quinta-feira, 22 de agosto de 2013

A terra é quadrada - Sílvio Ribas

Correio Braziliense - 22/08/2013

Sonhei que a esta altura da história velhas torpezas humanas como racismo, machismo, homofobia e perseguição religiosa seriam coisas enterradas no passado. Mas o novo milênio ainda não conseguiu derrotar o medo e a ignorância que nos fazem intolerantes com o outro. Os absurdos que temos visto nos últimos dias, potencializados pelas redes sociais, deixaram evidentes o fato de que a Terra ainda é quadrada, ressuscitando aqui uma nostálgica gíria para nomear coisas carrancudamente ultrapassadas.

Se o indivíduo espalhafatoso pode parecer ridículo, a caretice desinibida de hoje chega a ser tragicômica. Outro dia foi a vez de Oprah Winfrey, a bilionária rainha da tevê norte-americana, reclamar de preconceito racial e social em Zurique, na Suíça. A balconista de uma loja de luxo teria sugerido que a estrela afrodescendente não tinha condições financeiras de levar para casa uma peça muito cara.

Em outra parte do mundo, uma jovem iraniana foi proibida de assumir o cargo de vereadora por ser “bonita demais”. Os 10 mil votos dados a Nina Siahkali Moradi, 27 anos, foram anulados em razão de suas “credenciais”, leia-se elegância e belo rosto. Notícia ainda mais repugnante veio da Itália, quando o senador Roberto Calderoli, do partido Liga Norte, comparou Cecile Kyenge, a primeira ministra negra do país, a um orangotango. O vice-presidente do Senado cometeu o deslize motivado pela campanha contra imigrantes, sobretudo os vindos da África.

Os protestos de representantes da torcida organizada do Corinthians contra o atacante Emerson Sheik, que postou na internet foto dando um selinho num amigo, são desmedidos. A fome e a violência expostos à luz do meio-dia no centro da capital paulista deveriam escandalizar e revoltar muito mais. Não conseguimos ver igual debate ou mobilização para reverter o quadro de queda vertiginosa no valor dado à vida. Matam-se hoje pessoas apenas para “matar o tempo”.

Para completar esses exemplos de episódios caducos, um dos principais símbolos do atletismo mundial, a russa Yelena Isinbayeva, causou comoção internacional ao se declarar favorável à legislação antigay de seu país. Depois até tentou consertar a frase infeliz, culpando seu domínio imperfeito da língua inglesa. Mas era tarde. Na mesma Rússia onde líderes soviéticos davam selinhos nos líderes da Cortina de Ferro em frente às câmeras, fornecer informações sobre homossexuais a menores de idade virou crime.

MARINA COLASANTI » Dize-me o que vestes‏


Estado de Minas: 22/08/2013 


Após alguns dias de trabalho em um projeto de leitura, regresso da Guatemala. Mais de 40 vulcões, mais de 30 línguas diferentes, tudo é plural naquele país onde os rostos e a cultura trazem viva a presença maia. Plural é também o traje típico das mulheres, não apenas roupa, mas discurso, declaração de identidade, forma de pertencer. Aceito por toda parte em substituição a uniformes, o vemos nos escritórios e nas ruas, vestido por adultas e meninas, distinguindo bebês.

Atrás dele fui a Santo Antonio de Águas Calientes, a uma hora de distância de Antigua, cidade histórica e antiga capital. É ali que vivem e trabalham as tecelãs “de cintura”.

“Começamos aos 6 anos”, me disse aquela com quem mais conversei. “As meninas aprendem com a mãe, que aprendeu com a mãe dela”, disse ainda. De mãe em mãe, as mulheres conservam a técnica de tecelagem dos seus antepassados.
Sentadas em um banquinho, é o seu corpo que mantém a urdidura estendida. Uma extremidade fica presa na parede em frente, a outra é controlada pela larga tira de couro que elas passam pela cintura. E entre os fios estendidos, vão entremeando com largas agulhas de madeira os fios coloridos da trama. Não há desenho nenhum diante delas. Como um pianista que toca sem partitura, elas contam os fios com os dedos e alternam as agulhas, obedecendo apena à memória. E que complexas são as padronagens!

Tecem o “guipil”, parte superior do traje, misto de poncho e blusa que se usa metido dentro da saia, retido por uma faixa também tecida por elas. A saia, ou “corte”, para a qual são necessários no mínimo cinco metros de um pano mais fino e menos requintado, é tecida pelos homens, em teares grandes, de pé.

“Aqui estão os lobos”, me dizia ela, passando a mão amorosamente no tecido multicolorido. “E aqui os pavões. E a águia.” Eu não distinguia nem pavões nem águia, nem muito menos lobos. Mas soube de imediato que estavam lá. Onde eu via fragmentos amarelos e roxos e esmeralda e azuis, onde eu lembrava a explosão cromática das pinturas do austríaco Gustave Klimt, ela lia claramente a mensagem que aos 6 anos havia aprendido a decifrar.

