Um boi feliz e sua senhora igualmente de bem com a vida produzem filés e alcatras mais gostosos
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 09/01/2015De uns tempos a esta parte, dá para perceber que é grande a preocupação das pessoas com o bem-estar animal, a sensação de segurança, conforto, tranquilidade, condições capazes de ensejar uma existência agradável ao animal que produz alimentos como leite, ovos e lã, ou que vai ser morto para que nos alimentemos de sua carne.
Se me fosse permitido escolher, só compraria ovos de galinhas criadas à solta em parques cercados, vacinadas, arraçoadas, evitando os ovos produzidos pelas aves debicadas confinadas em gaiolas coletivas com iluminação artificial. Algo me diz que um boi feliz e sua senhora igualmente de bem com a vida produzem filés e alcatras mais gostosos.
Preocupa-me também, e muito, o bem-estar das pessoas. Gente feliz, tranquila e segura tem como resultado uma sociedade sociável, não violenta, estimada e estimável, de convivência alegre e fácil. É estranho, mas é verdade: as pessoas não são felizes porque não querem. Qual a receita? Basta copiar a felicidade alheia.
Nunca vi ninguém que não dissesse que a melhor coisa do mundo é fazer tai chi, redução de tai chi chuan, série de movimentos meditativos lentamente executados, usados originalmente pelos chineses como sistema de exercícios de relaxamento e meditação. Tão boa quanto o tai chi é a ioga, ortoépia ó ou ô, conjunto de exercícios sistemáticos, que envolvem especialmente a postura e a respiração, praticados a partir dos ensinamentos filosóficos indianos.
Só aí temos ensinamentos chineses e indianos, povos que, somados, vão a caminho dos três bilhões de terráqueos. Considerando que você não é chinês nem indiano, mas mineiro, é indispensável acrescentar ao tai chi e à ioga o método de condicionamento físico e mental chamado pilates, criado pelo alemão Joseph Pilates (1880-1967), que proporciona o alongamento e a fortificação do corpo de forma integrada e individualizada, além de melhorar a respiração, diminuir o estresse, desenvolver consciência e equilíbrio corporal, melhorar a coordenação motora e a mobilidade articular, proporcionando relaxamento. Claro que tudo isso oferecendo aos seus praticantes uma nova maneira de se relacionar com o mundo.
Se você não faz parte dos 7% de iluminados pelo ateísmo e tem necessidade de praticar uma religião, sugiro que adira ao budismo, sistema filosófico e religioso indiano fundado por Siddharta Gautama (563-483 a.C.), o Buda, que parte da constatação do sofrimento como a condição fundamental de toda existência e afirma a possibilidade de superá-lo através da obtenção de um estado de bem-aventurança integral, o nirvana. Resumindo, o budismo é uma religião que não professa a existência de nenhum deus. Se sobrar um tempinho, trabalhar naquilo que você gosta também é muito divertido e ajuda no pagamento das despesas da casa e da namorada.
Esquisito
Junto com o primeiro computador, um Toshiba 1.000 de segunda mão, contrabandeado, que me custou 600 dólares, comprei uma impressora matricial, também contrabandeada, nova, por 300 dólares. Com o dólar a R$ 2,70, seriam R$ 2.430,00, mas no dólar daquele tempo a dupla me custou uma fortuna.
Disparei a imprimir quilômetros de tolices na matricial, salvo engano uma Epson, e fiquei na maior felicidade quando surgiram as impressoras a jato de tinta. Gastei toneladas de pacotes de papel A-4 e outras tantas de tintas. Não foi há mil anos, mas algo em torno de vinte aninhos. Hoje tenho modesta impressora Samsung a laser e devo ter gasto, se tanto, um pacote de A4 no último ano.
Como explicar o fenômeno? Não sei. Só sei que continuo produzindo muito e passei a imprimir muito pouco. Presumo que algo parecido tenha acontecido com inúmeros leitores. A gente se entusiasma com a novidade, faz o que deve ser feito e vai desanimando com o passar dos meses. Fenômeno esquisito.
O mundo é uma bola
9 de janeiro de 1154: Sintra recebe foral de dom Afonso Henriques. Foral, diacronismo antigo, significava legislação elaborada por um rei com o intuito de regulamentar a administração de terras conquistadas e que dispunha ainda sobre a cobrança de tributos e quaisquer outros privilégios. Em 1693, um terremoto atinge cerca de 60 aldeias e povoados da Sicília, matando mais de 50 mil pessoas, ainda hoje gente à beça.
Em 1768, o inglês Philip Ashley apresentou em Londres o primeiro circo moderno, com acrobatas, palhaços e animais treinados. Conheço gente que pronuncia acróbatas e acabo de confirmar que o substantivo de dois gêneros também está dicionarizado.
Em 1822, o príncipe regente dom Pedro teria dito: “Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto: diga ao povo que fico”. Foi o Dia do Fico, mas há quem sustente que sua alteza, na hora, não disse nada: pigarreou e ficou no pigarro.
Em 1863, inauguração do primeiro trem subterrâneo do mundo, o metrô de Londres, então com sete quilômetros. Por falar em metrô, como anda o de Belo Horizonte?
Em 1872, na Guerra do Paraguai, foi assinado o tratado de paz entre o Brasil e o Paraguai. Hoje é o Dia do Fico.
Ruminanças
“A ausência de alternativas torna a mente espantosamente clara” (Henry Kissinger).