quarta-feira, 29 de maio de 2013

Sobremesas inspiradas em obras de arte moderna fazem parte de livro de receitas

na folha de são paulo
FERNANDA EZABELLA
DE LOS ANGELES

Foi por causa de uma pintura de Wayne Thiebaud, conhecido pelas obras repletas de guloseimas, que Caitlin Freeman resolveu fazer bolos.
Estudante de artes plásticas, ela queria recriar os doces para poder fotografá-los. Mas a brincadeira foi tão longe que a californiana acabou abrindo uma confeitaria em San Francisco e deixou de lado a carreira de fotógrafa.

Comida com arte

 Ver em tamanho maior »
Divulgação
AnteriorPróxima
Bolo em homenagem a "Composition (No. III)", de Piet Mondrian, feito com quatro tipos de massas diferentes
Hoje, mais de dez anos depois, ela lidera o Blue Bottle Coffee no Jardim das Esculturas, no topo do Museu de Arte Moderna de San Francisco, na Califórnia (EUA).
No menu, constam artistas cujos trabalhos estão expostos pelas galerias, transformados em deliciosas sobremesas.
"Há pessoas que visitam o museu só para ver nossos bolos", diz Caitlin à Folha durante um café da manhã em Los Angeles.
"E há outras que não amam arte moderna, que vêm ao museu obrigadas e, às vezes, se sentem alienadas. Temos que ter um balanço. Nem todo mundo quer estender a experiência artística no café."
Seus bolos inspirados em Thiebaud são um dos principais atrativos do café, com recheios que variam com as frutas da estação. O mais popular é o bolo Mondrian, que vende a R$ 16 o pedaço e está na capa de seu primeiro livro, "Modern Art Desserts", lançado no último mês.
A publicação traz 27 receitas adaptadas para serem feitas em casa, em cozinhas "moderadamente equipadas". Há histórias curiosas sobre sua trajetória de chef autodidata, seu processo de criação e sua relação com os artistas, nem sempre fácil.
A maioria dos doces tem inspiração conceitual e não é facilmente reconhecida como o Mondrian. O "Warhol Gelée", por exemplo, é um doce de geleia de morango, menta e leite de rosas, baseado nas cores do retrato de Elizabeth Taylor. Apesar de pop, Andy Warhol (1928-1987) deu trabalho para Caitlin.
"Tentamos várias outras coisas com os Warhols do museu, coisas espertas, mas nada deliciosas. Suas cores não são muito comestíveis, muitos azuis e verdes", disse ela, que conta com a ajuda de curadores para ter acesso a obras não expostas.
Outro artista que fez Caitlin perder o sono foi o belga Luc Tuymans, que ganhou uma retrospectiva em 2010.
Ele odiou o bolo Mondrian, mas ficou encantado com a possibilidade de ter uma obra sua transformada em sobremesa. O quadro escolhido era um coração todo cinza, que virou um crème fraîche parfait, feito com chá Earl Grey, molho doce de ágar e licor de violeta.
"Deu trabalho, mas acho que é minha sobremesa mais gostosa. Tão simples e com um gosto meio triste e sombrio, como a pintura."
Há brasileiros no acervo, como os irmãos Campana e Sebastião Salgado, mas que ainda não viraram doces do Blue Bottle Coffee, uma franquia fundada pelo marido de Caitlin, James Freeman. Os dois já vieram ao Brasil para visitar fazendas de café.
A partir de segunda-feira, o museu fecha para reforma até 2016. Caitlin começará a vender o bolo Mondrian on-line ainda neste ano.
MODERN ART DESSERTS
AUTORA Caitlin Freeman
EDITORA Ten Speed Press
QUANTO US$ 15 (cerca de R$ 30), na Amazon.com (216 págs.)

Quadrinhos

folha de são paulo
CHICLETE COM BANANA      ANGELI
ANGELI
PIRATAS DO TIETÊ      LAERTE
LAERTE
DAIQUIRI      CACO GALHARDO
CACO GALHARDO
NÍQUEL NÁUSEA      FERNANDO GONSALES
FERNANDO GONSALES
MUNDO MONSTRO      ADÃO ITURRUSGARAI
ADÃO ITURRUSGARAI
BIFALAND, A CIDADE MALDITA      ALLAN SIEBER
ALLAN SIEBER
MALVADOS      ANDRÉ DAHMER
ANDRÉ DAHMER
GARFIELD      JIM DAVIS
JIM DAVIS

HORA DO CAFÉ      JUNE
JUNE

O crack dos políticos - Gilberto Dimenstein

FOLHA DE SÃO PAULO

O crack dos políticos, como sabemos, é o vício dos votos.
Só assim consigo entender por que o governador Geraldo Alckmin colocou para comandar sua secretaria de Desenvolvimento Social alguém ( Rogério Haman) totalmente inexperiente em questões sociais. Ele terá de cuidar, entre outras funções, da questão do crack --em sua secretaria está o projeto Recomeço.
Sua especialidade: empreendedor de feiras e eventos. Se tarefas assim já são extremamente difíceis para especialistas, imagine para quem nunca se interessou pelo assunto. E só está ali por interesses eleitorais.
Motivo da escolha: Haman é aliado de Celso Russomano que, por sua vez, passa a apoiar a reeleição de Geraldo Alckmin.
O drama disso é que, em meio a toda a violência que vivemos, a ação social é uma das armas que existem para termos mais segurança ( melhor, menos insegurança) , prevenindo a marginalidade.
*
Recomendo a todos que vejam um incrível cartaz contra o crack que foi colocado na Galeria do Rock em São Paulo. O anúncio é devorado por vermes. Veja aqui)
Gilberto Dimenstein
Gilberto Dimenstein ganhou os principais prêmios destinados a jornalistas e escritores. Integra uma incubadora de projetos de Harvard (Advanced Leadership Initiative). Desenvolve o Catraca Livre, eleito o melhor blog de cidadania em língua portuguesa pela Deutsche Welle. É morador da Vila Madalena.

