terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Maria Ester Maciel - Coisas da natureza‏

Coisas da natureza
Maria Ester Maciel

Estado de Minas: 28/01/2014


Às vezes, lamento não ter feito também o curso de biologia. Sempre tive um grande fascínio por tudo o que se refere ao mundo natural, como plantas, animais, pedras e fenômenos da natureza. Ler livros antigos sobre esses assuntos tornou-se, por isso mesmo, um prazer que tento cultivar nas horas de descanso mental. E quanto mais antigo o livro, maior o deleite da leitura. Enciclopédias de história natural escritas antes do surgimento da ciência moderna são, nesse sentido, uma maravilha. Seus autores costumavam misturar conhecimentos científicos com crenças supersticiosas, referências míticas e voos da imaginação. Daí que, hoje, esses livros soem quase como textos de ficção ou relatos poéticos sobre a vida natural.

Refiro-me a isso tudo agora porque acabei de visitar, em Londres, o incrível Museu de História Natural. É um verdadeiro templo dedicado às coisas da natureza. O próprio prédio já impressiona à primeira vista, com seu estilo gótico e imponente. Dentro, há de tudo: esqueletos monstruosos de dinossauros, espécimes de animais empalhados, seções de botânica e geologia, além de várias coleções científicas de Charles Darwin – grande estrela do museu. O acervo total inclui milhares de itens e pode ser visto como uma enciclopédia visual da história da vida e da natureza, em suas múltiplas faces.

 Não dá para esquecer, aliás, que o edifício desse museu foi o que mais me impressionou quando estive pela primeira vez em Londres com José Olympio, meu marido. Ficamos hospedados num hotel localizado na mesma região e, todos os dias, passávamos diante do museu. Este acabou se tornando, para nós, um símbolo afetivo dessa cidade de que tanto gosto e onde moramos depois, por um ano. Talvez tenha sido esse o melhor ano da minha vida adulta, o que me proporcionou mais tranquilidade e alegria. Desde então, elegi Londres como cidade preferida. E nesse ponto destoava de José Olympio, que sempre preferiu Paris. Era assim: do meu lado, Londres e Lisboa; do lado dele, Paris e Praga. E essa disputa não deixava de ser divertida quando um começava a comparar suas cidades prediletas com as do outro.

Mas voltando ao Museu de História Natural, fica aqui um registro: todas as espécimes de animais empalhados, em exibição, vieram de coleções de muitos anos atrás. Atualmente, os responsáveis pelo museu têm uma explícita preocupação em preservar a natureza e, por isso, não coletam nem empalham animais para o acervo. Desse modo, as coleções lá expostas não causam o mal-estar que as coleções vivas de um zoológico costumam provocar nas pessoas, que sentem compaixão pelos animais confinados.

Digo ainda que a visita a esse museu trouxe-me à lembrança duas pessoas amigas que sempre souberam, como poucas, conjugar o estudo da biologia com a paixão pela literatura: o professor Ângelo Machado, zoólogo notável e especialista em libélulas, que tem usado seu vasto conhecimento na área da biologia para também escrever livros de literatura infantil; e Zenóbia, mestra querida, que além de bióloga dedicada aos estudos de história da natureza é autora de vários romances, contos e poemas, nos quais também trata das coisas do mundo natural. A ambos, o meu respeito e a minha grande admiração. 

TeVê

TV paga

Publicação: 28/01/2014 04:00

 (VideoFilmes/Divulgação)

Estado de Minas 28/01/2014

TV Paga 

Teatro filmado

O Grupo Galpão aceitou o desafio de montar uma peça em três semanas para que o processo fosse registrado pelo cineasta Eduardo Coutinho. A peça As três irmãs, de Anton Tchekhov, deveria ser ensaiada, mas nunca seria apresentada ao público. Coutinho não interferiu na atuação, deixando os atores livres para mostrar a essência de seus personagens. O resultado foi Moscou (foto), que recebeu o prêmio de melhor documentário do Festival Paulínia de Cinema em 2009. O filme é destaque hoje, às 21h30, no canal Arte 1.

