações: (31) 3261-1501

Adeus ao mestre - Eduardo Tristão Girão

Autor da aclamada poltrona Mole, o designer Sergio Rodrigues morre aos 86 anos e deixa como legado o amor pelo Brasil. A valorização da madeira é a marca registrada de sua obra


Eduardo Tristão Girão
Estado de Minas: 02/09/2014


"Quando parar de produzir para os mortais, estarei produzindo para os imortais lá embaixo da terra. É a minha paixão" . Sergio Rodrigues, arquiteto e designer


O designer carioca Sergio Rodrigues tinha uma missão: criar móveis com alma brasileira. Vítima de insuficiência hepática, ele morreu ontem, no Rio de Janeiro, aos 86 anos, com esse objetivo plenamente cumprido.

Sua criação mais famosa, a poltrona Mole, fez dele o primeiro brasileiro a ganhar um prêmio de design no Concurso Internacional do Móvel, na Itália. Em 1961, Sergio superou 438 candidatos de 27 países. Os móveis de madeira e acabamento arredondado, inspirados no Brasil indígena e colonial, projetaram o carioca mundialmente.

Submetido a tratamento por complicações no fígado, o arquiteto e designer morreu em seu apartamento, no Rio de Janeiro, onde vivia com a mulher, Vera Beatriz. O casal tem três filhos. O corpo será velado amanhã, no Cemitério do Caju, na capital fluminense. Sergio era neto do jornalista Mário Rodrigues (criador do jornal A Crítica) e sobrinho do dramaturgo Nelson Rodrigues.

Ele começou a carreira como arquiteto participando do projeto do Centro Cívico de Curitiba, obra importante da arquitetura moderna brasileira. Trabalhou ao lado de David Azambuja, Flávio Regis do Nascimento e Olavo Redig de Campos. O primeiro exemplar da poltrona Mole integra o acervo do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMa). Na verdade, a peça demorou a ser aceita pelo público – os compradores só começaram a surgir um ano depois do lançamento do produto.

Vaca

Quase todas as peças de Rodrigues são feitas de madeira. De acordo com ele, a preferência não se deve à abundância do material no país, mas à sua afinidade pessoal com essa matéria-prima. Bisneto de um coronel que gostava de marcenaria, desde pequeno Sergio aprendeu a identificar madeiras “pelo cheiro”, como gostava de dizer. Ficou íntimo de colas e vernizes. Foi assim que começou a desenvolver a paixão pela excelência na execução.

Os móveis de Sergio Rodrigues se caracterizam por curvas, vãos e acabamentos quase sempre arredondados. Elementos que remetem ao cotidiano e à cultura brasileira também dão o tom. Basta observar o banco Mocho (inspirado nos banquinhos usados para tirar leite ao pé da vaca) e a própria poltrona Mole, feita em jacarandá e com tiras de couro. Todos oferecem puro conforto, outro traço da produção do designer.

Em novembro de 2007, ele veio à capital mineira para o lançamento do livro Sergio Rodrigues (Viana & Mosley), escrito pela jornalista Adélia Borges. Em entrevista ao Estado de Minas, declarou: “Só a história vai dizer se são peças tipicamente brasileiras. Modestamente, sempre procurei fazer coisas que tivessem relação com o Brasil. Não é designer aquele que vai para a feira de Milão trazer ideias e copiar coisas criadas em outros países”.

LEI MARIA DA PENHA » Elas querem proteção‏

LEI MARIA DA PENHA » Elas querem proteção Pedidos de medidas protetivas passam de 6 mil este ano em BH, média superior a um caso por hora. Lei prevê rapidez, mas há mulheres vítimas de violência que reclamam de demora 

Junia Oliveira, Landercy Hemerson e Valquiria Lopes
Estado de Minas: 02/09/2014


 (QUINHO)

