sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Agropecuária pode perder, por ano, R$ 7 bi com aquecimento - Andrea Vialli

Fonte: Valor Econômico 
Temperaturas médias em elevação, reduções da vazão de importantes rios, alterações nos padrões de chuvas e vazões dos principais rios, perdas bilionárias para a agricultura e aumento da vulnerabilidade das zonas costeiras fazem parte do cenário traçado pelo primeiro relatório de avaliação nacional do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), divulgado ontem em São Paulo. O levantamento reúne a produção científica de 345 pesquisadores que estudam os impactos das mudanças climáticas no Brasil e reforça as tendências já traçadas pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, que reúne a nata da produção científica global sobre o tema.
Segundo o relatório de avaliação nacional, o Brasil poderá registrar um aumento médio das temperaturas no país entre 3°C e 6°C, que pode variar conforme o bioma e a região do país. O quarto relatório do IPCC, publicado em 2007, apontou para um cenário de aumento médio das temperaturas globais entre 1,8 ºC e 4ºC até 2100, podendo chegar a 6,4ºC no cenário mais pessimista.
No final de setembro, o IPCC lança a primeira parte do seu quinto relatório, com atualizações dos estudos de cientistas de todo o mundo sobre as mudanças climáticas. "Todos os modelos matemáticos aplicados no Brasil convergem para um aumento nas temperaturas médias. Em relação às chuvas, há cenários de queda entre 25% e 30% da precipitação na Amazônia, e aumento de 30% no Sul e Sudeste", afirma Tércio Ambrizzi, pesquisador da Universidade de São Paulo e coordenador do relatório que trouxe as bases científicas sobre as mudanças climáticas no país.
Um dos setores mais vulneráveis às mudanças do clima no Brasil é a agropecuária: se for mantido o atual patamar de emissões de gases que causam o efeito estufa, as perdas de produtividade na agricultura podem chegar a R$ 7 bilhões por ano a partir de 2020. "A produção de alimentos no Brasil tende a ser afetada diretamente pelas mudanças climáticas, especialmente culturas como café e feijão", diz Eduardo Assad, coordenador do grupo de pesquisas sobre mudanças climáticas da Embrapa.
A variação nas temperaturas e as mudanças nos regimes de chuva nas diferentes regiões do país deverão ser os principais fatores de impacto. Um agravante é que as emissões de gases de efeito estufa do setor agropecuário estão crescendo: as emissões absolutas do setor subiram 37% de 1990 a 2005, devido especialmente aos gases metano e óxido nitroso, ligados à pecuária e uso de fertilizantes.
A redução da vazão de alguns dos principais rios brasileiros também deve impactar a produção agrícola. O relatório aponta para um cenário de redução da vazão de até 30% do rio São Francisco - se isso realmente ocorrer, tanto o uso para irrigação quanto a transposição se tornarão inviáveis, pois os recursos hídricos terão de ser dimensionados para o abastecimento público. Mesmo cenário é projetado para a bacia do Tocantins.
O cenário sombrio, contudo, pode ser minimizado com investimentos na chamada agricultura de baixo carbono e no investimento em pesquisa e desenvolvimento de espécies adaptadas às variações climáticas. Segundo Assad, a mitigação dos impactos ambientais da agricultura requer um investimento anual da ordem de R$ 50 bilhões até 2050. Já os custos de adaptação das culturas agrícolas, com espécies mais tolerantes à seca, por exemplo, é da ordem de US$ 900 milhões/ano.
De modo mais amplo, os cientistas do clima reforçam a necessidade de um investimento anual da ordem de 3% do PIB em iniciativas de adaptação às mudanças climáticas. "Não há como não nos adaptarmos. As ações têm de ser no sentido de tornar a economia do país mais resiliente às mudanças climáticas, já que o relatório reforça que elas são inevitáveis", ressaltou Carlos Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pesquisas e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Com esse intuito, o terceiro grupo de trabalho que compôs o relatório se encarregou da mitigação das mudanças, e preparou um conjunto de subsídios para o país adotar no âmbito de sua Política Nacional de Mudanças Climáticas.
Apesar de ter assumido metas voluntárias de redução das emissões de gases de efeito estufa até 2020, o cenário traçado pelo relatório do PBMC aponta para uma tendência de retomada das emissões após esse período, caso não sejam tomadas medidas de redução da poluição. "Porém, há um potencial de abatimento de 1,5 bilhão de toneladas equivalentes de CO2 até 2030", afirma Mercedes Bustamante, pesquisadora da Universidade de Brasília (UnB) e coordenadora do capítulo sobre mitigação.
Segundo a pesquisadora, entre as estratégias para reduzir o carbono da economia brasileira está a expansão do sistema de plantio direto na agricultura brasileira, a recuperação de 15 milhões de pastagens degradadas, a redução da queima da cana de açúcar e o avanço nas políticas de eficiência energética e o investimento fontes renováveis, além de mudanças no modal de transportes. "Se não mudarmos o padrão energético atual, as emissões do setor de energia e transporte podem crescer em até 97% até 2030. É preciso quebrar barreiras e incentivar o transporte coletivo em detrimento do individual, fomentar o transporte ferroviário e aquaviário e não só o rodoviário", diz Bustamante.