Documentário traça  o perfil de coreógrafa


Do teatro para a dança: hoje, às 23h, o canal Curta! exibe o documentário Carolyn Carlson, que narra a trajetória da coreógrafa norte-americana. Depois de Helsinki e Estocolmo, em 2004 ela escolheu viver e trabalhar no Norte da França. Lá ela dirige o National Dance Studio of Roubaix, desenvolvendo seu trabalho de criação, elogiado no mundo todo.

Séries migraram para  o novo canal Fox Life


Depois de absorver parte da programação do canal Bem Simples, a nova Fox Life passa a exibir mais duas séries. Às 22h15, À espera do bebê conta a história de uma jovem de 18 anos que decide entregar seu bebê para adoção para poder fazer uma faculdade. Às 23h, é a vez de Undercover boss, em que o diretor de uma grande empresa quer descobrir como seus funcionários trabalham e para isso finge ser participante de um reality show sobre pessoas tentando arrecadar fundos para novos negócios.

Casal tem que se virar depois da maternidade


No canal +Globosat, estreia hoje o segundo ano de Pramface – A história de Jamie e Laura, às 22h. Na primeira fase, Laura conheceu Jamie em uma festa e, após passarem a noite juntos, ela descobriu que estava grávida. A vida dos dois jovens mudou drasticamente com a chegada do bebê e agora, já na segunda temporada, Laura e Jamie terão que aprender juntos a lidar com as novas responsabilidades e a se adaptar à vida como um casal.

Telefilme reconstitui a explosão da Challenger


Inédito é o telefilme Ônibus espacial Challenger, que estreia às 22h, no canal History. A produção faz a reconstituição do desastre com o ônibus espacial da Nasa, que explodiu em 1986, logo depois de ser lançado, matando todos os tripulantes. No elenco estão nomes conhecidos, como Joanne Whalley, Bruce Greenwood e William Hurt, no papel do físico Richard Feynman, ganhador do Nobel e responsável pela investigação do acidente.

Educação sentimental estreia no Canal Brasil


No pacote de cinema, o Canal Brasil estreia, às 22h, o drama Educação sentimental, de Julio Bressane, mostrando a relação de amor e cumplicidade entre uma professora e seu aluno. Na mesma faixa das 22h, o assinante tem mais oito opções: Quando estranhos chegam, no Cinemax; Contágio, na HBO 2; A ilha, no Max HD; Um domingo qualquer, no Max Prime; Histórias cruzadas, no Telecine Touch; As aventuras de Pi, no Telecine Pipoca; Um outro caminho, no Telecine Cult; e O franco-atirador, no TCM. Outras atrações da programação: Medo da verdade, às 20h, no Universal. Anônimo, às 20h40, no Max; Guerra de casamentos, às 21h, no Comedy Central; e Happythankyoumoreplease, às 21h55, no Glitz.



CARAS & BOCAS » Garota talentosa

Tatá Werneck vai dar o ar de sua graça no Multishow (João Cotta/Globo)
Tatá Werneck vai dar o ar de sua graça no Multishow

Apesar de ainda não ter se desligado completamente de Valdirene, da novela Amor à vida (Globo), Tatá Werneck já tem data para voltar ao batente na TV fechada. Ela está escalada para a nova temporada do humorístico Vai que cola, comandado por Paulo Gustavo no canal Multishow. A nova fase começa a ser gravada em abril. Fábio Porchat e Marcelo Médici também farão participações. Aliás, que tremendo exagero foi aquela força-tarefa no Domingão do Faustão para promover os últimos capítulos de Amor à vida? Tudo isso para limpar a barra de Wacyr Carrasco com os críticos, desafetos e o público?