A Justiça em Belo Horizonte recebeu este ano mais de 6 mil pedidos de mulheres por proteção contra companheiros e ex-companheiros. A média é superior a um caso por hora e mostra como vítimas de violência física, verbal, sexual ou até patrimonial depositam nas medidas protetivas a esperança de evitar agressões. Dos 44.820 processos em tramitação no Fórum Lafayette por causa da chamada Lei Maria da Penha, um quarto envolve medida protetiva (11.028). Apesar do avanço legal, há casos de mulheres que relatam demora em obter proteção e cobram mais agilidade da Polícia Civil e da Justiça.
Desde o início do ano, a comarca de BH recebeu 6.232 pedidos de medidas protetivas – um pouco menos que o mesmo período do ano passado (6.336) e mais que o registrado entre janeiro e agosto de 2012 (6.159). Em todo o ano de 2013, foram 9.393 pedidos. Afastar o agressor do lar, proibi-lo de se aproximar ou mesmo entrar em contato com vítima são alguns de tipos de medidas protetivas (veja quadro). Há casos em que a Justiça pode determinar que o agressor seja monitorado com tornozeleiras eletrônicas. De acordo com a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), das 1.914 pessoas acompanhadas por esse sistema em Minas, 22,5% estão ligados à Lei Maria da Penha. São 431, sendo 200 homens e 231 vítimas – elas usam um dispositivo que avisa sobre a aproximação do agressor.
A titular da Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher de Belo Horizonte, Silvana Fiorillo, considera os números altos. “É uma demanda inexplicável. No nosso plantão, recebemos vítimas o dia todo”, diz. Ela afirma que raramente uma mulher comparece à delegacia no primeiro caso de agressão, tendo, normalmente, um histórico do problema. No local, além de ouvi-la imediatamente, a delegada explica quais são os mecanismos de defesa e que a vítima tem a opção de requerer ao juiz a medida protetiva. Se necessário, é feito na hora o exame de corpo de delito. 

A Polícia Civil tem 48 horas para enviar o expediente para a Justiça e o magistrado tem o mesmo prazo para deferir ou não o pedido de proteção. “O importante da Maria da Penha é esse tratamento, esse acolhimento. As mulheres sentem segurança de ir à delegacia. É importante registrar a ocorrência e, se feito com a Polícia Militar, comparecer à delegacia. É isso que vai facilitar a tomada de providência para lavrar o que a lei determina”, ressalta Silvana. A delegada acrescenta que, além do requerimento da proteção, há ainda a abertura de inquérito para apuração do crime e punição do agressor.
Para J., de 47 anos, no entanto, a busca por segurança se tornou uma angústia. Mais de um mês depois de ser agredida pelo marido, ela ainda não conseguiu medida protetiva. A cicatriz dos oito pontos no supercílio direito e a ferida do lado esquerdo da boca ainda lembram a noite de terror. Os dias seguintes também foram de pânico, já que o agressor, apesar de preso e autuado em flagrante, saiu pela porta da frente da delegacia sete horas depois de detido. O homem negou a agressão e sugeriu que a sua então mulher havia escorregado e se machucado. Mas as imagens das câmeras de segurança interna da mansão em que o casal morava, na Grande BH, mostraram situação diferente. Com as provas em mãos, o delegado do plantão policial da delegacia de área estipulou fiança de R$ 10 mil, que logo foi paga, evitando que o acusado fosse trancafiado em cela comum.

Separação J., que se casou depois de uma relação de seis anos, com idas e vindas, saiu de casa apenas com a roupa do corpo e sua filha de 13 anos, do primeiro relacionamento. Depois do caso de violência, terminou o casamento, que durou oito meses. Ela procurou a Delegacia Especializada de Crimes contra a Mulher de BH, para registrar a ocorrência e pediu que fosse expedida a medida protetiva. Na delegacia, disseram que em 10 dias a decisão judicial estaria pronta, mas até ontem não havia recebido comunicado da Justiça. O caso está sendo transferido da comarca de BH para a cidade onde o crime ocorreu, pois a legislação prevê que a medida seja expedida pela comarca onde ocorreram os fatos. Para a delegada Silvana Fiorillo, a demora no caso pode ter a ver com a grande demanda na Justiça. A assessoria de imprensa do Fórum Lafayette informou que não havia possibilidade de um magistrado comentar ontem sobre prazos de medidas protetivas. 

Depois da agressão, a rotina de J. foi radicalmente mudada. Mesmo tendo casado com separação de bens e tendo saído do casamento sem qualquer tipo de benefício material do ex-marido, ela agora se esconde. Teve que abrir mão de seus negócios, arrendado para outra pessoa. Sua filha mudou de escola. Mãe e filha andam escoltadas por funcionários da família. “Desde a agressão e o flagrante na delegacia, eu não o vejo e tenho medo de encontrá-lo. Mas estou temerosa de uma vingança e agora vivo como clandestina. Mesmo ele não tendo feito ameaças, sei que tem um histórico agressivo e temo pelo pior”.
A empresária diz que não vai desistir de fazer com que a Justiça prevaleça. Mas admite que está descrente com o sistema, diante da lentidão. “Tive que ir ao cartório para concluir a separação e fiquei a metros de distância dele, embora sem vê-lo. O medo foi grande e não consigo ter minha vida de volta. Mesmo com provas da agressão, não houve qualquer decisão judicial de medida protetiva e nem mesmo de prisão preventiva contra ele.” Procurada, a Polícia Civil informou que cabe ao Judiciário expedir a medida protetiva e decidir pela prisão preventiva do acusado.