Estabilidade garantida - Gleisi Hoffmann

O Globo - 13/09/2013


O mercado se revelou surpreso com a última ata do Copom que aponta sinais de "neutralidade fiscal" em vez de expansi-onismo. Alguns colunistas econômicos têm apontado críticas à condução do orçamento federal. Destacam suposto descaso com o equilíbrio das contas públicas e suas consequências sobre as expectativas dos agentes. Contudo, um olhar mais cuidadoso para os dados fiscais revela que as críticas não se confirmam.

A dívida líquida do setor público vem caindo de forma acentuada nos últimos dez anos graças à combinação de crescimento do PIB e obtenção de superávit primário. Quando a presidente Dilma Rousseff assumiu o governo, a dívida já havia decrescido para 38,8% do PIB. Em julho deste ano estava em 34,1% do PIB. Na falta de argumentos, as críticas agora vão para a dívida bruta do governo, que não apresenta essa mesma trajetória. Se analisarmos a partir de 2007 (primeiro ponto da série calculada pelo Banco Central com a nova metodologia de cálculo para a dívida bruta) até julho de 2013, seu valor passou de 57,1% do PIB para 59,4%.

No entanto, se subtrairmos um componente específico da dívida bruta, as operações compromissadas, observamos que seu valor caiu de 52,2% em 2007 para 43,9% em julho de 2013. Portanto, mesmo com os repasses para os bancos públicos, a dívida bruta, descontadas as operações compromissadas, tem trajetória de queda. Valedestacar que a expansão das operações compromissadas foi, em grande medida, decorrência da política de acúmulo de reservas do Banco Central, que nos possibilitou formar um colchão de divisas para enfrentar crises internacionais.

Outro ponto criticado diz respeito à expansão de gastos correntes frente ao não crescimento do investimento público. Mais uma vez, precisamos recorrer aos dados. No período entre 2002 e 2013, as despesas primárias da União expandiram-se em 2,7% do PIB. Deste aumento, o gasto com pessoal e encargos em nada contribuiu, pelo contrário, caiu de 5,0% para 4,2% do PIB. Já as transferências de renda (benefícios previdenciários, abono, seguro-desemprego, benefícios assistenciais e Bolsa Família) contribuíram para este aumento, passando de 6,7% do PIB, em 2002, para 9,5% do PIB, em 2013. É importante ressaltar que foram estes gastos que fizeram do Brasil um exemplo no combate à miséria.

O investimento público da União também cresceu nos últimos anos. Com lançamento do PAC 1 e 2, o Programa Minha Casa Minha Vida, foi retomada a capacidade do Estado brasileiro de investir com qualidade. O investimento do setor público consolidado aumentou de 3,3% do PIB, em 2002, para 4,7% do PIB, em 2012.

O incremento dos gastos do governo que ocorreu nos últimos dez anos e, em particular, no governo da presidente Dilma, teve como objetivo o fortalecimento do sistema de seguridade social do país, o combate à desigualdade e a retomada dos investimentos públicos. Isso tudo com equilíbrio nas contas públicas e redução do endividamento.

No cenário econômico atual, com a ainda lenta recuperação das economias desenvolvidas, o governo terá responsabilidade fiscal, mantendo a estabilidade da sua dívida pública e de suas despesas primárias. Mas, como já fez no passado, também manterá sua responsabilidade social, garantindo políticas que beneficiam e reduzem a desigualdade da sociedade brasileira.

Gleisi Hoffmann é ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República

Tv Paga


Estado de Minas: 13/09/2013 


 (Paris Filmes/Divulgação )

Última chamada


A noite de sexta-feira tem reservado boas surpresas para o assinante que curte cinema. Hoje não será diferente, com a estreia de Procura-se um amigo para o fim do mundo, às 22h, no Telecine Premium. Na trama, Keira Knightley e Steve Carell (foto) interpretam dois amigos que se apressam a resolver assuntos pendentes com um amor do passado e com a família, depois que cientistas avisam que um meteoro se chocará com a Terra e acabará com a humanidade em três semanas.

Para não dar sopa ao azar,  fique quietinho em casa


E parece que os programadores resolveram caprichar na programação, para segurar o assinante diante da telinha nesta sexta-feira 13. O Telecine Cult homenageia o escritor Jorge Amado exibindo dois filmes baseados em sua obra: Capitães da areia, às 18h15, e Gabriela, às 20h10. Já o Megapix emenda O sexto sentido (20h25), Jogos mortais – O final (22h30) e Pânico no lago 3 (0h15). Outro destaque é o clássico 8 e 1/2, de Fellini, às 21h30 no Arte 1. Na concorrida faixa das 22h, o assinante tem mais oito opções: Apenas o fim, no Canal Brasil; As aventuras de Tintim, na HBO; Heróis muito loucos, no TCM; Motoqueiros selvagens, no Telecine Fun; Plano de fuga, no Telecine Action; Katmandu, um espelho no céu, no Max; Snatch – Porcos e diamantes, no Max Prime; e Patrik 1.5, na Cultura.

