quinta-feira, 5 de março de 2015

Tendências - Eduardo Almeida Reis

Na flor dos seus 65 aninhos, milionário, o medalhista olímpico, pai de seis filhos, passou a usar gloss labial, fazer as unhas e deixou o cabelo crescer decidido a virar mulher

Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 05/03/2015



Decatlo, como o leitor está farto de saber e acabo de aprender, é prova mista constituída de 10 etapas, realizadas cinco de cada vez em dois dias. Consiste em corrida de 100m, salto em distância, lançamento de peso, salto em altura, corrida de 400m, corrida de 110m com barreiras, lançamento de disco, salto em altura com vara, lançamento de dardo e corrida de 1.500m.

O leitor talvez se lembre de que Bruce Jenner, nas Olimpíadas de Montreal, em 1976, obteve a medalha de ouro no decatlo. Nascido em 1949 em Mount Kisco, estado de Nova York, William Bruce Jenner tem 1,88m e foi casado com Chrystie Crownover de 1972 a 1981, com Linda Thompson, de 1981 a 1986, e com Kris Jenner, de 1991 até 2013. Com elas teve seis filhos, entre os quais Kylie e Kendall Jenner, frutos de sua união com Kris Jenner, mãe de Kim Kardashian de seu casamento com o famoso advogado Robert Kardashian.

Pois foi ela, Kim Kardashian, quem disse do seu padrasto e amigo: “Nunca o vi tão feliz!”. Sabe o leitor por quê? Se não sabia, fique sabendo: na flor dos seus 65 aninhos, milionário, o medalhista olímpico, pai de seis filhos, passou a usar gloss labial, fazer as unhas e deixou o cabelo crescer decidido a virar mulher. Espero que encontre um bom marido e seja muito feliz no undécimo esporte que passou a praticar, ele que era craque nos 10 do decatlo.

O cartunista brasileiro Laerte Coutinho já se assumiu e explica sua transformação fazendo uma confusão dos diabos, misturando alhos com bugalhos, no chatíssimo programa Diálogos com Mario Sérgio Conti, da GloboNews. Bruce Jenner quer que sua transformação aconteça sem pressa ou polêmica. A família tem apoiado sua decisão e deseja que seja feliz, reconhecendo o esforço do decatleta durante período tão tumultuado (sic). Kim Kardashian, fã do padrasto, diz: “Acho que ele irá contar quando for a hora certa”. Realmente, diz aqui o philosopho, em matéria de principalmente não resta menor dúvida, muito antes pelo contrário, aliás.

Legado

Logo teremos um ano transcorrido desde o final da Copa’2014 sem que se possa apontar um só benefício para o país que a sediou. Estradas, hospitais, escolas, violência, economia – tudo piorou. Estádios reformados para quê? A frequência neles todos continua baixíssima, para confirmar o mau futebol que se joga por aqui. E as Olimpíadas vêm aí, ao que tudo indica numa cidade sem água. Não é pessimismo nem mau-agouro: são fatos.

Como factual (verdadeiro, real, palpável) é o fenômeno das torcidas organizadas. O país é pouco organizado, salvo na roubalheira política (mensalão, Petrobras etc.) e nas torcidas do futebol.
Já lhes contei que no meu primeiro dia como cronista-Fifa fui ao Mineirão para ver um jogo do Atlético. Na bancada da imprensa, um colega que não conheço e nunca mais voltei a ver, aconselhou-me: “Se o Galo perder, esconde o crachá, que eles batem na gente”. “Eles”, isto é, os cavalheiros das torcidas organizadas. Mas o Atlético venceu e fiz matéria impressionado com um jogador que, visto de longe, era igualzinho ao Marcos Valério, muito falado naqueles dias. O jogador, um tal de não-sei-quê-baiano, sumiu do mapa esportivo mineiro. Hoje, temos o respeitado lobista Fernando Baiano abastecendo as contas dos políticos do PMDB, não todos, é verdade, mas muitos deles.

Biografia

Confúcio era o filho mais novo dos 11 de Shu-Liang He, magistrado e guerreiro de certa fama, que se casou aos 70 anos com uma chinesinha de 15 anos chamada Yen Cheng Tsai, descendente do filho mais velho do duque de Chou.

