terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Seis autores para um conto


Mário Fontana/Interino Helvécio Carlos

Estado de Minas: 24/12/2013 

Seis autores para um conto

Histórias não faltam às vésperas do Natal. Embalado pelo clima de fim de ano, a coluna convidou seis personalidades da cidade para criar uma narrativa natalina. Cada um redigiu um parágrafo do conto, que foi aberto por Jacques Fux (vencedor na categoria Melhor autor estreante até 40 anos no Prêmio São Paulo de Literatura, com o livro Antiterapias). Na sequência, cada autor recebia o trecho já escrito e acrescentava sua parte, e assim sucessivamente até completar a história. Participaram da criação coletiva, além de Fux, Afonso Borges, criador do Sempre um papo; o governador Antonio Anastasia; o consultor de moda Rodrigo Cezário; o designer Gustavo Greco; e o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo. O resultado você confere abaixo. Feliz Natal a todos.

Amor de Natal
Jacques Fux (Gladyston Rodrigues/EM/D. A PRESS)
Jacques Fux

>> N., assim como milhões de brasileiros, nasceu de uma família humilde, mas trabalhadora. Filho de pais iletrados – o pai marceneiro e a mãe doméstica –, N., desde pequeno, descobriu as dificuldades (e algumas belezas) da vida. Seus pais, como tantos outros, tentaram lhe dar um futuro melhor, matriculando-o em uma escola pública que, como sabemos, possui inúmeras limitações e perigos (mas viver é mesmo muito perigoso). N., já no primeiro encontro, surpreendentemente, encantou-se com o poder e com a leveza das letras, que transformam sonhos em uma certa realidade. Fascinado por cartas, único gênero (perdoem-me pelo exagero) literário que aprendeu, descobriu a possibilidade da realização do desejo (seu e dos outros) através da mera manipulação de letras. Mas a vida lhe pregou uma peça, dessas que deixam marcas profundas e indeléveis: seus pais desapareceram, assim, como neste texto, sem muita razão e N. teve que aceitar a dor de seu destino. Porém, a partir de então, criou sua própria proteção: queria livrar o mundo do sofrimento, mas não queria jamais se envolver novamente com alguém, só através das cartas.

>> Mudou-se para a casa de umas tias, na Rua Oriente, na Serra, após o desaparecimento de seus pais. Lia todos os livros que encontrou por ali. Revirava bibliotecas públicas, pedia emprestados aos amigos, mas nunca devolvia. Fez daquele porão um universo paralelo, alheio a todos. As cartas eram seu único alento. Escrevia, endereçava a pessoas imaginárias e as guardava em um armário velho, abaixo da escada. Suas tias, apreensivas, tentavam uma forma de comunicação. Ele respondia com bilhetes, lacônicos. Um dia, viu a sua vizinha Marialva aparecer na janela. O cachorro latia alto, estridente, aquela manhã. Observou seus cabelos crespos, o sorriso ao conversar, ouviu a gargalhada solta. Sua proteção havia sido destruída. As cartas não mais o salvariam.
 
Antônio Anastasia (Eugênio Gurgel/Esp. EM/D. A PRESS)
Antônio Anastasia

>> Dia após dia, N. passava cada vez menos tempo em seu porão, sentando-se furtivamente à janela do corredor, não sem antes conferir se as tias já haviam saído para as compras ou se retirado para as providências do dia na cozinha. Inclinava-se de modo que as palmeiras do jardim disfarçavam-lhe o rosto, enquanto observava Marialva a conversar sozinha com suas bonecas ou a atirar uma bolinha amarela que o cão ia alegremente buscar. Quando a menina não aparecia, N. punha-se a escrever freneticamente, com letra miúda e caprichada, cartas que iam se acumulando em um calhamaço de envelopes – sua timidez de menino não permitia, ainda, que as ansiosas correspondências chegassem às mãos de sua destinatária. De certa feita, porém, sem aviso, enquanto aquela rotina diária se desenrolava tranquilamente, com a pilha de missivas repousando perto de seu joelho, N. viu quicar, para o seu lado da cerca, e rolar, para muito perto de sua janela-esconderijo, aquela bolinha amarela. Num átimo, Marialva já tinha os olhos fixos no brinquedo e, sem modos, pulava para dentro dos limites da residência das tias de N.

Gustavo Greco ( Greco Design/Divulgação)
Gustavo Greco

>> Ao se dar conta de que o tão esperado encontro seria inevitável, N. ficou paralisado. Coração disparado, um frio no estômago se contrapunha ao calor no rosto e a sensações até então desconhecidas. Um nó na garganta parecia conter a enxurrada de palavras que por anos ficaram guardadas e, naquele momento, poderiam sair todas de uma só vez, atropelando-se desordenadamente. Por um instante, a vida, que nunca havia sido generosa para o menino, sorria-lhe, proporcionando um momento capaz de tirar de sua cabeça todas as preocupações e aliviando-lhe o peso que carregava no peito desde quando se entendia por gente. A falta dos pais, a dificuldade de se relacionar com as tias, nada ali tinha importância. Uma aproximação com Marialva era tudo o que N. queria, mas não sabia como. Por dias e noites ele pensara naquele momento, que aconteceria ali, caso não fosse Tigre, o cachorro vira-latas da menina, que chegou mais rápido e pegou a bolinha. Isso fez com que Marialva recuasse, voltando para sua casa, deixando N. parado, sem acreditar que o momento perfeito lhe escapara. N. não estava surpreso, pois o revés já era um antigo conhecido, um velho amigo talvez.

>> Mais uma vez, mergulhou em um turbilhão de pensamentos. Mas agora, algo mudara. Todos seus fantasmas e angústias não faziam mais sentido. Apesar de continuarem lá, lembrando a todo momento quem ele era, haviam perdido a força esmagadora que o tornara tão alienado. Seus medos estavam mais distantes, não os sentia presentes, eram apenas vultos. Havia algo diferente acontecendo com suas emoções, algo que pela primeira vez preencheu todos os seus sentidos. Buscou refúgio nos papéis e no lápis, sua forma segura de reflexão. N. não conseguia escrever, as palavras não alcançavam o papel, sentiu-se mudo, pois aquela era sua principal forma de comunicação. Perdeu a noção do tempo, as tias chamaram para o jantar, mas N. não quis fazer a refeição, não sentia fome. Ainda procurava compreender o que se passava e, horas depois, ainda não conseguira imprimir uma letra em seu caderno. Cansado de tentar organizar seus pensamentos, N. deitou-se encolhido em sua cama, como um feto buscando conforto no útero morno dos lençóis, e chorou silenciosamente. Sentia que as lágrimas levavam sua dor embora e assim N. adormeceu.