Hoje tem dança, cinema  e artes cênicas no SescTV


Ainda falando de cinema, o SescTV dá sequência à nova temporada do programa Contraplano, às 22h, hoje desenvolvendo o tema “Os paradoxos da religião”, com o escritor Reinaldo Moraes e o professor de filosofia Celso Favaretto analisando os filmes Nazarin, O pagador de promessas, Luz silenciosa e Chico Xavier. O mesmo canal estreia, às 20h, a série Mirada, realizada durante o Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos. E às 21h tem a série Dança contemporânea, com a coreografia Hotel Lautréamont – Os bruscos buracos do silêncio, da Cia. Corpos Nômades, dirigida por João Andreazzi.

Diversidade de assuntos  também no Canal Brasil


No Canal Brasil, a noite começa a ficar animada com o programa O som do vinil, às 21h30, hoje falando do álbum Revólver, que o paulista Walter Franco gravou em 1975 e que lançou clássicos como Feito gente e Cachorro babucho. Às 23h30, em O bagulho é doido, MV Bill conversa com o ator Milton Gonçalves. E à meia-noite, em O estranho mundo de Zé do Caixão, o convidado é o cineasta Claudio Cunha.

Os alienígenas dominam  a noite do canal History

O canal History preparou para hoje uma programação especial para quem acredita e curte alienígenas. Para começar, às 21h, o programa Alienígenas do passado examina as evidências de que extraterrestres estiveram presentes na Terra desde a era dos dinossauros e continuam nos visitando até hoje. Já Contato extraterrestre, às 22h, relata testemunhos de pessoas que asseguram ter visto e até mesmo gravado estranhos objetos e luzes no céu. Para finalizar, às 23h, Segredos militares especula sobre o papel das Forças Armadas na ocultação de registros de contatos extraterrestes na América Latina.

Rock in Rio no sofá‏ - Mariana Peixoto


Todos ganham 

Rock in Rio começa hoje e mantém formato consagrado com noites dedicadas ao pop, rock, R&B, alternativos e metal. Bruce Springsteen e Justin Timberlake são as atrações mais esperadas
 

Mariana Peixoto

Publicação: 13/09/2013 04:00


Conhecido como The Boss, Bruce Springsteen se apresenta na semana que vem no Rio e também faz show em São Paulo   (Eloy Alonso/Reuters)
Conhecido como The Boss, Bruce Springsteen se apresenta na semana que vem no Rio e também faz show em São Paulo


Foram quatro horas e 15 minutos. Em 4 de abril, os ingressos para o Rock in Rio (RiR) 2013, que começa hoje na Cidade do Rock, Rio de Janeiro, evaporaram em milhares de cliques. Quinhentos e noventa e cinco mil entradas foram vendidas para os sete dias de shows (serão 85 mil pessoas por dia). Tal rapidez só veio confirmar o prestígio do maior festival brasileiro. Ainda que detratores discutam sua escalação, sempre voltada para o consagrado, abrindo pouco espaço para a novidade, não há como negar que o formato é vencedor.

E também não há como discutir a importância de alguns dos headliners desta edição, a quinta no Brasil. Bruce Springsteen havia sido uma promessa de Roberto Medina, criador do RiR. Mais celebrado nos Estados Unidos e na Europa, The Boss, que só esteve no Brasil em 1988, protagoniza, aos 63 anos, shows de mais de três horas. Último grande herói do rock americano, vem promovendo, ao redor do mundo, maratonas que abrangem toda a sua trajetória de maneira verdadeira e irrepreensível. Traz a reboque seu mais recente álbum, Wrecking ball (2012). O show será visto antes em São Paulo. Springsteen se apresenta na quarta-feira no Espaço das Américas, naquele que está sendo lembrado como o primeiro show em anos que ele faz para um público pequeno (serão “apenas” 8 mil pessoas).

Coerente com sua própria história, o RiR leva para o Palco Mundo um tema, por assim dizer, para cada noite. A de hoje é dedicada ao pop radiofônico (Beyoncé, David Guetta); o sábado ao alternativo que chegou ao mainstream (Muse, Florence + The Machine); e o domingo ao R&B (Justin Timberlake, estreando no Brasil, e Alicia Keys). Na próxima semana, a quinta será dedicada ao rock pesado (Metallica, Alice in Chains, Sepultura); a sexta ao pop rock (Bon Jovi, Nickelback); o sábado ao rock (Bruce Springsteen e John Mayer, outro estreante no Brasil); e o domingo ao metal (Iron Maiden e Slayer).