Ernest se revela mais  um vilão arrependido

O vilão Ernest (José de Abreu) vai assumir a culpa pela morte de Catarina nos próximos capítulos de Joia rara, na Globo. A confissão deve ir ao ar amanhã, provocando a revolta dos filhos Franz (Bruno Gagliasso), Viktor (Rafael Cardoso) e Hilda (Luiza Valdetaro). Ernest, porém, não se dará por vencido. Ele sustentará que Catarina morreu ao bater a cabeça, após ser empurrada por ele durante uma discussão, e tentará reconquistar a confiança de todos, mostrando-se arrependido por seus atos. “Ernest ficará emocionado ao relembrar os momentos finais de sua primeira mulher e dirá que tudo aconteceu sem querer, acidentalmente”, conta Thelma Guedes, coautora da trama com Duca Rachid.

Agora é moda malvado  se redimir dos pecados

O ex-corretor da Bolsa de Valores de Nova York Jordan Belfort, que serviu de inspiração para o filme O lobo de Wall Street, de Martin Scorsese, pode ganhar um programa só seu na TV. A atração seria um reality show, no qual o executivo mostraria pessoas que, assim como ele, chegaram ao fundo do poço e buscam se redimir perante a sociedade.

Conheças as regras do  edital do Anima Minas

A Rede Minas e a Secretaria de Cultura fazem hoje a leitura do edital Anima Minas, tentando esclarecer dúvidas aos interessados em participar do concurso, criado para incentivar a produção de animação, com reflexos no mercado do audiovisual e cujas inscrições podem ser feitas até dia 3. Será às 15h, no auditório do Centro de Arte Popular Cemig (Rua Gonçalves Dias, 1.608, Funcionários). Informações: (31) 3209-0009.

Mais ação mostra tudo que há de bom no Cipó

Por falar em Rede Minas, o programa Mais ação reservou para hoje, às 20h30, um especial sobre a Serra do Cipó. Juliana Franqueira vai pedalar pelo parque nacional, acompanhar uma aula de stand up paddle no principal rio da região e se equilibrar no waterline.

Produtor independente conquista visibilidade


A Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão (ABPITV) acaba de atingir a marca de 400 associados, número que reflete o avanço da produção independente e da indústria audiovisual. Entre eles estão produtoras de 15 estados brasileiros. O presidente da associação é o diretor de cinema e TV Marco Altberg. De 12 a 14 de março, a entidade realiza o RioContentMarket, com 290 palestrantes e profissionais de 29 países.

Investindo no Brasil

O canal TNT (TV paga) acertou a produção de uma nova série no Brasil, pela primeira vez em parceria com a produtora Paranoid, de Tatiana Quintella e Heitor Dhalia. O grampo é um thriller policial baseado em casos reais, sobre um agente federal que tem a vida destruída após se envolver em um esquema de corrupção e ser preso pela própria equipe que ele mesmo ajudou a formar. “A série terá muitas cenas de ação, crime, espionagem, apreensão de drogas e corrupção. Mas antes de tudo será uma série humana, que mostrará o conflito entre ser honesto e fiel ao que acredita, em um ambiente de mentiras, ou ceder e ver sua trajetória idônea desvirtuar”, explica a produtora executiva Tatiana Quintella. A atração será exibida em toda a América Latina, com previsão de estreia no primeiro semestre de 2015.

VIVA
O mesmo Eduardo Coutinho do documentário Moscou, em destaque na TV paga, é o entrevistado de Alberto Dines no Observatório da imprensa, hoje, às 20h, na TV Brasil (canal 65 UHF). Papo bom!


VAIA
O talk show de Danilo Gentili no SBT pode até vingar, mas o nome escolhido é muito estranho. A emissora anunciou que a atração se chamará The noite com Danilo Gentili. Trocadilho sem graça.