Lá e aqui - Nina Horta

folha de são paulo
Lá e aqui
Deixa eu me jogar nas sopas tailandesas sem sentir remorso quanto ao caldo de fubá com cambuquira
Quando era menina, não ligava a mínima para a cozinha lá de casa, simplesinha, muito bem-feita e repetida. Não ligava a mínima é modo de dizer, comia tudo com muito prazer, mas só achava interessantes as belas fotos das revistas americanas. Comprava as mais bonitas e famosas da época ("Ladie's Home Journal" e "Good Housekeeping") e me deleitava com as receitas perfeitas, as dietas semanais, os contos de novos escritores, a diagramação, a ótima fotografia.
A meu favor, aqui não tínhamos nada a não ser o "Dona Benta" e o "Rosamaria". Em casa, preferia o "Rosamaria", que, assim mesmo, tinha um índice terrível e receitas que supunham um prévio conhecimento, pouco, mas prévio, e não era um manual para "dummies" como eu.
Com o tempo, fui intuindo que a comida brasileira é que havia de ser pesquisada, feita, escrita, e aí, durante mais de décadas, tentei fazer isso contra a onda ou o tsunami de escritos e livros e pesquisas e teses de comida em outras línguas e nada na nossa.
Hoje, num terreno mais confortável, continuo sabendo da importância de nossas tradições e raízes, nem é possível para mim desviar delas, nem... da vida alheia. Seria muito hipócrita se rejeitasse a comida de outros países em prol de uma tradição que começou a ser recuperada muito tarde.
Que me importa que tenha sido mordida pelo consumo desde a mais tenra idade. Ia para o largo da Batata e me tornava japonesa. Fiquei amiga da Odete (Adati Kajibata) das verduras, que verduras! E levei uns seis anos para conseguir conversar com o menino que as separava para mim. Quando conseguimos conversar, ele mudou de emprego por causa das varizes e precisei começar tudo de novo.
Havia o peixeiro com o aquário de peixes vivos, o momento de cumplicidade com a japonesa de perninhas tortas e pés pequenos, que perseguia um bagre que saltara na calçada, ajudada por mim, que considerava aquilo o máximo em matéria de outro.
E a louça, a louça me enlouquecia, potinho para cá, potinho para lá, quando ainda não tínhamos nada bonito em matéria de louça nacional.
Foram anos e anos de aprendizado de japonesices e chinesices. Sei que a minha "autenticidade" no ramo, apesar de toda a pesquisa in loco, faria rir alto um mandarim, mas e daí?
A comida tailandesa, por exemplo, me encanta. Parece que nasci por lá mesmo, comendo arroz grudento com manga, o que posso fazer?
Então, sossegada quanto aos rumos da cozinha brasileira, com muita gente a tomar conta dela, deixa eu me jogar na melhor das sopas tailandesas neste friozinho, sem sentir o menor remorso quanto ao caldo de fubá com cambuquira ou à sopa de feijão com claras de ovos picadinha por cima ou "croûtons" bem fritos em azeite.
Claro que tudo começa com a compra, não tem outro jeito. Vamos à Liberdade e compremos primeiro um vidro de molho de ostras ou de peixe. Confiem, tem o cheiro do chão do inferno, mas, misturado à comida, faz brotar sabores insuspeitos. É só.
A receita de duas sopas está no blog. Espero que tomem coragem e experimentem, claro, sem esquecer que a sopa de feijão é uma das melhores do mundo.
ninahorta@uol.com.br
Leia o blog da colunista
ninahorta.blogfolha.uol.com.br

    Diálogos banais na cena do crime - MARTHA MEDEIROS

    ZERO HORA - 29/05/2013

    Com licença, seu moço, preciso passar com minhas compras.

    – Pois não, senhora, desculpe estar ocupando a calçada, é que tenho algo a dizer aqui para o parceiro que está me filmando com o celular.

    – Fique à vontade, mas o senhor está com as palmas das mãos muito vermelhas, reparou?

    – Eu sei, eu sei, é que tive um probleminha ali do outro lado da rua.

    – Ei, você está vendo um homem deitado no meio do asfalto? – Pois é, talvez tenha sido atropelado, não sei, você viu alguma coisa?

    – Não vi, mas parece que aquela moça loira viu, e até gravou. – Então deixa eu seguir para o escritório que estou atrasado, depois eu confiro no YouTube.

    – Você não gostaria de me entregar essa faca, rapaz? – Da polícia você não é, madame.

    – Não sou, mas ela logo chegará. – Demorou.