Segundo palco do festival, o Sunset tem uma abertura maior para o novo. Interessante por produzir encontros inusitados, vai reunir gente do quilate de George Benson e Ivan Lins (dia 15, lembrando o primeiro encontro que tiveram na edição de 1985); Ben Harper e o bluesman Charlie Musselwhite (dia 20); e a banda alemã de metal Helloween em show que vai contar com a participação do guitarrista e vocalista Kai Hansen (dia 22), seu ex-integrante.

Rock in Rio começa hoje e mantém formato consagrado com noites dedicadas ao pop, rock, R&B, alternativos e metal. Bruce Springsteen e Justin Timberlake são as atrações mais esperadas

O melhor do primeiro fim de semana

» Hoje

 (Andrea de Silva/Reuters  )
Angélique Kidjo e Living Colour

Beyoncé, depois das duas datas da turnê Mrs. Carter show, já deixou de ser novidade para muita gente. É um show digno de Rock in Rio, com seu sem-número de efeitos, luzes, imagens de última geração. Escalação coerente para uma noite que tem ainda Ivete Sangalo e David Guetta. Mas se for para fugir do pop rebolativo e remar contra a corrente, uma boa opção é conferir a dobradinha Living Colour, veterana e competente banda de rock pesado que se apresenta no Palco Sunset com a cantora beninense Angélique Kidjo (que já cantou ao lado de Bono, Peter Gabriel, Santana e Gilberto Gil). Vai ser a primeira vez que o roqueiro e a cantora fazem show juntos. Em entrevista, afirmaram quem foi Jimi Hendrix que os uniu.

 (Stian Lysberg Solum/Reuters)


» Amanhã

Florence The Machine
O público indie, que geralmente torce o nariz para o RiR, vai ter na noite de amanhã seu momento no festival. A musa britânica ruiva Florence Welch faz performances energéticas e altamente cenográficas e conseguiu fazer a ponte entre o alternativo e o mainstream. Com apenas dois álbuns, colecionou hits, Dog days are over o maior deles. Toca antes do também britânico Muse, banda com vocação para arena, por vezes um tanto pretensiosa. Mas ao vivo funciona muito bem. E o público mais jovem terá ainda o Twirty Seconds to Mars, encabeçado pelo ídolo Jared Leto.

» Domingo

 (Rick Diamond/Getty Images/AFP)
Justin Timberlake

Dos cabeças de chapa de cada noite, somente o cantor norte-americano é inédito no Brasil. Desembarca no país trazendo seu terceiro álbum, o elogiado The 20/20 experience, lançado em março. Álbum classudo, com faixas longas, que bebe tanto em Motown quanto em Frank Sinatra, foi produzido por Timbaland. Timberlake, que não lançava um álbum inédito desde 2006, quando começou a se dedicar ao cinema, deve lançar, neste mês, mais 10 músicas, algumas de material não aproveitado no disco anterior. Também vai sair em turnê mundial no fim de outubro. Ele aproveita a vinda ao país para badalar seu novo filme, Aposta máxima (que estreia em 4 de outubro), sobre empresário que fica preso no universo dos jogos on-line.





 (Maria Tereza Correia /EM/D.A Press)


Mineiros no festival

O rapper Flávio Renegado (foto) abre o Rock in Rio hoje, às 14h40. Ao lado da banda portuguesa Orelha Negra, eles se apresentam no Palco Sunset. No primeiro fim de semana do festival, haverá a presença de outros mineiros. No palco Eletrônico, Anderson Noise toca na madrugada de sábado, a partir da 1h. Já no domingo, Samuel Rosa participa do show de Nando Reis (16h), também no Sunset. Já às 18h30, o Jota Quest abre o Palco Mundo. Na segunda semana do evento, o Sepultura faz dois shows: na quinta, às 18h30, abre o palco principal do evento em apresentação ao lado grupo francês de percussão Les Tambours du Bronx, repetindo dobradinha da edição 2011 do festival. No sábado o Skank toca no Palco Mundo às 18h30 e no domingo, às 19h30, o Sepultura volta ao RiR, só que no Sunset, para se apresentar ao lado de Zé Ramalho.

Rock in Rio no sofá

Na Globo
Hoje, a partir da 0h50; amanhã, a partir da 1h15; domingo, a partir da 0h40

No Multishow
Palco Sunset: a partir das 14h40, na TV e em multishow.com.br/rockinrio Palco Mundo: hoje a partir das 17h (nos demais dias, a partir das 18h30), na TV

EDUARDO ALMEIDA REIS - Amálgama racial‏

Só entre os anos de 2000 e 2003, em clima de paz democrática, o Brasil enterrou 193.925 cavalheiros e damas assassinados 


