Zero Hora 28/05/2014
Certa vez, uma moça comentou comigo sobre a frustração que havia tido.
Ela estava num bar em São Paulo com o namorado, quando encontraram um
amigo deste, acompanhado de um ator do time dos bonitões da Globo. Ela
se beliscou, mas não era sonho. Estava acontecendo. Pra resumir a
história, acabaram os quatro na mesma mesa, em função da superlotação do
local.
Ela jurou que teria uma noite memorável, e de certa forma teve, mas
não exatamente como imaginava. Antes do segundo chope, já estava odiando
seu ídolo. Segundo ela, o ator foi grosseiro com o garçom, blasé com
uma senhora que o cumprimentou pelo trabalho, não se fixava no que o
grupo estava conversando, parecia que estava atrasado para um
compromisso bem longe dali.
Quando eu já estava duvidando da história, ela ainda arrematou
dizendo que, quando a conta chegou, ele se fez de desentendido. “Será
que achou que nós pagaríamos para ele só pela honra de termos sua
excelência à mesa?” O ator pagou sua parte, mas o estrago já estava
feito: havia perdido uma fã para sempre.
Conclusão dela: “Ídolos, melhor não conhecer de perto. É desencanto na certa”.
Não foi a primeira vez que escutei essa frase. Muita gente prefere
manter o mito na cabeça a descobrir que galãs têm seus dias de mau humor
como qualquer outra pessoa. E há que se considerar que a moça e o
namorado podem ter sido uns malas – todos têm seu dia de mala também. E
se passaram a noite fazendo perguntas indiscretas para o cara?
Sei lá.
Só sei que lembrei dessa história quando estive em Juiz de Fora dias
atrás, participando de um evento literário. Lotação esgotada, aplausos,
autógrafos – ufa, eu havia agradado. Porém, uma estudante se aproximou
de mim ao final do bate-papo e me perguntou: posso ser sincera? Gelei.
Prenúncio de bombardeio. Então ela disse que era a primeira vez que me
via em público e que nunca imaginou que eu aparentasse ser tão... tão...
comum (esperava ao menos, tipo assim, uma franja roxa). Disse também
que estranhou quando revelei que preferia o dia à noite (cadê as
olheiras?).
Que me achou muito afável (“artista que é artista não é simpático,
me desculpe”), mas o que mais a impressionou é que eu houvesse sido
casada por tanto tempo e que, não sendo mais, ainda desse crédito ao
amor. Como assim? Então eu não era exótica, boêmia, vadia? Mas que ídolo
de araque eu era, afinal?
Quanta decepção da menina sonhadora diante de uma reles mulher
normal. Acabei com suas ilusões pitorescas sobre o estrelato. Quem dera,
ela estivesse naquela mesa de bar em São Paulo, onde suas expectativas
teriam sido atendidas. Eu deveria ter dito à garota que, às vezes,
também pareço estar num lugar, mas não estou. Que de vez em quando me
comporto como se estivesse atrasada para outro compromisso bem longe. E
que isso também pode ser coisa de gente normal.
quarta-feira, 28 de maio de 2014
Frei Betto - Envelhecer jovem
A felicidade não resulta da soma de prazeres nem do acúmulo de bens. É fruto do sentido que se imprime à existência
Frei Betto
Estado de Minas: 28/05/2014
O título pode parecer paradoxal, mas faz sentido. Hoje em dia quase ninguém curte a velhice. Ou se assume como velho. Mesmo quem já atingiu idade avançada costuma fazer questão de dar a impressão de ser mais jovem. Chamar alguém de “velho” é quase uma ofensa. Eu, que velho estou, costumo brincar que sou “seminovo”, como em revendas de veículos. O carro é velho, mas o adjetivo ajuda a iludir o freguês.
Ficar velho está cada vez mais caro. Tanto para o governo, obrigado a arcar com o crescente número de aposentadorias, pensões e atendimentos pelo SUS, quanto para o cidadão, impelido a investir em plano de saúde, academia de ginástica, medicamentos fitoterápicos e alimentação saudável, como frutas e legumes orgânicos.
Agora, a Cellectis, empresa francesa de biotecnologia, coloca no mercado a iPS (sigla em inglês para designar células-tronco de pluripotência induzida). A última novidade em medicina regenerativa. Para produzir iPS basta introduzir quatro genes em células maduras e, assim, elas regridem ao estado de células-tronco. Esse processo, descoberto pelo cientista japonês ShinyaYamanaka, assegurou-lhe o prêmio Nobel de Medicina, em 2012. As células-tronco obtidas por esse método (iPS) teriam a mesma capacidade que caracteriza as células embrionárias: transformar-se em novos tecidos e órgãos.
Quem deseja evitar a natural degradação de seu organismo e, desde já, estocar células da pele para que se tornem iPS, basta recorrer à empresa francesa Scéil, braço da Cellectis. A saúde em idade provecta não custa barato. A Scéil cobra US$ 60 mil (pouco menos de R$ 140 mil) para coletar as células, e uma taxa anual de US$ 500 (cerca de R$ 1,1 mil) para armazená-las. Por enquanto, esse luxo está disponível apenas nos EUA, Reino Unido, Suíça, Dubai e Cingapura.
“As pessoas devem poder viver jovens”, alardeia André Choulika, presidente da Cellectis. Por enquanto, é um luxo adotar esse procedimento de recauchutagem genética, mas pode-se recorrer, a preços mais em conta, a cirurgias plásticas por mero capricho estético. De preferência em regiões predominantemente frias, para justificar o uso de cachecol e luvas. Pescoço e mãos são traiçoeiros à vaidade senil: denunciam que o nosso corpo e a nossa idade não são tão jovens quanto o rosto remodelado.
No México, o Instituto de Medicina Regenerativa promete operar curas via células-tronco. Basta extrair 200 mililitros de gordura da coxa do paciente e, em seguida, colher cerca de 130 milhões de células-tronco para implantá-las no órgão enfermo. O procedimento custa, em média, US$ 13,5 mil (em torno de R$ 30 mil).
Além de jovialidade perene, muitos buscam a imortalidade (sem entrar para academias de letras). Como o limite natural da célula humana é de 130 anos, há esperança de que, graças às células-tronco, haja possibilidade de substituir células envelhecidas, com prazo de validade vencido, por novas.
O título de pessoa mais velha do mundo é atribuído à francesa Jeanne Calment, que viveu 122 anos (1885-1997). Passeou de bicicleta até os 100 anos, andou até os 115, e tinha o hábito de beber um copo de vinho e fumar um cigarro todo dia. O boliviano Carmelo Flores Laura, índio Aimara, alega ter 123 anos, graças às longas caminhadas como pastor de gado e ovelhas. Para o Guinness de Recordes, ninguém ainda superou a japonesa Misao Okawa, de 115 anos. A chinesa AlimihanSeyiti afirma ter 127 anos. Seus maiores prazeres são beber água gelada e cantar e brincar com crianças.
O curioso é que, em geral, vive muito quem não teme morrer. E sobretudo quem imprime à sua vida um sentido altruísta. A ansiedade de prolongar a existência a qualquer custo pode gerar na pessoa um estresse que lhe abrevia os dias. Vi na TV, há tempos, Datena entrevistando um casal longevo, habitantes da zona rural paulista. Ele com 111 anos, ela com 108. O marido se mostrava mais lúcido que a mulher. O entrevistador perguntou a ele a que atribuía tão longa existência. Dieta? “Adoro um torresminho”, reagiu o homem. E beber? Não se fez de rogado: “Uma cachacinha antes da comida cai muito bem”. E fumar?, perguntou Datena. “Fumar? Nem pensar. Parei desde os 108.”
Importa na vida é ser feliz. E a felicidade não resulta da soma de prazeres nem do acúmulo de bens. É fruto do sentido que se imprime à existência.
Frei Betto
Estado de Minas: 28/05/2014
O título pode parecer paradoxal, mas faz sentido. Hoje em dia quase ninguém curte a velhice. Ou se assume como velho. Mesmo quem já atingiu idade avançada costuma fazer questão de dar a impressão de ser mais jovem. Chamar alguém de “velho” é quase uma ofensa. Eu, que velho estou, costumo brincar que sou “seminovo”, como em revendas de veículos. O carro é velho, mas o adjetivo ajuda a iludir o freguês.
Ficar velho está cada vez mais caro. Tanto para o governo, obrigado a arcar com o crescente número de aposentadorias, pensões e atendimentos pelo SUS, quanto para o cidadão, impelido a investir em plano de saúde, academia de ginástica, medicamentos fitoterápicos e alimentação saudável, como frutas e legumes orgânicos.
Agora, a Cellectis, empresa francesa de biotecnologia, coloca no mercado a iPS (sigla em inglês para designar células-tronco de pluripotência induzida). A última novidade em medicina regenerativa. Para produzir iPS basta introduzir quatro genes em células maduras e, assim, elas regridem ao estado de células-tronco. Esse processo, descoberto pelo cientista japonês ShinyaYamanaka, assegurou-lhe o prêmio Nobel de Medicina, em 2012. As células-tronco obtidas por esse método (iPS) teriam a mesma capacidade que caracteriza as células embrionárias: transformar-se em novos tecidos e órgãos.
Quem deseja evitar a natural degradação de seu organismo e, desde já, estocar células da pele para que se tornem iPS, basta recorrer à empresa francesa Scéil, braço da Cellectis. A saúde em idade provecta não custa barato. A Scéil cobra US$ 60 mil (pouco menos de R$ 140 mil) para coletar as células, e uma taxa anual de US$ 500 (cerca de R$ 1,1 mil) para armazená-las. Por enquanto, esse luxo está disponível apenas nos EUA, Reino Unido, Suíça, Dubai e Cingapura.
“As pessoas devem poder viver jovens”, alardeia André Choulika, presidente da Cellectis. Por enquanto, é um luxo adotar esse procedimento de recauchutagem genética, mas pode-se recorrer, a preços mais em conta, a cirurgias plásticas por mero capricho estético. De preferência em regiões predominantemente frias, para justificar o uso de cachecol e luvas. Pescoço e mãos são traiçoeiros à vaidade senil: denunciam que o nosso corpo e a nossa idade não são tão jovens quanto o rosto remodelado.
No México, o Instituto de Medicina Regenerativa promete operar curas via células-tronco. Basta extrair 200 mililitros de gordura da coxa do paciente e, em seguida, colher cerca de 130 milhões de células-tronco para implantá-las no órgão enfermo. O procedimento custa, em média, US$ 13,5 mil (em torno de R$ 30 mil).
Além de jovialidade perene, muitos buscam a imortalidade (sem entrar para academias de letras). Como o limite natural da célula humana é de 130 anos, há esperança de que, graças às células-tronco, haja possibilidade de substituir células envelhecidas, com prazo de validade vencido, por novas.
O título de pessoa mais velha do mundo é atribuído à francesa Jeanne Calment, que viveu 122 anos (1885-1997). Passeou de bicicleta até os 100 anos, andou até os 115, e tinha o hábito de beber um copo de vinho e fumar um cigarro todo dia. O boliviano Carmelo Flores Laura, índio Aimara, alega ter 123 anos, graças às longas caminhadas como pastor de gado e ovelhas. Para o Guinness de Recordes, ninguém ainda superou a japonesa Misao Okawa, de 115 anos. A chinesa AlimihanSeyiti afirma ter 127 anos. Seus maiores prazeres são beber água gelada e cantar e brincar com crianças.
O curioso é que, em geral, vive muito quem não teme morrer. E sobretudo quem imprime à sua vida um sentido altruísta. A ansiedade de prolongar a existência a qualquer custo pode gerar na pessoa um estresse que lhe abrevia os dias. Vi na TV, há tempos, Datena entrevistando um casal longevo, habitantes da zona rural paulista. Ele com 111 anos, ela com 108. O marido se mostrava mais lúcido que a mulher. O entrevistador perguntou a ele a que atribuía tão longa existência. Dieta? “Adoro um torresminho”, reagiu o homem. E beber? Não se fez de rogado: “Uma cachacinha antes da comida cai muito bem”. E fumar?, perguntou Datena. “Fumar? Nem pensar. Parei desde os 108.”