    Nunca vi essa rua tão animada.

    – É mesmo?

    – Você não é aqui da vizinhança?

    – Sou turista, parei para tirar umas fotos da performance. É uma performance, não é?

    – Droga, meu celular está ficando sem bateria. – Use o meu. Quer fazer uma ligação?

    – Gostaria apenas de filmar aqueles dois malucos ali com as mãos pingando sangue.

    – E o cara deitado, sabe quem é? – Não, mas podemos tirar uma foto do rosto dele e colocar no Face pra ver se alguém identifica.

    – Tá bom, tira a foto enquanto eu vou ali na esquina tentar alcançar um camarada que vi passar, ele está me devendo umas libras.

    – Mãe, o que é que está acontecendo? – Um moço passou mal, filho. Vamos andando. – Acho que ele foi assassinado, mãe. Por aqueles dois batendo papo ali, ó.

    – É, pode ser, filho. Você pegou seu caderno de matemática?

    – Olho por olho, dente por dente, vocês matam meu povo, eu mato o de vocês.

    – Faz sentido, faz sentido. Por favor, pode dar dois passinhos para a esquerda para eu enquadrar melhor?

    – Aqui está bom?

    – Está, agora deixe bem à vista a faca e o cutelo. Isso. Perfeito.

    – Olha a polícia aí chegando. – Nossa, que estressados. – Alô. – Falo com a esposa do soldado Lee Rigby?

    – Sim. – Boa tarde. É que aconteceu um inconveniente. 

    Tv Paga


    Estado de Minas: 29/05/2013 

    Comédia à italiana

    Quarta-feira é garantia de filme de qualidade na telinha. É que a Cultura apresenta sua Mostra internacional de cinema, hoje com a comédia italiana Estranhos normais, de Gabriele Salvatores, na faixa das 22h. Na trama, Vincenzo é um escritor decidido a escrever o roteiro de um filme. Dessa forma, cria uma história onde duas famílias se aproximam após dois jovens de 15 anos resolverem se casar. Diante dessa situação, Vincenzo cria personagens em que as mães são neuróticas, os pais mais loucos que seus filhos, as avós completamente malucas e os cachorros se apaixonam. Promete!

    Muitas alternativas na programação de filmes

    Outro filme que merece atenção especial do assinante é O banheiro do papa, às 21h30, no canal Arte 1. No Canal Brasil, às 22h, a atração é A erva do rato, de Julio Bressane. Na mesma faixa das 22h, o assinante tem mais 10 opções:
    E aí, comeu?, no Telecine Premium; Prometheus, no Telecine Pipoca; Amor, felicidade ou casamento, no Telecine Touch; 127 horas, no FX; 40 dias e 40 noites, no Glitz; Psicopata americano, na MGM; A estranha perfeita, no Studio Universal; Hemingway e Gellhorn, na HBO HD; As aventuras de Tintim, no Max HD; e Zona verde, no Space. Outras atrações da programação: A última noite, às 20h, no Telecine Cult; Maridos e mulheres, às 22h30, no Comedy Central; e Uma vida nova, também às 22h30, no AXN.

    SescTV abre espaço para  a arte de Camila Sposati

    A artista plástica paulista Camila Sposati é a personagem de hoje da série Artes visuais, às 21h30, no SescTV. O trabalho dela reúne fotografias, filmes, desenhos e esculturas em três dimensões, criadas com base em conceitos da ciência, geologia e leis da química e energia.

    Peritos analisam queda de avião na Colômbia

    Na Colômbia, no Natal de 1995, um avião se chocou contra uma montanha a poucos minutos do pouso. Uma equipe de investigadores americanos e colombianos reconstrói os últimos momentos do voo American Airlines 965, no episódio de hoje de Catástrofes aéreas, às 18h, no Discovery Channel. A tragédia deixou 159 mortos.

    Conheça o caso de uma  noiva de apenas 7 anos

    No Nat Geo, uma das produções mais curiosas é Tabu. Para o bem e para o mal, o programa apresenta algumas das maiores bizarrices que já se viu na televisão, não necessariamente recomendáveis a qualquer público. Para hoje, mais dois episódios grotescos, a partir das 22h15. “Estranho amor” relata, por exemplo, o caso de uma menina nepalesa de 7 anos que foi vendida como noiva. Já “Prostituição”
    narra histórias das profissionais do sexo.

    Lerner conta como vai ser a cidade inteligente

    Prefeito de Curitiba por três vezes, o arquiteto e urbanista Jaime Lerner é o convidado do jornalista Beto Largman na edição desta noite do programa Entrevista, às 21h, no Canal Futura. Vai falar sobre “A cidade inteligente” e questões relacionadas à urbanização de uma metrópole.

    FERNANDO BRANT » No coração da canção‏

    O quintal é o mundo e o mundo não passa de uma sobreposição de quintais 


    Estado de Minas: 29/05/2013 

    Houve um dia em minha vida em que um anjo negro apareceu no meu quintal. Que trazia belezas ficou claro desde o primeiro momento, pois luzes envolviam o seu corpo que não era de santo, era de gente. Mais tarde, tomei conhecimento de que ele já aparecera em casas de Britos e Tisos, em Três Pontas. E circulava regularmente em torno dos Borges, de origem portuguesa, que habitavam um tal de Edifício Levy, no Centro de nossa cidade.