PROTEÇÃO
São medidas protetivas:

– O afastamento do agressor do lar ou local de convivência com a vítima;
– Proibição do agressor de se aproximar da vítima;
– Proibição do agressor de contactar com a vítima, seus familiares e testemunhas por qualquer meio;
– Obrigação do agressor de dar pensão alimentícia provisional ou alimentos provisórios;
– Proteção do patrimônio, através de medidas como bloqueio de contas, indisposição de bens, restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor, prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica.

Voto contra a mesmice

São os parlamentares que, na verdade, podem fazer a reforma. Se não a querem, é hora de substituí-los. Para isso, o instrumento é o voto


Roberto Luciano Fagundes
Engenheiro, presidente da Associação Comercial e
Empresarial de Minas
Estado de Minas: 02/09/2014



Uma das poucas boas notícias dessas últimas semanas foi a da decisão do senador Pedro Simon, que pouco antes anunciara sua aposentadoria, de candidatar-se mais uma vez ao Senado. Voz dissonante dentro de seu partido, o PMDB, Simon propôs em agosto de 2011, diante do festim fisiologista que se anunciava, a criação da Frente Parlamentar de Combate à Corrupção e à Impunidade, um movimento com o qual pretendia impedir que o Congresso fosse transformado num instrumento de chantagem ao Executivo. Apoiado por representantes da sociedade civil e até por colegas, Simon estava sinceramente entusiasmado com a “faxina” que a presidente da República, empossada oito meses antes, parecia disposta a fazer. Mas, como sabemos, nem a faxina continuou, nem as boas intenções do senador prosperaram – prosperaram, sim, o fisiologismo e a corrupção.

Essa lembrança torna-se viva neste momento em que, a um mês das eleições, percebe-se que as dificuldades à espera de quem for escolhido para presidir a República não se resumem a consertar as trapalhadas que têm sido feitas no Brasil nesses últimos tempos, com a economia claudicante, a política ainda mais contaminada, a iniciativa privada estrangulada pelo intervencionismo estatal e pela infraestrutura mambembe, o cidadão acuado pela inflação e pela tutela do Estado, que cada vez mais procura transformá-lo num robô obediente.

Reverter este quadro será tarefa difícil, mas não é impossível. As propostas dos candidatos com chance de se eleger podem ter sucesso, a despeito das visões diferentes de cada um sobre os mesmos problemas. Se for Dilma Rousseff, ela poderá, por exemplo, dar uma guinada na condução ideologizada da economia e, já liberta das ficções de campanha, fazer os ajustes há muito tempo protelados. Se for Marina Silva, ela deverá mostrar que a tal “terceira via” é mais que mera alternativa para a polarização PT-PSDB. Deverá também equacionar incoerências entre aquilo que pensa e o que o país realmente precisa. Por exemplo, o crescimento do agronegócio, que vem sendo o esteio do PIB brasileiro. Se for Aécio Neves, realizar seu projeto dependerá de sua capacidade de desaparelhar o Estado – tarefa complicada, dado o ponto a que chegou o preenchimento de cargos na administração pública e em estatais por indicações políticas.

A principal dificuldade, porém, será enquadrar os maus deputados e senadores que vêm transformando o mandato parlamentar num mercado de escambos, onde se troca apoio às iniciativas do Executivo por cargos e por influência. Ou seja, a chantagem a que se referia Pedro Simon. Reverter esse quadro quase histórico da política brasileira e buscar sintonia entre esses dois poderes requer uma profunda reforma política que, tão falada da boca para fora, não consegue sair dos discursos porque seus protagonistas, na verdade, não a querem. Realizá-la pelos trâmites normais é, portanto, quase impossível, mas ela pode ser induzida e acelerada por um instrumento estritamente democrático, que independe de vontades alheias: o voto.

Em eleições majoritárias como a que se aproxima, é normal que a atenção do eleitor se direcione para as disputas pelos cargos executivos e ponha em segundo plano a escolha dos representantes legislativos. Mas é exatamente nisso que se encontra o grande equívoco – são os parlamentares que, na verdade, podem fazer a reforma. Se não a querem, é hora de substituí-los. E isso só se faz por meio de um instrumento: o voto. Segundo a última pesquisa de que tenho conhecimento, 14% do eleitorado brasileiro – cerca de 20 milhões de eleitores – está prestes a desperdiçá-lo.