Importa na vida é ser feliz. E a felicidade não resulta da soma de prazeres nem do acúmulo de bens. É fruto do sentido que se imprime à existência.
CINEOP » Cinema em transe - Walter Sebastião
Transformações trazidas pelo digital são
tema da nona edição da mostra de Ouro Preto, que começa amanhã na cidade
histórica com oficinas, debates e exibições
Walter Sebastião
Estado de Minas: 28/05/2014
Começa amanhã a nona edição da Mostra de Cinema de Ouro Preto. Até segunda-feira, a antiga Vila Rica estará tomada por oficinas, seminários, debates, palestras, que discutem as relações entre audiovisual, memória, preservação e difusão do patrimônio cinematográfico brasileiro. A cerimônia de abertura será às 20h30, no Cine Vila Rica, com a exibição de Tudo por amor a cinema, de Aurélio Michiles, documentário sobre Cosme Alves Neto (1937-1996), preservador e diretor da Cinemateca do Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAM-RJ) por 25 anos. Também são homenageados da mostra o montador Ricardo Miranda (1950) e o cineasta Luiz Rosemberg Filho.
O tema em debate na edição 2014 do CineOP, proposto pelo curador-geral Hernani Heffner, é “A formação de redes e a preservação”. No centro da questão, explica, estão as transformações trazidas pelo chamado, genericamente, cinema digital. Que, explica o curador, não só mudou radicalmente o modo de se relacionar com o cinema como coloca a necessidade de outras estratégias de preservação. A maior facilidade de manejo, produção e uso de cópias trazida pelo digital possibilita discutir o compartilhamento dos custos do processo de digitalização entre várias instituições. “É preciso não só conversar sobre a questão como ter propostas concretas de formação de rede de preservação de caráter nacional”, defende.
Homenagem
Luiz Rosemberg Filho tem 69 anos e é um dos criadores do cinema independente brasileiro. Atuando a partir do fim dos anos 1960, construiu obra marcada pela integração de experimentação formal e reflexão política, que lhe valeu reverências importantes mas também o deixou à margem do circuito de exibição. Dele serão exibidos os longas O jardim das espumas (1970), Imagens (1972), A$suntina das Amérikas (1976), Crônica de um industrial (1978) e O santo e a vedete (1982). Os dois primeiros, com paradeiro desconhecido até por parte do diretor, foram localizados e restaurados pela organização do CineOP, na França. “É um presente para o diretor”, observa a diretora-geral do evento, Raquel Hallak.
“A exibição dos filmes de Luiz Rosemberg Filho, agora recuperados, oferece a possibilidade de analisar obra pouco conhecida inclusive em sua época”, explica Hernani Heffner. Para o curador, dos cineastas da geração de 1968, que criaram o cinema chamado udigrudi, marginal, de invenção etc., o diretor é o que manteve carreira marcada pela experimentação, tendo, inclusive, rapidamente assumido o vídeo e o digital. “É ainda o que mantém traços estilísticos – a ironia, a paródia, o erotismo, a visão crítica das elites brasileiras – de forma muito coerente”, observa. Por ser cinema realizado com meios precários, recorda Heffner, o diretor viu, assim como outros colegas de geração, os filmes se deteriorarem.
Públicos variados
O montador Ricardo Miranda (1950-2014), nos últimos anos, passou também a dirigir filmes. Dele serão exibidos Paixão e virtude (2014), Bricolage e o curta A nostalgia do branco (1979). A programação de filmes do CineOP, mostra também longas e curtas contemporâneos, cujo perfil dialoga com o tema do evento, dedicado aos mais diversos públicos, incluindo os jovens cinéfilos, que ganham programação especial, reunida com o título de Cine Escola. Também se torna sala de cinema, ao ar livre, a Praça Tiradentes. As exibições no local começam na sexta-feira, às 20h30, com o documentário Cauby – começaria tudo outra vez, de Nelson Hoineff.
Programação
A programação do CineOP traz tanto obras contemporâneas ligadas ao tema da preservação e da memória, em alguns casos, lançando filmes, quanto raridades, obras dos primórdios do cinema brasileiro, consideradas perdidas. Faz parte da programação, ainda, sessão dedicada às crianças, que ocorre sábado, às 15h30, no Cine Vila Rica.
Cinema na Praça Tiradentes
Sexta-feira
22h – Cauby – começaria tudo outra vez, de Nelson Hoineff
Sábado
20h30 – Pipiripau, o mundo de Raimundo, de Aluizio Saller Jr.
Domingo
18h30 – Curta-metragens
20h – Cidade de Deus – 10 anos depois, de Cavi Borges e Luciano Vidigal.
Mostra Preservação/Raridades
Sexta-feira
18h – Cine Vila Rica
O rei do samba (1932), de Luiz de Barros; Dois fragmentos de As sete maravilhas do Rio de Janeiro (1934), de Humberto Mauro; Festa da primavera (1939), de Humberto Mauro
9ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto
Exibição de filmes, debates, palestras, oficinas e seminários. De amanhã a 2 de junho, em Ouro Preto – Centro de Artes e Convenções (Rua Diogo de Vasconcelos, 328, Pilar); Cine Vila Rica (Praça Reinaldo Alves de Brito, 47, Centro); Praça Tiradentes (Centro). Entrada franca.
Walter Sebastião
Estado de Minas: 28/05/2014
O cineasta Luiz Rosemberg Filho, representante do cinema udigrudi, será homenageado da nona edição do evento |
Começa amanhã a nona edição da Mostra de Cinema de Ouro Preto. Até segunda-feira, a antiga Vila Rica estará tomada por oficinas, seminários, debates, palestras, que discutem as relações entre audiovisual, memória, preservação e difusão do patrimônio cinematográfico brasileiro. A cerimônia de abertura será às 20h30, no Cine Vila Rica, com a exibição de Tudo por amor a cinema, de Aurélio Michiles, documentário sobre Cosme Alves Neto (1937-1996), preservador e diretor da Cinemateca do Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAM-RJ) por 25 anos. Também são homenageados da mostra o montador Ricardo Miranda (1950) e o cineasta Luiz Rosemberg Filho.
O tema em debate na edição 2014 do CineOP, proposto pelo curador-geral Hernani Heffner, é “A formação de redes e a preservação”. No centro da questão, explica, estão as transformações trazidas pelo chamado, genericamente, cinema digital. Que, explica o curador, não só mudou radicalmente o modo de se relacionar com o cinema como coloca a necessidade de outras estratégias de preservação. A maior facilidade de manejo, produção e uso de cópias trazida pelo digital possibilita discutir o compartilhamento dos custos do processo de digitalização entre várias instituições. “É preciso não só conversar sobre a questão como ter propostas concretas de formação de rede de preservação de caráter nacional”, defende.
Homenagem
Luiz Rosemberg Filho tem 69 anos e é um dos criadores do cinema independente brasileiro. Atuando a partir do fim dos anos 1960, construiu obra marcada pela integração de experimentação formal e reflexão política, que lhe valeu reverências importantes mas também o deixou à margem do circuito de exibição. Dele serão exibidos os longas O jardim das espumas (1970), Imagens (1972), A$suntina das Amérikas (1976), Crônica de um industrial (1978) e O santo e a vedete (1982). Os dois primeiros, com paradeiro desconhecido até por parte do diretor, foram localizados e restaurados pela organização do CineOP, na França. “É um presente para o diretor”, observa a diretora-geral do evento, Raquel Hallak.
“A exibição dos filmes de Luiz Rosemberg Filho, agora recuperados, oferece a possibilidade de analisar obra pouco conhecida inclusive em sua época”, explica Hernani Heffner. Para o curador, dos cineastas da geração de 1968, que criaram o cinema chamado udigrudi, marginal, de invenção etc., o diretor é o que manteve carreira marcada pela experimentação, tendo, inclusive, rapidamente assumido o vídeo e o digital. “É ainda o que mantém traços estilísticos – a ironia, a paródia, o erotismo, a visão crítica das elites brasileiras – de forma muito coerente”, observa. Por ser cinema realizado com meios precários, recorda Heffner, o diretor viu, assim como outros colegas de geração, os filmes se deteriorarem.
Públicos variados
O montador Ricardo Miranda (1950-2014), nos últimos anos, passou também a dirigir filmes. Dele serão exibidos Paixão e virtude (2014), Bricolage e o curta A nostalgia do branco (1979). A programação de filmes do CineOP, mostra também longas e curtas contemporâneos, cujo perfil dialoga com o tema do evento, dedicado aos mais diversos públicos, incluindo os jovens cinéfilos, que ganham programação especial, reunida com o título de Cine Escola. Também se torna sala de cinema, ao ar livre, a Praça Tiradentes. As exibições no local começam na sexta-feira, às 20h30, com o documentário Cauby – começaria tudo outra vez, de Nelson Hoineff.
Programação
A programação do CineOP traz tanto obras contemporâneas ligadas ao tema da preservação e da memória, em alguns casos, lançando filmes, quanto raridades, obras dos primórdios do cinema brasileiro, consideradas perdidas. Faz parte da programação, ainda, sessão dedicada às crianças, que ocorre sábado, às 15h30, no Cine Vila Rica.
Cinema na Praça Tiradentes
Sexta-feira
22h – Cauby – começaria tudo outra vez, de Nelson Hoineff
Sábado
20h30 – Pipiripau, o mundo de Raimundo, de Aluizio Saller Jr.
Domingo
18h30 – Curta-metragens
20h – Cidade de Deus – 10 anos depois, de Cavi Borges e Luciano Vidigal.
Mostra Preservação/Raridades
Sexta-feira
18h – Cine Vila Rica
O rei do samba (1932), de Luiz de Barros; Dois fragmentos de As sete maravilhas do Rio de Janeiro (1934), de Humberto Mauro; Festa da primavera (1939), de Humberto Mauro
9ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto
Exibição de filmes, debates, palestras, oficinas e seminários. De amanhã a 2 de junho, em Ouro Preto – Centro de Artes e Convenções (Rua Diogo de Vasconcelos, 328, Pilar); Cine Vila Rica (Praça Reinaldo Alves de Brito, 47, Centro); Praça Tiradentes (Centro). Entrada franca.
TeVê
Tv Paga
Estado de Minas: 28/05/2014
Maluquices na cozinha
Programa de culinária é o que mais tem na TV. Mas nenhum é como Receitas malucas, que estreia hoje, com episódio duplo, às 22h20, no TLC. É que os apresentadores da série, Micah Donovan, Nobu Adilman e Chris Martin (foto), são inventores com paladar aguçado e gostam tanto de comer quanto de pensar em engenhocas e maneiras originais de preparar alimentos e bebidas.
Violência urbana na
pauta do canal GNT
Novidade também no canal GNT, com a estreia de Órfãos da violência, às 21h. Realizada em coprodução com o Grupo Cultural AfroReggae, a série documental em quatro episódios vai contar a história de pessoas que perderam parentes por causa da violência.
Cultura homenageia
o maestro Villa-Lobos
Na Cultura, às 23h30, o Entrelinhas vai homenagear hoje Heitor Villa-Lobos. Além de mostrar como o compositor construiu sua obra em diálogo com os escritores modernistas, o programa exibe entrevista com o maestro Júlio Medaglia e com o compositor Cacá Machado, que falam sobre o maior nome da música erudita brasileira. Em outro bloco, vai ao ar uma entrevista com o escritor gaúcho Michel Laub.
Covernation recebe
a atriz Sophia Reis
Filha do cantor e compositor Nando Reis, a atriz Sophia Reis é a convidada de hoje de Kéfera e Patrick Maia no Covernation, às 20h, na MTV. Já às 21h, a emissora encerra a primeira temporada de Jovens e mães 2, spin-off da segunda temporada de 16 and pregnant, reality que acompanhava a rotina de quatro adolescentes grávidas.