    A cidade moderna era pequena em habitantes e atividades culturais, que se concentravam em poucos lugares. Esse anjo surgia e nunca mais saía da existência de seus escolhidos. Assim todos se viam. Existiam duas palavras mágicas que ele distribuía: amizade e música. Aí um Borges, um Brant ou um Bastos acrescentava às conversas o sonho de poesia e cinema que traziam nas veias. Hortas, Lôs, Guedes, Ângelos, Ornelas, Vilelas, Silvas, Alves, Novelis, Tavitos, Nanás, Mouras e uns tais Mariltons, Balonas incrementavam harmonias e ritmos àquela loucura santa juvenil que corria pelas ladeiras e desentupia os meios-fios de preconceito da província.

    Saúdo todos em volta, e lembro que quando falo em preconceitos de uma província estou pensando em todas, incluídas aquelas que se sentem internacionais. O quintal é o mundo e o mundo não passa de uma sobreposição de quintais.

    Pacífico que sou, reconheço minha ousadia em lembrar nomes e peço perdão pelas ausências que o tempo e as cervejas impõem à minha memória.  

    Se as reuniões em volta daquele anjo personificado em nosso destino se resumissem aos encontros de amigos em volta da melhor música e cinema que se fazia naquele tempo, estaria formado um grupo de grandes apreciadores de arte. Mas não, o projeto era maior. Ele fazia uma música de melodia, harmonia e ritmo que nunca conhecêramos. E a voz, meu Deus, como explicá-la? Só Deus.

    Então, nós invadimos o país e depois o mundo. Ele tinha muito, mas todos nós lhe demos consistência e conteúdo, sua bagagem voou e voa plena de belezas criadas por seus companheiros de vida e canção. Sonhamos juntos e trabalhamos juntos. Com o alicerce que tinha e o que nós lhe demos, ele pôde e pode encantar as plateias de qualquer lugar deste planeta. Ele o faz humanadivinamente. E todos cantam com ele.

    Não estávamos criando um clube ou um grupo. Mas o clube se fez. Clube de Belo Horizonte e de Minas Gerais. Do Brasil e do mundo, de todos, sem carteira de sócio, aberto para a beleza e a amizade. Clube de todas as esquinas.

    Queríamos construir nossas belezas. Construímos. Não imaginávamos o futuro, mas o fizemos. Olhando para o início, para hoje e para frente, sinto que alcançamos a comunhão. Nós merecemos.

    Painel - Vera Magalhães

    folha de são paulo
    Teste de fogo
    Embora critique a condução da Caixa Econômica Federal no episódio da antecipação dos pagamentos do Bolsa Família, ainda não há disposição de Dilma Rousseff de promover demissões na direção do banco. Auxiliares do Planalto dizem que, além da conclusão da Polícia Federal acerca do papel do banco na disseminação do boato de que o programa seria extinto, a presidente vai observar se a Caixa conseguirá restabelecer a normalidade no próximo pagamento, em 17 de junho.
    -
    Colaborativa Para ajudar a mapear a origem dos boatos, a Caixa repassou à PF uma lista com os 200 primeiros sacadores do Bolsa Família. Desde anteontem, beneficiários estão sendo ouvidos pela PF, que questiona, por exemplo, como as pessoas foram informadas do boato.
    Duas coisas As equipes da PF serão deslocadas para vários Estados. A ideia, segundo integrantes do governo, é separar, se possível, a confusão do banco da linha de investigação policial.
    Quase lá Após conquistar 400 mil assinaturas, apoiadores da Rede preparam um grande ato para recolher a assinatura de número 500 mil. Com a presença de Marina Silva, o evento, previsto para meados de junho, pode ser em São Paulo ou no Nordeste.
    Pé... Aécio Neves vai começar na primeira semana de agosto suas viagens pelo Brasil como presidente do PSDB e pré-candidato à Presidência. Fará deslocamentos quinzenais até dezembro.
    ... na estrada O lançamento da versão tucana das caravanas consagradas pelo PT será no interior de São Paulo. Já há outros 15 Estados com datas pré-acertadas para receber o senador mineiro.
    Afinidade A despedida do secretário-executivo da Casa Civil, Beto Vasconcelos, que partirá para período de estudos nos Estados Unidos, contou com a presença de Luís Roberto Barroso, recém-indicado por Dilma para o Supremo Tribunal Federal.
    Cálculo Quem acompanha o julgamento do mensalão acredita que o presidente da corte, Joaquim Barbosa, pode levar ao plenário antes da posse de Barroso a discussão sobre se serão ou não aceitos embargos infringentes.
    Batuque O secretário paulistano Netinho de Paula considerou "formal" demais a placa que Lula ganhou durante homenagem a ele no Dia da África e resolveu lhe dar também um presente "de mano": um tambor usado para anunciar batalhas de guerreiros africanos.
    Marcação Aprovada na Executiva, passou também no diretório paulistano do PSDB resolução contra o acúmulo dos cargos de vice-governador e ministro por Guilherme Afif (PSD). "Há coisas que o governador não pode falar, mas que o partido precisa dizer", diz o presidente municipal, Milton Flávio.
    Juntos? Em conversas recentes, o presidente do PT de São Paulo, Edinho Silva, e o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) combinaram de manter diálogo entre os dois partidos sobre a eleição para o governo de São Paulo em 2014.
    Fora do ringue Anthony Garotinho (PR-RJ) entrou anteontem com representação na Mesa Diretora da Câmara contra o líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), alegando que ele usou o mandato para ofender e agredir outro parlamentar "que tem sua vida pública conhecida por todos".
    Memória Na votação da MP dos Portos, Caiado subiu à tribuna e chamou Garotinho de chefe de quadrilha. O deputado do Rio pede que o desafeto receba penas previstas no Código de Ética, que vão da censura à cassação.
    com ANDRÉIA SADI e LUIZA BANDEIRA
    -
    TIROTEIO
    "Esclarecida a culpa da Caixa, agora falta a ministra Maria do Rosário passar óleo de peroba e se desculpar por suas leviandades."
    DO DEPUTADO CAUÊ MACRIS (PSDB-SP), sobre a declaração da secretária de Direitos Humanos de que os boatos sobre o Bolsa Família vinham da oposição.
    -
    CONTRAPONTO
    Prosódia eleitoral
    Durante a posse de Rogério Hamam (PRB) no secretariado paulista, ontem, o governador Geraldo Alckmin fez referência ao vice-presidente José Alencar, morto em 2011, que era filiado ao PRB, como forma de homenagear a entrada da sigla em seu governo.
    O tucano contou que, na última vez em que visitou Alencar no hospital, o mineiro brincou que o nome do paulista deveria se pronunciar "Alckmín", com a tônica na última sílaba, e não na primeira.
    --Em Minas, palavra paroxítona não ganha eleição. Tem que ser oxítona! --justificou Alencar.