Diante disso, não se pode considerar a abstenção ou a anulação do voto como manifestação legítima de descrença na política e nos políticos. E nem como registro de anseio por mudanças. A indiferença inerente à descrença traz consigo um favorecimento implícito aos maus políticos. Mudanças certamente não acontecerão se não forem exigidas por meio do voto. Votos inconsequentes – ainda mais em índice tão elevado – significam, simplesmente, a perpetuação da mesmice. Votemos todos. E com consciência.

À espera da nova lei anticorrupção - Denis Alves Guimarães

À espera da nova lei anticorrupção 
 
Denis Alves Guimarães
Doutor em direito econômico e financeiro pela Universidade de São Paulo (USP) e especialista do Instituto Millenium
Estado de Minas: 02/09/2014


O Brasil está aguardando o governo federal regulamentar a chamada nova lei anticorrupção (Lei nº 12.846/13) desde quando ela, que deve ser aplicada por União, estados e municípios, entrou em vigor, em fevereiro. Grandes entidades federativas já regulamentaram a lei. São os casos do estado e do município de São Paulo. Entretanto, a maioria dos estados e municípios aguarda o decreto presidencial para tomar sua decisão sobre a própria regulamentação. Tal argumento é bastante razoável, de forma a aumentar a responsabilidade do governo federal pela ausência de aplicação efetiva da lei.

Muito se especula sobre o porquê da mais aguardada regulamentação ainda não ter sido expedida: i) de acordo com o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, a minuta do decreto regulamentador está pronta há alguns meses e aguarda aprovação da Casa Civil; ii) evidentemente e como de costume, o fato de estarmos em ano eleitoral pode ser um fator para tal demora – note-se que o tradicional argumento já foi utilizado inclusive pelo secretário-executivo da CGU, Carlos Alencar; iii) especula-se que alguns grupos de interesse, pertencentes aos setores privado e público, esteja tentando assegurar que a regulamentação expedida seja aquela considerada a mais benéfica sob seu ponto de vista; iv) também são relevantes as notícias sobre as carências de recursos humanos e outras, também de caráter orçamentário, enfrentadas pela CGU etc.

Entre os pontos destacados acima, cabe apontar que, em princípio, tal interferência dos grupos de interesse no processo regulamentar é legítima. Não há nada de errado quando entidades do setor privado, preocupadas com a forma pela qual a legislação será aplicada, tentam transmitir às autoridades envolvidas suas dúvidas, preocupações e seu entendimento sobre a regulamentação. O mesmo se afirma em relação a entidades do setor público que podem vir a ter papel central no processo de aplicação da nova lei e que pretendam ver seus pontos de vista bem amparados pelo decreto regulamentador.
Entretanto, ao contrário do que ocorreu durante o processo legislativo que resultou na aprovação da lei, não nos parece que o debate sobre a regulamentação esteja sendo feito no mesmo (bom) nível de transparência daquele que ocorreu na Câmara dos Deputados.

Finalmente, quanto à questão das dificuldades orçamentárias enfrentadas pela CGU, há que se perguntar se a política de combate à corrupção é prioridade neste momento no Brasil. Os recursos orçamentários destinados à CGU serão tanto maiores caso a resposta a essa pergunta seja positiva. Por outro lado, não se deve perder de vista que, em última análise, o foco das ações anticorrupção é preservar o patrimônio público. Isso quer dizer que, sob o ponto de vista de uma análise econômica, não faz muito sentido que os órgãos de combate à corrupção tenham estruturas excessivamente caras. Trata-se do onipresente debate sobre o tamanho do Estado e a eficiência de suas ações.

Transparência e eficiência são apenas dois dos grandes desafios relacionados à nova lei anticorrupção, mas talvez os que mais bem representem as razões para o atraso da sua indispensável regulamentação.