As padronagens e as cores dos guipiles diferem de região para região, assim como as saias. Podem ser flores, listas, desenhos geométricos. Contaram-me que foi essa a maneira que, no passado, os grandes proprietários de terras encontraram para distinguir seus escravos, identificando-os pela roupa. Não sei se é verdade. Mas mesmo hoje pode-se conhecer a origem geográfica de uma mulher olhando para o seu traje.

“São necessários entre quatro e nove meses para tecer um guipil”, me disse a tecelã. E por esses meses de trabalho minucioso e especializado, por essa peça única que fala de lobos, águias e pavões, me cobrou 400 quetzales, que são muitos para eles, mas que para nós equivalem a 100 reais.

Porque os guipiles são caros, estão sendo progressivamente substituídos por blusas encrespadas, cheias de brilhos, babados, rendas, e bem mais baratas. Mas não apenas porque são caros. No mundo inteiro os jovens preferem a modernidade à tradição. Chegará a hora em que as moças se sentirão melhor usando camisetas com mensagens estampadas. E as artesãs de Santo Antonio de Águas Calientes tecerão guipiles somente para turistas.

Tv Paga


Estado de Minas: 22/08/2013 
 (+Gobosat/Divulgação)

Receita de humor


Astro de filmes como O virgem de 40 anos e Pequena Miss Sunshine, Steve Carell (à direita na foto) é o entrevistado de hoje do programa Por dentro da comédia, às 22h, no canal +Globosat. No bate-papo com David Steinberg, o comediante revela suas inspirações e fala sobre a cultuada série The office. Quem também passa por lá é a atriz Jane Lynch, a professora Sue Sylvester de Glee.

Os rebocadores voltam a
arrumar briga nas ruas


Na TruTV, estreia hoje mais uma temporada de Rebocadores, às 20h40. A produção mostra o trabalho de agentes que fiscalizam as praias e ruas de Miami, sempre abarrotadas de turistas e carros. Com tantos veículos estacionados de forma irregular, os rebocadores têm que entrar em ação praticamente o dia todo, o que acaba gerando muitas brigas e uma sucessão de situações insólitas.

Maurício Pereira explica
seu processo de criação


O ex-Mulheres Negras Maurício Pereira relembra a infância, fala sobre seu processo de composição e canta Pan y leche, Trovoa e Imbarueri na edição desta noite de Zoombido, às 21h30, no Canal Brasil. Nesta nova temporada, batizada “Memórias artesanais”, Paulinho Moska tem recebido artistas paulistas em sua maioria.

Produção do SescTV vai
visitar Teatro de Niterói


Já o SescTV vai para o Rio de Janeiro, mostrando esta noite o Teatro Municipal de Niterói na série Coleções, que desenvolve este mês o tema “Palcos brasileiros”. A arquitetura e a história de um dos palcos mais antigos do Brasil são destacadas por meio de depoimentos de seus funcionários e restauradores. No ar às 21h30.

Especialistas analisam a
arquitetura de São Paulo


A historiadora Maria Izilda Matos e os arquitetos Ruy Ohtake e Ciro Pirondi falam sobre curiosidades, influências e mudanças no conjunto arquitetônico de São Paulo, a maior metrópole da América Latina, em o “Traço urbano”, especial do programa Sala de notícias, hoje, às 14h35, no Canal Futura. Mais atrde, às 19h45, no NatGeo, as ilhas artificiais de Dubai, no Golfo da Arábia, são o tema da série Obras incríveis.

Muitas alternativas na
programação de cinema


Uma noite recheada de atrações interessantes para quem está a fim de um bom filme. Na concorrida faixa das 22h, são 10 as indicações: O terceiro molho, na MGM; O senhor das armas, no Space; Ultraviolet, no Sony Spin; A jovem rainha Victoria, no Glitz; O detetive Bengali, no Max; A ilha, no Max Prime; Monte Carlo, no Telecine Fun; Poder paranormal, no Telecine Pipoca; 007 – Operação Skyfall, no Telecine Premium; e Sombras da noite, na HBO. Outras dicas da programação: Amor sem fronteiras, às 19h45, no Universal; Assalto ao carro blindado, às 22h30, no Megapix; e Antes só do que mal acompanhado, às 23h, no Comedy Central.

