quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Tereza Cruvinel - Fora de hora‏

Tereza Cruvinel - Fora de hora
 


Estado de Minas: 12/12/2013


Começa hoje o 5º Congresso do PT, que boa parte dos petistas graduados considera inoportuno e, se pudessem, adiariam. Como a direção já foi renovada pelo voto direto em novembro, e o momento não recomenda ações reformadoras de grande envergadura nas vésperas do ano eleitoral, o grande encontro servirá para a reafirmação da candidatura de Dilma, que aparecerá ao lado de Lula para desestimular qualquer movimento “queremista”, e para a realização do primeiro ato oficial de solidariedade do partido aos petistas presos — o ex-ministro José Dirceu, o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o ex-presidente da legenda José Genoino.

Para começar, os delegados são os mesmos que recentemente votaram o processo de eleições diretas dos novos dirigentes nacionais, regionais e locais. Logo, não há clima mudancista nem disposição renovadora entre os que participarão de um congresso concebido inicialmente para atualizar os compromissos programáticos do partido, 10 anos depois de sua chegada ao poder, e de todas as mudanças ocorridas no mundo e no país, nesse período. Como diz uma eminência petista quase irritada com o Congresso, um encontro que não foi precedido de um franco e vigoroso debate nas bases, como ocorria antigamente, não levará a uma formulação inovadora sobre “o Brasil que queremos”, como sugere a propaganda do evento.

 E isso não ocorreu, entre muitas outras razões, porque o momento não recomenda. Às vésperas de um ano eleitoral, em que estará em causa a Presidência da República, conquistada em 2002, nenhum partido abrirá um processo revisionista, para usar um chavão da esquerda. O momento é de destacar acertos, não de repisar os erros, embora isso deva ser feito na hora adequada, diz a mesma fonte do partido. O momento ideal para a realização de tal congresso, diz o petista ilustre, seria no início de 2015, qualquer que fosse o resultado eleitoral de 2014. Com Dilma reeleita, o segundo mandato estaria em debate, pois tal como 66% da população que, segundo as pesquisas, deseja mudanças na orientação do governo, os petistas querem mudanças de rumo em algumas áreas no eventual segundo mandato de Dilma. Em caso de derrota, um congresso em 2015 também viria a calhar, abrindo espaço para a catarse do revés e o debate sobre as necessárias correções. Mas agora, com todo mundo se armando para a campanha, não é hora de remexer feridas ou mexer em programa partidário. No máximo, será aprovado o documento elaborado por Marco Aurélio Garcia, assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, que atualiza algumas questões programáticas, especialmente pela inclusão de temas novos que não apareciam no programa original.

Num congresso de discussões políticas rarefeitas, o grande momento será hoje à noite, na abertura, que terá as participações de Lula e Dilma, e Rui Falcão será reempossado na presidência. A aparição conjunta dos dois servirá para inibir algum eventual coro de “volta, Lula”. O próprio Lula teria recomendado este formato. E amanhã, pela manhã, ocorrerá o ato de solidariedade aos petistas presos, bem como homenagens póstumas ao governador de Sergipe, Marcelo Déda, e ao ex-ministro Luis Gushinken, que morreram este ano.
Ou seja, muito barulho por quase nada, mas, como em política não existe gesto inútil, os fotógrafos é que trabalharão muito, para atender o batalhão de candidatos que vão querer uma foto posada ao lado de Lula. Ou de Dilma. Por via das dúvidas, com os dois.

Companhias de viagem

Sobre o que conversaram Dilma e seus quatro antecessores – Collor, Sarney, FHC e Lula – durante o voo para o funeral de Nelson Mandela, ainda saberemos. A apuração, por parte de jornalistas e políticos, está em curso. Dilma ficou bem na foto com todos eles. Pegou bem. A decisão foi dela mesma, mas pode ter envolvido outro elemento. Voando para tão longe, para representar o Brasil, o natural era que Dilma conferisse o status de viagem de Estado ao deslocamento às custas do erário. Para isso, o caminho mais curto, e até banal, era convidar os presidentes dos demais poderes. Mas aí começariam os problemas. Com as feridas do PT sangrando, por causa das prisões de Dirceu, Genoino e Delúbio, como convidar Joaquim Barbosa, presidente do Supremo? E quanto ao Congresso, tudo bem com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), mas Dilma anda muito irritada com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), por causa da sua insistência em votar matérias que desagradam ao governo, afora o incidente com o PT que levou à renúncia de Genoino. Convidando os antecessores, Dilma livrou-se do incômodo de ter que chamar esses outros condôminos do poder.