Estado de Minas: 13/09/2013 


O mundo inteiro elogia nosso amálgama racial, que resultou no homem cordial brasileiro, brasil, brasilense, brasiliano, brasílico, brasiliense e brasílio. Amálgama, sabemos todos, é liga metálica que contém mercúrio. Em sentido figurado, mistura de elementos diferentes ou heterogêneos que formam um todo. Receio que as circunstâncias tenham exagerado na dose de mercúrio, elemento químico sabidamente venenoso, sobretudo depois que li na internet trabalho atribuído ao desembargador Pedro Valls Feu Rosa, do Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo. Diz e prova o magistrado capixaba que mais civis brasileiros são mortos em cinco anos do que os militares norte-americanos em todas as guerras. Na Guerra do Vietnã, durante 10 anos, os exércitos norte-americanos perderam 58.198 soldados. No Brasil, que não estava em guerra, só no ano de 2003 foram assassinadas nas ruas 51.043 pessoas. Na Segunda Guerra Mundial, o maior conflito da história,  militares norte-americanos lutaram praticamente no mundo inteiro. Em cinco anos perderam 291.557 combatentes. Pois fique o leitor sabendo que entre 2002 e 2006 morreram assassinados em nossas cidades 243.232 mil brasileiros. Durante a Primeira Guerra Mundial, 53.402 soldados norte-americanos foram mortos em quatro anos de combates. Enquanto isso, somente em 2005 os brasileiros assistimos a 47.578 homicídios, “algo espantoso para um país que vive em paz”, anota o desembargador.

Assustado com esses números, o meritíssimo doutor Rosa somou os soldados norte-americanos que morreram em combate na Guerra do México, Guerra Hispano-Americana, Primeira Guerra Mundial, Segunda Guerra Mundial, Guerra da Coreia, Guerra do Vietnã, Guerra do Golfo, Guerra do Iraque e Guerra do Afeganistão, chegando a 666.056 baixas ao término de batalhas terríveis. Enquanto isso e em apenas 16 anos (1990 a 2006), 697.668 civis brasileiros morreram a tiros, facadas, pauladas e pedradas nas cidades deste país tranquilo, tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza; de invejável e invejado amálgama racial, diz aqui o philosopho. E o desembargador vai mais longe ao calcular que o Exército dos EUA, em guerra, perde 53,67 soldados por dia, enquanto o Brasil pacífico tem 119,46 habitantes assassinados por dia – mais que o dobro! –, motivo pelo qual sugere que o brasileiro se aliste nas Forças Armadas dos EUA visando a levar uma vida mais segura.

Não contente com esses números indiscutíveis (e terríveis), Feu Rosa constatou que em cinco anos de Segunda Guerra Mundial, a pior de todos os tempos, morreram 166.914 soldados da Bélgica, Bulgária, Canadá, antiga Tchecoslováquia, Dinamarca, Grécia, Holanda, Noruega, Austrália, Índia, Nova Zelândia. A França, invadida pelos nazistas, perdeu 201.568 soldados e a Itália de Mussolini, 149.496. Pois muito bem: só entre os anos de 2000 e 2003, em clima de paz democrática, o Brasil enterrou 193.925 cavalheiros e damas assassinados. Entre 2001 e 2005, perdemos 244.471 civis. E o negócio vai por aí com uma única certeza: piora dia a dia.

Ministros
Sérgio Rodrigo Reis, não fosse um Reis, deu-nos excelente matéria na edição de 5 de agosto sobre o resgate de hortaliças raras pela Empresa de Pesquisas Agropecuárias de Minas Gerais (Epamig). Uma delas, de etimologia deliciosa, tem assento em diversos gabinetes da Esplanada dos Ministérios deste país grande é bobo. Vem do moçárabe berdolaca (origem também do espanhol verdolaga), entrando no português em 1562 como substantivo feminino beldroega. Mas também é adjetivo de dois gêneros e substantivo de dois gêneros, menos usado no singular do que no plural beldroegas, significando tolo, boçal, joão-ninguém, inútil, insignificante: um beldroegas ou uma beldroegas. Usava-se muito no Rio de Janeiro de antigamente e desapareceu do modismo linguístico, apesar do número assustador de beldroegas ocupando altos postos por aí, sobretudo e principalmente na esplanada brasiliense. Das hortaliças pesquisadas pela Epamig conheço algumas e já provei poucas. Não me lembro da beldroega, mas a taioba era comum nas roças em que morei e nunca foi do meu agrado, talvez por não combinar com a cerveja e o vinho. Pode ser que combine, que se “harmonize” com aqueles alcoóis, mas o sedento que fui não tinha tempo de testar harmonizações.