A César o que é de César‏


Simone Castro

Estado de Minas: 22/08/2013


Pilar (Susana Vieira) vai mandar o marido César (Antônio Fagundes) desta para melhor (João Miguel Júnior/TV Globo)
Pilar (Susana Vieira) vai mandar o marido César (Antônio Fagundes) desta para melhor

A fama de “chifruda” de Pilar (Susana Vieira) vai acabar mal. Tanto para ela quanto para César (Antônio Fagundes). Nos próximos capítulos de Amor à vida (Globo), a socialite vai mostrar que traição tem limite. Já desgostosa com o marido por ter expulsado o filho Félix (Mateus Solano) do Hospital San Magno, ela vai à loucura quando descobrir que Aline (Vanessa Giácomo) é a amante de César. E, friamente, irá tramar a morte dele, com a conivência do filho. De acordo com a revista Guia da TV, Pilar vai provar a máxima de que “vingança é um prato que se come frio”. Ela organizará um jantar magnífico e vai propor um brinde especial. Paloma (Paolla Oliveira) questionará o que estão comemorando. Irônica, Pilar dirá: “É para celebrar todos esses anos maravilhosos de casamento que tive com o César”. Vai à cozinha pegar as taças e dissolve um comprimido naquela que será servida a César. Sem desconfiar de nada, ele bebe feliz da vida. Horas mais tarde, bem longe de todos, Pilar aprecia sua “obra”. Com convulsões e um tremendo sofrimento, César morre devagar, e a mulher curte a cena para, em seguida, sussurrar em seu ouvido: “Vá para o inferno, César. É isso que você merece por tudo o que você me fez!”. Se o autor Walcyr Carrasco não mudar o roteiro, esse será o fim do garanhão de sua trama.

NÃO BASTA SER CANTOR,
TEM QUE ATUAR TAMBÉM


Michel Teló teria revelado, nos bastidores de gravação do programa Altas horas (Globo), que tem interesse em atuar. “Só o tempo vai dizer a respeito disso, mas seria uma experiência bacana. Por enquanto, vamos só nos clipes”, teria dito o cantor. Michel Teló admite: “Sou um cara muito ruim para decorar”. E, consciente, dispara: “Esse lance de atuar é um mundo totalmente diferente do mundo da música”.

VILÕES VÃO INCENDIAR
A ESCOLINHA DE ARTE


Nos próximos capítulos de Sangue bom (Globo), os vilões Fabinho (Humberto Carrão) e Amora (Sophie Charlotte), cada um com seus motivos, vão tacar fogo na Toca do Saci, escola de arte mantida por Malu (Fernanda Vasconcellos). Fabinho acende o fósforo quando vê Irene (Débora Evelyn) dar o seu anel para Bento (Marco Pigossi). Bento tenta fazê-lo mudar de ideia, mas durante a discussão Fabinho deixa o fósforo cair sem querer. Os dois trocam socos e Bento leva a pior. O florista cai desacordado. Uma mensagem de Malu chega ao celular de Bento. Fabinho se passa pelo rapaz e responde. Quem vê é Amora, que apaga a mensagem em seguida e vai até a Toca. Ao chegar ao local, Amora percebe o que Fabinho tentou fazer e decide provocar o incêndio. A it girl se finge de vítima e pede socorro.

SÉRIES DA GLOBO VÃO
SER REPRISADAS NO VIVA


Em setembro, o canal Viva (TV paga) vai reprisar duas séries exibidas originalmente pela Globo: Antônia, que foi ao ar entre 2006 e 2007, e Mad Maria, em 2005. Esta última, de autoria de Benedito Ruy Barbosa, mostra a época áurea do café no Brasil, centrada nos anos 1907 a 1912. No elenco, entre outros, Ana Paula Arósio, Tony Ramos, Antônio Fagundes e Priscila Fantin. Já Antônia mostra o universo do rap feminino, onde cantoras se apresentam juntas e traçam a própria história, contando com as participações de Negra Li, Leilah Moreno e Thaíde. Mad Maria e Antônia etornam à cena, respectivamente,
dias 9 e 23 de setembro.

ESTÁ PRONTO O CD COM
A TRILHA DE CHIQUITITAS


Já está pronto o CD com a trilha sonora da novela Chiquititas, remake assinado por Íris Abravanel e novo sucesso do SBT/Alterosa. Entre as faixas, Coração com buraquinhos, Remexe e Tudo-tudo. Larissa Manoela, que viveu a Maria Joaquina em Carrossel, também participa do disco interpretando Te gosto tanto.

COFRINHO CHEIO

A revista TV guide divulgou a lista das personalidades mais bem pagas da telinha norte-americana, divididas por gênero nas séries em que atuam. Os valores são o que os astros e estrelas recebem por episódio. Na comédia, em primeiro lugar está Ashton Kutcher, de Two and a half men, com US$ 750 mil, seguido de Jason Segel, por How I met your mother, com US$ 225 mil. No drama, Mark Harmon, de NCIS, lidera, com US$ 525 mil. Em segundo vem Claire Danes, de Homeland, com US$ 250 mil. Em terceiro lugar, Peter Dinklage, o Tyrion Lannister de Games of thrones, com US$ 150 mil. Nos reality shows, no cálculo anual, Howard Stern está em primeiro, com America’s got talent e seus US$ 15 milhões por temporada. Já Jon Stewart, na categoria talk show, leva de US$ 25 milhões a US$ 30 milhões por ano por The daily show.