Dom Walmor (Beto Novaes/EM/D. A PRESS)
Dom Walmor

>> Adormecido, em sono profundo, provocado pelos desgastes das fugas e buscas, N. sonhou. Sonhou ao som de músicas melodiosas, nostálgicas – que alimentavam os sentimentos do coração. Ao som das melodias, em sonho, passeava entre luzes, enfeites e cores. Ora um céu azul clareado pelos raios do sol; ora uma noite estrelada, trazendo o frescor da brisa que acariciava o seu rosto, gerando sensação de novidade, gosto de coração apaixonado, indicação de possibilidade nova de viver. Nos embalos das músicas e das cores, Marialva também passeava com N., enchendo o seu coração de leveza, coragem de sonhar, alegria de viver e amar. Sonhando, bem próximos, não mais separados pelos limites das residências, nem pelos recursos de cartas e de letras, sem vira-latas para atrapalhar, chegaram, coração só, disparado pela ternura, em frente a um presépio. Um presépio lindo que iluminava o amor que se despertava na glória daquele sonho. Ante o presépio, ao som da música natalina melodiosa, resgatando devoções, deram as mãos, entrelaçando vidas e histórias, um caminho para sempre. Ele acordou. Era um sonho. Um sonho que o levou naquele dia, dia de Natal, a sair do seu esconderijo. Foi à igreja. Viu um presépio igual. Esperou por Marialva. Ela não veio. Fixou o olhar n’Ele, o menino Deus recém-nascido. Ficou tocado pelo amor, reencontrou em José e Maria, os pais que foram embora. Um encontro que reacendeu no coração de N. o amor, o amor de Deus. Compreendeu e encontrou a fonte do amor: Deus. Saiu diferente. Renovado. Por coincidência ou providência, pelas ruas e praças da vida, caminhou diferente, se sentindo diferente, e encontrou Marialva. E no amor inesgotável do amor de Deus a amou, exercitando o amor para sempre, numa vida que mudou. Porque é Natal, a festa do encontro do amor de Deus.

Maria Esther Maciel-Véspera de Natal‏


Estado de Minas: 24/12/2013 


A ficha de Pedro, com referência ao Natal, ainda não tinha caído até sábado passado. Foi nesse dia que ele se deu conta de que o 25 de dezembro estava para chegar. Enredado em vários problemas, não se lembrara de comprar presentes. Aliás, desde que se separou da mulher, no ano passado, e seu único filho se casou, não tem se preocupado muito com essas coisas, apesar de ter pai, irmã, cunhado e um casal de sobrinhos adolescentes. Ficou ainda mais despreocupado quando o filho lhe disse que passaria as festas de fim de ano com a família da esposa, no interior.

No sábado, porém, Pedro recebeu um e-mail do sobrinho pedindo de presente um jogo de videogame, encontrável apenas numa certa loja. Foi aí que se lembrou de que precisava mesmo comprar alguns presentes, antes que fosse tarde. Assim, resolveu ir a um shopping (o critério de escolha foi a loja do jogo), sem a mínima ideia do que comprar para as outras pessoas.

Pedro nunca gostou dessa obrigação de dar presentes. Ele acha que é bem melhor presentear as pessoas quando elas menos esperam. A surpresa, ele pensa, dá um charme especial ao ato. A pessoa presenteada se sente mais querida e mais valorizada num dia em que não imagina que alguém possa se lembrar dela. E para comprar um presente assim, de surpresa, não é preciso pôr a pessoa numa lista, nem sair a contragosto só para achar qualquer coisa e fazer jus à data.

Ir ao shopping não foi tarefa fácil naquele dia por causa do trânsito e da chuva fina. Ao chegar, a maratona foi outra, mas não menos complicada: encontrar vaga no estacionamento. Filas de carros parados, à espreita. Alguns veículos rodavam em círculos, sem achar espaço disponível. Pedro quase desistiu. Mas resistiu, heroico, até conseguir a bendita vaga, um bom tempo depois.

Quando finalmente entrou no shopping, ficou atônito. Muito barulho, muita histeria. Um Papai Noel magro, com a barba postiça despencando do rosto, fazia propaganda de celulares. Jingles de Natal ecoavam nas lojas. Moças de capuz vermelho distribuíam brindes nos corredores. Meio zonzo, Pedro andou pra lá e pra cá até achar a tal loja de jogos. Ao se aproximar, foi recebido por vendedoras sorridentes, que lhe diziam: “Feliz Natal!”. Atordoado, não conseguiu perguntar pelo jogo que fora comprar. Olhou para o fundo, onde fica o caixa, e viu uma enorme fila de pessoas com guias de pagamentos e cartões de crédito nas mãos. Decidiu, então, sair dali e ir procurar outra coisa para o sobrinho. “Ai, meu Deus, e ainda tenho que achar presente para o papai, a Lu, o Rui, a Bia, a diarista e a filha dela!”, pensou. A tontura tomava-o completamente.

De repente, teve um clique: “É isso que chamam de Natal? O que estou fazendo aqui, neste lugar que não tem nada a ver comigo?”.  Foi assim que decidiu, com firmeza, não se render. Não compraria nenhum presente. Essa seria sua forma de protesto. “Quem me ama, vai me entender”, pensou. “Já quem acha que amar é dar presente em dia marcado que me perdoe, mas não vou dar nada para ninguém neste Natal”, concluiu.

Com uma súbita leveza de alma, foi para o estacionamento, pegou o carro e seguiu para casa, com planos de abrir uma garrafa de vinho e curtir, ao som de um bom jazz, a sua noite de sábado. 

TeVê


Estado de Minas: 24/12/2013



 (Jair Magri/Divulgação)

Noel na berlinda
O Roda viva terá um convidado muito especial na edição extra que vai ao ar hoje, às 20h, na Cultura: ninguém menos que Papai Noel (foto), em entrevista exclusiva para uma bancada formada por crianças e comandada por Fabiano Augusto, ator e apresentador que integrou o elenco da emissora nos programas Turma da Cultura e RG. Promete ser muito divertido!

Festa sem boa música
não tem graça, certo?


Ainda na Cultura, às 21h, vai ao ar um concerto da Orquestra Bachiana Filarmônica com regência do maestro e pianista João Carlos Martins e participação do cantor Tiago Abravanel. Às 22h30, o Metrópolis abre com Beth Carvalho uma série de três especiais, ficando para amanhã e depois os ex-titãs Arnaldo Antunes e Nando Reis. Já às 23h, a atração é o concerto Natal em Estrasburgo, com a Orquestra Concerto Koln e o Coro Accentus, regidos por Laurence Equilbey. Já no Futura, às 22h30, vai ao ar Palavra Cantada – Vem dançar com a gente, com Paulo Tatit e Sandra Peres, seguido de Pequeno cidadão, com Arnaldo Antunes, Edgar Scandurra, Taciana Barros e Antônio Pinto, às 23h. No canal Arte 1, mais duas dicas: o balé O quebra-nozes, de Tchaikovsky, às 21h30; e o especial Uma noite no Central Park, com o tenor italiano Andrea Bocelli, às 23h30.

Muita animação para
os adultos e as crianças


Na véspera de Natal, o canal Fox coloca no ar mais uma Noite amarela, com a exibição de Os Simpsons – O filme, às 19h15, seguido de oito episódios natalinos da série de animação da atrapalhada família de Homer e Marge. O Discovery Kids também preparou uma programação especial de Natal, das 10h à meia-noite, com episódios das séries Doki, George, o curioso, Hi-5 e Lalallopsy, entre outros.
No FX, o especial de Natal é totalmente politicamente incorreto , com Uma família da pesada, The Cleveland show e American dad, a partir
das 15h45.