O mundo é uma bola
13 de setembro de 1276: Pedro Julião, médico, matemático e bispo nascido em Lisboa, é eleito papa João XXI. E o philosopho, que já sabia do papa português, acaba de tomar um susto: ao digitar no Google 13 de setembro, o buscador, numa fração de segundo, informou a existência de mais de 85 milhões de entradas. Tem cabimento? Em 1500, após descobrir um país grande e bobo, a esquadra de Pedro Álvares Cabral chega a Calecute. Em 1943, criação do território federal de Rio Branco, atual estado de Roraima, no país descoberto por Cabral. Em 1966, com a criação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), termina a estabilidade depois de 10 anos de casa. Em 1987, acidente radioativo em Goiânia. Em 1903, nascimento da atriz Claudette Colbert, natural de Saint-Mandé, França, como Émilie Claudette Chauchoin, mas criada nos EUA desde 1906. Em 1592 morreu Montaigne, gênio francês.

Ruminanças
“França, mãe das artes, das armas e das leis” (Du Bellay, 1522-1560)

Ataque do HIV é fotografado‏ - Bruna Sensêve

Pesquisadores produzem imagem em alta resolução do momento em que o vírus se une a um dos receptores presentes na célula do sistema imunológico humano 


Bruna Sensêve

Estado de Minas: 13/09/2013 

Uma das senhas, até agora secreta, usada pelo vírus da Aids para entrar nas células do sistema imunológico humano acaba de ser “decodificada”. Pela primeira vez, cientistas são capazes de observar bem de perto a estrutura molecular do correceptor CCR5, uma das estruturas usadas pelo HIV para dar início à infecção capaz de debilitar todo o organismo.

O grupo responsável pela pesquisa, formado por chineses e norte-americanos, conseguiu produzir imagens de altíssima resolução do exato momento em que esse receptor manifesta o seu "código de acesso" na membrana celular, permitindo a aproximação do vírus. O trabalho é um marco e deverá resultar no desenvolvimento de uma nova linha terapêutica contra a doença, ao interditar mais essa porta de entrada.

Nas células humanas, há vários receptores, presentes na membrana. Eles trabalham como porteiros, que dão acesso a diferentes estruturas ou substâncias – muitas delas benéficas. No caso da infecção pelo HIV, esse processo é mediado por interações entre uma glicoproteína, conhecida como gp120 viral, e o receptor CD4, encontrado na própria célula, além de outros dois correceptores: o CXCR4 e o CCR5. O feito do grupo, então, foi fotografar o momento em que um desses porteiros, o CCR5, entrega as chaves para o vírus da Aids. A partir daí, o organismo invasor se funde à membrana da célula e “cava” seu caminho até o interior dela.

Laboratório Na descoberta, publicada na edição de hoje da revista Science, os pesquisadores utilizaram um medicamento já conhecido na clínica médica para o tratamento do HIV, chamado maraviroc, para entender como ocorre o trabalho do CCR5. A escolha da droga se baseou na sua forma de funcionamento. Ela se liga ao correceptor com o objetivo de torná-lo indisponível para a ligação com o HIV.

Em laboratório, a equipe produziu um receptor CCR5 artificial por bioengenharia e permitiu que a droga realizasse essa ligação – o receptor foi purificado e cristalizado, resultando em imagens de altíssima resolução para que os cientistas pudessem observar bem de perto como funciona a ligação. Vale lembrar que o medicamento não proporcionou a inibição de receptor que continua a funcionar normalmente. No entanto, com a ligação ao maraviroc, ele se torna inativo e, no caso, insensível ao HIV. A observação desse complexo trouxe à tona uma série de peculiaridades moleculares que pode permitir, por exemplo, a alguns mutantes de HIV escapar dos inibidores de CCR5. Os cientistas sugerem que isso pode ocorrer quando o correceptor CCR5 assume uma estranha forma de cúpula que reduz a sua afinidade para inibidores, como o maraviroc, deixando o receptor livre e disponível para se ligar ao HIV. 

No artigo, os autores afirmam também que, apesar de o CCR5 e o CXCR4 dividirem uma arquitetura global muito semelhante, há pequenas diferenças dentro dos bolsos de ligação dos dois que provavelmente resultarão no reconhecimento de cepas distintas de HIV. "A porta está agora aberta ao uso de múltiplos estudos biofísicos e de conhecimento para entendermos melhor como a infectividade do HIV ocorre. Com ambos os correceptores de estruturas tridimensionais de HIV, é provável que tenhamos a próxima geração de terapias do HIV", disse Raymond Stevens, do Departamento de Biologia Molecular e Química do instituto The Scripps, na Califórnia.

Caminho árduo Hoje, inúmeros estudos buscam compreender os mecanismos moleculares da entrada do HIV. Foi com esses trabalhos que se chegou à determinação do complexo estrutural de ligação gp120-CD4. Mas as relações de função e estrutura dos outros dois receptores permaneciam pouco compreendidas. Isso porque tanto o CCR5 quanto o CXCR4 pertencem a uma família proteica da membrana celular chamada de receptores acoplados à proteína G (GPCRs, em inglês). Estudos estruturais dessas moléculas são extremamente desafiadores pelo tamanho dessa superfamília, com 826 membros – o que a torna o maior conjunto proteico no genoma humano e alvo de mais de 40% de todas as drogas.