VIVA
Uma delícia o episódio de anteontem de Tapas & beijos (Globo): enxuto e amarradinho como nos velhos tempos!

VAIA
Horário do Profissão repórter (Globo): agora é para esquecer mesmo o ótimo programa jornalístico. 

PIS/Cofins sobre transporte é reduzido


Por De Brasília
Waldemir Barreto/Agência Senado / Waldemir Barreto/Agência Senado
Senador Jorge Viana (PT-AC): "É um projeto que atende à voz das ruas"
O plenário do Senado aprovou ontem, por unanimidade e em votação simbólica (sem registro nominal de votos), projeto de lei reduzindo a zero as alíquotas das contribuições sociais para o PIS, Pasep e Cofins que incidem sobre as receitas dos serviços de transporte coletivo municipal. O benefício abrange o transporte coletivo intermunicipal efetuado em regiões metropolitanas regularmente constituídas.
De autoria do deputado Mendonça Filho (DEM-PE), a proposta já foi aprovada na Câmara e vai à sanção presidencial. A agilidade na votação - o projeto foi votado pela manhã na Comissão de Serviços de Infraestrutura - deveu-se a um acordo das lideranças do Senado com o governo.
"É um projeto que atende à voz das ruas. Toda cidade de porte médio e grande, neste país, enfrenta um problema gravíssimo que é a situação do transporte coletivo.(...) As cidades estão insustentáveis", disse o relator na Comissão de Infraestrutura, Jorge Viana (PT-AC).
Entre os dados que ele citou, está o aumento de quase 200% do preço da passagem de ônibus, nos últimos 12 anos. "A inflação foi menor que 150%. Já o custo de veículo aumentou 50%. Então, nós empurramos a população para andar cada um no seu carro, dificultamos a vida de quem quer fazer uso do transporte coletivo. O preço do óleo diesel cresceu mais de 250% de 2000 para cá, muito mais que o da gasolina, que cresceu 120%. É uma equação que não tinha outro caminho a não ser o das ruas, do Movimento Passe Livre, dessa crise que nos leva a debater a situação do transporte coletivo."
Segundo o relator, o projeto resultará em uma renúncia de receita estimada para 2013 e para os dois anos seguintes em R$ 1,5 bilhão, prevista na Lei Orçamentária de 2013. Não há estimativa de quanto as tarifas poderão ser reduzidas, mas, de acordo com Jorge Viana, o cálculo é que as empresas terão redução de 4% no custo da composição total das tarifas.
O petista disse que, embora esteja tramitando no Congresso uma medida provisória tratando da desoneração do transporte coletivo nas cidades, o governo decidiu aprovar o projeto, por considerá-lo mais abrangente.
Viana elogiou o fato de o projeto estender o benefício ao transporte coletivo intermunicipal efetuado em regiões metropolitanas regularmente constituídas, o que, segundo ele, vai contribuir para reduzir o preço das tarifas dos meios de transporte usados pelas camadas mais pobres da população.
"Faço aqui a observação de alguns dados: o custo de transporte público no Brasil, em torno de 80% dele, é coberto pela tarifa, ou seja, quem menos pode mais paga. Essa é a situação que estamos vivendo, e isso cria uma insustentabilidade no funcionamento das cidades. Um técnico do Ipea deixa bem claro, aponta que as famílias mais pobres gastam 13,6% com transporte", afirmou o relator, no plenário.
Segundo ele, os incentivos públicos ao transporte privado, como o IPI, causam um "círculo vicioso", ao estimular as pessoas que podem a comprar veículo próprio e não dar o mesmo incentivo para o transporte coletivo. "Houve uma inversão de valores no país. Os mais pobres são excluídos. Enquanto a média nacional de gasto das famílias com transporte hoje é de 3,4%, a média dos mais pobres é de 13,6%", completou. (RU)


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PERFORMANCE » Este viral é cult

A cena do insólito reencontro da artista plástica Marina Abramovic com o ex-companheiro, em pleno museu, faz sucesso na rede. Vida pessoal e intimidade se transformam em objeto de arte 


Sérgio Rodrigo Reis

Estado de Minas: 22/08/2013 

Momento-arte: Marina Abramovic revê o ex-companheiro Ulay depois de 25 anos de afastamento, durante performance no MoMa (MoMa/divulgação)
Momento-arte: Marina Abramovic revê o ex-companheiro Ulay depois de 25 anos de afastamento, durante performance no MoMa

Na adolescência, a performer sérvia Marina Abramovic viveu intensa relação com Ulay, pseudônimo do artista plástico Uwe Laysiepen. Os dois se conheceram na Alemanha, apaixonaram-se e, por 12 anos, criaram diversos trabalhos. Em 1988, ele a deixou. Apesar da revolta de Marina, traída pelo companheiro, o casal combinou a última performance na Muralha da China. Ela partiu do Leste, ele do Oeste. O encontro se deu três meses depois.