Contra a corrente - Carolina Braga

Contra a corrente 
 
O cearense Gero Camilo comemora 20 anos de carreira e defende o trabalho do ator. Artista diz que arte não deve se submeter ao mercado e prepara disco e peça de teatro 
 
Carolina Braga*
Estado de Minas: 28/01/2014


Gero Camilo foi a Tiradentes homenagear o ator Marat Descartes e deixou seu recado em defesa do teatro (Fotos: Túlio Santos/EM/D. A Press)
Gero Camilo foi a Tiradentes homenagear o ator Marat Descartes e deixou seu recado em defesa do teatro

Tiradentes – O ator Gero Camilo chegou a Tiradentes com uma defesa evidente em seu discurso. “Não queremos fazer filmes. Queremos construir obras de arte”, disparou durante debate sobre a carreira do amigo Marat Descartes, homenageado desta 17ª edição. Quem o conhece de perto sabe que não se trata de uma frase de efeito. Ele que exibiu como diretor o curta 145, assume uma postura crítica num tempo em que o mercado tem ditado algumas regras. Se o ofício dele está no meio, defenderá como pode.

Em 2014 completam-se 20 anos que Gero Camilo deixou Fortaleza para ingressar na Escola de Arte Dramática da USP. Tornou-se conhecido do Brasil inteiro em Bicho de sete cabeças, de Laís Bodanzky, e depois disso participou de alguns dos projetos mais expressivos no cinema nacional dos últimos anos, como Cidade de Deus (2002), Madame Satã (2002), Narradores de Javé (2003) e Carandiru (2003), entre outros. Na meca da indústria cinematográfica mundial, fez Chamas da vingança (2004) ao lado de Denzel Washington. Em meio a tantos e diversos trabalhos, nunca deixou o teatro e outras linguagens de lado.

No bojo das comemorações das duas décadas de atividade como intérprete ele está com agenda cheia. Em março, lançará o segundo CD da carreira, batizado Megatamaínho. São 12 composições e parcerias com Luiz Caldas, Otto, Vanessa da Mata e Criolo. Em abril, tem estreia prevista de Lá fora vai estar chovendo sempre, espetáculo com texto dele e direção em parceria com Gustavo Machado. As atrizes Paula Cohen e Camila Pitanga estão confirmadas no elenco. “O projeto é que a peça vá para Belo Horizonte por meio do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Se acontecer, vai ser incrível, vamos ficar um mês por lá”, conta. No cinema, está envolvido em pelo menos cinco projetos, entre eles o longa Os pobres diabos, de Rosemberg Cariry.

“Uma obra de arte não nasce para se adequar ao mercado. É o contrário”, critica. Ele sabe o tamanho do desafio em sustentar este discurso. “Nem todos estão na mesma corrente, mas só de levantar o debate já é positivo”, avalia. Quando observa os colegas, o ator vê cada vez mais gente pautando as escolhas pelos benefícios profissionais, como um emprego qualquer, e não pelo prazer da realização. Gero Camilo garante que a questão financeira nunca esteve em primeiro plano. Nem por isso ele deixou de espalhar obras de arte por aí. Faz com a mesma intensidade literatura, música, cinema, teatro e televisão.

ATORES Para Gero Camilo, as expressões que envolvem as artes cênicas precisam entender melhor o papel do teatro na formação do ator. “Cada vez que escuto que está muito teatral é um elogio, não é uma crítica. Não gosto desse preconceito”, reclama. Ele se sente incomodado com a ideia de que o cinema é contemporâneo e o teatro é muito antigo.