Muitas alternativas na
programação de filmes


No pacote de filmes, destaque para a sessão natalina do Telecine Touch, com Um Natal premiado (18h45), Surpresa de Natal (20h20) e O príncipe e eu (22h). Também na faixa das 22h, o assinante tem mais cinco boas opções: Irma Vap – O retorno, no Canal Brasil; Guerra é guerra!, no Telecine Premium; Assassino a preço fixo, no Telecine Action; A origem dos guardiões, no Telecine Pipoca; e Lanterna Verde, na HBO. E ainda: A fada, às 21h, no Max; Flashdance – Em ritmo de embalo, às 22h05, no TCM; e O fada do dente, às 22h30, no Megapix.

Caras & bocas

Simone Castro
simone.castro@uai.com.br
Publicação: 24/12/2013 04:00

Padre Marcelo é o convidado de hoje do Programa do Ratinho (Marcos Hermes/Divulgação)
Padre Marcelo é o convidado de hoje do Programa do Ratinho
Fechando bem o ano

Na série de especiais de fim de ano do SBT/Alterosa, sobrou até para o Ratinho. No programa de hoje, às 22h, Carlos Massa vai festejar o Natal com a presença do padre Marcelo Rossi. Os telespectadores também conferem uma apresentação do ilusionista Gustavo Vierini. Para a chegada do ano-novo, o apresentador promete caprichar na produção do quadro “Boteco do Ratinho”. No balanço de 2013, Ratinho se destacou, entre outros feitos, pela  entrevista exclusiva com a presidente Dilma e outra com o governador Eduardo Campos, provável candidato à Presidência em 2014

DANILO GENTILI PODERÁ
TROCAR A BAND PELO SBT


O apresentador Danilo Gentili pode encerrar a parceria com a Bandeirantes e se transferir para o SBT. Embora tenha contrato firmado até dezembro do ano que vem, nada impede – se houver uma grande vontade de tê-lo no elenco da emissora – que Sílvio Santos pague a multa rescisória. Na atual casa, o clima teria ficado um pouco tenso depois que o programa especial de Natal de Gentili foi cancelado, mesmo sendo considerado pelo próprio apresentador como “inadequado”. A Band garante ter todo o interesse em mantê-lo. Não existe nada oficial por enquanto.

AGUINALDO SILVA GANHA
AÇÃO CONTRA O PÂNICO


O autor Aguinaldo Silva comemorou ter ganho a ação por danos morais contra o Pânico. A juíza Marianna Mazza Vaccari Manfrenatti, da 28ª Vara Cível do Rio de Janeiro, condenou o programa a pagar R$ 30 mil de indenização e o proibiu de fazer piada e até mesmo citar o nome do autor sem sua autorização. Caso o faça, caberá multa de R$ 50 mil. O argumento de Aguinaldo é que a atração, com um personagem de imitação, causou danos à sua dignidade, personalidade e honra.

UM DOS MAIS ESPERADOS
BEIJOS VAI ROLAR EM BREVE


Já estão em curso as gravações de uma das cenas mais esperadas em Amor à vida (Globo): o primeiro beijo de Linda (Bruna Linzmeyer) e Rafael (Rainer Cadete). A orientação do autor Walcyr Carrasco é de que seja romântico, delicado, suave e com muita emoção. E será o primeiro momento do real envolvimento dos personagens.

REDETV! ANUNCIA NOVAS
ALTERAÇÕES NA GRADE


A RedeTV! anunciou, em seu site oficial, mudanças na grade de programação diária a partir de janeiro. O RedeTV news, que a partir de 13 de janeiro começará às 22h20, virá logo depois do programa Show da fé, no ar às 21h20. Já o Morning show, apesar do nome (morning em inglês quer dizer manhã), vai migrar para o fim da tarde, a partir das 18h45 – não se sabe se o nome será alterado.

Passeio no museu

O 36º episódio da serie Mundo museu, do canal +Globosat (TV paga) vai hoje a São Paulo mostrar o Museu da Casa Brasileira, único do país especializado em design e arquitetura. A própria sede já conta um pouco da sua história, pois foi residência de Fábio da Silva Prado, ex-prefeito do município de São Paulo entre 1934 e 1938. O Museu da Casa Brasileira tem uma coleção de móveis que mostra a história das famílias e das casas do povo brasileiro. Por meio de objetos, detalhes, texturas e matérias-primas conhecemos melhor os costumes de outros tempos e a história da nossa sociedade. No ar às 21h.

PLATEIA

VIVA
Interessante o diálogo sobre família entre Félix (Matheus Solano) e Márcia (Elizabeth Savalla) em Amor à vida (Globo)

VAIA
Para as operadores das TVs pagas Net e Sky, que vão tirar de seus pacotes o SescTV, que oferece uma programação diferenciada 

RETROSPECTIVA 2013 - DISCOS » E todos saíram ganhando‏


RETROSPECTIVA 2013 - DISCOS » E todos saíram ganhando
Se a indústria fonográfica mostrou números positivos, embora tímidos, a internet se consolidou como meio de divulgação musical. Ganharam os independentes e o público
 

 
Mário Sérgio e Kiko Ferreira
Estado de Minas: 24/12/2013 


Anitta lançou o hit que marcou o pop no Brasil. O Daft Punk, com Pharrell Williams e Nile Rogers, estourou comGet lucky (Marcos Vieira/EM/D.A Press-6/11/13)
Anitta lançou o hit que marcou o pop no Brasil. O Daft Punk, com Pharrell Williams e Nile Rogers, estourou comGet lucky

Se em 2012 brilharam as estrelas de Gaby Amarantos e do coreano Psy, em 2013 os iluminados foram Anitta e a dupla de música eletrônica Daft Punk, formada pelo luso-francês Guy-Manuel de Homem-Christo e pelo francês Thomas Bangalte. A brasileira pelo arrastão provocado por seu Show das poderosas. Os gringos pelo hit Get lucky, que gerou dezenas de covers na internet e não deixou pés e quadris parados.

Muita gente superestimou a crise da indústria fonográfica, mas o fato é que os fabricantes de discos recuperaram terreno e ainda tentam aprender a lidar com as novas condições do mercado, especialmente produção e distribuição. Os meios digitais deram liberdade aos criadores e encurtaram o caminho até o consumidor. A internet ampliou seus domínios, é acessada por um número cada vez mais de pessoas interessadas nas novidades, e a música é um de seus maiores filões.

É evidente a importância no vídeo hoje para divulgar todo tipo de produto. Por isso não se pode falar de discos sem lembrar a avalanche de clipes em faixas bônus de CDs, no próprio formato DVD e, mais recentemente, em suportes e plataformas virtuais, canais como Deezer, Vevo e YouTube, além de sites montados pelas gravadoras e artistas, consolidando a carreira de muitos, resgatando outros e revelando mais um tanto.