Marina e Ulay se despediram, passaram 25 anos sem se ver e se reencontraram há três anos, de maneira insólita: durante a performance dela no Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMa.

O momento em que Marina se surpreende com a “visita” foi filmado. É uma das cenas do documentário The artist is present, que circulou entre iniciados. Não se sabe muito bem como e por que, mas ele caiu nas graças dos internautas. O filme cult é viral na internet: superou quatro milhões de acessos e se espalhou pelas redes sociais. A cena surge descontextualizada, apenas relata o encontro do casal, mas preserva a essência do sentimento.

O viral acabou se tornando uma espécie de “porta de entrada” para a obra da artista plástica Marina Abramovic – um dos nomes mais importantes da performance nos últimos 40 anos. A cena não deixa de ser um convite para o internauta assistir ao premiado documentário, lançado no ano passado.

Festivais
Uma das hipóteses para o fato de o vídeo cair nas graças dos brasileiros pode estar ligada à trajetória do filme, apresentado em vários festivais no país. O documentário narra a preparação da retrospectiva do MoMa, chamada A artista está presente. Abramovic pediu à produção que instalasse mesa e duas cadeiras no museu. As pessoas – entre elas Ulay – sentavam-se à sua frente e a encaravam pelo tempo que quisessem. A fila permaneceu enorme durante os três meses da mostra.

No filme, Marina busca registrar sua trajetória por meio de vídeos e da reprodução de trabalhos, confiada a alunos e discípulos. A obra da sérvia é marcada pela experimentação, explora a interação entre performer e público, aborda os limites do corpo e as possibilidades da mente. A cena com Ulay foi um dos pontos altos da exposição no MoMa. O documentário traz várias cenas dela com anônimos e famosos, como o ator James Franco. Estão em cena olhares profundos e a emoção do encontro.
Imponderabilia, performance criada pelos artistas plásticos Marina Abramovic e Ulay em 1977 (CHRISTIAN HARTMANN/REUTERS)
Imponderabilia, performance criada pelos artistas plásticos Marina Abramovic e Ulay em 1977


Sophie
Poucos artistas conseguem transformar a poética pessoal em arte, mantendo a força do discurso e tornando-o compreensível ao público, como faz Marina Abramovic. Não é raro deparar com propostas que acabam se enredando na armadilha do discurso vazio ou piegas.

Assim como a performer sérvia, a francesa Sophie Calle se destacou por estabelecer o diálogo entre vida pessoal e arte. Em 24 de abril de 2004, ela recebeu do companheiro e-mail com esta mensagem de rompimento: “Não quero mais te namorar”. Ele recomendava: “Cuide de você”.

Sophie decidiu sublimar a perda por meio de um projeto artístico. Enviou a mensagem para 107 mulheres e pediu-lhes um parecer. O resultado deu origem a uma instalação.

A artista plástica mineira Laura Belém lembra que Sophie Calle e Marina Abramovic são exemplos de criadores que conseguem se inspirar em narrativas pessoais e produzir obras bem-sucedidas. “Para a maioria dos artistas, é impossível não usar aspectos pessoais na própria obra”, conclui.

SAIBA MAIS

Regime militar

Considerada “avó da performance”, Marina Abramovic nasceu em 30 de novembro de 1946, em Belgrado. Os pais militaram como guerrilheiros durante a 2ª Guerra Mundial. O comandante Vojo foi aclamado herói nacional da Iugoslávia. A mãe, Danica, comandou a Armada e, em meados dos anos 1960, dirigiu o Museu da Revolução e Arte de Belgrado. Em 1964, o pai abandonou a família.

Marina e o irmão foram criados dentro das regras militares, o que lhes trouxe profundas marcas. “Todas as performances que fiz na Iugoslávia foram antes das 22h, pois tinha de estar em casa nessa hora. É completamente insano, mas todas as vezes em que me cortei, me chicoteei e me queimei ocorreram antes das 10 da noite. Quase morri em uma estrela de fogo, mas antes das 10”, declarou ela à imprensa.

Eduardo Almeida Reis-Condomínios‏

De repente, sem aviso prévio, o adjetivo estupendo renasceu das cinzas com força total 


Eduardo Almeida Reis

Estado de Minas: 22/08/2013 

Com R$ 1 milhão você pode comprar boa casa no Condomínio Retiro do Chalé, município de Brumadinho, “à 15 minutos do BH Shopping”, mas é conveniente suprimir o sinal de crase que vê no anúncio da imobiliária. A partir do BH Shopping você está perto do Centro da capital de todos os mineiros, trecho que pode demorar de 15 minutos a duas horas, dependendo do trânsito.

Morei 16 anos em BH e não conheci o Chalé por falta de convites, mas tenho bons amigos donos de belas casas por lá. Cidadãos que andam às voltas a com a “Mineradora”, assim mesmo, tratada como Mineradora com M em caixa-alta, que estaria querendo triturar e exportar tudo aquilo para a China: minério, casas e moradores. Se duvidar, exporta até o sinal de crase em imensos navios graneleiros e teremos os chineses às voltas com a necessidade de crasear os seus ideogramas.