Boas alternativas
no pacote de curtas
Inédito na televisão, o curta-metragem A dama do Estácio, que vai ao ar às 20h30, no Arte 1, revive a personagem de estreia no cinema de Fernanda Montenegro, no filme A falecida (1965), dirigido por Leon Hirszman e baseado na obra de Nelson Rodrigues. No canal Curta!, os destaques de hoje são os filmes O gigante do papelão, O rito de Ismael Ivo, O guru e os guris e Ferreira Gullar – A necessidade da arte, a partir das 20h.
Nova chance para
ver Cine Holliúdy
Falando de longas-metragens, o Canal Brasil exibe, às 22h, a comédia Cine Holliúdy. No mesmo horário, o assinante tem mais seis opções: JFK – A história não contada, na HBO; Perigo por encomenda, no Max HD; Guerra dos mundos, na MGM; Jogada certa, no Telecine Touch; O hobbit – Uma jornada inesperada, no Telecine Action; e Todo mundo em pânico 5, no Telecine Pipoca. Outras atrações da programação: Anjos e demônios, às 21h, no Cinemax; Éden, às 21h30, no Arte 1; Minority report – A nova lei, às 21h45, no SyFy; O operário, às 21h55, no Glitz; O Besouro Verde, às 22h25, no Universal Channel; e Ilha do medo, às 22h30, no FX.
CARAS & BOCAS » Mãe desnaturada
Simone Castro
A não ser que o autor Manoel Carlos mude de ideia, a mãe que abandonou o filho, o estudante André (Bruno Gissoni), na trama de Em família (Globo), será Branca, vivida por Ângela Vieira, e não Shirley (Viviane Pasmanter), como foi especulado antes. De acordo com o site Notícias da tv, a pista mais clara será dada quando Heloísa (Maria Helena Pader) revelar ao rapaz que sua mãe era uma mulher rica, fútil, egoísta e geniosa. Algumas cenas depois, Branca e André, longe de desconfiarem de que possam ser mãe e filho – o que ainda não será esclarecido na trama –, terão um primeiro encontro nada animador. Ela se revelará preconceituosa em relação a Dulce (Lica de Oliveira), que é negra, e ao rapaz, filho adotivo da professora. Na casa de Marina (Tainá Müller), ela confundirá Dulce com uma antiga empregada. A filha Gisele (Ágatha Moreira) alertará a mãe de que Dulce é professora de um amigo de seu namorado, Murilo (Sacha Bali). Em outro dia, na festa de aniversário de Gisele, na mansão da perua, Branca será grosseira com André, que procura uma bebida. “Amigo da minha filha é meu amigo. Mesmo que pertença à categoria dos sem-noção e abusados”, dirá. Ele vai se justificar, dizendo que só entrou porque Gisele pediu e que sua mãe soube educá-lo muito bem. Com a língua afiada de sempre, Branca comentará com a empregada Zu (Gisele Alves): “Esse menino pensa que me engana, eu sei quem ele é. Fala da mãe, mas não tem mãe. Foi adotado pela professora. Que é negra”. André, como já foi dito, foi abandonado ainda bebê pela mãe em um orfanato.
EMISSORA TENTA LIBERAR
REPORTAGEM CENSURADA
A justiça proibiu e não foi exibida, no Fantástico (Globo), domingo passado, matéria sobre Suzane von Richthofen, que cumpre pena desde 2002 por ter planejado o assassinato dos próprios pais. A reportagem mostraria como é a vida da jovem na penitenciária. Atualmente, ela estaria tentando redução da pena e a progressão para o regime semiaberto. O Tribunal de Justiça de São Paulo proibiu a matéria. A Globo tenta liberá-la e diz acreditar na liberdade de expressão.
AÇÃO MOSTRA COMO LIDAR
COM A SÍNDROME DE DOWN
O Globo cidadania segue reapresentando as melhores matérias exibidas no ano passado. No sábado, o público poderá rever no Ação reportagem sobre os autores do primeiro manual de acessibilidade escrito por um grupo de jovens com síndrome de Down, em que mostram como o livro Mude seu falar que eu mudo o meu ouvir foi capaz de derrubar barreiras e romper fronteiras, chamando tanta atenção que, um mês depois de chegar às livrarias brasileiras, foi lançado em inglês na sede da ONU, em Nova York (EUA).
MUSEUS DE PARIS ENTRAM
EM CENA NO CANAL ARTE 1
Na semana passada, uma equipe do canal Arte 1 (TV paga) embarcou para Paris, na França. O programa Arte 1 em movimento, a revista semanal de cultura da emissora, ancorado da Pinacoteca do Estado de São Paulo, terá uma edição apresentada dos corredores do Museu D’Orsay (estreia em 8 de junho) e outra do Palais de Tokyo (estreia em 15 de junho). As duas instituições irão receber a equipe do programa nos dias em que ficam fechadas para o público. Ambos os museus ficam às margens do Rio Sena: o Palais de Tokyo, fundado em 2002, é um dos grandes centros de arte contemporânea da capital francesa. Já o Museu D’Orsay, instalado em uma antiga estação de trem, tem no acervo obras-primas do impressionismo.
DESMAIO DE LUCIANA
Luciana Gimenez apresentava, anteontem, seu Superpop ao vivo, na RedeTV!, quando desmaiou no palco. Socorrida, depois do início de um tumulto, voltou, depois de a atração ter sido cortada e substituída por um intervalo comercial. Demonstrando abatimento, agradeceu aos presentes, mas não falou sobre o motivo do desmaio. Especulou-se que foi uma queda de pressão. O jornalista Felipeh Campos, um dos convidados do debate da noite, que reuniu líderes religiosos, comentou no Twitter: “Gente! Não postei nada antes pois meu cel ficou em casa. A @lucianagimenez sentiu-se mal e teve uma queda brusca de pressão. Ela está gripada, imunidade baixa e o corre-corre acaba fazendo essas coisas... Agora ela está bem descansando com seus filhos e maridão! Oba”. Tititis de bastidores levantaram outra questão para explicar o mal-estar de Luciana e davam conta de que ela havia recebido ameaça de morte, depois de ter publicado uma foto no Instagram, na sexta-feira, em que, aparentemente de dentro de um veículo, que seguidores pensaram ser um helicóptero, criticava a greve de ônibus que paralisou São Paulo durante três dias na semana passada. Depois de ofensas e ameaças, Luciana teria apagado a imagem com o comentário #vamosterônibushoje?. Comenta-se que ela, já gripada, teria ficado ainda mais fragilizada com o ocorrido.
viva
Serelepe (Tomás Sampaio) e Pituca (Geytsa Garcia) às voltas com os livros, em Meu pedacinho de chão (Globo). Quem dera a criançada se inspirasse e, por exemplo, como na ficção, se lançasse na aventura dos livros de Monteiro Lobato!
vaia
Chatas e, às vezes, inconvenientes as intervenções de Ana Paula Araújo, âncora do Bom dia Brasil (Globo) ao lado de Chico Pinheiro. Ela emite opiniões sobre todas as matérias, atropela o colega e quer sempre dar a última palavra.
simone.castro@uai.com.br
Estado de Minas: 28/05/2014
Maluquices na cozinha
Programa de culinária é o que mais tem na TV. Mas nenhum é como Receitas malucas, que estreia hoje, com episódio duplo, às 22h20, no TLC. É que os apresentadores da série, Micah Donovan, Nobu Adilman e Chris Martin (foto), são inventores com paladar aguçado e gostam tanto de comer quanto de pensar em engenhocas e maneiras originais de preparar alimentos e bebidas.
Violência urbana na
pauta do canal GNT
Novidade também no canal GNT, com a estreia de Órfãos da violência, às 21h. Realizada em coprodução com o Grupo Cultural AfroReggae, a série documental em quatro episódios vai contar a história de pessoas que perderam parentes por causa da violência.
Cultura homenageia
o maestro Villa-Lobos
Na Cultura, às 23h30, o Entrelinhas vai homenagear hoje Heitor Villa-Lobos. Além de mostrar como o compositor construiu sua obra em diálogo com os escritores modernistas, o programa exibe entrevista com o maestro Júlio Medaglia e com o compositor Cacá Machado, que falam sobre o maior nome da música erudita brasileira. Em outro bloco, vai ao ar uma entrevista com o escritor gaúcho Michel Laub.
Covernation recebe
a atriz Sophia Reis
Filha do cantor e compositor Nando Reis, a atriz Sophia Reis é a convidada de hoje de Kéfera e Patrick Maia no Covernation, às 20h, na MTV. Já às 21h, a emissora encerra a primeira temporada de Jovens e mães 2, spin-off da segunda temporada de 16 and pregnant, reality que acompanhava a rotina de quatro adolescentes grávidas.
Boas alternativas
no pacote de curtas
Inédito na televisão, o curta-metragem A dama do Estácio, que vai ao ar às 20h30, no Arte 1, revive a personagem de estreia no cinema de Fernanda Montenegro, no filme A falecida (1965), dirigido por Leon Hirszman e baseado na obra de Nelson Rodrigues. No canal Curta!, os destaques de hoje são os filmes O gigante do papelão, O rito de Ismael Ivo, O guru e os guris e Ferreira Gullar – A necessidade da arte, a partir das 20h.
Nova chance para
ver Cine Holliúdy
Falando de longas-metragens, o Canal Brasil exibe, às 22h, a comédia Cine Holliúdy. No mesmo horário, o assinante tem mais seis opções: JFK – A história não contada, na HBO; Perigo por encomenda, no Max HD; Guerra dos mundos, na MGM; Jogada certa, no Telecine Touch; O hobbit – Uma jornada inesperada, no Telecine Action; e Todo mundo em pânico 5, no Telecine Pipoca. Outras atrações da programação: Anjos e demônios, às 21h, no Cinemax; Éden, às 21h30, no Arte 1; Minority report – A nova lei, às 21h45, no SyFy; O operário, às 21h55, no Glitz; O Besouro Verde, às 22h25, no Universal Channel; e Ilha do medo, às 22h30, no FX.
CARAS & BOCAS » Mãe desnaturada
Simone Castro
Branca (Ângela Vieira) é suspeita de ter abandonado filho na novela Em família |
A não ser que o autor Manoel Carlos mude de ideia, a mãe que abandonou o filho, o estudante André (Bruno Gissoni), na trama de Em família (Globo), será Branca, vivida por Ângela Vieira, e não Shirley (Viviane Pasmanter), como foi especulado antes. De acordo com o site Notícias da tv, a pista mais clara será dada quando Heloísa (Maria Helena Pader) revelar ao rapaz que sua mãe era uma mulher rica, fútil, egoísta e geniosa. Algumas cenas depois, Branca e André, longe de desconfiarem de que possam ser mãe e filho – o que ainda não será esclarecido na trama –, terão um primeiro encontro nada animador. Ela se revelará preconceituosa em relação a Dulce (Lica de Oliveira), que é negra, e ao rapaz, filho adotivo da professora. Na casa de Marina (Tainá Müller), ela confundirá Dulce com uma antiga empregada. A filha Gisele (Ágatha Moreira) alertará a mãe de que Dulce é professora de um amigo de seu namorado, Murilo (Sacha Bali). Em outro dia, na festa de aniversário de Gisele, na mansão da perua, Branca será grosseira com André, que procura uma bebida. “Amigo da minha filha é meu amigo. Mesmo que pertença à categoria dos sem-noção e abusados”, dirá. Ele vai se justificar, dizendo que só entrou porque Gisele pediu e que sua mãe soube educá-lo muito bem. Com a língua afiada de sempre, Branca comentará com a empregada Zu (Gisele Alves): “Esse menino pensa que me engana, eu sei quem ele é. Fala da mãe, mas não tem mãe. Foi adotado pela professora. Que é negra”. André, como já foi dito, foi abandonado ainda bebê pela mãe em um orfanato.