Confúcio perdeu o pai quando tinha três anos e o magistrado devia orçar pelos 85, quando Yen Cheng Tsai andaria pelos 30 aninhos. Órfão, o sábio começou a trabalhar antes dos 15 anos: foi pastor, vaqueiro, funcionário e guarda-livros. Aos 19 anos casou-se com Chi-Kuan e teve o filho K’ung Li.

Morreu com 72 anos e o leitor deve ter atentado no fato de que foi vaqueiro, estágio indispensável na vida dos grandes pensadores, dos realmente grandes, ainda que se intitulem philosophos visando a se distinguir dos filósofos imbecis que abundam por aí.

O mundo é uma bola


Diz a Wikipédia que no dia 5 de março de 1496 o rei inglês Henrique VII emitiu carta-patente a John Cabot e a seus filhos “autorizando-os a descobrir terras desconhecidas”. De espantar seria que Henrique VII autorizasse John Cabot & filhos a descobrir terras conhecidas. O rei era feio pra dedéu e teve oito filhos com Isabel de Iorque, considerada uma das beldades do seu tempo, única mulher na história da Inglaterra que foi filha, irmã, mulher e sobrinha de monarcas reinantes. Contudo, pariu Henrique VIII, aquele que tinha a mania de matar suas mulheres.

Em 1836 Samuel Colt lança o primeiro modelo de seus revólveres, calibre 34. Hoje é o Dia do Filatelista, da Integração Cooperativista e da Música Clássica.

Ruminanças

“À medida que a civilização avança, a poesia declina quase necessariamente” (Macaulay, 1800-1855).

ENTREVISTA » Cara a cara com o senhor Facebook

ENTREVISTA » Cara a cara com o senhor Facebook 

  Fundador da maior rede social do mundo gastou 56 minutos para responder a 17 perguntas de usuários, quando deu orientações de como agir em um meio corporativo tão disputado


Marcelo Bechler
De Barcelona (Espanha)
Estado de Minas: 05/03/2015



Criador do Facebook, Mark Zuckerberg falou no Mobile World Congress (MWC)%u20192015 sobre a evolução galopante da popular rede mundial (Lluis Gene/AFP)
Criador do Facebook, Mark Zuckerberg falou no Mobile World Congress (MWC)%u20192015 sobre a evolução galopante da popular rede mundial

Depois de uma apresentação tímida onde falou sobre seu projeto internet.org na segunda-feira, o criador do Facebook, Mark Zuckerberg, participou de seu segundo evento no Mobile World Congress’2015 (Congresso Mundial de Aparelhos Móveis) em Barcelona, na Espanha. Diferentemente do primeiro dia, quando gerou filas de duas horas e lotou o auditório principal da feira, o segundo evento foi feito quase exclusivamente para ser assistido on-line. Mark realizou seu tradicional “Questions & Answers”, onde responde a perguntas de funcionários e usuários do Facebook, direto da capital da Catalunha. Normalmente, as perguntas e respostas são realizadas diretamente da sede da companhia, na Califórnia. Apenas estiveram presentes in loco aqueles que foram selecionados pelo próprio Facebook depois de fazer um pequeno cadastro, mas o evento foi transmitido ao vivo pela rede social.

O fundador da maior rede social do mundo respondeu a 17 perguntas feitas pela plateia ou enviadas por usuários no Facebook. No total, falou por 56 minutos, muito mais participativo do que a apresentação de segunda-feira na MWC quando foi muito mais espectador nos 45 minutos de debate. Um jovem de 30 anos, que aos 19 revolucionou as interações sociais on-line e que passou a ser visto como um autêntico guru dos tempos modernos.

As pessoas queriam saber de Zuckerberg suas impressões sobre como agir no meio corporativo, quais os próximos passos das inovações tecnológicas e como os jovens podem mudar o mundo. Esperavam que, a qualquer momento, Mark tivesse de novo uma inspirada ideia que poderia novamente transformar o cenário. Não foi o caso. O senhor Facebook desta vez não mudou o mundo, mas com simpatia não fugiu das perguntas mais difíceis, mas sim alguns questionamentos que não facilitaram as respostas.