Venho sendo abastecido de notícias sobre o enfrentamento da Mineradora com alguns condôminos e não entendo absolutamente nada. Contudo, pelo tom das discussões, o negócio já passou do ponto de briga para entrar no terreno do risco de homicídios e batalhas, motivo pelo qual me permito pedir ao secretário Danilo de Castro, que já foi meu amigo, para dar um jeito de formar grupo de trabalho envolvendo polícia, Ministério Público, bombeiros e advogados, equipe capaz de dar um jeito naquilo que ameaça virar a Guerra do Brumadinho, com milhares de mortos e feridos.


Advogados
Como em qualquer profissão, existem advogados e advogados. Limito-me aos advogados de bancos, não todos, é verdade, mas uma boa parte deles. A ópera Rigoletto, de Verdi, tem uma ária em que o barítono se refere aos cortesãos de um jeito que se aplica a muitos advogados de bancos: “Cortigiani, vil razza dannata!”.

Pausa para explicar que tenho dezenas de óperas com os respectivos libretos, do italiano libretto “livrinho”, e sumiu o CD do Rigoletto. Mas tenho o abençoado Google com os livrinhos de todas as óperas. Parece que em alemão a frase fica assim: Felle Sklaven, ihr habt sie verhandelt!

Por que vil raça danada? Ora, porque devem receber dos bancos “por hora trabalhada” e entopem o Judiciário de ações em que as leis são inventadas por eles. Vejamos: o banco, defendido pelo escritório, perde na primeira instância, perde no Tribunal de Justiça, perde de novo em Brasília sempre por unanimidade, mas seu advogado não se acanha de voltar à primeira instância pleiteando algo que só existe na cabeça dele, advogado de banco.

Salvo melhor juízo, o profissional do escritório que faz isso deve ser cassado pelo banco e caçado pela polícia para ser posto na cadeia. Justiça é coisa séria, que não merece manipulação por escritório de bandidos organizados em quadrilha. Mas é como dizia meu saudoso amigo Fritz Underberg, suíço-alemão, banqueiro que montou fazenda leiteira nas Serras Fluminenses: “Na Brasil vale tudo”. Pois é: na Brasil, vale.


Renascimento
Entrou em nosso idioma no ano de 1572 e é puro latim: stupendus,a,um 'digno de admiração, que deve ser admirado', gerundivo de stupére 'estar admirado'. De repente, sem aviso prévio, o adjetivo estupendo renasceu das cinzas com força total. Significa “que causa assombro, admiração, admirável, maravilhoso, extraordinário, que causa espanto pela enormidade, colossal, monstruoso, descomunal”.

Andou fora de moda durante meio século. Tenho aqui um arquivo com 546.706 palavras reunindo alguns dos livros que publiquei. Acabo de procurar o adjetivo entre as centenas de milhares de palavras, graças ao assombroso “localizar” do Windows 7, e não achei um único estupendo.

Pois muito bem: só nos últimos 10 dias devo ter visto cinco estupendos em textos de escribas respeitados. Vai ver que um deles escreveu, foi lido e copiado pelos outros, que se lembraram da supimpitude do esquecido adjetivo. Parabéns para nosotros, como dizem os espanhóis: nosotros, tras. (De nos y otros). 1. pron. person. Formas de nominativo de 1ª persona plural en masculino y femenino. U. con preposición en los casos oblicuos. Por ficción, que el uso autoriza, algunos escritores se aplican el plural, diciendo nosotros, en vez de yo. Existe ainda a locução adverbial entre nosotros, confidencialidade entre o falante e o ouvinte, isto é, entre el hablante y el oyente.


O mundo é uma bola
22 de agosto de 1415: comandadas pelo rei dom João I, tropas portuguesas conquistam Ceuta, lá perto de onde o Atlético vai conquistar o Campeonato Mundial de Clubes. Em 1791 começa a rebelião de escravos no Haiti. Em 1864, criação da Cruz Vermelha Internacional. Em 1906 e por US$ 200 – há 107 anos uma fortuna! – foi vendida a primeira vitrola. Em 1942, o Brasil entra na Segunda Guerra Mundial. Em 2003, na Base de Lançamento de Alcântara, MA, explode o foguete brasileiro VLS-1 V3 matando 21 cientistas.

Em 1908 nasceu o francês Henri Cartier-Bresson, uma das glórias da fotografia mundial. Em 1976, morreu Juscelino Kubitschek de Oliveira.


Ruminanças
“Vais ver mulheres? Não esqueças o açoite” (Nietzsche, 1844-1900, muito antes da Lei Maria da Penha).