EMISSORA TENTA LIBERAR
REPORTAGEM CENSURADA
A justiça proibiu e não foi exibida, no Fantástico (Globo), domingo passado, matéria sobre Suzane von Richthofen, que cumpre pena desde 2002 por ter planejado o assassinato dos próprios pais. A reportagem mostraria como é a vida da jovem na penitenciária. Atualmente, ela estaria tentando redução da pena e a progressão para o regime semiaberto. O Tribunal de Justiça de São Paulo proibiu a matéria. A Globo tenta liberá-la e diz acreditar na liberdade de expressão.
AÇÃO MOSTRA COMO LIDAR
COM A SÍNDROME DE DOWN
O Globo cidadania segue reapresentando as melhores matérias exibidas no ano passado. No sábado, o público poderá rever no Ação reportagem sobre os autores do primeiro manual de acessibilidade escrito por um grupo de jovens com síndrome de Down, em que mostram como o livro Mude seu falar que eu mudo o meu ouvir foi capaz de derrubar barreiras e romper fronteiras, chamando tanta atenção que, um mês depois de chegar às livrarias brasileiras, foi lançado em inglês na sede da ONU, em Nova York (EUA).
MUSEUS DE PARIS ENTRAM
EM CENA NO CANAL ARTE 1
Na semana passada, uma equipe do canal Arte 1 (TV paga) embarcou para Paris, na França. O programa Arte 1 em movimento, a revista semanal de cultura da emissora, ancorado da Pinacoteca do Estado de São Paulo, terá uma edição apresentada dos corredores do Museu D’Orsay (estreia em 8 de junho) e outra do Palais de Tokyo (estreia em 15 de junho). As duas instituições irão receber a equipe do programa nos dias em que ficam fechadas para o público. Ambos os museus ficam às margens do Rio Sena: o Palais de Tokyo, fundado em 2002, é um dos grandes centros de arte contemporânea da capital francesa. Já o Museu D’Orsay, instalado em uma antiga estação de trem, tem no acervo obras-primas do impressionismo.
DESMAIO DE LUCIANA
Luciana Gimenez apresentava, anteontem, seu Superpop ao vivo, na RedeTV!, quando desmaiou no palco. Socorrida, depois do início de um tumulto, voltou, depois de a atração ter sido cortada e substituída por um intervalo comercial. Demonstrando abatimento, agradeceu aos presentes, mas não falou sobre o motivo do desmaio. Especulou-se que foi uma queda de pressão. O jornalista Felipeh Campos, um dos convidados do debate da noite, que reuniu líderes religiosos, comentou no Twitter: “Gente! Não postei nada antes pois meu cel ficou em casa. A @lucianagimenez sentiu-se mal e teve uma queda brusca de pressão. Ela está gripada, imunidade baixa e o corre-corre acaba fazendo essas coisas... Agora ela está bem descansando com seus filhos e maridão! Oba”. Tititis de bastidores levantaram outra questão para explicar o mal-estar de Luciana e davam conta de que ela havia recebido ameaça de morte, depois de ter publicado uma foto no Instagram, na sexta-feira, em que, aparentemente de dentro de um veículo, que seguidores pensaram ser um helicóptero, criticava a greve de ônibus que paralisou São Paulo durante três dias na semana passada. Depois de ofensas e ameaças, Luciana teria apagado a imagem com o comentário #vamosterônibushoje?. Comenta-se que ela, já gripada, teria ficado ainda mais fragilizada com o ocorrido.
viva
Serelepe (Tomás Sampaio) e Pituca (Geytsa Garcia) às voltas com os livros, em Meu pedacinho de chão (Globo). Quem dera a criançada se inspirasse e, por exemplo, como na ficção, se lançasse na aventura dos livros de Monteiro Lobato!
vaia
Chatas e, às vezes, inconvenientes as intervenções de Ana Paula Araújo, âncora do Bom dia Brasil (Globo) ao lado de Chico Pinheiro. Ela emite opiniões sobre todas as matérias, atropela o colega e quer sempre dar a última palavra.
simone.castro@uai.com.br
Ingerir bactérias faz bem
Probióticos, encontrados em produtos
lácteos ou em cápsulas manipuladas, têm papel fundamental no
fortalecimento do sistema imunológico do organismo humano, dizem
especialistas
Paula Takahashi*
Estado de Minas: 28/05/2014
Paula Takahashi*
Estado de Minas: 28/05/2014
São Paulo – Parece
coisa de criança, mas não é. O consumo regular de lactobacilos, muito
frequente na infância, por meio de bebidas contendo leite fermentado,
pode trazer benefícios para o organismo que vão além da melhora do trato
gastrointestinal. Nos pequenos, o efeito mais esperado é a reversão de
quadros de diarreia, comuns na fase em que tudo vai parar na boca. Mas a
regra não vale apenas para eles. Os lactobacilos integram um grupo de
bactérias boas para o organismo conhecidas como probióticos, que têm
papel fundamental no equilíbrio da microbiota intestinal – chamada
popularmente de flora – em qualquer fase da vida. Os reflexos começam no
intestino, mas se estendem para todo o organismo.
“Eles (probióticos) são capazes não apenas de melhorar a flora bacteriana dentro do intestino, como a própria flora ginecológica. Portanto, as mulheres que consomem ficam menos propícias a infecções como a candidíase. Também é reduzida a incidência de herpes”, afirma Frederico Pretti, médico especialista em nutrologia e tratamento ortomolecular. Outras doenças genitais, como corrimentos, podem ser combatidas tanto com o uso tópico como oral desses probióticos, lembra Mauro Fisberg, pediatra e nutrólogo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Benefícios que estão relacionadas à melhora da imunidade do organismo, que ocorre de forma generalizada uma vez que o intestino é o maior órgão de defesa do nosso corpo. “São sete metros de um sistema imunológico completo. O grande efeito dos probióticos está no fato de colocar bactérias benéficas no local e, desta forma, impedir o crescimento daquelas que são patógenas e causam enfermidades”, explica Fisberg. Há estudos que revelam, inclusive, a prevenção de doenças respiratórias em crianças e idosos que passam grande parte do tempo em ambientes fechados, como creches e asilos.
A fisioterapeuta Luciene Amélia Peixoto Vieira, de 45 anos, colocou os probióticos na dieta há dois meses e já sentiu os efeitos na imunidade. “Sempre que eu pegava uma gripe, caía no antibiótico. Recentemente peguei uma virose e já estava preparada para as complicações, mas me surpreendi. Não tive nenhum problema, enquanto meu marido ficou com febre”, conta. Ela não abre mão do consumo duas vezes ao dia e reconhece que o hábito contribuiu para a perda de quatro quilos dos últimos dois meses.
EM BUSCA DO EQUILÍBRIO Ao entrarem no organismo, os probióticos resistem à ação das enzimas estomacais e chegam ao intestino. Lá, Flávio Quilici, professor titular de gastroenterologia da PUC-Campinas e presidente da Sociedade de Gastroenterologia de São Paulo, explica que há 100 trilhões de outras bactérias, a maioria delas conhecidas como comensais ou do bem. “Quando há um equilíbrio entre aquelas benéficas e as patógenas, dizemos que ocorre a eubiose. Em uma situação como essa, as bactérias boas vão contribuir para a saúde intestinal do indivíduo enquanto forem consumidas”, explica Flávio.
Refeições desregradas ricas em carne vermelha, açúcar e alimentos refinados, como a farinha branca, podem provocar um desequilíbrio nesse ambiente, levando à chamada disbiose. É aí que os probióticos entram. “Eles ajudam o corpo a retomar o estado de eubiose”, observa Flávio. Nessas condições, a membrana do intestino tem sua seletividade melhorada. “É ali que é selecionado o que será absorvido e excretado. Se estiver saudável e equilibrado, aquilo que for mais benéfico a membrana deixa entrar e o que é pior, fica de fora. Quando isso não ocorre, entra o que não deveria e pode haver, até mesmo, o aumento da incidência de alergias”, alerta Frederico Pretti.
O uso de antibióticos também está entre os fatores que desencadeiam a disbiose. Nesse caso, a ação dos probióticos pode ser ainda mais recomendada. “Levantamentos apontam que 30% dos pacientes que usam antibióticos podem ter diarreia, já que o medicamento altera a diversidade da microbiota e enfraquece a barreira intestinal em termos de muco. Cada dia de antibiótico aumenta em 16% o risco de diarreia, e a associação de medicamentos, muito comum, eleva esse risco para 65%”, detalha o gastroenterologista Dan Waitzberg. Capazes de reestabelecer esse equilíbrio e aumentar a produção do muco, os probióticos ajudam a reverter o quadro diarreico.
Cada uma com função específica
Iogurtes, coalhada e leite fermentado são as principais fontes de probióticos na alimentação diária. Mas é preciso cautela e orientação ao se consumir esses produtos, já que existem bactérias com fins diversos. “Não se recomenda, por exemplo, controlar diarreias com o uso de iogurtes, porque uma das bactérias presente neles é desenhada para melhorar o componente imunológico e a outra para melhorar a constipação, justamente o contrário do que se busca nesse caso”, alerta o o gastroenterologista Dan Waitzberg.
Por isso, há opções de probióticos em forma de sachês e cápsulas que carregam bactérias para atuações específicas, com efeitos bem definidos. “Normalmente, o controle da diarreia é feito com produtos não lácteos, como acidófilos, ou um conjunto de lactobacilos e bifidobactérias ministradas em forma de drágeas, cápsulas, comprimidos e sachês”, detalha Dan. É importante verificar também se aquele quadro de diarreia não pode evoluir para uma colite pseudomembranosa, causada pela bactéria Clostridium difficile, caso mais grave, que deve ter atenção e tratamento médico especial.
Seguir orientação médica ou de um nutricionista é fundamental para que o consumo seja correto e traga os resultados esperados. Assim como não se pode consumir qualquer coisa, também não são todas as pessoas que têm recomendação para ingerir os probióticos. “Quem tem imunidade muito reduzida, como aqueles que fazem quimioterapia ou têm HIV positivo, corre o risco de que a bactéria, mesmo que seja boa, saia do intestino e caia na corrente sanguínea, podendo causar infecção generalizada”, alerta a médica nutróloga do Instituto de Metabolismo e Nutrição, Daniela Gomes. (PT)
(*) A repórter viajou a convite da Danone
PERDA DE PESO
Já há relações entre o consumo de probióticos e a perda de peso. Segundo Glesiane Alves, nutricionista especializada em nutrição funcional, é possível associar a microbiota intestinal ao acúmulo de tecido adiposo. “Os probióticos têm sido propostos também para interagir com as bactérias que já estão presentes no intestino, alterando as suas propriedades, que podem afetar as vias metabólicas envolvidas na regulação do metabolismo lipídico”, observa.
“Eles (probióticos) são capazes não apenas de melhorar a flora bacteriana dentro do intestino, como a própria flora ginecológica. Portanto, as mulheres que consomem ficam menos propícias a infecções como a candidíase. Também é reduzida a incidência de herpes”, afirma Frederico Pretti, médico especialista em nutrologia e tratamento ortomolecular. Outras doenças genitais, como corrimentos, podem ser combatidas tanto com o uso tópico como oral desses probióticos, lembra Mauro Fisberg, pediatra e nutrólogo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Benefícios que estão relacionadas à melhora da imunidade do organismo, que ocorre de forma generalizada uma vez que o intestino é o maior órgão de defesa do nosso corpo. “São sete metros de um sistema imunológico completo. O grande efeito dos probióticos está no fato de colocar bactérias benéficas no local e, desta forma, impedir o crescimento daquelas que são patógenas e causam enfermidades”, explica Fisberg. Há estudos que revelam, inclusive, a prevenção de doenças respiratórias em crianças e idosos que passam grande parte do tempo em ambientes fechados, como creches e asilos.
A fisioterapeuta Luciene Amélia Peixoto Vieira, de 45 anos, colocou os probióticos na dieta há dois meses e já sentiu os efeitos na imunidade. “Sempre que eu pegava uma gripe, caía no antibiótico. Recentemente peguei uma virose e já estava preparada para as complicações, mas me surpreendi. Não tive nenhum problema, enquanto meu marido ficou com febre”, conta. Ela não abre mão do consumo duas vezes ao dia e reconhece que o hábito contribuiu para a perda de quatro quilos dos últimos dois meses.