O rock andou capengando, enquanto o pop avançou. Se por um lado medalhões voltaram à cena, de David Bowie a Pearl Jam, permanece aberto o espaço para trabalhos interessantes de artistas e bandas como Arcade Fire, The National e Vampire Weekend. No Brasil, os sertanejos cantaram forte nas paradas, seguidos pelo funk, o rap e o samba, ficando bem mais atrás o combalido rock nacional. Na MPB, caras novas representam a esperança de dias melhores em 2014.

Para dançar

Miley Cyrus foiresponsável por um dos clipes mais vistos no ano, o ousado
Miley Cyrus foiresponsável por um dos clipes mais vistos no ano, o ousado "Wrecking ball"

Se há duas coisas que ficaram automaticamente na memória em 2013 foram o interminável “leque leque leque leque” e o “prepara!”, da Anitta. Finalmente temos uma artista pop de hits pegajosos para competir com as estrelas internacionais Katy Perry, Lady Gaga, Britney Spears e a mais bem-sucedida delas, Miley Cyrus (foto), responsável por um dos clipes mais vistos no ano, o ousado Wrecking ball. Claro que o complexo de vira-latas não admite que artistas brasileiros funcionem tão bem nas pistas quanto os gringos, mesmo a poderosa Anitta, que foi acusada de plágios de danças e figurinos. A grande surpresa nesse segmento foi o resgate do espírito disco do Chic para produzir Get lucky, megahit do Daft Punk: foi Nile Rodgers que trouxe a dupla francesa de volta às paradas.

Novos e velhos 

Se estrelas como Artick Monkeys, Strokes, Arcade Fire, Franz Ferdinand e The National agradaram à crítica e público com discos que mantiveram posição nas respectivas carreiras, como vem acontecendo nos últimos anos, muitos veteranos retornaram com estilo. David Bowie (foto) com The next day, Paul McCartney com New e Elvis Costello com Wise up ghost colocaram no chinelo bandas novas bem mais badaladas. E Bob Dylan foi responsável por um clipe inovador, consistente, interativo como gostam os usuários dos novos tempos. Até o Black Sabbath ressurgiu das cinzas, com Ozzy nos vocais no álbum 13. Em 2014, é bom ficar de olhos e ouvidos ligado em alguns os nomes que despontaram este ano: Savages, Sunbather, Steve Wilson, Voivod, Kylesa, These New Puritans, Hookworms e Tame Impala.

Ouvir e pensar


Em 2013, também foi possível ouvir muita coisa com cérebro, como o disco
Em 2013, também foi possível ouvir muita coisa com cérebro, como o disco "Abraçaço", de Caetano Veloso

Mesmo que tenha sido impossível passar por qualquer via pública sem ouvir funk de tremer vidros, sertanejos de balada e artistas das duas áreas invadindo o terreno alheio, foi possível ouvir muita coisa com o cérebro. Em um campo tão vasto era natural que houvesse muita variedade. Do peso do Queens of Stone Age com o ótimo ... Like clockwork ao Vazio temporal, de Wado. Uma boa surpresa foi o rapper Kanye West, com experimentações com minimalismo, pop barroco, folk e música erudita no radical Yeezus. Teve ainda a volta ao pop de Ed Motta (AOR), o tradicional revisitado do Vanguart (Muito mais que o amor), o Glorioso retorno de quem nunca esteve aqui, de Emicida, e o Abraçaço, de Caetano Veloso, além do DVD com a vida de Nana Caymmi e muita, muita música instrumental de qualidade.

No garimpo
Por falar em música instrumental, destaque para o segundo CD do mineiro Frederico Heliodoro (Verano). O pai dele, Affonsinho, lançou dois discos. E o segundo, o desencanado e pop Depois de agora, é o melhor.Também mineiros, Érika Machado voltou de Portugal, Vander Lee surgiu repaginado com o oitavo disco, Flávio Venturini lançou o aguardado álbum instrumental e retomou a trajetória do grupo O Terço. Marina Machado (Quieto um pouco), Selmma Carvalho (Minha festa) e Jennifer Souza (É melhor ser) defenderam bem o time das cantoras locais, com Rosa Passos (Samba dobrado) e Ná Ozzzetti (Embalar) na frente das nacionais, com Ana Cañas dando a volta por cima e recuperando a carreira e Clarice Falcão entrando pela porta da frente e tomando de Mallu Magalhães o lugar de fofa  da rodada.

No paradão Mais para constar em um boletim de ocorrência e menos pela qualidade de suas produções, não se pode deixar de citar o desempenho comercial dos artistas da música sertaneja, seguido pelas turmas do pagode, axé, funk e outros gêneros populares, incluindo aí o tal arrocha e o gospel. A lista é grande, mas dois filões merecem ser citados. No funk, a maior revelação foi Anitta, mas logo atrás vieram MC Federado e os Leleques (Passinho do volante) e MC Gui (O bonde passou). Já os sertanejos exageraram nas baladas românticas e refrões engraçadinhos. Entre os primeiros, Luan Santana, Michel Teló e Gusttavo Lima, Paula Fernandes e até a dupla Fernando e Sorocaba. No lado mais esculachado, o que bombou foi o hit Piradinha, de Gabriel Valim.

TECNOLOGIA CONTRA O CÂNCER » Auxiliares radioativos‏

Importantes marcadores que localizam tumores são matéria-prima da chamada medicina nuclear, que aposta em tecnologia e pesquisa de ponta para melhorar diagnósticos 


Paula Takahashi
Estado de Minas: 24/12/2013 


 (istockphoto)


Pesquisas no campo da medicina nuclear devem andar lado a lado com os avanços tecnológicos propostos pela indústria de aparelhos de imagem. São os resultados desses estudos os responsáveis por disponibilizar às redes de hospital e clínicas especializadas os marcadores radioativos, considerados a principal matéria-prima para realização dos exames de tomografia. Injetada no corpo do paciente minutos antes do exame, essa substância localiza o tumor e denuncia sua presença por meio da emissão de partículas detectadas pelos raios gama (fóton). As imagens captam exatamente a área onde esses marcadores se concentraram, indicando a presença de uma atividade metabólica desordenada.

Com sobrevida curta, de alguns minutos até poucas horas, os marcadores, traçadores ou radiofármacos devem ser produzidos próximos à área de aplicação. O desafio é enorme se considerado um país continental como o Brasil, discussão que fecha a série de reportagens "Tecnologia contra o câncer", que abordou as novidades no campo da radiologia e medicina nuclear no país e no mundo. Em Minas Gerais, somente o Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear (CDTN) – instituição vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – produz os traçadores usados nesses exames.