Stevens imagina que, no ritmo atual de pesquisa, ainda serão necessárias várias décadas para compreendê-la totalmente. “Isso é lamentável, já que entender como esses receptores trabalham e desenvolvem novas terapias pode levar a classes de medicamentos mais seguros para o tratamento de muitas e diferentes doenças humanas”, avalia o especialista.

Os estudos em busca da estrutura molecular dos correceptores para o HIV foram iniciados há seis anos, quando a principal autora do trabalho, Beili Wu, hoje professora do Laboratório de Pesquisa em Receptores da Academia Chinesa de Ciências, trabalhava como estudante de pós-doutorado no laboratório de Stevens. “Nosso objetivo era aprofundar a compreensão dos mecanismos moleculares de entrada do vírus HIV, resolvendo as estruturas cristalinas dos dois correceptores”, diz Wu.
Com o apoio de Stevens, em 2010, a equipe foi capaz de resolver cinco estruturas cristalinas independentes de complexos humanos com CXCR4. No ano seguinte, Wu voltou à China e construiu seu próprio grupo de pesquisa na Academia Chinesa de Ciências, em Xangai. Lá, seu time de cientistas se concentrou no CCR5. "Uma vez que apenas um número limitado de inibidores de CCR5 tenha sido desenvolvido, os estudos estruturais do receptor são particularmente difíceis", diz Wu, acrescentando que o trabalho anterior com o CXCR4 foi crucial para o sucesso do estudo mais recente.

Nova luz

“Os autores resolveram a estrutura para o complexo formado pelo inibidor de entrada do HIV-1, o maraviroc, e uma forma CCR5 bioengenhada, que é estabilizada por várias modificações. O maraviroc é um inibidor alostérico: seu local de ligação não é o mesmo das moléculas capazes de bloquear o funcionamento do receptor, isto é, ele atua indiretamente, alterando a forma geral do receptor. A estrutura do CCR5 revelada pelo trabalho lança luz mecanicista sobre a seletividade do correceptor para HIV-1. O novo conhecimento estrutural prepara o palco para o projeto racional de pequenas moléculas melhoradas inibidoras de CCR5 para a entrada do HIV. O conhecimento estrutural desses patógenos poderá, assim, nos ajudar a domá-los e impedir a sua união com a membrana celular."


Per Johan Klasse, Pesquisador da Universidade de Cornell 

Dependência permitida - Sérgio Rodrigo Reis

Simpósio de Neurociências da UFMG reúne pesquisadores para debater implicações das drogas na sociedade. Uma delas, o álcool é aceito socialmente mas gera graves danos ao cérebro 


Sérgio Rodrigo Reis

Estado de Minas: 13/09/2013 


 (Istockphoto)

O uso e abuso de drogas é um assunto polêmico, por vezes tratado como um tabu em nossa sociedade e com diversas implicações tanto na vida do usuário quanto da comunidade em torno do dependente químico. Cerca de 1,5 mil pesquisadores de diversas partes do Brasil se reúnem em Belo Horizonte até amanhã, durante o 7º Simpósio Internacional de Neurociências da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), para difundir as pesquisas mais atuais de prevenção e tratamento. Do chá do santo-daime (ayahuasca), passando por drogas como o crack e a maconha, as discussões abriram espaço para drogas socialmente aceitas, como o álcool. “O tema central é a dependência química. O enfoque é terapêutico, a pesquisa básica, clínica e prevenção”, explica Ângela Ribeiro, coordenadora do evento, que debate também a síndrome do pânico e outros temas.


Enquanto o tabaco, nos últimos anos, teve as propagandas proibidas no Brasil, saiu da mídia, passou por impedimentos legais e o consumo foi reduzido, a bebida vive situação inversa. Associada ao bem-estar, ao esporte e à alegria, tem sido assunto no horário nobre na televisão e demais meios de comunicação com ações agressivas de marketing. “Pode tudo”, alerta o psiquiatra mineiro e especialista em dependência química Valdir Campos, um dos convidados do simpósio. Ele é autor do livro Álcool e direção – Beber e dirigir em Minas Gerais – Diretrizes para uma política pública. A publicação apresenta um levantamento inédito desenvolvido entre 2005 e 2009 sobre os efeitos devastadores da mistura da bebida com o volante.


Ao ser ingerido, o álcool é absorvido pelo trato gastrointestinal entre 30 e 90 minutos e atinge a concentração máxima na corrente sanguínea, sendo, em seguida, distribuído por todo o organismo. Acumula-se principalmente no cérebro, pulmão e rins. Dependendo de alguns fatores, como gênero, peso corporal, temperatura, alimentos ingeridos juntamente com o álcool, provoca prejuízos no desempenho do condutor, como ao frear, mudar de faixa ou tomar uma decisão. A situação pode ocorrer a partir de 0,2 g/l ingerido, o que corresponde, por exemplo, ao consumo de um copo de cerveja. “Com esse nível de alcoolemia o condutor tem o risco dobrado de se envolver em acidentes de trânsito”, explica o especialista. 