EM BUSCA DO EQUILÍBRIO Ao entrarem no organismo, os probióticos resistem à ação das enzimas estomacais e chegam ao intestino. Lá, Flávio Quilici, professor titular de gastroenterologia da PUC-Campinas e presidente da Sociedade de Gastroenterologia de São Paulo, explica que há 100 trilhões de outras bactérias, a maioria delas conhecidas como comensais ou do bem. “Quando há um equilíbrio entre aquelas benéficas e as patógenas, dizemos que ocorre a eubiose. Em uma situação como essa, as bactérias boas vão contribuir para a saúde intestinal do indivíduo enquanto forem consumidas”, explica Flávio.
Refeições desregradas ricas em carne vermelha, açúcar e alimentos refinados, como a farinha branca, podem provocar um desequilíbrio nesse ambiente, levando à chamada disbiose. É aí que os probióticos entram. “Eles ajudam o corpo a retomar o estado de eubiose”, observa Flávio. Nessas condições, a membrana do intestino tem sua seletividade melhorada. “É ali que é selecionado o que será absorvido e excretado. Se estiver saudável e equilibrado, aquilo que for mais benéfico a membrana deixa entrar e o que é pior, fica de fora. Quando isso não ocorre, entra o que não deveria e pode haver, até mesmo, o aumento da incidência de alergias”, alerta Frederico Pretti.
O uso de antibióticos também está entre os fatores que desencadeiam a disbiose. Nesse caso, a ação dos probióticos pode ser ainda mais recomendada. “Levantamentos apontam que 30% dos pacientes que usam antibióticos podem ter diarreia, já que o medicamento altera a diversidade da microbiota e enfraquece a barreira intestinal em termos de muco. Cada dia de antibiótico aumenta em 16% o risco de diarreia, e a associação de medicamentos, muito comum, eleva esse risco para 65%”, detalha o gastroenterologista Dan Waitzberg. Capazes de reestabelecer esse equilíbrio e aumentar a produção do muco, os probióticos ajudam a reverter o quadro diarreico.
Cada uma com função específica
Iogurtes, coalhada e leite fermentado são as principais fontes de probióticos na alimentação diária. Mas é preciso cautela e orientação ao se consumir esses produtos, já que existem bactérias com fins diversos. “Não se recomenda, por exemplo, controlar diarreias com o uso de iogurtes, porque uma das bactérias presente neles é desenhada para melhorar o componente imunológico e a outra para melhorar a constipação, justamente o contrário do que se busca nesse caso”, alerta o o gastroenterologista Dan Waitzberg.
Por isso, há opções de probióticos em forma de sachês e cápsulas que carregam bactérias para atuações específicas, com efeitos bem definidos. “Normalmente, o controle da diarreia é feito com produtos não lácteos, como acidófilos, ou um conjunto de lactobacilos e bifidobactérias ministradas em forma de drágeas, cápsulas, comprimidos e sachês”, detalha Dan. É importante verificar também se aquele quadro de diarreia não pode evoluir para uma colite pseudomembranosa, causada pela bactéria Clostridium difficile, caso mais grave, que deve ter atenção e tratamento médico especial.
Seguir orientação médica ou de um nutricionista é fundamental para que o consumo seja correto e traga os resultados esperados. Assim como não se pode consumir qualquer coisa, também não são todas as pessoas que têm recomendação para ingerir os probióticos. “Quem tem imunidade muito reduzida, como aqueles que fazem quimioterapia ou têm HIV positivo, corre o risco de que a bactéria, mesmo que seja boa, saia do intestino e caia na corrente sanguínea, podendo causar infecção generalizada”, alerta a médica nutróloga do Instituto de Metabolismo e Nutrição, Daniela Gomes. (PT)
(*) A repórter viajou a convite da Danone
PERDA DE PESO
Já há relações entre o consumo de probióticos e a perda de peso. Segundo Glesiane Alves, nutricionista especializada em nutrição funcional, é possível associar a microbiota intestinal ao acúmulo de tecido adiposo. “Os probióticos têm sido propostos também para interagir com as bactérias que já estão presentes no intestino, alterando as suas propriedades, que podem afetar as vias metabólicas envolvidas na regulação do metabolismo lipídico”, observa.
Eduardo Almeida Reis - Musicais
Mas o que me assusta, mesmo, é a qualidade das letras. Daí a pergunta:
que fim levaram os nossos letristas?
Eduardo Almeida Reis
Estgado de Minas: 28/05/2014
Musicais
Dez ou doze anos atrás, pelos dias natalinos na roça mineira, liguei o radinho de pilhas para ter o desgosto de ouvir música horrível composta e cantada por cidadão que não conhecia. Desci o pau pelo jornal. Dia seguinte, fiquei sabendo que o cantor era namorado da filha de uma amiga nossa e o nome, repetido sem parar na música inqualificável, era o da jovem namorada. Paciência. Escrevi, está escrito (quod scriptum, scripsi), mas se soubesse do romance não teria falado.
De uns tempos a esta parte tenho ouvido rádio durante o almoço. Os comerciais são divertidíssimos: plano de saúde animal, plano funerário com mais de 15 mil serviços prestados, sinal de que removeu 105 mil palmos de terra (7 x 15 mil serviços), milagres feitos numa igreja evangélica em que as mulheres não se podem depilar e os homens não podem andar com os braços de fora. Mas o que me assusta, mesmo, é a qualidade das letras. Daí a pergunta: que fim levaram os nossos letristas?
Sei que ainda existem uns seis ou sete brilhantes, mas o nível dos outros é de horrorizar. Não se trata de funk ou rave, mas de qualquer coisa parecida com a MPB, ou, quando menos, anunciada como música nacional.
Chá de bebê
Diante da notícia de que a operadora de forno e fogão sairia duas horas mais cedo, aprendi que existe um negócio chamado chá de bebê, reunião frequentada pelas amigas de uma gestante levando presentinhos para o nascituro. Chá de panela é conhecidíssimo, mas de bebê foi surpresa para mim, sobretudo, e principalmente, porque consta do Houaiss: “reunião, geralmente feminina, na qual a gestante recebe presentes destinados à criança”. São fraldas, roupinhas, mamadeiras e outros mimos úteis para gestantes que não nadam em ouro, isto é, a esmagadora maioria das brasileiras prestes a parir.
Por culpa do palavrão, há implicância social e midiática com o verbo parir, perfeitamente legítimo, em nosso idioma desde o século XIII. Outros chás conhecidos são o de sumiço (deixar de comparecer a lugar que se frequentava com regularidade), de cadeira (esperar muito tempo), de alecrim (espancamento), de bico (pontapé nas nádegas) e o velho chá dançante, que não se usa mais.
O mundo é uma bola
28 de maio de 585 a.C., data que muitos consideram a fundação da filosofia ocidental. Tem relação com o eclipse que teria sido previsto por Tales de Mileto, o primeiro filósofo ocidental de que se tem notícia. Nasceu em Mileto, antiga colônia grega, hoje na Turquia, por volta de 623 a.C. e bateu o pacau por volta de 556 a.C.
É apontado como um dos sete sábios da Grécia Antiga e teve por principais discípulos Anaxímenes e Anaximandro. Ora, um cavalheiro que tem Anaximandro e Anaxímenes como principais discípulos deve ter sido filósofo da melhor supimpitude. Tales foi o primeiro a explicar o eclipse solar ao constatar que a Lua é iluminada pelo Sol. Heródoto (485-420 a.C.) disse que Tales previu o eclipse de 585 a.C. Hoje é o Dia do Ceramista.
Ruminanças
“A censura poupa os corvos e maltrata as pombas” (Juvenal, 60-140).
Avenida Antônio carlos
Concessionária que foi destruída nos protestos do
ano passado monta barreira de aço para se proteger
Dez ou doze anos atrás, pelos dias natalinos na roça mineira, liguei o radinho de pilhas para ter o desgosto de ouvir música horrível composta e cantada por cidadão que não conhecia. Desci o pau pelo jornal. Dia seguinte, fiquei sabendo que o cantor era namorado da filha de uma amiga nossa e o nome, repetido sem parar na música inqualificável, era o da jovem namorada. Paciência. Escrevi, está escrito (quod scriptum, scripsi), mas se soubesse do romance não teria falado.
De uns tempos a esta parte tenho ouvido rádio durante o almoço. Os comerciais são divertidíssimos: plano de saúde animal, plano funerário com mais de 15 mil serviços prestados, sinal de que removeu 105 mil palmos de terra (7 x 15 mil serviços), milagres feitos numa igreja evangélica em que as mulheres não se podem depilar e os homens não podem andar com os braços de fora. Mas o que me assusta, mesmo, é a qualidade das letras. Daí a pergunta: que fim levaram os nossos letristas?
Sei que ainda existem uns seis ou sete brilhantes, mas o nível dos outros é de horrorizar. Não se trata de funk ou rave, mas de qualquer coisa parecida com a MPB, ou, quando menos, anunciada como música nacional.
Chá de bebê
Diante da notícia de que a operadora de forno e fogão sairia duas horas mais cedo, aprendi que existe um negócio chamado chá de bebê, reunião frequentada pelas amigas de uma gestante levando presentinhos para o nascituro. Chá de panela é conhecidíssimo, mas de bebê foi surpresa para mim, sobretudo, e principalmente, porque consta do Houaiss: “reunião, geralmente feminina, na qual a gestante recebe presentes destinados à criança”. São fraldas, roupinhas, mamadeiras e outros mimos úteis para gestantes que não nadam em ouro, isto é, a esmagadora maioria das brasileiras prestes a parir.
Por culpa do palavrão, há implicância social e midiática com o verbo parir, perfeitamente legítimo, em nosso idioma desde o século XIII. Outros chás conhecidos são o de sumiço (deixar de comparecer a lugar que se frequentava com regularidade), de cadeira (esperar muito tempo), de alecrim (espancamento), de bico (pontapé nas nádegas) e o velho chá dançante, que não se usa mais.
O mundo é uma bola
28 de maio de 585 a.C., data que muitos consideram a fundação da filosofia ocidental. Tem relação com o eclipse que teria sido previsto por Tales de Mileto, o primeiro filósofo ocidental de que se tem notícia. Nasceu em Mileto, antiga colônia grega, hoje na Turquia, por volta de 623 a.C. e bateu o pacau por volta de 556 a.C.
É apontado como um dos sete sábios da Grécia Antiga e teve por principais discípulos Anaxímenes e Anaximandro. Ora, um cavalheiro que tem Anaximandro e Anaxímenes como principais discípulos deve ter sido filósofo da melhor supimpitude. Tales foi o primeiro a explicar o eclipse solar ao constatar que a Lua é iluminada pelo Sol. Heródoto (485-420 a.C.) disse que Tales previu o eclipse de 585 a.C. Hoje é o Dia do Ceramista.
Ruminanças
“A censura poupa os corvos e maltrata as pombas” (Juvenal, 60-140).
Avenida Antônio carlos
Concessionária que foi destruída nos protestos do
ano passado monta barreira de aço para se proteger
Loja faz escudo de contêineres
Pedro Ferreira
A poucos dias da Copa do Mundo, donos de concessionárias de veículos da Avenida Antônio Carlos, na Região a Pampulha, tentam se proteger como podem das manifestações que devem ocorrer durante o Mundial. O medo é de que a história se repita: no ano passado, durante a Copa das Confederações, vândalos causaram prejuízo estimado em R$ 18 milhões na região, destruindo 17 lojas e incendiando algumas delas. Um das mais prejudicadas foi a da Kia Motors, que esta semana alugou 24 contêineres, pesando 2,25 toneladas cada, para fazer uma espécie muralha de ferro na sua fachada. São 12 estruturas de aço posicionadas sobre as outras 12, serviço que foi feito com ajuda de um guindaste, em um espaço de 72 metros de comprimento. Um muro duplo de alvenaria, de 6 metros de altura, também está sendo erguido. A providência foi tomada depois de a polícia recomendar que lojistas esvaziassem as vitrines durante eventuais protestos.