"Instalamos a fábrica dentro da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) há cinco anos para produção do FDG, mas também com o objetivo de desenvolver novos marcadores", conta a pesquisadora e chefe do setor de radiofarmácia do CDTN, Juliana Batista da Silva. O FDG é um tipo de glicose, semelhante ao açúcar consumido na dieta diária, marcada com flúor-18, material radioativo capturado pelo aparelho. "Os tumores, em geral, por trabalhar de forma desordenada, apresentam uma avidez muito grande pela glicose, utilizando-a como substrato ou seu ‘alimento’, havendo um alto consumo de glicose nas células tumorais", explica a médica nuclear do Departamento de Diagnóstico por Imagem do Laboratório Hermes Pardini, Ivana Moura Abuhid. Quanto mais maligno ou agressivo for o tumor, mais sua avidez pela glicose. Apesar de ser o mais utilizado nos exames de maneira geral, o FDG apresenta limitações.


Juliana Batista da Silva, pesquisadora e chefe do setor de radiofarmácia do Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear (foto à esquerda) (jair amaral/em/d.a press)
Juliana Batista da Silva, pesquisadora e chefe do setor de radiofarmácia do Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear (foto à esquerda)

"Em câncer de próstata e aqueles localizados no cérebro, por exemplo, o FDG não é capaz de identificar com precisão a localização do tumor. Por isso, o ideal é fazer estudos com radiofármacos mais seletivos", reconhece Juliana. Empenhado em novas alternativas e atento à demanda da própria comunidade médica, o CDTN desenvolveu a colina radioativa destinada à detecção mais segura e confiável do câncer de próstata. "Já fizemos a parte pré-clínica, aplicada em animais, e estamos aguardando autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para liberação dos exames clínicos em humanos", afirma a pesquisadora. Cerca de 300 pessoas devem participar dos testes que devem começar no início de 2014.

PULMÃO E CÉREBRO Outros órgãos também requerem marcadores mais precisos, como o pulmão. Para isso, o CDTN já estuda a produção do flúor tinidina (FLT). Para estudos cerebrais, a metionina já está em fase pré-clínica e é o único radiofármaco produzido com carbono 14 no Brasil, material que tem meia-vida de apenas 20 minutos. Os períodos muito curtos para utilização dos materiais radioativos obrigam alguns hospitais a concentrar uma área própria de produção de traçadores.

É o caso do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), que já tem estudos avançados na produção de uma substância para tumores neuroendócrinos. "Essa necessidade de muitos marcadores serem desenvolvidos dentro do próprio centro foi um dos fatores limitantes para a chegada dos aparelhos no Brasil. Hoje, temos cerca de 10 centros de distribuição desse material no país e, com isso, devemos ganhar escala", reconhece Marcelo Livorsi da Cunha, médico do serviço de medicina nuclear e PET/CT da Medicina Nuclear do HIAE.

Ao ganhar em escala de distribuição e desenvolvimento de novas alternativas, os investimentos em PET/CT se tornam viáveis. Juliana Batista da Silva conta que, até o ano passado, havia apenas um aparelho no estado. "Hoje já são quatro e para o ano que vem estão previstos mais dois", antecipa. Uma nova fase da medicina, que promete mudar as perspectivas de pacientes e médicos em relação ao diagnóstico e tratamento da doença. Considerando a legislação brasileira, desde o início das pesquisas até a entrada das novas substâncias no mercado, a expectativa é de que se passem, pelo menos, cinco anos.


PALAVRA DE ESPECIALISTA » Rigor em excesso

Celso Darío Ramos - presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear e professor na Unicamp

"A legislação estipulada pela Anvisa para se colocar um radiofármaco no mercado é tão grande que há três anos não sai nada de novo. A agência baseou as normas brasileiras nas americanas e europeias, nas quais agências reguladoras classificam os radiofármacos de maneira semelhante a antibióticos, o que não é verdade. É uma das substâncias mais seguras na medicina. Mais de 50 milhões de doses já foram distribuídas no mundo e nunca houve um caso de morte ou doença. Não há motivos para regras tão rigorosas. Em nível de pesquisa, os processos continuam, mas a população não está tendo acesso a essa tecnologia de ponta. Já fizemos várias reuniões com a Anvisa e existe boa vontade em entender os problemas do setor, mas oficialmente ainda não sabemos de nenhuma mudança prevista."

País tem 15 milhões de pessoas com mais de 65 anos


Base para envelhecer 
 
País tem 15 milhões de pessoas com mais de 65 anos
 
 
Roberto Perecini
Advogado e diretor-presidente da OAB-Prev Minas Gerais
Estado de Minas: 24/12/2013 


Passamos a vida inteira ouvindo sobre o quão triste e angustiante é a chegada da velhice. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os idosos já são hoje 15 milhões de brasileiros e até 2060 chegarão a quase 54 milhões (26,8% da população). Estar próximo ou não dos 65 anos de idade de repente se tornou motivo para refletir sobre tudo aquilo que estamos passando e poderemos vir a passar na amadurecida terceira idade. A longevidade tem levado até as mais jovens mentes a repensarem seus planos e projetos de vida, que a cada dia não estão mais tão distante como era antes.

Mas como é envelhecer no Brasil? Será que o país está preparado para ser representado por um número cada vez maior de idosos? E a sociedade saberá lidar com o fato das pessoas estarem envelhecendo cada vez mais? O fato é que a sociedade está envelhecendo e esse número cresce consideravelmente a cada ano. Portanto, políticas públicas voltadas exclusivamente para esse estrato social devem ser tomadas. E rápido.

Novos cenários se apresentam e, além do famigerado impacto na Previdência, as transformações serão significativas em todos os setores, sejam eles econômicos, políticos ou sociais. Para suprir essa deficiência da Previdência Social, a população tem se preocupado, cada vez mais cedo, com a qualidade de vida na velhice e procurado os fundos de previdência como alternativa complementar para garantir uma renda razoável após o fim de sua carreira profissional. O brasileiro percebeu que a previdência privada é um meio eficaz e vantajoso de investimento, mas é fundamental saber que é preciso poupar hoje para garantir um futuro tranquilo.

A previdência privada tem se tornado uma forte opção de investimento, devido, entre outros motivos, ao benefício fiscal e taxas de administração e gestão, sendo um meio eficaz e vantajoso de acumular dinheiro a longo prazo. Quem deixa para adquirir um plano de previdência mais tarde acaba tendo que efetuar depósitos mais elevados e, consequentemente, pode comprometer o padrão de vida no futuro. Com um país mais velho, urge um sistema de saúde mais adequado, impecável, além de todo um aparato para atender essa grande parcela da população da melhor maneira possível. Como qualquer outro cidadão, os idosos merecem  atenção e têm o direito de ter um transporte público de qualidade, estudar, viajar e dispor de opções de lazer e entretenimento.

Sem deixar de lado todas as reflexões econômicas e sociais acerca do assunto, envelhecer também tem suas maravilhas. Ao contrário do que muitos pensam, acredito que a decrepitude e a solidão são meros coadjuvantes nessa fase da vida. As rugas e linhas de expressão representam uma das mais belas e genuínas formas de vitalidade, de sustentar a credibilidade e experiência adquiridas por um ser humano ao longo de sua trajetória. Afinal, será que estamos preparados para envelhecer?