Sensibilidade que machuca [epidermólise bolhosa] - Carolina Cotta


Sensibilidade que machuca 

A doença não é contagiosa, mas os portadores de epidermólise bolhosa sofrem tanto com as feridas na pele quanto com o preconceito que têm de vencer a cada dia 

Carolina Cotta

Estado de Minas: 22/08/2013 


Anna Carolina Ferreira Rocha, portadora da doença no tipomais grave  (Arquivo pessoal)
Anna Carolina Ferreira Rocha, portadora da doença no tipomais grave

Um simples esbarrão e a pele, de uma sensibilidade anormal, reage. Primeiro bolhas, depois feridas e, por fim, cicatrizes. A epidermólise bolhosa é uma doença rara, que chega aos olhos da população depois de um episódio de discriminação. A vítima, Theo, um garotinho de 3 anos, é neto da coreógrafa Deborah Colker, o que deu visibilidade ao incidente. Antes da repercussão nas redes sociais, o problema genético, caracterizado por uma sensibilidade acentuada na pele e mucosas, era pouco conhecido. 

A doença, genética, leva à formação de bolhas nas células epidérmicas, especialmente nas áreas de maior atrito, em resposta a qualquer acidente doméstico ou casual, ou mudanças climáticas. De acordo com a Associação de Parentes, Amigos e Portadores de Epidermólise Bolhosa Congênita (Appeb), os pacientes podem nascer com bolhas em algumas áreas, podem ter bolhas imediatamente depois do nascimento ou podem nascer com ausência total de pele em algumas regiões do corpo. 

O problema são as consequências disso. Essas pessoas são mais suscetíveis a infecções. Segundo a dermatologista Maria Silvia Laborne, professora das Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, o paciente vivencia um ciclo de bolhas, feridas e cicatrizes, que podem levar também a deformações. As cicatrizes repetitivas em locais de muito atrito, como as mãos, podem levar à junção dos dedos, como ocorreu com a servidora pública Anna Carolina Ferreira da Rocha, de 30 anos, moradora de Brasília.

Portadora de epidermólise bolhosa congênita do tipo distrófica recessiva, um dos mais graves, Anna já nasceu com uma lesão na perna, provavelmente, causada pelo simples fato de ter sido puxada no parto normal. “Nasci em Belém. No hospital, o médico não queria deixar que minha mãe me visse”, lembra Anna, que teve um tio e uma prima da mãe com a mesma doença. “Mas isso foi na década de 1940, no Vale do Jequitinhonha. O que viveu mais tempo morreu com seis meses, por causa da gravidade das infecções.”

A epidermólise bolhosa é hereditária, mas não obrigatoriamente o paciente precisa ter alguém na família com o problema. As pessoas com epidermólise bolhosa podem nascer de famílias que tiveram antecedentes ou mesmo de famílias que nunca ouviram falar no assunto. “Mas, se algum parente tiver, as chances são maiores”, explica Maria Sílvia. Congênita, a doença também já se manifesta desde o nascimento. Apenas uma forma é adquirida e pode ocorrer em qualquer idade. O mecanismo é o mesmo.

DIFICULDADES
Anna Carolina precisou aprender a viver com a doença. “Não me sinto mais frágil que outras pessoas, mas é uma sensação estranha. Desde novinha, tive que entender o mecanismo da doença para me proteger e evitar o surgimento de mais lesões. Tenho que me policiar o tempo todo. Tenho que pensar onde vou parar o carro, o caminho por onde vou andar. Às vezes, o próprio piso já me machuca, causando bolhas nos pés. Brita, então, é um horror.”

Ela não se lembra de um só dia em sua vida que tenha passado sem feridas. A dor não é constante, mas, nas semanas em que está com muitas inflamações, Anna passa analgésico e anti-inflamatório. Já os cuidados com curativos demandam cerca de duas horas diárias. É preciso tirar tudo para o banho, quando a água ajuda a umedecer os curativos, e, assim, evitar novos machucados. Depois, é preciso fazer tudo novamente. A alimentação também é diferenciada. “Não posso comer nada duro ou seco, que machuque a mucosa.”

E não há cura nem tratamento. A medicação é destinada ao controle das infecções ou deficiências nutricionais. “Por isso que dizemos que o maior problema não é fazer uma bolha a cada trauma, e sim cuidar da infecção que vem em seguida e da cicatrização. Vamos apagando fogo. Por isso, o mais importante é prevenir os machucados”, alerta Maria Sílvia, que atende alguns pacientes no ambulatório da Santa Casa de Belo Horizonte.

“É uma doença triste, que traz consequências para a família inteira. Essas crianças acabam sendo superprotegidas, porque não podem se machucar. Convivem com a doença o tempo inteiro, sentem dor e ainda sofrem com o aspecto visual. Não se trata de algo contagioso, mas, como a pessoa fica constantemente cheia de feridas, é natural que, na falta de conhecimento, algumas pessoas tenham medo e sintam repulsa.”