      Frei Betto-Balé de corpos‏

      O pão, e não mais a cruz, será o símbolo de minha fé, pois ele é grávido de vida, sacramento de ressurreição 


      Frei Betto

      Estado de Minas: 29/05/2013 


      Na festa do Corpo de Cristo, deixarei meu corpo flutuar em alturas abissais. Acariciarei uma por uma de minhas rugas, cantarei hinos ao alvorecer da velhice, desvelarei histórias do futuro, apreenderei, na ponta dos dedos, meu perfil interior. Não recorrerei ao bisturi das falsas impressões. Nem ao espectro da magreza anoréxica. O tempo prosseguirá massageando meus músculos até torná-los flácidos como as delicadezas do espírito.

      Suspenderei todas as flexões, exceto as que aprendo na academia dos místicos. Beberei do próprio poço e abrirei o coração para o anjo da faxina atirar pela janela da compaixão iras, invejas e amarguras. Pisarei sem sapatos o calor da terra viva. Bailarino ambiental, dançarei abraçado a Gaia ao som ardente de canções primevas. Dela receberei o pão, a ela darei a paz. E aguardarei suas manhãs como quem empina pipas ao som de cítaras.

      Acesas as estrelas, contemplarei na penumbra do mistério esse corpo glorioso que nos funde, eu e Gaia, num único sacramento divino. Seu trigo brotará como alimento para todas as bocas, suas uvas farão correr rios inebriantes de saciedade, seu Espírito haverá de se impregnar em todas as ranhuras do humano. Na mesa cósmica, ofertarei as primícias de meus sonhos. De mãos vazias, acolherei o corpo do Senhor no cálice de minhas carências. Dobrarei os joelhos ao mistério da vida e contemplarei o rosto divino na face daqueles que nunca souberam que cosmo e cosmético são gregas palavras gêmeas, e deitam raízes na mesma beleza.

      Despirei os meus olhos de todos os preconceitos e rogarei pela fé acima de todos os preceitos. Como Ezequiel, contemplarei o campo dos mortos até ver a poeira consolidar-se em ossos, os ossos se juntarem em esqueletos, os esqueletos se recobrirem de carne e a carne inflar-se de vida no Espírito de Deus.

      Proclamarei o silêncio como ato de profunda subversão. Desconectado do mundo, banirei da alma todos os ruídos que me inquietam e, vazio de mim mesmo, serei plenificado por Aquele que me envolve por dentro e por fora, por cima e por baixo. Suspenderei da mente a profusão de imagens e represarei no olvido o turbilhão de ideias. Privarei de sentido as palavras. Absorvido pelo silêncio, apurarei os ouvidos para escutar a brisa de Elias e, os olhos, para admirar o que extasiou Simeão.

      Não mais farei de meu corpo mero adereço estranho ao espírito. Serei uma só unidade, onda e partícula, verso e reverso, anima e animus. O pão, e não mais a cruz, será o símbolo de minha fé, pois ele é grávido de vida, sacramento de ressurreição.

      Recolherei pelas esquinas todos os corpos indesejados para lavá-los no sangue de Cristo, antes que se soltem de seus casulos para alçar o voo das borboletas. Curarei da cegueira os que se miram no olhar alheio e besuntarei de cremes bíblicos o rosto de todos que se julgam feios, até que neles transpareça o esplendor da semelhança divina.