COLUNA DO JAECI » Mudança de atitude é fundamental‏

COLUNA DO JAECI » Mudança de atitude é fundamental
É claro que a vida segue, mas se esses jogadores não forem capazes de admitir a vergonha, o erro, o péssimo futebol do Mundial, será difícil dar a volta por cima 
 
Jaeci Carvalho
Estado de Minas: 02/09/2014


 (alberto escalda/em/D.A Press %u2013 17/7/94)

Miami – Cláudio André Mergen Taffarel. Quem não se lembra dele no Brasil? Tetracampeão mundial (foto), ídolo do Internacional e do Atlético e agora preparador de goleiros da Seleção Brasileira. Nós nos reencontramos ontem de manhã, depois de alguns anos. Ao lado da mulher, Andrea, com o mesmo sorriso simples, careca, de barbicha branca. Será o responsável por preparar um jogador da posição até a Copa do Mundo de 2018. É claro que tem todos os predicados para isso. O problema é que a safra também é ruim e ele preferiu apostar por enquanto em Rafael, do Napoli, e em Jefferson, do Botafogo e remanescente do grupo fracassado no Mundial do Brasil. Bati um papo também com o coordenador Gilmar, reserva de Taffarel no título de 1994.

Num primeiro momento, todos os encontros são amigáveis. E espero que continue assim. A CBF contratou três campeões do Mundo de 20 anos atrás: Dunga, Taffarel e Gilmar, além do provisório Mauro Silva. A ideia é boa, pois nada melhor do que reunir vencedores que conhecem o histórico da Seleção, mas, sem nova mentalidade, tudo é mais difícil. Não adianta querer mudanças de atitude em apenas um ou dois encontros. A filosofia básica precisa ser alterada, pois estamos partindo praticamente do zero, por causa do estrago provocado pelo alemães naqueles 7 a 1 de lascar. Curiosamente, o discurso aqui dos jogadores que estavam naquela horrorosa partida é tranquilo. A maioria acha que foi acidente de percurso, quando era uma morte anunciada havia tempos, pela falta de futebol de qualidade no Brasil.

Vocês que me leem conhecem bem minha posição: do grupo que fracassou, só convocaria Neymar. Talvez abrisse um espaço para Tiago Silva, mas jamais para o chorão David Luiz, zagueiro limitado, de marketing impressionante. A maioria dos colegas que estão em Miami o considera um senhor zagueiro. Para cantar o Hino Nacional a plenos pulmões, não teria melhor, mas, como jogador... Ouvi de Ricardo Lopes, goleiro campeão brasileiro pelo Fluminense em 1984 e vivendo aqui há 27 anos, que em sua época, se tomasse de sete de outro time, pegaria justa causa e a vergonha jamais iria embora, mas, para os remanescentes da Copa (só Fernandinho ainda não chegou, por problemas de visto), tudo parece normal.

É claro que a vida segue, mas se esses jogadores não forem capazes de admitir a vergonha, o erro, o péssimo futebol do Mundial, será difícil dar a volta por cima. Se acharem que foi um fato extra aquela derrota, não mudaremos nossa postura. A arrogância deve ser deixada de lado, já não somos os donos do planeta bola há tempos.

Acho até que Dunga tinha a intenção de chamar mais jogadores que atuam no futebol brasileiro. Mas, com esse calendário, em que os times continuam jogando mesmo que haja amistosos da Seleção, fica difícil. Ele vai prejudicar Cruzeiro e Atlético em três rodadas, pois trouxe Ricardo Goulart, Éverton Ribeiro e Diego Tardelli. Se o Brasileiro fosse interrompido, poderíamos ter mais jogadores do país aqui e eliminar mais alguns fracassados. O que Maicon, por exemplo, vai acrescentar? Ou o próprio Robinho, chamado às pressas? É esse tipo de comportamento que deve ser condenado. E é preciso dizer também que nosso objetivo é a Copa do Catar’2022. Para a Rússia’2018 é ilusão sonhar com a taça. Estamos apenas iniciando um projeto, com time fracassado, sem craques e com apenas um jogador em condições de chegar a tal condição: Neymar.

Lembram-se de quando Robinho surgiu? Chegou a ser apontado como novo Pelé, mas aos poucos foi se esvaziando, com atuações pífias no Real Madrid, no Manchester City e no Milan. Agora, repatriado, o que tem a oferecer à Seleção? Claro que precisamos de uma base para o começo do trabalho. Mas apostar em quem leva 10 gols em dois jogos de Copa do Mundo é demais. Tomara que 2015 chegue logo e traga com ele um calendário mais humano, em que os campeonatos parem sempre que a Seleção entrar em campo. Será saudável, pois poderemos ter mais jogadores que atuam no Brasil jogando pela Seleção. É um desejo antigo da torcida. E, na atual condição, Dunga não deve contrariar a opinião pública, sob pena de não ter respaldo para prosseguir o trabalho.