Oferta a Dirceu causa revolta‏

Na avaliação do presidente do Conselho Regional de Biblioteconomia de Minas, ex-ministro condenado não tem qualificação para ocupar cargo oferecido por escritório de advocacia
 

Maria Clara Prates
Estado de Minas: 24/12/2013 


Justiça do DF deve decidir no início de janeiro se permitirá a José Dirceu trabalhar como bibliotecário, com salário de R$ 2,1 mil     (Marcos Vieira/EM/D.A PRESS - 31/1/13)
Justiça do DF deve decidir no início de janeiro se permitirá a José Dirceu trabalhar como bibliotecário, com salário de R$ 2,1 mil

O presidente do Conselho Regional de Biblioteconomia 6ª Região – Minas Gerais e Espírito Santo –, professor Antônio Afonso, disse ontem que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu comete crime de falsidade ideológica ao pleitear um cargo de bibliotecário sem ter qualificação para o exercício da profissão. Uma interpretação compartilhada pela presidente do Conselho Federal de Biblioteconomia, Regina Celli. Ela esclareceu, por meio de nota, que “cabe ao conselhos estaduais e federal de Biblioteconomia legislar, registrar e fiscalizar a profissão.” E como a profissão exige formação de curso superior, “as infrações à legislação são passíveis de autuação, procedimentos administrativos e criminais, quando necessários, com aplicação das devidas penas”. Como se trata de profissão regulamentada, aos leigos que venham a atuar na área serão aplicadas penalidades, devido ao exercício ilegal da profissão.

De acordo com pedido encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) por Dirceu – condenado por envolvimento no escândalo do mensalão e cumprindo pena em regime semiaberto na penitenciária da Papuda, no Distrito Federal –, ele foi convidado para trabalhar na biblioteca do escritório de advocacia José Gerardo Grossi, mediante o recebimento de salário mensal de R$ 2,1 mil. Com essa oferta, o ex-ministro pretende conseguir autorização para deixar a penitenciária para trabalhar, retornando somente no início da noite à Papuda.

Antônio Afonso, bibliotecário da Escola de Letras da UFMG, explica que para exercer o cargo José Dirceu deveria ter cursado os oito períodos da formação acadêmica . “O exercício dessa função não significa apenas ficar colocando livros em prateleiras. Especialmente por se tratar de um escritório de advocacia, o funcionário qualificado para a função deve cuidar de atualizar todo o acervo da biblioteca, com as mais recentes jurisprudências, por exemplo, e, dependendo do assunto, até mesmo oferecer um relatório que possa embasar o trabalho dos advogados”, explicou o bibliotecário. Segundo Antônio Afonso, apenas o salário de R$ 2,1 mil está condizente com os oferecidos pelo mercado aos iniciantes na carreira. “O que deixa mais indignado é que o ex-ministro desrespeita a profissão ao aceitar a oferta”, diz.

Apesar da convicção, Antônio Afonso diz que não tem jurisdição para atuar em Brasília, onde o ex-ministro pretende trabalhar. Ele faz questão de frisar que José Dirceu não peca sozinho. “Também me surpreende um escritório de advocacia cometer uma falta grave, que é favorecer a um leigo exercer uma profissão regulamentada, que exige formação mínima de um curso superior, a graduação em bacharel de biblioteconomia. Isso é revoltante”, afirma para concluir: “Isso é um equívoco e um crime ajudar a quem não está qualificado”.

Hotel Esta não é a primeira vez que o petista José Dirceu tenta uma autorização para trabalhar e provoca polêmica. No fim do mês passado, o ex-ministro já tinha apresentado pedido para trabalhar como gerente administrativo no Hotel Saint Peter, também na capital federal, com salário de R$ 20 mil mensais. Mas o caso se transformou em mais um escândalo na vida do petista, depois que se descobriu que um dos sócios da empresa era um laranja que vive no Panamá. Para tentar jogar água na fervura, o político desistiu do pedido. Desde a divulgação de uma nova tentativa do petista de trabalhar como bibliotecário  vem ganhando volume nas redes sociais a rejeição à proposta. Um dos movimentos, por exemplo, usa a hashtag #ForaDirceubibliotecário. Mas independentemente dos questionamentos, o TJDF informou que a solicitação só será analisada a partir de 7 de janeiro, quando a Justiça retornará os trabalhos após o recesso de fim de ano, durante o qual são apreciadas apenas medidas de urgência por juízes de plantão.

Transferência

 Três condenados no julgamento do mensalão, o ex-deputado federal Romeu Queiroz, José Roberto Salgado e Vinícius Samarane, foram transferidos ontem do Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal, para dois presídios de Minas. Eles chegaram a Belo Horizonte às 11h30. A viagem foi em dois voos comerciais e coordenada pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Os três cumpriam pena na Papuda desde novembro. O ex-deputado cumpre pena no regime semiaberto, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele foi levado para a Penitenciária José Maria de Alkmin, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os dois ex-executivos financeiros cumprem a pena no regime fechado. Eles foram encaminhados para a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem. 

MÁRCIA DENSER - Deusa da literatura contra o dragão da imprensa


Escritora paulista, autora do cultuado Diana caçadora,
relata sua descrença quanto ao ambiente intelectual
brasileiro e discute o espírito de época contemporâneo


TEXTO Fred Navarro


A escritora Márcia Denser não
deixa o seu lado jornalista dormir em
paz. Por isso, assina uma das colunas
de um site conceituado, o Congresso em
Foco, onde vira e mexe está sentando
a pua nos políticos, banqueiros e
burocratas que infernizam a vida dos
brasileiros. Mas a verdade é que desde
o lançamento de seu primeiro livro,
Tango fantasma, em 1977, esta paulistana
dedica-se à literatura como poucos, e
pouquíssimas, fazem no país.
Os nomes de alguns de seus livros
são instigantes e reveladores: O animal
dos motéis, Diana caçadora, Exercícios para
o pecado. Sobre ela, certa vez, Caio
Fernando Abreu escreveu: “Márcia
Denser é uma luluzinha querendo
se fingir de Messalina”. Antes, Paulo
Francis tinha dito que ela era a única
escritora brasileira que sabia escrever.
Polêmica, invejada, respeitada, autora
de 11 livros, entre contos, novelas
e romances, traduzida em diversas
línguas, Márcia Denser também
organizou coletâneas de sucesso
que sintetizaram quase à perfeição
o universo feminino existente na
literatura brasileira nas últimas décadas
do século passado. O melhor exemplo
disso é Muito prazer, de 1982, que fez
muito sucesso aqui e foi lançado na
Alemanha e na Holanda.
Nesta entrevista à Continente, Márcia
Denser fala sobre Clarice Lispector e
Virginia Woolf, com as quais diz não
ter “afinidades eletivas”, critica o
recente Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa, mete-se na polêmica entre
José Saramago e Lobo Antunes, e ainda
conta uma curiosa história sobre João
Cabral de Melo Neto.