Campos alerta que, à medida que os níveis de alcoolemia aumentam, há tendência de o condutor não usar o cinto de segurança e ainda dirigir em alta velocidade. “Assim, o risco de envolvimento em acidente fatal para um motorista adulto com concentração de álcool no sangue entre 0,5 e 0,9 g/l é nove vezes mais alto do que o motorista que não fez uso de álcool. Entre motociclistas com esses níveis de alcoolemia o risco é 40 vezes maior”, aponta. Segundo ele, as pesquisas mais recente têm mostrado que não existe nível de alcoolemia seguro para quem vai dirigir. Foi a situação alarmante que o motivou a desenvolver uma pesquisa para mensurar os efeitos da combinação bebida x volante, antes e depois da aplicação da Lei Seca. Parte dos resultados foi apresentado no simpósio.


Inicialmente desenvolvida em Diadema, no interior de São Paulo, devido aos altos índices de homicídios e criminalidade associados ao uso de bebida alcoólica por lá, a metodologia capaz de sistematizar os efeitos da bebida nos motoristas chegou a Minas quando Valdir Campos resolveu pensar em algo semelhante para o estado. O apoio governamental lhe possibilitou, na ocasião, ir a campo com uma metodologia parecida a que, atualmente, é usada durante as operações da Lei Seca. Foram instalados postos de fiscalização de sobriedade e entrevistados mil motoristas na Região Centro-Sul da capital. Os primeiros resultados assustaram.

TOLERÂNCIA ZERO A pesquisa realizada entre 2005 e 2006, antes da Lei Seca, constatou que 38% dos condutores da Região Centro-Sul de BH dirigiram com algum índice de álcool no sangue. Entre eles, 19% estavam com índices acima do permitido, que era então 0,6 grama de álcool por litro de sangue. Hoje a tolerância é zero. Os dados revelaram também que mais da metade tinha entre 18 e 30 anos. Após a implantação da Lei Seca, os pesquisadores voltaram às ruas, dessta vez para uma nova pesquisa na capital com outros 1.575 entrevistados e ainda para propor um plano amostral no estado, nas dez regiões geográficas, em cidades polo, também com 1.575 pessoas. Os resultados voltaram a chamar atenção. No levantamento feito entre 2005 e 2009, período que coincide com a implantação da nova lei (de 2008), constatou-se que houve redução de 50% dos índices dos que dirigiam alcoolizados nos finais de semana.


O estudo, até então inédito, gerou o livro e, segundo Campos, poderá servir, de agora em diante, para orientar a elaboração de políticas públicas e medidas estratégicas de diminuição do número de pessoas que ainda dirigem alcoolizadas em Minas. “A intenção é que os dados não sejam esquecidos no livro. O objetivo é disseminar o conhecimento acadêmico para outros públicos para que possa entender a questão.” Segundo ele, o maior problema em BH foi na Região do Barreiro, onde 27% das pessoas apresentavam teste positivo no bafômetro. A cidade que apresentou os maiores índices em Minas foi em Uberlândia, onde 34% das pessoas dirigiam alcoolizadas.
 
POLÍTICA PÚBLICA E
PREJUÍZO INDIVIDUAL

Diante dos dados, o especialista afirma que a lei é o pontapé inicial para se implementar uma política pública. Mas ainda não é suficiente. Para ele, a fiscalização e, principalmente a punição rápida, é que são medidas efetivas. “Não deveria demorar tanto quanto hoje, pois favorece a impunidade. A lei brasileira é boa, muito rígida, mas a aplicação demora. Se houvesse perda de licença para dirigir com mais rapidez, os resultados seriam rápidos”, sugere.


A maior discussão, quando se pensa em substâncias que causam dependência química, não é, de acordo com Valmir Campos, se é lícita ou não, mas o prejuízo individual e coletivo provocado na sociedade. Outro ponto que o incomoda é como até o governo, é condescendente com drogas, como a bebida. “Estamos prestes a realizar a Copa do Mundo, temos um Estatuto do Torcedor, que proíbe a venda nos estágios. Mesmo assim, o país abriu exceção para a Fifa vender nos estádios atendendo uma indústria que teve rendimento no ano passado maior do que a Petrobras.” E o especialista vai além: “O país abriu mão da soberania para poder vender bebida. Enquanto damos uma nota 10 para a política de prevenção do uso de tabaco, que conseguiu reduzir os índices de pessoas doentes, já em relação à bebida, por causa do lobby intenso das indústrias que migraram para os países em desenvolvimento para persuadir as pessoas por aqui, a nota é três. Em termos de prevenção, estamos ainda na infância”, lamenta.

SERVIÇO
 
O 7º Simpósio Internacional de Neurociências da UFMG termina amanhã, na capital mineira. Informações: www.7simposioneurociencias.chsd.com.br ou pelo telefone:
(31) 3409-2637.