“Não suporto esse discurso de que o teatro não contribui para o cinema, que é uma coisa exagerada”, dispara. Para ele, o que falta é ousadia por parte dos diretores. “Eles são limitados em buscar apenas na televisão seus atores, porque muitos deles nem sequer vão ao teatro. É um problema de formação cultural”, conclui.
Murilo Salles e Cícero Filho no debate sobre O passarinho lá de Nova Iorque
Murilo Salles e Cícero Filho no debate sobre O passarinho lá de Nova Iorque

Hoje na Mostra

Cine Teatro Sesi

    10h30 – Debate sobre o filme  A vizinhança do tigre
    12h – Debate sobre os curtas      da Mostra Foco
    15h –Perspectivas para o audiovisual brasileiro em 2014
    17h30 – Mostra Sui Generis, filme Paixão e virtude,
de Ricardo Miranda

Cine Tenda
    18h – Sessão de curtas da  cena mineira
    19h30 – Mostra Aurora, filme O bagre africano de Ataleia, de Aline X e Gustavo Jardim
    22h30 – Sessão de curtas

Cine BNDES Praça
    21h – Sessão de curtas

Cine-tenda Bar Show
    0h30 – Show de Dibigode e Dona Jandira

Filmes mexem com o público
Exibido na mostra Transições, dedicada a longas que abordam as relações do homem com a cidade, Riocorrente, de Paulo Sacramento, causou uma debandada do Cine Tenda no início da noite de domingo. Com roteiro inconsistente ambientado na cidade de São Paulo, o longa se embola em um triângulo amoroso indefinido. Houve mal-estar na sala, com pais acompanhados de seus filhos menores diante de cenas impróprias. No caderno de divulgação do festival constava que o filme estava classificado como censura livre.

O documentário de Murilo Salles O passarinho lá de Nova Iorque surpreendeu com a irreverência de seu personagem, o cineasta Cícero Filho. Todo o longa se desenrola a partir do desejo de refilmar um cena específica de seu filme. “Existe no filme a nossa brincadeira com o fazer cinema”, afirmou o diretor durante o debate sobre a obra. “É meio estranho ser o próprio personagem da própria vida. Foi angustiante, mas para minha surpresa também foi agradável e emocionante”, comentou o retratado. A sessão que fechou o dia no Cine Tenda foi do longa pernambucano Amor, plástico e barulho, de Renata Pinheiro.

 Já o público do Cine Praça conferiu Olho nu, a aproximação do diretor Joel Pizzini ao universo do cantor Ney Matogrosso. Classificado como “filme-ensaio”, o documentário resgata entrevistas do passado, imagens de clipes e shows em uma visita ao passado do artista. Os embates com o pai militar até a própria aceitação das escolhas do artista fazem parte da narrativa. A previsão é de que Olho nu chegue ao circuito comercial em maio.

* A repórter viajou a convite da Mostra de Cinema de Tiradentes

Tereza Cruvinel - A Copa e o anticopismo‏

Tereza Cruvinel - A Copa e o anticopismo
 
Existe algo de surrealista no fato de o país do futebol estar ameaçando melar uma Copa do Mundo que tanto desejou sediar


Estado de MInas: 28/01/2014


Algo mudou mesmo na alma nacional, ainda que na fímbria habitada por uma minoria. Em 2007, quando a Fifa anunciou a escolha do Brasil como sede da Copa deste ano, o que todo mundo imaginava é que, no início de 2014, corações e mentes deste país que ama o futebol estariam mobilizados pelo torneio em si, excitados com escalações, cronogramas e tudo o que pudesse afetar o grande desejo, o da conquista do título de hexacampeão mundial. Mas o caldo da Copa azedou e nem se fala disso. A grande preocupação é com o que pode acontecer durante o evento. Problemas logísticos à parte, pois eles sempre são resolvidos de um modo ou de outro, do jeito que as coisas vão, confrontos e violência é que podem torná-la a Copa das Copas, realizando às avessas o desejo da presidente da República.