CONTINENTE Literatura serve para quê,
mesmo?
MÁRCIA DENSER Se o escritor for
de primeira, a literatura será uma
questão de vida ou morte, porque
a literatura não é a segunda, mas
sua primeira natureza. Encarando a
literatura como a realização de um
projeto de vida, o significado original
não só permanece como também
se esclarece quanto mais e mais
vivemos e escrevemos. Se minha
vida começou com a descoberta do
universo literário, o que não existe
para mim é um significado fora desse
universo. Que não se encare isso como
excentricidade ou alienação, mas
como a necessidade de ser coerente
com um projeto de vida. Um escritor
é um ser superespecializado num
único sentido, não é exatamente
um sujeito eclético. Fazer literatura
(porque um conto não é um texto, é
uma obra de arte) implica profunda
concentração, para ele a dispersão
é fatal, por isso seu campo de ação
não é diversificado. Escrever ficção
é enxergar coisas além do espectro,
como se o resto do mundo – todo o

mundo – fosse daltônico. Quanto à
literatura em geral, indo ao centro da
questão, o que mudou foi o espírito
de época. Quer dizer, mudou tudo.
E nada mudou. Contudo, existe a
Literatura enquanto arte, cujos valores
permanecem inalterados porque esta
ocorre no plano virtual, atemporal.
Exemplos? Shakespeare, Homero,
Guimarães Rosa, Drummond.
Veja, é preciso olhar as coisas em
perspectiva: existe o teu projeto
poético que, se tudo correr bem, irá
entrar para a trama que constitui o
padrão do projeto poético brasileiro
que, por sua vez, se enlaça ao projeto
poético ocidental. Vendo as coisas
nesse âmbito, coisas do tipo “novas
mídias” ou “produção de mercado”
se esclarecem, quer dizer, passam a
ser encaradas pelo que são, e elas são
apenas meios, instrumentos e outras
coisas de somenos.


CONTINENTE Você chegou ao jornalismona contramão de quase todo mundo, não foi?
MÁRCIA DENSER Eu sou um caso
diferente. A maioria começa no jornal
e depois é que publica. Eu entrei no
jornalismo pela porta da literatura,
fui convidada por causa do sucesso
de Tango fantasma, meu primeiro livro.
Fátima Ali editava a revista Nova na
Abril e me convidou para a seção
“Nova lê livros”. Eu tinha liberdade,
mas tinha que ser objetiva, tinha que
ter a objetividade da terceira pessoa.
E trabalhei com muita gente boa,
conheci muita gente talentosa, Telmo
Martino, Giba Um, Caio Fernando
Abreu, Paula Dip, Antonio Bivar,
Carlos Brickman, Nirlando Beirão,
Walcyr Carrasco, Luiz Fernando
Emediato... A imprensa alternativa
era forte naquela época, tinha o
jornal Movimento, o Opinião, o Pasquim,
a Escrita, e as revistas Realidade, Veja.
Isso era o que havia de diferente,
era todo o movimento cultural que
estava vivo, os espaços onde se fazia
a cultura eram algo muito vivo, não
tinha internet, todos tinham que
se aventurar pessoalmente para
conseguir o que queriam. Mas depois,

aos poucos, esse jornalismo cultural,
muitas vezes investigativo, político,
foi dando lugar para esse jornalismoabobrinha,
esse jornalismo de
entretenimento, que entrou pesado e
matou o resto... A gente ainda tentou
alguma resistência, ainda tentou fazer
um jornalismo cultural de alto nível
na Interview, na A/Z, na Around, era o
pessoal que escrevia para a “minoria
ruidosa” (em contraposição à “maioria
silenciosa” da telinha), o pessoal
que fugiu dos cadernos de cultura da
grande imprensa, com suas matérias
tijolinhos-bobagem, o jabaculê que
se tinha que pagar... Se pegarmos
os cadernos de cultura de hoje e
compararmos, fica evidente como
perderam consistência, profundidade.
Lembro da Sonia Nolasco, mulher do
Paulo Francis na época, na década de
1980, em Nova York, dizendo-me:
“Eles mandam cada vez mais a gente
fazer coisas superficiais, cada vez mais
idiotas. Emburreça!”



CONTINENTE É uma geração
que não volta mais, você não
acha?
MÁRCIA DENSER Não sei,
mas acho que vai ser difícil a turma
mais nova captar o espírito da coisa.
Porque, como eu já disse, o que
mudou foi o espírito de época. Mas
é importante registrar que, para os
escritores, fechamento de jornal e de
revista é uma coisa que mata, mata
a literatura. A impressão é a de que
deram a você um avião para pilotar,
mas para se dirigir a um lugar ao qual
você não quer ir.



CONTINENTE Você disse certa vez que
Clarice Lispector e Virginia Woolf eram um
saco de ler. Explique melhor isso.
MÁRCIA DENSER Isso tem a ver mais
com minhas “afinidades eletivas” do
que com algum leviano juízo de valor,
dito por exibicionismo babaca. Deus
me perdoe, isso deporia contra mim,
pois, melhor do que ninguém, sei que
“escrever é se comprometer”, logo,
eu não passaria recibo. Descontando
algum chauvinismo latente (que
perversamente escolhe a mulher como
inimiga), o fato é que nem Clarice nem
Virginia Woolf – escritoras geniais
cujo valor é indiscutível – fazem
parte de minha “Paideia” ou literatura

de sustentação, aquelas obras e
autores que leio e releio, a exemplo
de Faulkner, Vargas Llosa, Cortázar,
Rubem Fonseca, Proust, estes, sim,
indelevelmente incorporados ao meu
DNA estilístico, à minha dicção.



CONTINENTE Machado de Assis é
recomendado para menores?
MÁRCIA DENSER Desde que a
cultura de mercado entrou com tudo,
ocorreu simultaneamente a abaixada
geral de QI, donde Machado ficou
impróprio para menores de 18 anos.

Ele é extremamente complexo para
os jovens contemporâneos, que
não têm maturidade psicológica
tampouco cultura prévia para a leitura
de Machado, para o entendimento
de Machado, para decifrar e curtir
Machado. Aí, dançou. Vai ser muito
difícil futuramente para a turma
da academia que, não obstante,
prossegue alienadamente fazendo
teses a metro sobre Machado –
porque tem medo de se arriscar e
de se pronunciar sobre os escritores
contemporâneos –, estudando
Machado impunemente, de touca,
sem conferir sua recepção entre
o público leitor atual. Eles, que
hoje se arriscam cada vez menos
criticamente, que julgam estar seguros

apostando em Rosa ou em Machado,
na verdade estão pondo em risco não
Rosa nem Machado, mas a pertinência
e a relevância da própria academia na
área das letras. Então, temos o retorno
do inconsciente colonial que confere
desde sempre ao intelectual brasileiro
o papel de “ornamento crítico da
sociedade”.



CONTINENTE José Américo de Almeida
escreveu que um romance brasileiro sem
paisagem era como “Eva expulsa do paraíso”.
São Paulo serve de paisagem, de moldura,

para romances, contos e novelas?
Márcia Denser Antonio Candido, citando
Roger Bastide, fala de um “Machado
paisagista” porque a paisagem em
Machado reflete-se nos olhos de ressaca
de Capitu. Nunca ele fala de céu e mar,
da paisagem do Rio de Janeiro, porque
estão presentes nas mulheres, aliás foi
isto que eu quis dizer quando falei que
Machado é duma extrema sutileza.