      Arrancarei do chão de ferro os pés congelados da dessolidariedade e farei vir vento forte aos que temem o peso das próprias asas. Ao alçarem o topo do mundo, verão que todos somos um só corpo e um só espírito. Farei do meu corpo hóstia viva; do sangue, vinho de alegria. Ébrio de efusões e graças, enlaçarei num amplexo cósmico todos os corpos e, no salão dourado da Via Láctea, valsaremos até que a música sideral tenha esgotado a sinfonia escatológica.

      Na concretude da fé cristã, anunciarei aos quatro ventos a certeza de ressurreição da carne e de todo o universo redimido pelo corpo místico de Cristo. Então, quando a morte transvivenciar-nos, o que é terno tornar-se-á, nos limites da vida, eterno.

      Elio Gaspari

      folha de são paulo
      Dilma, a mãe dos cleptocratas
      A doutora perdoou US$ 900 mi em dívidas dos larápios africanos com o dinheiro da Viúva brasileira
      Com a prodigalidade de uma imperatriz, a doutora Dilma anunciou em Adis Abeba que perdoou as dívidas de 12 países africanos com o Brasil. Coisa de US$ 900 milhões. O Congo-Brazzaville ficará livre de um espeto de US$ 352 milhões.
      Quem lê a palavra "perdão" associada a um país africano pode pensar num gesto altruísta, em proveito de crianças como Denis, que nasceu na pobre província de Oyo, num país assolado por conflitos durante os quais quatro presidentes foram depostos e um assassinado, cuja taxa de matrículas de crianças declinou de 79% em 1991 para 44% em 2005. No Congo-Brazzaville, 70% da população vive com menos de US$ 1 por dia.
      Lenda. Denis Sassou Nguesso nasceu na pobre província de Oyo, mas se deu bem na vida. Foi militar, socialista e estatizante. Esteve no poder de 1979 a 1992, voltou em 1997 e lá permanece, como um autocrata bilionário privatista. Tem 16 imóveis em Paris, filhos riquíssimos e seu país está entre os mais corruptos do mundo.
      Em tese, o perdão da doutora destina-se a alavancar interesses empresariais brasileiros. Todas as dívidas caloteadas envolveram créditos de bancos oficiais concedidos exatamente com esse argumento. As relações promíscuas do Planalto com a banca pública, exportadores e empreiteiras têm uma história de fracassos. O namoro com Saddam Hussein custou as pernas à Mendes Júnior e o campo de Majnoon à Petrobras. Em 2010, o soba da Guiné Equatorial, visitado por Lula durante seu mandarinato, negociava a compra de um tríplex de 2.000 metros quadrados na avenida Vieira Souto. Coisa de US$ 10 milhões. Do tamanho de Alagoas, essa Guiné tem a maior renda per capita da África e um dos piores índices de desenvolvimento do mundo.
      O repórter José Casado chamou a atenção para uma coincidência: Em 2007, quando a doutora Dilma era chefe da Casa Civil, o governo anunciou o perdão de uma dívida de US$ 932 milhões. Se o anúncio de Adis Abeba foi verdadeiro, em seis anos a Viúva morreu em US$ 1,8 bilhão. Se foi marquetagem, bobo é quem acredita nele.
      O Brasil tornou-se um grande fornecedor de bens e serviços para países africanos, e a Petrobras tem bons negócios na região. As empreiteiras nacionais têm obras em Angola e na Líbia. Lá, tiveram uma dor de cabeça quando uma revolta derrubou e matou Muammar Gaddafi, um "amigo, irmão e líder", segundo Lula. Acolitado por empresários, seu filho expôs em São Paulo uma dezena de quadros medonhos. Em Luanda, os negócios vão bem obrigado, e a filha do presidente José Eduardo Santos é hoje a mulher mais rica da África, com um cofrinho de US$ 2 bilhões. Ela tem 39 anos e ele está no poder há 33.
      Se o Brasil não fizer negócios com o sobas, os chineses farão, assim como os americanos e europeus os fizeram. As caixinhas de Gaddafi para universidades inglesas e americanas, assim como para a campanha do presidente francês Nicolas Sarkozy, estão aí para provar isso. Contudo, aos poucos a comunidade internacional (noves fora a China) procura estabelecer um padrão de moralidade nos negócios com regimes ditatoriais corruptos.
      A doutora diz que "o engajamento com a África tem um sentido estratégico". Antes tivesse. O que há é oportunismo, do mesmo tipo que ligava o Brasil ao colonialismo português ou aos delírios de Saddam Hussein e do "irmão" líbio.

        Palhaças -Profissão quase sempre ligada ao universo masculino ganha cada vez mais adeptas no Brasil-Ana Clara Brant‏

        Profissão quase sempre ligada ao universo masculino ganha cada vez mais adeptas no Brasil. Palhaças dizem que trabalho permite falar de coisas importantes e ainda divertir o público 


        Ana Clara Brant

        Estado de Minas: 29/05/2013 


        Nas famílias de palhaços circenses, quando nascia uma filha isso era considerado uma verdadeira tragédia. Tudo porque o ofício sempre foi passado de geração em geração e, se não viesse um herdeiro, significava que o legado não seria transmitido. “Era motivo de choro mesmo, porque os números do picadeiro eram ensinados aos filhos. Mulher não tinha vez na palhaçaria. Mas hoje isso está mudando e estamos invadindo o mercado”, avisa a atriz Gyuliana Duarte, que há 14 anos dá vida à palhaça Xuleta.