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Notáveis do Japão propõem no BNDES inovações para o pré-sal e muito mais, alheios ao curto prazo 


Antônio Machado


Estado de Minas:
22/08/2013 


Parece inimaginável, com o dólar chegando à cercania de R$ 2,45 e a variação mensal da inflação voltando a alçar voo, saindo de quase zero em julho para 0,16% no meio de agosto, além de a abertura de postos de trabalho despencar de 142,5 mil para 41,5 mil, de um mês para outro, que haja clima para falar de oportunidades de negócios.

Mas foi o que aconteceu na terça-feira na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio. E oportunidades não faltaram, apesar da bruma que embaça o horizonte da economia, já que assim foi por oito horas seguidas – da manhã ao fim de tarde. E não se tratava de executivos do BNDES esforçando-se em atrair investidores para as concessões de infraestrutura.

Foi o contrário: um grupo dos mais poderosos empresários do Japão, conhecido por Grupo de Sábios, veio de Tóquio apresentar propostas inovadoras, visionárias até, para atuação conjunta com a Petrobras na exploração do pré-sal, entre outras. Uma nova concepção para o desenvolvimento da malha ferroviária nacional, por exemplo, também entrou nas conversas, conduzidas pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, hoje, principal referência japonesa na relação bilateral.

Os empresários tiveram audiência com a presidente Dilma Rousseff, e se mostraram resolutos quanto ao interesse renovado no Brasil. O Japão e empresas japonesas foram grandes investidores no país, até meados da década de 1980, financiando de Itaipu ao desenvolvimento agrícola no cerrado. Depois, com duas décadas de inflação endêmica e crises cambiais, se afastaram, embora alguns grupos fincassem pé, como a trading Mitsui, sócia da Vale, e Nippon Steel, da Usiminas.

Parte da retração do capitalismo japonês talvez se deva a décadas de estagnação econômica do Japão. Mas, a ser assim, o investimento japonês deveria ter se retraído na Ásia, sobretudo na China, e nos EUA, e isso nunca aconteceu. Algo estranho, até por estar no Brasil a maior colônia japonesa no mundo, já na terceira geração.

Comparado à presença maciça de multinacionais dos EUA e ascendente da China, o Japão S/A no Brasil é um anão. A Toyota, que está para o Japão como a Coca-Cola para os EUA, é só a sexta ou sétima maior montadora no Brasil em vendas. Empresas da vizinha Coreia do Sul, economia pujante, mas muito menor, têm sido mais ativas.

Parceria geoestratégica
O alheamento japonês pode começar a mudar. Mas bem de acordo com o ritmo oriental: datam de 2004, no governo Lula, as primeiras ações para o resgate da parceria estratégica com o Japão. Coutinho viajou a Tóquio duas vezes ao ano, desde 2007, aproximando o BNDES do JBIC (Japan Bank for International Cooperation), veículo do investimento privado e institucional japonês. Dois movimentos podem ter servido para se passar das discussões para o exame concreto de negócios.
A seleta de concessões de ativos de logística, além do megabloco de Libra, no pré-sal, é a oportunidade imediata. O desastre nuclear de Fukushima, conflitos com a China e o envelhecimento da população orientam o sentido geoestratégico da reaproximação com o Brasil.

Visão para pensar grande
Ainda que em passant, os empresários indagaram sobre os protestos de junho e os movimentos recentes do câmbio e inflação. Falaram de impostos não para criticar o tamanho da carga tributária, mas para estranhar a enorme complexidade e burocracia. Assinamos embaixo.
A questão a destacar é que os integrantes do Grupo de Notáveis (ou Sábios) do Comitê de Cooperação Japão-Brasil – formado entre outros pela Mitsui, Nippon, Toyota, Ishikawagima (sócio de tecnologia do Estaleiro Atlântico Sul), Panasonic –, vieram com uma postura pouco comum nestes tempos de desconfiança com a economia e de resultados medíocres: abstrair o curto prazo, olhar longe e pensar grande. E o que eles veem? Progresso, se não tropeçarmos nas próprias pernas.

Logística radicalizada
A visão japonesa do pré-sal, por exemplo, parece futurista, mas é a radicalização da logística de acesso às plataformas a mais de 300 quilômetros mar adentro, muito além da autonomia dos helicópteros.
A proposta, acompanhada de projeto, financiamento e investimento: navios como plataformas flutuantes, servindo de heliporto, tancagem e alojamento remoto. Lanchas rápidas, navegando a 45 nós (83km) e com capacidade para 300 passageiros, ligariam as plataformas. Os custos, segundo essa ideia, baixariam, e a segurança aumentaria.
É o caminho: planejar e executar. Não se pode é ficar pensando na morte da bezerra, algemando as decisões devido às eleições de 2014, a crendices ideológicas, a barganhas dos partidos. E, agora, também à indecisão do Federal Reserve sobre quando o laxismo monetário vai refluir. O Fed pensa, enquanto as moedas mundo afora desmoronam.