CONTINENTE Ainda existe uma literatura
regional no Brasil moderno?
MÁRCIA DENSER A rigor, tanto para
a crítica quanto para a teoria literária,
o regionalismo no Brasil existiu como
característica da produção literária de
um determinado período histórico,
entre 1930 e 1960, marcado pelos

vetores axiais “cidade” e “campo”
(cultura e natureza), e que eram a
essência da problemática do país
em formação. Foi uma literatura de
transição entre o Brasil Colônia e o
Brasil República, a realizar assim uma
espécie de cartografia da epopéia
nacional: no Norte/Nordeste com José
Lins, Graciliano, Rachel de Queiroz;
no Sul, com Érico Veríssimo e outros.
E naturalmente aí resplandecem o
romance, a saga, Guimarães Rosa, este
a cobrir epicamente o Centro-Oeste e
Minas Gerais, sendo que Minas (dele)

é também quase sertão da Bahia,
ou seja, quase Nordeste. De forma
que, glosando o seu conto A terceira
margem do rio, seria preciso inventar
um quinto ponto cardeal, ou seja, o
“Sertão Imemorial”. A propósito de
Guimarães Rosa, Antonio Candido, em
seu ensaio Textos de intervenção (2002),
lembra um fato interessante: Rosa
foi um regionalista tardio e àquela
altura, nos anos 1960, os críticos já
estavam saturadíssimos de epígonos
sertanistas, tanto que Wilson Martins
registrou criticamente Sagarana com
algo assim: “Que chato, mais um
regionalista!”. A crítica foi publicada e,
posteriormente, mesmo reconhecido
o equívoco, Wilson Martins manteve
o texto original, em nome da verdade.

Como podemos ver, o regionalismo
teve o seu esplendor no Brasil
enquanto tinha razão de ser. Hoje, se
o regionalismo persiste, aparece como
“ornamento retórico” ou “pitoresco”,
cordelismos à parte, próprio dos
gêneros infraliterários, como diria
Haroldo de Campos.


CONTINENTE O escritor português Lobo
Antunes afirma que José Saramago tem uma
fama desproporcional à qualidade de seu
trabalho. Você concorda?
MÁRCIA DENSER Na minha opinião

Lobo Antunes representa um Portugal
com uma literatura de vanguarda,
política, de autoconsciência.
Independentemente da qualidade
literária e poética de José Saramago,
ele não é exatamente um escritor
representativo da pós-modernidade.
Com ele, creio que a Academia Sueca
está apenas premiando a tradição
literária portuguesa.



CONTINENTE Qual sua opinião a respeito
do recente Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa?
MÁRCIA DENSER Absolutamente
ridículo. As regras de uma língua
não se estabelecem por decreto,
uma vez que a língua viva não é uma
coisa, um objeto rígido, imutável no

tempo, mas um processo em constante
transformação. Mas as pessoas sempre
se apegam a leis e acordos escritos,
como se apegam a clichês e ideias
vazias, que não passam de letra morta.
Por outro lado, a língua viva possui
valor e substância, logo, não há por que
se apegar a ela, não é?



CONTINENTE O que fazer para crianças e
adolescentes saírem da frente da tevê e lerem
mais?
MÁRCIA DENSER Eu deixaria livros ao
alcance das crianças, mas sem forçar a

barra… Vou dar um exemplo bastante
concreto: havia uma biblioteca na
casa da minha avó, onde a família se
reunia aos domingos, em dias de festas.
Naquelas tardes remotas, modorrentas,
eu, meus primos e primas – umas 20
crianças – brincávamos, em loucas
correrias, e a biblioteca fazia parte
do itinerário. Contudo, daquelas 20,
apenas duas – eu e uma prima mais
velha – paravam e mergulhavam na
leitura daqueles volumes silenciosos,
deslumbrantes.



CONTINENTE Você esteve com João Cabral
de Melo Neto em certa ocasião. Conte para os
leitores da Continente o que aconteceu.
MÁRCIA DENSER João Cabral de
Melo Neto... Eu me lembro de que o
encontrei numa bienal de literatura
aqui em São Paulo, a Bienal Nestlé,
que premiava novos valores de
romance, poesia e conto. Ele era
membro do júri e eu estava lá fazendo

uma palestra. Também estavam por lá
o Ricardo Ramos, a Edla Van Steen, a
Lygia Fagundes Telles. Bom, no final
a gente estava para sair, mas faltava
o João Cabral, ninguém sabia dele.
De repente, levanta-se uma cortina
nos bastidores e João Cabral sai, de
gatinhas, mas com um copo de uísque
na mão, dizendo: “Pessoal, consegui
fugir…” No olhar, um reflexo de
moleque levado… Saímos e ficamos
conversando por toda a noite.



CONTINENTE A globalização continua como
um de seus temas prediletos.
“Ainda bem que
temos o Francis como
paradigma, quer dizer,
alguém de grande
porte para botar nos
devidos lugares os
jabores, mainardis e
demais aspirantes de
somenos”
MÁRCIA DENSER A
globalização acentua a
localização, as pessoas
reagem tornando-se
extremamente ciosas
da própria cidade, ficam localistas,
provincianas, assumem todo o
provincianismo que já fora superado
desde a década de 1970. Ou seja,
houve um retrocesso em toda
sociedade, por paradoxal que seja...



CONTINENTE Paulo Francis faz falta
na imprensa brasileira, ele, que disse certa

vez que você era a única mulher que sabia
escrever bem no Brasil?
MÁRCIA DENSER Escrevi em algum
lugar que “o brasileiro não só não
tem memória como antecipa o
esquecimento”, contudo, como
exceção à regra, esta frase não se aplica
à memória de Paulo Francis. Morto
há 12 anos, em fevereiro de 1997,
Franz Paul Heilborn mantém acesa
a chama em torno de uma legenda.
Francis gozou de um estatuto raro
no jornalismo brasileiro: escrevia o
que queria. Não estava a serviço dos
interesses políticos do patrão, quer
este fosse a Folha, o Estado ou a Globo.
Assim, durante décadas, graças a essa
independência de espírito, cultura
enciclopédica e estilo corrosivo,
tornou-se o maior crítico cultural
e político da sociedade brasileira.
Pessoalmente refinado, amoral,
elitista e excludente, publicamente
temido, respeitado, odiado e sobretudo
invejado, seus inimigos eram legião,
e os bajuladores idem. Insubornável.
Infelizmente não teve e parece que
não terá sucessores. Alguém como
ele não é mais possível no insalubre
contexto histórico contemporâneo.
No entanto, sua figura emblemática
continua crescendo na razão inversa
duma mídia que cada vez mais se
banaliza, acanalha-se, vende-se, perde
credibilidade, sua função de mídia.
Ainda bem que temos o Francis como
paradigma, quer dizer, alguém de
grande porte para botar nos devidos
lugares – aquela terra de ninguém entre
a irrelevância e o esquecimento – os
jabores, mainardis e demais aspirantes
de somenos. Entende-se por que as
mediocridades de plantão precisam
destruí-lo.