        Boa parte dessas artistas não é proveniente da lona, como no caso dos homens, mas sim das escolas de circo e do teatro. E o mais curioso é que hoje a mulherada está conquistando tanto espaço que existem festivais só de palhaças e cada vez mais elas encenam espetáculos solos, como lembra a atriz Adriana Morales, do Grupo Trampulim, que interpreta a palhaça Benedita Jacarandá.

        Ela conta como foi sua descoberta e seu encantamento por essa profissão e acredita que o fato de o palhaço ser um personagem curinga, que se permite fazer de tudo um pouco, é um dos seus pontos fortes. “O palhaço tem muitas cartas na manga. Com ele posso executar um número aéreo, de malabares, de acrobacia e ainda fazer as pessoas rirem. Só ele dá essa liberdade de ir para todos os lados e brincar com tudo. Sem falar que consigo trabalhar com vários temas. Posso falar bobagem, ser mais político, mais romântico. O palhaço é um repórter da praça pública, ele dá notícia de tudo utilizando a ferramenta do riso”, destaca Adriana.

        Assim como ela, outras atrizes perceberam que esse filão pode ser um bom negócio, como Janaína Morse. Formada em teatro pelo Centro de Formação Artística do Palácio das Artes, se encantou com o universo clown durante uma oficina. Foi ali que nasceu Brisa, a simpática palhacinha. O nome curioso surgiu a partir de uma atividade em que ela tinha que interpretar uma jabuticaba. “Como sou uma pessoa mais gordinha e pesada e estava toda de preto, escolhi essa fruta. E eu tinha que fazer a jabuticaba caindo do pé. Toda vez que o professor pedia para eu cair leve, caía mais pesado. E isso provocava risada. Aí ele pediu: ‘Cai como uma brisa, uma brisa’. E aí pegou, porque é algo contraditório, já que sou mais cheinha”, recorda Janaína.

        A artista confessa que ela mesma tinha um certo preconceito com relação à profissão e que acabou pagando língua. “Achava que palhaço era algo menor, meio marginal. E quando entrei de cabeça e conheci essa arte, vi que não é nada disso. E hoje brinco que vivo de Brisa, já que é com a minha personagem que ganho a vida”, salienta.

        Doutoras Outra que comenta sobre a imagem errônea da palhaça é Gyuliana Duarte, que não se esquece do dia em que contou para a mãe sobre o caminho que ia seguir. Ela acredita que ainda há pessoas que veem o ofício como um mero animador e que até se espantam quando explica que para ser palhaço é necessário muito estudo e pesquisa. “Lembro-me que quando me formei em artes cênicas na Unirio minha mãe disse: ‘Minha filha, você foi para o Rio de Janeiro, se formou e vai se tornar palhaça?’. Mas depois que ela conheceu a fundo meu trabalho, e viu o quanto ele exige de dedicação e estudo, mudou de opinião e é a minha maior fã. Apesar de parecer uma brincadeira, ser palhaço é coisa séria, é uma profissão como outra qualquer”, acrescenta.

        A criadora da simpática Xuleta não se imagina fazendo outra coisa e conta que desde que colocou o nariz vermelho sua vida mudou. “O palhaço encanta porque ele é verdadeiro, autêntico, lida com o real, com o improviso. Falo que a melhor descoberta na faculdade foi o palhaço. Apaixonei-me e não tem jeito”, comenta Gyuliana, que é fundadora e coordenadora artística do Instituto Hahaha, ONG de BH que nasceu dentro do Doutores da Alegria com o objetivo de levar saúde e alegria a hospitais, empresas e outros ambientes.

        Quem também tem sua origem no Doutores da Alegria, entidade que tem como missão promover a experiência da alegria na adversidade por meio da arte do palhaço, é a atriz paulista Lu Lopes. Desde criança, ela sempre quis ser atriz, mas não passava pela cabeça que fosse na palhaçaria que iria se realizar. Intérprete de Rubra, Lu revela que ainda há um estranhamento com relação à profissão, mas que o crescimento no número de festivais dedicados ao assunto, não só no Brasil como no exterior, vem melhorando a imagem do clown. “É uma arte que sempre existiu, mas de uns 20 anos para cá, especialmente entre o sexo feminino, está bombando. O fato de ter esse caminho muito livre, de desenvolver um trabalho mais autoral e autônomo, atraiu muitas mulheres. No meu caso, o que mais me fascina é justamente a autonomia criativa. Posso falar o que quiser, com amor, e ainda atingir milhares de pessoas”, declara.

        Lu conta que há quem torça o nariz quando fala em que trabalha e brinca que a hora mais complicada de ser palhaça é quando vai comprar no crediário. “É interessante isso, porque o que faço é uma das profissões mais antigas do mundo. Ficou um tempo esquecida, desvalorizada, mas percebo que aos poucos estão reconhecendo e vendo o palhaço como uma figura social, política e uma figura humana importante. E é assim que tem que ser”, defende.