Pelos estados: Minas
Muita gente dá como certa a candidatura do ex-ministro Pimenta da Veiga ao governo de Minas Gerais, pelo PSDB, mas, oficialmente, o senador Aécio Neves, presidente nacional da legenda, ainda não bateu o martelo. Das quatro candidaturas iniciais, persiste a do presidente do partido no estado, deputado Marcus Pestana. Com isso, o candidato do PT, ministro Fernando Pimentel, continua solto na raia, mas não conseguiu, ainda, garantir o apoio do PMDB mineiro. A uma graduada embaixada petista, chefiada por Pimentel, o senador Clésio Andrade reiterou sua própria candidatura a governador. O PSB, do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, continua sem candidato, diante da recusa peremptória do prefeito Marcio Lacerda em deixar o cargo para concorrer. A não ser que Aécio e Campos tenham se entendido em torno de um chapa comum no jantar que tiveram no Rio de Janeiro.

Marina Colasanti -Mala suerte‏

Marina Colasanti - marinacolasanti.s@gmail.com


Estado de Minas: 12/12/2013 





Uma mala de mulher, bem arrumada, é como uma peça de relojoaria suíça em que tudo se encaixa, tudo serve ao seu fim, e nada sobra. Para viagens internacionais, minha estratégia sempre foi implacável e milimétrica, traçada no papel bem antes de chegar ao armário. Mas tem se revelado inútil. As malas tão bem concebidas não chegam.

Fui a Cuba no mês passado e a mala só me alcançou dois dias depois da chegada, quando já estava quase na hora de voltar. Não era só eu a desnuda do congresso, havia gente esperando há cinco dias, repetindo a cada noite a rotina humilhante de lavar e pendurar no banheiro a mesma camisa, a mesma roupa íntima. Teríamos fundado o Movimento dos sem Mala se não acreditássemos tratar-se de uma casualidade. Nefanda, é certo, mas eventual.

Talvez não fosse. Viajei a semana passada para a Feira de Guadalajara e novamente a mala não chegou. Dessa vez soube antes mesmo de chegar ao meu destino porque, depois de longa espera, não a vi surgir na esteira do aeroporto do México. Hora de dar queixa no balcão de malas extraviadas, embora fosse também hora de trocar de terminal e pegar outro voo até Guadalajara.

O senhor do balcão, funcionário minucioso, quis anotar tudo sobre a minha mala, cor, feitio e conteúdo. Perguntou como era a roupa que continha, inquiriu sobre cor e feitio, quis saber se os sapatos eram de salto alto ou baixo, qual o nome dos remédios que levava. Temi que se tornasse mais pessoal. Afinal, penalizado porque eu lhe mostrava o relógio e o horário da passagem, sugeriu que para chegar mais rapidamente eu fosse de cadeira de rodas, empurrada por seu jovem assistente e sem ter que parar na barreira alfandegária. Sem desconfiar do entusiasmo do assistente, concordei. E eis que me vi como em uma cena de comédia, senhora antes distinta agora empurrada pelo aeroporto em velocidade de Fórmula 1, cabelos ao vento, ameaçando de colisão senhores e criancinhas.

Não perdi a conexão, perdi a mala. E mais uma vez tive que sair em busca de uma farmácia e à procura de uma roupa que me servisse, a mais simples e mais conveniente para qualquer ocasião. À tarde, participei de uma mesa-redonda e no dia seguinte, com o mesmo traje todo preto, fiz minha conferência. Um corvo, mas limpinha.

Novamente, não era só eu a sem mala. Porém, enquanto a minha amiga, estupenda professora vinda da Espanha, recebeu sua mala no hotel, eu, hóspede do mesmo hotel, recebi um recado informando que deveria ir recolher a minha no aeroporto. Por que essa diferença? Porque, ao contrário das malas vindas da Europa, as provenientes da América do Sul têm que ser abertas – suspeita-se imediatamente que contenham drogas – na presença do proprietário.