O “anticopismo” tem várias razões, inclusive as eleitorais, mas é muito alimentado pela desinformação. Ou pela contrainformação. No governo, a luz vermelha já estava acesa mas, a partir do último fim de semana, os alarmes dispararam: graças aos rolezinhos, os protestos anticopa começaram mais cedo, e a polícia, especialmente a paulista, reafirmou seu despreparo para lidar com multidões. Desceu a lenha nos manifestantes e atirou desnecessariamente num jovem agora em estado grave. Por isso, a reunião de hoje, no Ministério da Justiça, buscará garantir alguma ascendência da Polícia Federal sobre as PMs, subordinadas aos estados, cada qual com sua peculiaridade. O emprego das Forças Armadas não está descartado.

 O governo rumina seu dilema: como manter o “padrão civilizado” de segurança sem deixar que movimentos como o “Não vai ter Copa” comprometam a festa fora dos estádios? De que vale o sucesso de vendas de ingressos, que ultrapassou a marca de 1 milhão, afora os pedidos por mais 9 milhões, se, para chegar aos estádios, os torcedores tiverem que atravessar ruas conflagradas, fugir de confrontos entre manifestantes exaltados e policiais truculentos? Querendo ou não, o governo vai ter que endurecer. Acabará tomando medidas como uma que vem sendo examinada: preso num protesto durante a Copa, o manifestante só será liberado depois de encerrado o torneio.

Mas de onde vem a bronca com a Copa? Os adversários de Dilma Rousseff têm motivações eleitorais. É claro que, se o evento for um sucesso, ainda que o Brasil não ganhe, ela vai faturar uns pontos na disputa eleitoral. Mas o grosso dos manifestantes parece estar na ponta esquerda e na extrema direita, para lá de PT, PSDB e PSB, que são os times que contam. A indignação foi alimentada pelo alto custo dos estádios, pelos aditivos contratuais que favoreceram as construtoras – o que é fato –, mas, principalmente, por versões que não se confirmam como informação. O Portal da Transparência, da CGU, desmente, por exemplo, que a maior despesa seja com estádios.

 Dos R$ 26 bilhões que serão gastos com a Copa, não mais que 30% foram destinados às arenas, cerca de R$ 8 bilhões. O resto é para outras obras de infraestrutura, sendo que as de mobilidade urbana consumirão o mesmo valor que os estádios (R$ 7,9 milhões). Com aeroportos, serão gastos R$ 6,1 bilhões. Tudo isso, fica para todos. Mas, na boca do povo, o gasto é bem maior e só favorece a Fifa. Existe algo de surrealista no fato de o país do futebol estar ameaçando melar uma Copa do Mundo que tanto desejou, já tendo realizado uma com relativo sucesso, afora a derrota no Maracanã, quando era bem mais pobre.

Negócios da China. Com Cuba

A política externa brasileira sempre teve uma queda por Cuba, mesmo antes da Revolução de 1958, quando o Brasil foi um dos primeiros países a reconhecer o novo regime. Com o golpe militar de 1964, as relações diplomáticas iniciadas em 1906 foram rompidas, sendo reatadas em 1986, na redemocratização, pelo então presidente, José Sarney. Na era petista ganharam mais relevo e passaram a ser intensamente criticadas como se representassem apenas um “protecionismo afetivo-ideológico” às custas do Tesouro. Importantes quadros do PT viveram o exílio em Cuba e tiveram a proteção de Fidel Castro. Tanto quanto Lula, Dilma tem estimulado a parceria com Cuba em várias áreas, com destaque para a participação cubana no Programa Mais Médicos. Mas é também verdade que os acordos com Cuba não são a “fundo perdido”, representando bons negócios para os empresários brasileiros. A primeira etapa do Porto de Mariel, de cuja inauguração Dilma participou ontem, foi executada por uma das maiores construtoras brasileiras, garantindo 150 mil empregos no Brasil e R$ 800 milhões em compras. Os ganhos bem compensam o financiamento de quase R$ 700 milhões. O BNDES abriu uma linha de financiamento para a aquisição de implementos agrícolas por Cuba, mas as compras terão que ser feitas exclusivamente de empresas brasileiras. E assim por diante. Isso não é novidade, é o que fazem outros países. Mas, por força do embargo americano, poucos se abriram aos negócios com Cuba. A União Europeia começa a rever essa posição. Mesmo não renunciando ao socialismo, a sobrevivência exige mais pragmatismo da ilha, com ganhos para os parceiros.