No momento mais à vontade, Zuckerberg falou sobre a evolução de sua rede social. “Quando lançamos o Facebook, as coisas eram bem diferentes, as interações e experiências eram trocadas praticamente a partir de textos. Isso se manteve até cinco anos atrás quando os celulares mais modernos começaram a mudar a relação das pessoas com o Facebook. Hoje é muito mais fácil postar uma foto, e é o que mais ocorre no momento. Em mais cinco anos, acredito que teremos mais vídeos e até realidade virtual no Facebbok.” Na mesma linha, disse que não pensa em criar uma plataforma ou mudar de área e começar a produzir smartphones ou outros gadgets. “Meu trabalho é tentar criar a melhor comunicação possível entre as pessoas. O Facebook não está pronto, ele sempre mudou e vai continuar mudando. Minha intenção é seguir melhorando, porque ainda há muito o que fazer.”


CONSELHO Visto como um exemplo para todos que querem empreender, Mark foi questionado por um garoto de 15 anos, homônimo, sobre que conselho daria para os jovens tentarem mudar o mundo. “Pode parecer um clichê, mas o mais importante é acreditar no que você faz. Eu acreditei e tive sucesso. Há uma coisa que as pessoas não prestam tanta atenção: cada uma é única e tem uma perspectiva diferente do mundo. Quando criei o Facebook, aos 19 anos, eu fazia parte de uma geração que cresceu desde sempre com a internet e isso me fazia ver as coisas de modo diferente. Hoje, já temos uma geração que cresce com internet móvel em smartphones e tablets. E essa geração, que é a sua, terá uma perspectiva diferente da minha e também muito o que criar.”
Por mais que fizesse um discurso inspirador, Zuckerberg também precisou responder a perguntas delicadas e se viu de saia-justa. Uma prestadora de serviços para o Facebook disse que sua empresa vai fechar as portas, demitindo 160 funcionários, e pediu ajuda a Mark. Ele teve que pedir desculpas. “Infelizmente, a vida de quem dirige empresas é assim. Nós queremos fazer o melhor sempre. Quanto mais contratamos é porque melhor estamos. Essas notícias são tristes, mas é preciso tomar decisões difíceis algumas vezes”, lamentou.

Uma ferramenta democrática




Um visitante testa o Serviço de In-Vehicle da Fujitsu na Mobile World Congress (MWC), na capital da Catalunha ( Lluis Gene/AFP)
Um visitante testa o Serviço de In-Vehicle da Fujitsu na Mobile World Congress (MWC), na capital da Catalunha

Mantendo o sorriso e tentando ser simpático com todos, o empresário ainda precisou passar por dois momentos desagradáveis. O primeiro foi pela falta de conexão Wi-fi no auditório – uma grande ironia durante um evento sobre conectividade. Zuckerberg disse que também não sabia e que, se fosse o responsável pelo prédio, isso não aconteceria. Já no final, uma fã lhe pediu uma foto e, na frente de todos, Mark negou: “Desculpe-me, eu sei que é triste, mas se eu tiro uma foto com você, outros vão pedir e, até que eu atenda todo mundo, vou perder o meu voo”. E ainda tentou consolar a admiradora: “O vídeo do evento estará disponível na internet e você pode guardar esse momento que estou falando com você”.

O Facebook é democrático e permite quase todo tipo de postagem por mais polêmica que podem gerar e o fundador da rede social também falou sobre isso. “Nós temos uma equipe grande e cada vez maior para avaliar postagens ofensivas que contenham conteúdo de violência, terrorismo ou preconceito. Contamos com os próprios usuários para denunciar, mas algumas vezes o conteúdo não entra nesses itens. Por mais que alguém tenha um gosto questionável e poste algo que não é verdade, é também sua forma de se expressar”, disse. Zuckerberg ainda lembrou sobre a evolução do Facebook para que seja possível evitar essas situações. “É possível bloquear pessoas e informações que queremos ver ou compartilhar. Queremos que as pessoas se comuniquem bem e elas podem escolher como fazer isso”, salientou.

A participação de Mark Zuckerberg em Barcelona aconteceu pelo segundo ano seguido. Ele próprio disse que deve voltar no ano que vem. O norte-americano ainda brincou sobre o motivo que o faz voltar sempre à Espanha: “Além do Congresso, tem o presunto. Eu também venho pelo presunto”.