E fui eu para o aeroporto, uma hora de chão. Lá chegando, recebi sem delongas e sem explicações minha mala, já aberta, cadeado quebrado, fechada com um lacre plástico.

Pensei que fosse dose suficiente para duas viagens. Estava sendo modesta. Pois se é verdade que a minha mala não se extraviou na volta, é verdade também que ao abri-la, já em casa, verifiquei que o lacre de plástico havia sido rompido, a mala havia sido aberta e revirada a nécessaire. O que os ladrões do Galeão procuravam? Perfume, suponho, pois junto com o meu havia chegado um voo vindo de Paris.

TV

TV paga
Estado de Minas: 12/12/2013
 (Max Whittaker/Divulgação)

Boa música


Quem aí se lembra de Paulinho Boca de Cantor? Um dos fundadores da banda Os Novos Baianos, ao lado de Pepeu Gomes, Baby Consuelo e Moraes Moreira, o músico é o convidado de hoje de Paulinho Moska no programa Zoombido, às 21h30, no Canal Brasil. Outra atração musical que merece a atenção do assinante é o concerto do violoncelista Yo-Yo Ma com a Silk Road Ensemble (foto), orquestra formada por jovens instrumentistas de 23 países, que o canal Arte 1 apresenta às 22h.

SescTV vai pegar hoje
o rumo da Estrada Real


No SecTV, o destaque de hoje tem tudo a ver com Minas Gerais. Às 21h30m, na série Coleções, vai ao ar um documentário sobre a Estrada Real. Construída em meados do século 18 por determinação da Coroa Portuguesa, a estrada tinha a finalidade de auxiliar no escoamento do ouro e diamantes das terras mineiras, por meio de trilhas outorgadas pela realeza. Daí o nome Estrada Real.

Série Boys toys garante
a alegria dos marmanjos


Uma das mais curiosas produções do canal History, a série Boys toys mostra hoje, às 21h, o Arial Atom 3.5, um carro projetado para estrada que funciona incrivelmente bem em uma pista de corrida. Outro brinquedinho que todo marmanjo adoraria ganhar é o Czeers MK1, o primeiro navio do mundo que funciona com energia solar. A atração traz ainda a Veloce Espresso, uma máquina de café de última geração, e testa o Venturi VBB-3, o carro elétrico mais poderoso do mercado.

Cultura mostra o perfil
de Bernardo Bertolucci


Continuando no segmento dos documentários, a Cultura reservou para hoje, às 22h, a biografia do diretor italiano Bernardo Bertolucci, Reflexões no cinema. Bertolucci ficou famoso com O último tango em Paris, que causou escândalo em 1973, mas realizou outros filmes tão bons ou melhores, como 1900, La Luna, O pequeno Buda, Beleza roubada, O assédio e O último imperador, com o qual ganhou nove Oscars em 1987.

Angelina Jolie faz hora
extra hoje no canal FX


Por falar em cinema, o canal FX emenda esta noite dois filmes estrelados por Angelina Jolie: Lara Croft – Tomb raider, às 20h45, e Sr. e Sra. Smith, às 22h30. Na concorrida faixa das 22h, o assinante tem mais cinco opções: Noroeste, no Max Prime; A separação, no Max; João e Maria – Caçadores de bruxas, no Telecine Premium; A negociação, no Telecine Pipoca; e Operação Sofia, no Telecine Action. Outras atrações da programação: A rainha tirana, às 20h15, no Telecine Cult; A marca, às 20h15, no Universal Channel; As loucuras de Dick e Jane, às 21h, no Comedy Central; Divã, às 21h30, no Viva; Caindo na real, às 22h05, no TCM; O plano perfeito, às 22h30, na Fox; e O último exorcismo, às 22h35, no Megapix.