INCENTIVO À PESQUISA » Fapemig abre temporada de editais‏

INCENTIVO À PESQUISA » Fapemig abre temporada de editais
Estado de Minas: 28/01/2014


Proteção e conservação do Rio Pandeiros: meio ambiente contemplado (dione afonso/esp. em %u2013 9/6/12)
Proteção e conservação do Rio Pandeiros: meio ambiente contemplado


A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) acaba de lançar mais um pacote de editais para 2014. São oito opções, que, juntas, correspondem a um investimento de R$ 22 milhões em várias áreas. O Edital nº 006/2014, “Bolsa de incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento científico-tecnológico”, busca incentivar a qualificação do servidor público estadual envolvido com atividades de pesquisa. Isso é feito por meio da concessão de bolsas de incentivo aos servidores /pesquisadores, detentores de títulos de mestre e/ou de doutor, com vínculo funcional/empregatício na administração pública direta e/ou indireta do governo de Minas. O Edital nº 007/2014, “Apoio a projetos de extensão em interface com a pesquisa”, financiará projetos voltados para fortalecimento de ações sobre problemas sociais.

O Edital nº 008/2013 tem como objetivo financiar projetos de iniciação tecnológica que permitam aos professores testar teorias acadêmicas. O objetivo do Edital º 009/2014, “Apoio à criação e/ou manutenção de núcleo de inovação tecnológica”, é o de financiar a criação, estruturação, manutenção e capacitação das equipes dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) de Minas Gerais. Os NITs são responsáveis por orientar, assessorar, apoiar e gerir atividades direcionadas ao processo de inovação, proteção intelectual e transferência de tecnologia. Já o Edital º 010/2014, “Programa Mineiro de Pós-Doutorado”, é fruto de um acordo de cooperação assinado entre a agência mineira e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O objetivo é conceder bolsas de pós-doutorado, visando incluir pesquisadores doutores nas equipes de projetos de pesquisa e de inovação, coordenados por pesquisadores de instituições localizadas no estado. A maioria desses editais tem inscrição até abril.

O Edital nº 011/2014 tem como foco principal a consolidação das assessorias internacionais nas instituições de ensino superior (IES) que sejam públicas e, também, instituições confessionais em Minas. Já o programa Dataviva, plataforma desenvolvida pelo governo do estado como ferramenta estratégica para o desenvolvimento de políticas públicas, tem edital aberto para projetos de pesquisa científica, tecnológica e de inovação que usem a plataforma como uma das bases de informações para análise e proposições de políticas públicas. Um outro edital, com ação voltada para o meio ambiente, é o da Bacia do Rio Pandeiros, cuja proposta é financiar propostas para preservar, conservar e recuperação o meio ambiente da bacia hidrográfica. Esses editais têm inscrição até maio.

ENERGIA Um outro edital com inscrições abertas é o da Fapemig com a Companhia Energética do Estado de Minas Gerais (Cemig), que destinará R$ 30 milhões para os projetos aprovados. Serão financiadas propostas ligadas ao desenvolvimento de alternativas de geração de energia limpa e sustentável, melhoria de processos e redução do custo e melhoria da qualidade de energia, e fazem parte das linhas de pesquisa incentivadas: fontes alternativas; gestão, regulação e mercado; meio ambiente; gestão de bacias; manutenção do sistema elétrico; medição, perdas e inadimplência; novas topologias de linhas e redes; planejamento do sistema elétrico; segurança e supervisão e controle. Confira todos os detalhes no site da Fapemig: www.fapemig.br. A primeira leva de editais, anunciada na primeira semana de janeiro, também está disponível no endereço eletrônico.