        Eduardo Almeida Reis - Sem ambages‏

        Não gosto de escrever sobre assuntos desagradáveis, porque tenho a pretensão de fazer textos divertidos e instigantes 


        Eduardo Almeida Reis

        Estado de Minas: 29/05/2013 

        Não se iluda o caro leitor com ambages, rodeios, evasivas, subterfúgios midiáticos: a situação da segurança pública é gravíssima não somente em Minas Gerais, como no Brasil inteiro. No final do século e do milênio passados, quase comprei uma casa no Belvedere, o maior IPTU de Belo Horizonte. Muros baixos, sem câmeras ou cercas eletrificadas. Fiz a oferta, a família vendedora demorou a decidir, fechei negócio com casa melhor e mais barata no São Bento e a família do Belvedere só decidiu pela venda horas depois de sacramentado o negócio são-bentense. Pois muito bem: transcorridos 14 anos, temos notícia de muitas casas do Belvedere assaltadas três vezes em 12 meses. As mesmas que andei vendo para comprar, hoje com câmeras, cercas elétricas e guaritas particulares. Assaltos com requintes de amabilidades, tais como torcer com um alicate a orelha de um cidadão que não fala português, exigindo o segredo de um cofre que ele, cidadão norte-americano, não sabia, fora estupros, espancamentos e latrocínios.

        Em São Paulo, a filha do vice-governador só não foi sequestrada, quando levava seu filho para o colégio, porque dirigia carro blindado. E isso no Morumbi, maior IPTU da capital paulista. No Rio, a situação não é melhor e em Porto Alegre, um secretário de Estado de Meio Ambiente, representando o inexplicável PCdoB no governo do inacreditável Tarso Genro, é preso por furto. O mesmo PCdoB que controla o Ministério do Esporte organizador das copas. Que entende de esportes o ministro Aldo Rebelo, com aquele casaco amarelo-cheguei da Adidas, além do esporte de falar difícil? Situação que existe em igual ou maior número nas outras unidades da federação – e se agrava dia a dia, enquanto se discute a maioridade penal e as leis, todas elas, são de uma brandura, de uma blandícia de espantar até os postes da Cemig. Se você tem algum dinheiro, não muito, é alvo preferencial dos bandidos, que assaltam e matam por R$ 100. Se você tem R$ 30, é queimado como aquela dentista de São Paulo.

        Não se trata de perguntar aonde isto vai parar, porque não tem jeito de parar e se agrava diuturnamente. Como pode a Câmara Federal votar leis com os deputados que tem? Escrevo pela manhã, depois de jantar ontem com um ex-deputado federal, que discorreu longamente sobre os plenários que conheceu. Já naquele tempo eram espantosos, espanto que se agravou de lá para cá. Não gosto de escrever sobre assuntos desagradáveis, porque tenho a pretensão de fazer textos alegres, divertidos e instigantes, ainda que o instigar, às vezes, irrite idosos chatos, que adoram fazer turismo viajando de graça. Quero que os velhos chatos se danem e peço desculpas ao lúcido leitor pelo tema, aparentemente insolúvel, da coluna de hoje.

        Guerras químicas 

        Boa notícia para os casais à antiga e também para os modernos, que dispensam sexos diferentes: correm anúncios na internet sobre invenções para neutralizar os cheiros dos gases – e todo casamento é uma guerra química. Gás sarin C4H10FO2P, gás mostarda ou iperita C4H8Cl2S e outros gases têm sido usados nas guerras químicas, o que levou a Convenção de Armas Químicas (CWC) a proibir o uso de gases tóxicos e métodos biológicos para fins bélicos. Vários países denunciaram o acordo antes da Segunda Guerra Mundial, quando foram interrompidas as negociações, só retomadas com o fim da Guerra Fria. Em rigor, a CWC foi concluída em 1993 e adotada a partir de abril de 1997, excluindo da lista dos gases proibidos o lacrimogêneo para conter tumultos e revoltas, considerado “medida pacificadora”, e os gases matrimoniais.


        Esses últimos têm aspectos curiosos: sua expressão odorante é inversamente proporcional à paixão. Quando ainda muito apaixonada, a companheira diz: “Seu punzinho não tem cheiro”. Se começa a reclamar da odorização das ventosidades, é sinal de que a paixão acabou. Onde a boa notícia? Ora, na venda de produtos autocolantes para cuecas e calcinhas: o Subtle Butt (rabo sutil), cinco embalagens por US$ 11, e do Flatulence Deodorizer (desodorizador de flatulência), este último espalhando cheiro intenso de mentol, que deixa o rabicó mentolado e geladinho. Só vejo um problema: tanto o sutil como o mentolado não eliminam o barulho.

        O mundo é uma bola 

        29 de maio de 1453: fim da Idade Média e início da Idade Moderna, quando o sultão otomano Mehmed II conquista Constantinopla depois de um cerco de seis semanas, pondo fim ao Império Bizantino. Muhammed II, Maomé II ou Mehmed II (1432-1481), alcunhado O Conquistador, ferrou-se quando avançou em direção ao Centro da Europa e quebrou a cara no cerco de Nándorfehévár em 1456, nome tão complicado que mudou para Belgrado. Apesar de muçulmano, Mehmed II tornou-se célebre pela tolerância excepcional com que tratou os bizantinos por ele subjugados. Hoje é o Dia Mundial da Energia. Amanhã é o Dia de Corpus Christi, bom feriadão para o caro e preclaro leitor de Tiro e Queda.


        Ruminanças
        “O único lugar em que o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário” (Albert Einstein, 1879-1955).