CARAS & BOCAS » Graciliano Ramos na telinha
Simone Castro
Publicação: 12/12/2013 04:00
Ney Latorraca, Marcélia Cartaxo, Marcelo Serrado, Flávio Rocha, Lucy Pereira e Flávio Bauraqui: elenco especial (Renato Rocha Miranda/TV Globo)
Ney Latorraca, Marcélia Cartaxo, Marcelo Serrado, Flávio Rocha, Lucy Pereira e Flávio Bauraqui: elenco especial

O diretor Luiz Fernando Carvalho prepara uma surpresa para o telespectador: na noite do dia 18, vai ao ar o especial Alexandre e outros heróis (Globo), uma homenagem a Graciliano Ramos, escritor alagoano de contos infantojuvenis adaptados na obra. A atração foi lançada anteontem, no galpão de ensaios do Projac, no Rio de Janeiro. No espaço, Ney Latorraca, Marcelo Serrado, Marcella Cartaxo, Flávio Bauraqui, Lucy Pereira e Flávio Rocha construíram, durante meses, seus personagens por meio de um processo intenso de preparação, como é do feitio do diretor. Ao final, segundo Latorraca, toda a equipe acabou se tornando uma trupe de teatro. “Este é um trabalho que acredita na inteligência das pessoas”, resumiu o ator. Entre as curiosidades das gravações, os atores se divertiram ao relembrar os bastidores das gravações, quando apelidavam os sapos e galinhas da locação, uma antiga fazenda à beira do Rio São Francisco. Luiz Fernando Carvalho também destacou as semanas em que estiveram em Pão de Açúcar, município de Alagoas: “Fomos gravar em Alagoas com uma equipe pequena, que lá se juntou aos talentos locais. Este é um trabalho de grupo. Meu esforço maior é estimular cada vez mais a criatividade dos meus colaboradores”, afirmou. Alexandre e outros heróis vai ao ar depois de Amor à vida.

BRASIL DAS GERAIS FESTEJA
ANIVERSÁRIO DA CAPITAL


Belo Horizonte faz hoje 116 anos e o Brasil das Gerais comemora a data levando o telespectador a conhecer histórias de pessoas que viveram e vivem o dia a dia da capital mineira, além de guardar lembranças afetivas de sua relação com a cidade. Qual é a BH que existe dentro de cada morador? Como o cidadão belo-horizontino vê a cidade e suas mudanças com o passar dos anos? No estúdio, o arquiteto Roberto Andrés, criador do Guia morador, livro que apresenta uma capital mineira não oficial, e a escritora Stella Maris, que lançou o livro A mocinha do Mercado Central, além do jornalista José Eduardo Gonçalves, editor da coleção BH de cada um, que reúne um mosaico de fatos, histórias, lembranças e relatos sobre a capital. Às 19h30, na Rede Minas.

CANAL VIVA JÁ PREPARA
ESQUENTA DE CARNAVAL


A folia de Momo é só em março, mas o esquenta para o Viva folia começa hoje. O canal Viva (TV paga) exibirá boletins durante sua programação para preparar a transmissão ao vivo do desfile do grupo de acesso de São Paulo, em 2 de março de 2014. Serão cinco inserções, com duração de três a cindo minutos, que mostrarão o clima nos barracões, além de entrevistas com o presidente de cada escola, com os carnavalescos e com o casal de mestre-sala e porta-bandeira.

CONFIRA SÉRIES INDICADAS
A PRÊMIO DE HOLLYWOOD


O Sindicato de Atores de Hollywood anunciou os indicados ao Screen Actors Guild Award 2014. Saiba quais são as séries que disputarão o prêmio. Em elenco em série dramática, estão na disputa: Boardwalk empire, Breaking bad, Downton abbey, Homeland e Game of thrones. Na categoria de ator em série dramática destacam-se Bryan Cranston (Breaking bad) e Peter Dinklage (Games of thrones). Já como atriz em série dramática, disputam Claire Danes (Homeland), Maggie Smith (Downton abbey) e Jessica Lange (American horror story). Em elenco em série cômica, estão, entre outros, The big bang theory e 30 rock. Entre os atores de comédia, Alec Baldwin (30 rock)  e Jim Parsons (The big bang theory). Já Tina Fey (30 rock), Edie Falco (Nurse Jackie) e Julia Louis-Dreyfus (Veep) concorrem na categoria atrizes de comédia.

CLÁSSICO DO CINEMA


Um clássico da literatura, de autoria de Ira Levin, escrito em 1968, e do cinema, com a assinatura de Roman Polanski, O bebê de Rosemary vai ganhar versão na TV. A rede NBC vai adaptar o suspense para uma minissérie com quatro horas de duração. O que se pretende é conquistar uma nova geração de espectadores para a história e personagens marcantes, segundo o site Spoiler TV. A trama é sobre um casal que se muda para um prédio cujo passado é misterioso e seus habitantes gentis até demais. O roteiro estará a cargo de Scott Abbott e James Wong, da equipe da série American horror story, com direção de Agnieszka Holland, da série Treme, da HBO. Ainda não há data de início da produção.