No ano passado, a loja da Kia teve toda a fachada de vidro reduzida a cacos e móveis queimados por mais de duas horas. A outra loja do grupo, na Avenida Cristiano Machado, Região Leste, também será protegida por uma estrutura de zinco. Mas, a maior preocupação é com a unidade da Antônio Carlos, quase esquina com Avenida Antônio Abrahão Caran, acesso ao Mineirão, que foi palco dos maiores confrontos dos manifestantes com a PM no ano passado. “O dono quer garantia de que não vai ter tanto prejuízo como no ano passado”, comentou o funcionário da obra. A loja da Kia está fechada desde o ano passado para reforma, que está praticamente concluída, e deve ser reinaugurada somente após a Copa.
Outra loja que foi praticamente reduzida a cinzas no ano passado foi a da Hyundai. Nos próximos diasa unidade deve receber chapas de aço na fachada. A concessionária da Honda também ganhará proteção, segundo o gerente, André Lisboa. “Vamos fazer uma estrutura de metalon, intercalada com telhas de aço. Toda a frente será fechada, deixando apenas a passagem dos veículos”, disse. O serviço começa dia 10, segundo ele, para não haver tanto prejuízo nas vendas. “Serão pelo menos 40 dias de prejuízos com a Copa do Mundo. Gastamos R$ 40 mil com materiais de proteção e estimamos gastos de R$ 60 mil com a contratação de seguranças. A queda do faturamento será alta”, disse.
A Concessionária Mila também vai reforçar a segurança para proteger a fachada, que tem 150 metros. Cerca de 400 veículos serão levados para outras unidades. “Estamos preocupados. O risco é muito grande”, disse o encarregado de segurança Nelson Rodrigues. Na loja da Toyota os prejuízos do ano passado chegaram a mais de R$ 1 milhão. Carros que já estavam vendidos foram destruídos antes da entrega e o setor de informática foi todo quebrado.
EM BUSCA DO TESOURO - Gustavo Werneck
EM BUSCA DO TESOURO
MP pede ao governo paulista a devolução de 13 peças de igrejas mineiras. Enquanto isso, Masp entrega obra ao Iphan
Gustavo Werneck
Estado de Minas: 28/05/2014
Minas começa nova cruzada para reaver bens do seu patrimônio cultural e religioso. Desta vez, o alvo é o governo de São Paulo, que mantém um acervo de 13 peças sacras – imagens (uma delas atribuída a Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, cujo bicentenário de morte está sendo lembrado este ano), quadro, oratório, fragmento de altar e mobiliário – nos palácios dos Bandeirantes, sede do Executivo estadual, na capital paulista, e Boa Vista, em Campos do Jordão. As peças teriam sido levadas de Minas na década de 1970.
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que está à frente da investigação, já entrou em contato com o secretário estadual de Cultura, Marcelo Araújo, para devolução do acervo do século 18 que pertenceria a igrejas de Mariana, Caeté e Santa Bárbara, conforme consta dos catálogos oficiais. “Tentamos resolver a questão de forma amigável, para não precisar recorrer à Justiça”, informou ontem o coordenador das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico (CPPC/MPMG), Marcos Paulo de Souza Miranda.
O promotor e sua equipe receberam ontem uma boa notícia, que fortalece a proposta. O Museu de Arte de São Paulo (Masp), por meio de seus advogados, enviou correspondência ao CPPC informando que devolverá o quadro Verônica, de 1,20m de altura por 60cm de largura, pertencente à Matriz de Nossa Senhora do Rosário, também do século 18, de Lavras, no Sul de Minas. “É um momento histórico”, afirmou o promotor.
A superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Minas, Michele Arroyo, aguarda apenas um comunicado dos advogados paulistas para definir o transporte e entrega da obra ao Iphan. “Ainda será determinado o local onde o quadro ficará. Estamos conversando com os representantes da paróquia e tudo vai depender da segurança da igreja”, disse Michele. A Matriz de Nossa Senhora do Rosário, antiga Matriz de Santana, foi tombada pelo Iphan em 2 de setembro de 1948.
O quadro Verônica tem uma trajetória que começa no fim da década de 1950, quando um estudante do Instituto Gammon, tradicional escola de Lavras, o encontrou na igreja de Santana, na comunidade do Funil. Certo de que o templo não oferecia condições de segurança, ele doou a tela ao Masp, quando já era um músico de renome nos EUA. A partir de denúncias de moradores de Lavras, o CPPC/MG iniciou negociações com o Masp em 2009 e conseguiu a devolução. “Este fato nos anima muito e é boa referência para termos de volta as outras peças que estão em São Paulo. Conforme o Conselho Internacional de Museus (Icom), a peça, que tem origem ilícita, encontrada no acervo de um museu deve ser devolvida” disse Marcos Paulo.
INVESTIGAÇÃO Entre as peças do acervo do Palácio dos Bandeirantes estão duas poltronas ou tronos usados na festa de Nossa Senhora do Rosário. A pesquisa feita pela professora e presidente do Centro de Estudos da Imaginária Brasileira (Ceib), Beatriz Coelho, identificou o conjunto como pertencente a Diamantina, no Vale do Jequitinhonha.
Marcos Paulo esclarece que não importa se um bem foi retirado de uma igreja ou capela ainda sem tombamento. Se a peça foi produzida no período do padroado, quando a Igreja e o Estado estavam juntos, antes, portanto, da Proclamação da República (1889), e era de um templo de uso coletivo, ela é inalienável”.
A assessoria da Secretaria de Cultura de São Paulo informou, ontem, que Marcelo Araújo está em viagem ao exterior e que não foi localizada correspondência do MPMG sobre o assunto.
Lista O acervo é o seguinte: no Palácios dos Bandeirantes estão a imagem de São José de Botas; o quadro A flagelação de Cristo, de Manuel da Costa Ataíde; dois pares de anjos tocheiros; lampadário de prata e Menino Jesus e oratório. Já no Palácio Boa Vista há duas poltronas de festa de reisado, de Diamantina; estante para lavanda e gomil e fragmento de coroamento de altar. Sem indicação de local, há um arcaz. Pesquisas do MP foram feitas nos livros Acervo artístico-cultural do Palácio do Governo de São Paulo e Arte Sacra –Gênese da fé no novo mundo – Coleção de arte no acervo do palácio do governo de São Paulo.
LONGE DE MINAS
Peças do patrimônio cultural e religioso do estado
No Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo (SP)
No palácio boa vista, em campos do jordão (SP)
Sem indicação do local
PERTO DE MINAS
No Museu de Arte de São Paulo (Masp)
MP pede ao governo paulista a devolução de 13 peças de igrejas mineiras. Enquanto isso, Masp entrega obra ao Iphan
Gustavo Werneck
Estado de Minas: 28/05/2014
Marcos Paulo: momento histórico |
Minas começa nova cruzada para reaver bens do seu patrimônio cultural e religioso. Desta vez, o alvo é o governo de São Paulo, que mantém um acervo de 13 peças sacras – imagens (uma delas atribuída a Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, cujo bicentenário de morte está sendo lembrado este ano), quadro, oratório, fragmento de altar e mobiliário – nos palácios dos Bandeirantes, sede do Executivo estadual, na capital paulista, e Boa Vista, em Campos do Jordão. As peças teriam sido levadas de Minas na década de 1970.
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que está à frente da investigação, já entrou em contato com o secretário estadual de Cultura, Marcelo Araújo, para devolução do acervo do século 18 que pertenceria a igrejas de Mariana, Caeté e Santa Bárbara, conforme consta dos catálogos oficiais. “Tentamos resolver a questão de forma amigável, para não precisar recorrer à Justiça”, informou ontem o coordenador das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico (CPPC/MPMG), Marcos Paulo de Souza Miranda.
O promotor e sua equipe receberam ontem uma boa notícia, que fortalece a proposta. O Museu de Arte de São Paulo (Masp), por meio de seus advogados, enviou correspondência ao CPPC informando que devolverá o quadro Verônica, de 1,20m de altura por 60cm de largura, pertencente à Matriz de Nossa Senhora do Rosário, também do século 18, de Lavras, no Sul de Minas. “É um momento histórico”, afirmou o promotor.
A superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Minas, Michele Arroyo, aguarda apenas um comunicado dos advogados paulistas para definir o transporte e entrega da obra ao Iphan. “Ainda será determinado o local onde o quadro ficará. Estamos conversando com os representantes da paróquia e tudo vai depender da segurança da igreja”, disse Michele. A Matriz de Nossa Senhora do Rosário, antiga Matriz de Santana, foi tombada pelo Iphan em 2 de setembro de 1948.
O quadro Verônica tem uma trajetória que começa no fim da década de 1950, quando um estudante do Instituto Gammon, tradicional escola de Lavras, o encontrou na igreja de Santana, na comunidade do Funil. Certo de que o templo não oferecia condições de segurança, ele doou a tela ao Masp, quando já era um músico de renome nos EUA. A partir de denúncias de moradores de Lavras, o CPPC/MG iniciou negociações com o Masp em 2009 e conseguiu a devolução. “Este fato nos anima muito e é boa referência para termos de volta as outras peças que estão em São Paulo. Conforme o Conselho Internacional de Museus (Icom), a peça, que tem origem ilícita, encontrada no acervo de um museu deve ser devolvida” disse Marcos Paulo.
INVESTIGAÇÃO Entre as peças do acervo do Palácio dos Bandeirantes estão duas poltronas ou tronos usados na festa de Nossa Senhora do Rosário. A pesquisa feita pela professora e presidente do Centro de Estudos da Imaginária Brasileira (Ceib), Beatriz Coelho, identificou o conjunto como pertencente a Diamantina, no Vale do Jequitinhonha.
Marcos Paulo esclarece que não importa se um bem foi retirado de uma igreja ou capela ainda sem tombamento. Se a peça foi produzida no período do padroado, quando a Igreja e o Estado estavam juntos, antes, portanto, da Proclamação da República (1889), e era de um templo de uso coletivo, ela é inalienável”.
A assessoria da Secretaria de Cultura de São Paulo informou, ontem, que Marcelo Araújo está em viagem ao exterior e que não foi localizada correspondência do MPMG sobre o assunto.
Lista O acervo é o seguinte: no Palácios dos Bandeirantes estão a imagem de São José de Botas; o quadro A flagelação de Cristo, de Manuel da Costa Ataíde; dois pares de anjos tocheiros; lampadário de prata e Menino Jesus e oratório. Já no Palácio Boa Vista há duas poltronas de festa de reisado, de Diamantina; estante para lavanda e gomil e fragmento de coroamento de altar. Sem indicação de local, há um arcaz. Pesquisas do MP foram feitas nos livros Acervo artístico-cultural do Palácio do Governo de São Paulo e Arte Sacra –Gênese da fé no novo mundo – Coleção de arte no acervo do palácio do governo de São Paulo.