VIVA
A ótima Pé na cova (Globo): uma das produções marcantes de 2013.

VAIA
Trama sem ação para uma novela de aventura como Além do horizonte (Globo). 

O presidente do Ibram, Angelo Oswaldo de Araújo Santos, defende a legislação sobre obras de arte

Dentro da lei 

 
O presidente do Ibram, Angelo Oswaldo de Araújo Santos, defende a legislação sobre obras de arte, que alarmou galeristas e colecionadores. Para ele, o governo não prejudicará o mercado

Walter Sebastião


O mercado está em polvorosa. Motivo: o decreto assinado em outubro pela presidente Dilma Rousseff – regulamentando lei que criou o Estatuto dos Museus – alterou o conceito de coleções pública e privada de arte, além de permitir ao Estado fiscalizar obras, desde que elas sejam definidas como bens de interesse para o país.

Galeristas, artistas e colecionadores acusam o Estado de desrespeitar a propriedade privada. A venda dessas obras de arte terá de ser aprovada pelo governo. O decreto deixa claro: o proprietário do quadro, escultura ou instalação, por exemplo, “não procederá à saída permanente do bem do país, exceto por curto período, para fins de intercâmbio cultural, com a prévia autorização do Conselho Consultivo do Patrimônio Museológico, ou, caso se destine a transferência de domínio, desde que comprovada a observância do direito de preferência do Ibram”. No caso de venda judicial e leilões, o Estado tem a primazia na aquisição dessas obras.

O responsável por peças declaradas de interesse público não pode restaurá-las, vendê-las e emprestá-las sem autorização do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). A seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) está analisando as novas normas e estuda recorrer à Justiça contra o decreto.

O presidente do Ibram, Angelo Oswaldo de Araújo Santos, diz que “vozes precipitadas” espalharam “alarme” sobre as novas regras, mas acredita que os ânimos já serenaram. A pedido do Estado de Minas, ele responde às dúvidas sobre o decreto.



CARLOS PERKTOLD
Crítico de arte e colecionador


Alega-se que o decreto prejudica o mercado de arte, imaginando-se que peças de alto valor artístico e financeiro passam a correr risco de ser declaradas de interesse nacional. Como elas serão selecionadas?

Angelo Oswaldo – Houve, sim, alarde e alarme. Vozes precipitadas espalharam interpretações que não traduziram a realidade da nova legislação. O receio se disseminou principalmente no mercado, que se autoprejudicava ao insistir nessas versões. Agora, com os esclarecimentos gerais, os ânimos estão serenados e já se pode ver amplamente o benefício trazido pela política nacional de museus. O Conselho de Patrimônio Museológico, formado por oito representantes de instituições e 13 personalidades da cultura, irá declarar um bem ou uma coleção de interesse público. Isso ocorrerá episodicamente, depois de um dossiê formado sobre cada bem passível de receber proteção especial. Qualquer cidadão poderá pedir ao Ibram a abertura do processo, mas o conselho é que decide, fundamentado nos critérios de excelência e notável excepcionalidade.


FLÁVIA E LÚCIO ALBUQUERQUE
Galeristas


De cinco anos para cá, o mercado se formalizou e os negócios têm ocorrido de forma transparente. Temos dúvida sobre até que o ponto as novas medidas vão na contramão desse quadro.

AO – A legislação não afeta o mercado. Por que o mercado seria prejudicado pela proteção de algum bem ou alguma coleção de relevante interesse público? Na verdade, o reconhecimento de uma obra de arte só a engrandece e valoriza. Como não há restrições à comercialização dos bens que forem protegidos pela nova lei, não há contramão. Estamos todos na boa direção.


MARCO TÚLIO RESENDE
Artista plástico


O direito de preferência, em caso de venda judicial ou em leilão de bens culturais, não possibilita o engessamento da negociação das obras, prejudicando o mercado e os artistas?