LONGE DE MINAS
Peças do patrimônio cultural e religioso do estado
Imagem de São José de Botas, do século 18, em madeira policromada, com 57,5cm de altura, atribuída a Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho |
A flagelação de Cristo, óleo sobre tela com 1,75m por 1,05m, de Mariana, atribuída a Manuel da Costa Ataíde |
Par de anjos tocheiros, do século 18, em madeira policromada e dourada, com 59cm de altura, de Caeté, com autoria desconhecida. |
Par de anjos tocheiros, do século 18, da Matriz de Santa Bárbara, em madeira policromada e dourada, atribuída a Francisco Vieira Servas |
No palácio boa vista, em campos do jordão (SP)
Fragmento de coroamento de altar, do século 18, em madeira, com 2,20cm de altura por 3,40cm de largura |
Arcaz, do século 18, em jacarandá claro, com 3,13m de largura por 1,31m de altura e 1,2 de profundidade |
PERTO DE MINAS
No Museu de Arte de São Paulo (Masp)
Quadro Verônica, pertencente à Matriz de Nossa Senhora do Rosário, de Lavras, no Sul de Minas, será devolvido pelo Masp ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) |
Musculação cerebral - Pesquisa indica que estudar fortalece o cérebro
Pesquisa indica que estudar fortalece o
cérebro. Quanto maior o grau de escolaridade de uma pessoa, mais chances
ela tem de se recuperar de um trauma
no órgão
Vilhena Soares
Estado de Minas: 28/05/2014
Brasília – “O conhecimento torna a alma jovem e diminui a amargura da velhice.” A frase enunciada por Leonardo Da Vinci fala de algumas das vantagens que a busca por informações e os estudos trazem às pessoas. Pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, garantem que outro benefício pode ser acrescentado a essa lista: um cérebro com mais capacidade de se recuperar de traumas. Segundo uma pesquisa publicada recentemente na revista especializada Neurology, indivíduos com níveis altos de escolaridade obtêm resultados melhores no tratamento de lesões cerebrais e tendem a ter sintomas menos severos quando são acometidos por doenças neurodegenerativas, como o mal de Alzheimer.
A curiosidade sobre a relação entre anos de estudo e recuperação cerebral surgiu quando os pesquisadores notaram diferenças significativas no progresso de pacientes atendidos no hospital da universidade. “Depois de terem esses tipos de lesões, algumas pessoas ficam desabilitadas para o resto da vida e nunca são capazes de voltar ao trabalho, enquanto outras pessoas, com problema semelhante, se recuperam totalmente”, afirma, em um comunicado à imprensa, Eric Schneider, professor da Faculdade de Medicina da instituição. “Conhecemos alguns fatores que levam a essas diferenças, mas não podemos explicar toda a variação. Esse trabalho buscou por mais peças do quebra-cabeça”, completa.
Na investigação, a equipe acompanhou um grupo de 769 pessoas com lesões cerebrais traumáticas graves, muitas delas decorrentes de acidentes de carro ou quedas. Os participantes já haviam passado um período no hospital e participavam da reabilitação. Os pesquisadores dividiram o grupo em três categorias: pessoas que não cursaram o ensino médio, pacientes que tinham concluído o ensino médio e, por fim, aqueles que tinham um curso de graduação.
Ao final de um ano de acompanhamento, 214 pacientes se recuperaram totalmente da lesão. E desses, quase a totalidade tinha, pelo menos, o ensino médio completo. E quanto mais anos de estudo, maior a taxa de sucesso. “As pessoas com um diploma universitário apresentaram sete vezes mais chances de se recuperar totalmente da lesão do que as que não terminaram o ensino médio”, constata Schneider. “E as pessoas com alguma educação universitária tinham quase cinco vezes mais chances de se recuperar totalmente do que aqueles sem instrução suficiente para ganhar um diploma do ensino médio”, acrescenta.
Na avaliação dos cientistas envolvidos no trabalho, o diferencial positivo das pessoas com maior formação foi alcançado graças ao que chamam de reserva cognitiva. Indivíduos com mais educação teriam um conhecimento acumulado maior, o que beneficiaria a recuperação dos problemas neurais. Para Renato Anghinah, chefe do Serviço de Reabilitação Cognitivia Pós-Trauma de Crânio da Universidade de São Paulo (USP), a pesquisa da equipe americana ilustra bem esse famoso conceito na área neurológica. “Para entender bem, podemos dizer que esse conhecimento adquirido, essa reserva cognitiva que guardamos ao longo da vida, fica guardada em uma pequena poupança, que usamos quando é necessário. Em casos como essas lesões, por exemplo, ela auxilia um número maior de sinapses neurais e um aumento de conexões. E essas conexões são ações que ajudam o cérebro a trabalhar melhor”, explica o brasileiro, que não participou do estudo.
Segundo Anghinah, essa recuperação mais rápida é observada nos consultórios diariamente. “Nos casos que acompanhamos aqui no centro de tratamento, já notamos que pacientes com mais educação conseguem se recuperar mais rapidamente. Com pessoas que sabem outros idiomas, por exemplo, temos mais recursos de tratamento, podendo explorar suas atividades de retomada”, diz.
Atrasando distúrbios Os especialistas da Johns Hopkins acreditam que outros trabalhos podem ajudar a decifrar mais minuciosamente as vantagens do conhecimento para a saúde cerebral. “Precisamos aprender mais sobre como a educação ajuda a proteger o cérebro e como afeta a lesão e a resiliência. Explorando essas relações, esperamos ajudar a identificar formas de ajudar as pessoas a reverterem uma lesão cerebral traumática”, destaca Eric Schneider.
O norte-americano explica ainda que a reserva cognitiva tem sido estudada a fundo como “protetora” de doenças comuns na idade avançada. “Estudos têm focado principalmente em pacientes com evolução crônica neurodegenerativa, como o Alzheimer. Trabalhos recentes feitos com pacientes idosos indicam que escolaridade é um fator de independência cognitiva, que mais tarde pode contribuir para o desempenho das pessoas de idade mais avançada”, escrevem os autores no trabalho.
De acordo com Rogério Gomes, neurologista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o estudo traz dados interessantes sobre o tema. “O trabalho é muito interessante e expande uma ideia que já conhecíamos, a reserva cognitiva, que sempre foi associada a problemas causados pela demência. Sabemos que estudar e explorar novos assuntos impede que doenças neurodegenerativas incapacitem o idoso. Aprender não impede que a doença chegue, mas a atrasa, o que auxilia na vivência”, destaca.
Gomes ressalta que o trabalho é inicial e que outras análises podem ser feitas para que exista total certeza dos benefícios do nível de escolaridade. Porém, ele frisa que um ponto positivo do trabalho é apontar mais benefícios dos estudos. “A ideia de que devemos estimular mais nosso cérebro é algo muito importante em todos os sentidos. Faz bem também para a saúde”, avalia.
Anghinah, da USP, também acredita que o trabalho cumpre a importante missão de valorizar a educação. “Sabemos que níveis de escolaridade dependem muito de outros fatores, como a situação socioeconômica do indivíduo, principalmente quando criança, já que, nessa época, a pessoa começa a formar a base do seu conhecimento. Alguém que começa a ler mais tarde na vida, por exemplo, já não possui o mesmo nível de reserva cognitiva. Ainda precisamos de mais trabalhos que mostrem detalhes precisos da relação entre conhecimento e proteção do cérebro, mas, ainda assim, já podemos tomar como de grande importância a vontade de aprender algo novo e exercitar a mente”, completa.
Vilhena Soares
Estado de Minas: 28/05/2014
Brasília – “O conhecimento torna a alma jovem e diminui a amargura da velhice.” A frase enunciada por Leonardo Da Vinci fala de algumas das vantagens que a busca por informações e os estudos trazem às pessoas. Pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, garantem que outro benefício pode ser acrescentado a essa lista: um cérebro com mais capacidade de se recuperar de traumas. Segundo uma pesquisa publicada recentemente na revista especializada Neurology, indivíduos com níveis altos de escolaridade obtêm resultados melhores no tratamento de lesões cerebrais e tendem a ter sintomas menos severos quando são acometidos por doenças neurodegenerativas, como o mal de Alzheimer.
A curiosidade sobre a relação entre anos de estudo e recuperação cerebral surgiu quando os pesquisadores notaram diferenças significativas no progresso de pacientes atendidos no hospital da universidade. “Depois de terem esses tipos de lesões, algumas pessoas ficam desabilitadas para o resto da vida e nunca são capazes de voltar ao trabalho, enquanto outras pessoas, com problema semelhante, se recuperam totalmente”, afirma, em um comunicado à imprensa, Eric Schneider, professor da Faculdade de Medicina da instituição. “Conhecemos alguns fatores que levam a essas diferenças, mas não podemos explicar toda a variação. Esse trabalho buscou por mais peças do quebra-cabeça”, completa.
Na investigação, a equipe acompanhou um grupo de 769 pessoas com lesões cerebrais traumáticas graves, muitas delas decorrentes de acidentes de carro ou quedas. Os participantes já haviam passado um período no hospital e participavam da reabilitação. Os pesquisadores dividiram o grupo em três categorias: pessoas que não cursaram o ensino médio, pacientes que tinham concluído o ensino médio e, por fim, aqueles que tinham um curso de graduação.
Ao final de um ano de acompanhamento, 214 pacientes se recuperaram totalmente da lesão. E desses, quase a totalidade tinha, pelo menos, o ensino médio completo. E quanto mais anos de estudo, maior a taxa de sucesso. “As pessoas com um diploma universitário apresentaram sete vezes mais chances de se recuperar totalmente da lesão do que as que não terminaram o ensino médio”, constata Schneider. “E as pessoas com alguma educação universitária tinham quase cinco vezes mais chances de se recuperar totalmente do que aqueles sem instrução suficiente para ganhar um diploma do ensino médio”, acrescenta.
Na avaliação dos cientistas envolvidos no trabalho, o diferencial positivo das pessoas com maior formação foi alcançado graças ao que chamam de reserva cognitiva. Indivíduos com mais educação teriam um conhecimento acumulado maior, o que beneficiaria a recuperação dos problemas neurais. Para Renato Anghinah, chefe do Serviço de Reabilitação Cognitivia Pós-Trauma de Crânio da Universidade de São Paulo (USP), a pesquisa da equipe americana ilustra bem esse famoso conceito na área neurológica. “Para entender bem, podemos dizer que esse conhecimento adquirido, essa reserva cognitiva que guardamos ao longo da vida, fica guardada em uma pequena poupança, que usamos quando é necessário. Em casos como essas lesões, por exemplo, ela auxilia um número maior de sinapses neurais e um aumento de conexões. E essas conexões são ações que ajudam o cérebro a trabalhar melhor”, explica o brasileiro, que não participou do estudo.
Segundo Anghinah, essa recuperação mais rápida é observada nos consultórios diariamente. “Nos casos que acompanhamos aqui no centro de tratamento, já notamos que pacientes com mais educação conseguem se recuperar mais rapidamente. Com pessoas que sabem outros idiomas, por exemplo, temos mais recursos de tratamento, podendo explorar suas atividades de retomada”, diz.
Atrasando distúrbios Os especialistas da Johns Hopkins acreditam que outros trabalhos podem ajudar a decifrar mais minuciosamente as vantagens do conhecimento para a saúde cerebral. “Precisamos aprender mais sobre como a educação ajuda a proteger o cérebro e como afeta a lesão e a resiliência. Explorando essas relações, esperamos ajudar a identificar formas de ajudar as pessoas a reverterem uma lesão cerebral traumática”, destaca Eric Schneider.
O norte-americano explica ainda que a reserva cognitiva tem sido estudada a fundo como “protetora” de doenças comuns na idade avançada. “Estudos têm focado principalmente em pacientes com evolução crônica neurodegenerativa, como o Alzheimer. Trabalhos recentes feitos com pacientes idosos indicam que escolaridade é um fator de independência cognitiva, que mais tarde pode contribuir para o desempenho das pessoas de idade mais avançada”, escrevem os autores no trabalho.
De acordo com Rogério Gomes, neurologista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o estudo traz dados interessantes sobre o tema. “O trabalho é muito interessante e expande uma ideia que já conhecíamos, a reserva cognitiva, que sempre foi associada a problemas causados pela demência. Sabemos que estudar e explorar novos assuntos impede que doenças neurodegenerativas incapacitem o idoso. Aprender não impede que a doença chegue, mas a atrasa, o que auxilia na vivência”, destaca.
Gomes ressalta que o trabalho é inicial e que outras análises podem ser feitas para que exista total certeza dos benefícios do nível de escolaridade. Porém, ele frisa que um ponto positivo do trabalho é apontar mais benefícios dos estudos. “A ideia de que devemos estimular mais nosso cérebro é algo muito importante em todos os sentidos. Faz bem também para a saúde”, avalia.
Anghinah, da USP, também acredita que o trabalho cumpre a importante missão de valorizar a educação. “Sabemos que níveis de escolaridade dependem muito de outros fatores, como a situação socioeconômica do indivíduo, principalmente quando criança, já que, nessa época, a pessoa começa a formar a base do seu conhecimento. Alguém que começa a ler mais tarde na vida, por exemplo, já não possui o mesmo nível de reserva cognitiva. Ainda precisamos de mais trabalhos que mostrem detalhes precisos da relação entre conhecimento e proteção do cérebro, mas, ainda assim, já podemos tomar como de grande importância a vontade de aprender algo novo e exercitar a mente”, completa.
FAMÍLIA » Para a mãe, caçula parece menor
Vilhena Soares
Eestado de Minas: 28/05/2014
Eestado de Minas: 28/05/2014
Um experimento feito
na Universidade de Tecnologia de Swinburne, na Austrália, concluiu que
as mães tendem a enxergar seus filhos caçulas menores do que realmente
são. O pesquisador Jordy Kaufman e colegas pediram para que 474 mães
estimassem a altura de seus filhos mais novos e mais velhos (com idade
entre 2 e 6 anos), marcando-a em uma parede branca. Em média, as mães
disseram que os caçulas eram 7,5cm mais baixos do que realmente eram. Já
ao tentar adivinhar a altura dos mais velhos, as voluntárias chegavam
muito perto do comprimento real. “Nossa investigação potencialmente
explica por que o ‘bebê da família’ nunca supera esse rótulo”, diz
Kaufman.
O professor de Swinburne acredita que os resultados podem ser justificados pela maneira como os pais encaram o nascimento dos filhos. “A ilusão provavelmente decorre de um certo tipo de conexão emocional com o filho mais novo, o que leva os pais a ignorarem sinais de que eles estão ficando mais velhos e maiores. Usamos altura como uma medida, porque é fácil de verificar a precisão. Mas é possível que a percepção de outros aspectos também sejam influenciados pela ordem de nascimento”, explica.
Kaufman conta que a ideia do estudo partiu dos comentários de alguns pais que se diziam surpresos com a aparência do filho mais velho, que parecia ter crescido de repente após a chegada de um novo membro à família. “Você pode encontrar pessoas que citam isso em posts na internet, mas não vi nada em uma revista científica sobre o assunto”, destaca.
Evolução Para João Reis, professor de psicologia do Centro Universitário Iesb de Brasília, a percepção distorcida pode ser um traço evolutivo que faz com que os adultos deem mais atenção às crianças pequenas. “Ela aumenta a chance de a mãe oferecer mais cuidado ao filho mais novo”, explica. “Isso também é importante para que o filho mais velho possa ajudar na sobrevivência da família, pois, antigamente, requisitos como força física e altura eram fundamentais na defesa de grupos”, completa.
Na opinião de Diva Maciel, professora colaboradora da Universidade de Brasília (UnB), a pesquisa tem um viés interessante, mas outros pontos devem ser levados em conta. “Temos questões culturais fortes. Sabemos que pessoas do Ocidente têm mais essa característica, e pode ser que isso não ocorra em outros ambientes. Fora que a personalidade da mãe e dos filhos também conta. Há crianças mais precoces que outras”, destaca. A especialista acredita que a continuidade do estudo pode trazer nova compreensão sobre as dinâmicas familiares. “ Sem dúvida, a pesquisa pode ajudar a área de pesquisa comportamental caso se desdobre em outros trabalhos.”
Jordy Kaufman prevê novas etapas para o trabalho. “Uma delas buscará examinar a idade aparente. E outra vai avaliar de que maneira o cérebro das mães responde a imagens de crianças com diferentes tamanhos. Também estou interessado em saber como os pais percebem seus animais de estimação antes e depois que um primeiro filho nasce”, conta. (VS)
O professor de Swinburne acredita que os resultados podem ser justificados pela maneira como os pais encaram o nascimento dos filhos. “A ilusão provavelmente decorre de um certo tipo de conexão emocional com o filho mais novo, o que leva os pais a ignorarem sinais de que eles estão ficando mais velhos e maiores. Usamos altura como uma medida, porque é fácil de verificar a precisão. Mas é possível que a percepção de outros aspectos também sejam influenciados pela ordem de nascimento”, explica.
Kaufman conta que a ideia do estudo partiu dos comentários de alguns pais que se diziam surpresos com a aparência do filho mais velho, que parecia ter crescido de repente após a chegada de um novo membro à família. “Você pode encontrar pessoas que citam isso em posts na internet, mas não vi nada em uma revista científica sobre o assunto”, destaca.
Evolução Para João Reis, professor de psicologia do Centro Universitário Iesb de Brasília, a percepção distorcida pode ser um traço evolutivo que faz com que os adultos deem mais atenção às crianças pequenas. “Ela aumenta a chance de a mãe oferecer mais cuidado ao filho mais novo”, explica. “Isso também é importante para que o filho mais velho possa ajudar na sobrevivência da família, pois, antigamente, requisitos como força física e altura eram fundamentais na defesa de grupos”, completa.
Na opinião de Diva Maciel, professora colaboradora da Universidade de Brasília (UnB), a pesquisa tem um viés interessante, mas outros pontos devem ser levados em conta. “Temos questões culturais fortes. Sabemos que pessoas do Ocidente têm mais essa característica, e pode ser que isso não ocorra em outros ambientes. Fora que a personalidade da mãe e dos filhos também conta. Há crianças mais precoces que outras”, destaca. A especialista acredita que a continuidade do estudo pode trazer nova compreensão sobre as dinâmicas familiares. “ Sem dúvida, a pesquisa pode ajudar a área de pesquisa comportamental caso se desdobre em outros trabalhos.”
Jordy Kaufman prevê novas etapas para o trabalho. “Uma delas buscará examinar a idade aparente. E outra vai avaliar de que maneira o cérebro das mães responde a imagens de crianças com diferentes tamanhos. Também estou interessado em saber como os pais percebem seus animais de estimação antes e depois que um primeiro filho nasce”, conta. (VS)
Educação: a magia de se reinventar - Ana Lúcia Almeida Gazzola
Ana Lúcia Almeida Gazzola
Professora e secretária de Estado de Educação de Minas Gerais
Estado de Minas: 28/05/2014
Professora e secretária de Estado de Educação de Minas Gerais
Estado de Minas: 28/05/2014
O ensino médio
precisa mudar. Há tempos esse nível de ensino enfrenta o desinteresse
dos alunos e dos educadores. Arrisco dizer que provoca angústia e temor.
O currículo não conversa com a realidade e o que se aprende em aula
parece não ter aplicabilidade na vida.
É consenso entre muitos — alunos, professores, diretores, técnicos do governo, pesquisadores e entidades, como a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) — que o ensino médio precisa se “reinventar”. Mas como?
A própria Unesco sugere que 25% da carga horária seja destinada a atividades independentes das disciplinas tradicionais. Os demais 75% da carga horária poderiam ser preenchidos com disciplinas tradicionais ou não, desde que quatro áreas do conhecimento sejam contempladas: linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas.
Na outra ponta, há quem enxergue a saída na transformação do ensino médio em educação profissionalizante. São dimensões educacionais que precisam “andar” juntas, mas elas não podem se fundir. O ensino médio regular continua sendo uma ponte para quem almeja o ensino superior.
Então, o que fazer? Em Minas Gerais, temos o Programa Reinventando o Ensino Médio. Tudo começou em 2012, em 11 escolas estaduais da Região Norte de Belo Horizonte. A iniciativa ganhou fôlego e em 2013 foi estendida a outras 122 escolas, em todo o estado. Já em 2014, todas as 2.246 escolas estaduais que oferecem o ensino médio já contam com a nova proposta pedagógica. Vale lembrar que a rede estadual de Minas oferece mais de 87% das vagas de ensino médio do estado.
O programa Reinventando amplia a carga horária para 3 mil horas-aula nos três anos do ensino médio e muda a concepção de curso para transformá-lo em um percurso, com disciplinas optativas, tutoria, temas transversais e atividades extraclasse e fora da escola. O conceito de sala de aula é ampliado e cada escola escolhe três áreas de empregabilidade entre as cinco “desenhadas” com a ajuda dos professores, especialistas e alunos. Essas áreas buscam criar conexões entre a escola e o mundo do trabalho, proporcionando uma pré-profissionalização ao aluno.
O fundamental é que exista abertura para que o aluno seja protagonista de seu próprio destino, fazendo escolhas e construindo uma trajetória a partir de possibilidades que estreitem a relação com a realidade. Já o professor precisa ter apoio e suporte para ousar. Para isso foram criados os Núcleos de Apoio Pedagógico ao Ensino Médio (Napem), além da Magistra, a Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional dos Educadores.
O Reinventando o Ensino Médio não é uma fórmula mágica, um modelo pronto e acabado. Se podemos falar em sucesso, ele advirá da capacidade do programa de “conversar” com escolas, educadores e alunos, buscando fundir-se às necessidades e sonhos. Desses elementos, o programa se alimenta. E se reinventa, diariamente. Essa é a magia da educação. Por isso, hoje, 28 de maio, Dia dos Educadores, estendo os meus agradecimentos e cumprimentos aos profissionais da educação, em especial àqueles que integram a rede estadual de ensino de Minas Gerais, que têm a coragem de reinventar, a cada dia, com alma e inspiração, a arte de educar.
É consenso entre muitos — alunos, professores, diretores, técnicos do governo, pesquisadores e entidades, como a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) — que o ensino médio precisa se “reinventar”. Mas como?
A própria Unesco sugere que 25% da carga horária seja destinada a atividades independentes das disciplinas tradicionais. Os demais 75% da carga horária poderiam ser preenchidos com disciplinas tradicionais ou não, desde que quatro áreas do conhecimento sejam contempladas: linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas.
Na outra ponta, há quem enxergue a saída na transformação do ensino médio em educação profissionalizante. São dimensões educacionais que precisam “andar” juntas, mas elas não podem se fundir. O ensino médio regular continua sendo uma ponte para quem almeja o ensino superior.
Então, o que fazer? Em Minas Gerais, temos o Programa Reinventando o Ensino Médio. Tudo começou em 2012, em 11 escolas estaduais da Região Norte de Belo Horizonte. A iniciativa ganhou fôlego e em 2013 foi estendida a outras 122 escolas, em todo o estado. Já em 2014, todas as 2.246 escolas estaduais que oferecem o ensino médio já contam com a nova proposta pedagógica. Vale lembrar que a rede estadual de Minas oferece mais de 87% das vagas de ensino médio do estado.
O programa Reinventando amplia a carga horária para 3 mil horas-aula nos três anos do ensino médio e muda a concepção de curso para transformá-lo em um percurso, com disciplinas optativas, tutoria, temas transversais e atividades extraclasse e fora da escola. O conceito de sala de aula é ampliado e cada escola escolhe três áreas de empregabilidade entre as cinco “desenhadas” com a ajuda dos professores, especialistas e alunos. Essas áreas buscam criar conexões entre a escola e o mundo do trabalho, proporcionando uma pré-profissionalização ao aluno.
O fundamental é que exista abertura para que o aluno seja protagonista de seu próprio destino, fazendo escolhas e construindo uma trajetória a partir de possibilidades que estreitem a relação com a realidade. Já o professor precisa ter apoio e suporte para ousar. Para isso foram criados os Núcleos de Apoio Pedagógico ao Ensino Médio (Napem), além da Magistra, a Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional dos Educadores.
O Reinventando o Ensino Médio não é uma fórmula mágica, um modelo pronto e acabado. Se podemos falar em sucesso, ele advirá da capacidade do programa de “conversar” com escolas, educadores e alunos, buscando fundir-se às necessidades e sonhos. Desses elementos, o programa se alimenta. E se reinventa, diariamente. Essa é a magia da educação. Por isso, hoje, 28 de maio, Dia dos Educadores, estendo os meus agradecimentos e cumprimentos aos profissionais da educação, em especial àqueles que integram a rede estadual de ensino de Minas Gerais, que têm a coragem de reinventar, a cada dia, com alma e inspiração, a arte de educar.
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