AO – O direito de preferência está consagrado, desde 1937, na legislação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Foi reiterado na lei e no decreto do Estatuto de Museus para que obras emblemáticas possam ser levadas a acervos públicos. Isso já ocorreu inúmeras vezes, com base na lei do Iphan, sem qualquer prejuízo para o mercado. A preferência só se concretiza se o governo tiver recursos para a compra. Caso contrário, a obra será leiloada.


FABRÍCIO FERNANDINO
Coordenador da Comissão de Arte Ambiental do Museu de História Natural da UFMG


Parcela considerável dos 3, 2 mil museus brasileiros padece de um mal crônico: a capacitação da massa crítica instalada, além do financiamento para organização, manutenção, ampliação e a divulgação de acervos. Esse cenário começa a ser mudado. Entretanto, tornam-se prioritários a capacitação de pessoal e o financiamento. O que pode se esperar nesse sentido?

AO – Há 14 cursos superiores de museologia no Brasil. No início deste século, eram apenas dois. Outras vertentes se somam à museologia, porque os profissionais do setor contemplam várias outras especialidades. A evolução é rápida e positiva, sendo importante a contribuição do Ibram e do Estatuto de Museus para essa grande transformação. O Ibram tem multiplicado muitos cursos pelo país, como os de gestão museológica, gestão de risco, capacitação em conservação e restauro. Recursos de fontes nacionais e estrangeiras são mobilizados para tanto.


SÉRGIO RODRIGO REIS
Curador e diretor do Museu do Aleijadinho


O decreto permite ao governo apontar em coleções particulares obras de interesse público, acompanhando sua trajetória – do restauro à comercialização. Qual o objetivo dessa medida?

AO – O país ganha enormemente com o ordenamento do campo museal, a organização das instituições museológicas e a proteção de bens que já estão nos museus ou poderão neles ingressar. O mercado ficou alvoroçado, mas hoje já há entendimento mais claro e positivo. Até a edição deste decreto, a memória das artes visuais no país ficava, muitas vezes, à mercê das regras do mercado, de colecionadores e de familiares de artistas.


FERNANDO PEDRO
Dono da editora C/Arte

Dependendo do valor, muitas publicações que visam à difusão da cultura brasileira, e que dependem do uso de imagens para estabelecer o acesso à informação, poderão ser inviabilizadas. As editoras poderão retornar o valor referente à utilização da imagem sob a forma de exemplares destinados à biblioteca da instituição?

AO – A legislação dos museus protege apenas os bens dos museus. É necessário que assim seja. Há leis do direito autoral que devem ser respeitadas, por sua vez, e regem a nossa própria normativa. Isso ocorre no mundo inteiro. O Decreto 8.124, ao tratar do assunto, fundamenta-se nos princípios do Estatuto de Museus sobre o uso de imagem e reprodução de bens culturais. A orientação é que museus devem facilitar o acesso ao uso da imagem e a reprodução de seus acervos, mas também neste caso atentos aos aspectos da proteção dos bens culturais, aqui entendido como a atenção à qualidade das imagens e reprodução em consonância com os sentidos educacional e de divulgação que orientam as atividades dos museus. Os custos nesses casos, que pelo decreto têm critério de compensação, e observe-se não têm caráter obrigatório, podem se dar na forma de contrapartidas. Trata-se, portanto, de estimular e orientar ações colaborativas com as instituições museológicas para a proteção do patrimônio cultural que é de toda sociedade.

Eduardo Almeida Reis-Notas orgânicas‏

Pesquisadores concluíram que a comida orgânica não traz benefícios diferentes daqueles obtidos na alimentação convencional


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 12/12/2013



Located between San Francisco and San Jose in the heart of Silicon Valley, Stanford University is recognized as one of the world's leading research and teaching institutions.
Contei-lhes que em 22 de julho de 2006 a Mission Organics plantou espinafre num campo de 11.200 metros quadrados em uma fazenda na Califórnia, que estava em vias de receber sua certificação como orgânica. Essa plantação foi contaminada com fezes de animais da região que continham a bactéria E. coli O157:H7, comum no intestino de diversos animais. Em 14 de agosto, 450 quilos de espinafre foram colhidos e processados pela Natural Selection Foods. O lote recebeu o número P227A. O espinafre foi lavado diversas vezes, empacotado em cerca de 40 mil embalagens individuais e distribuído nacionalmente com a marca Dole Baby Spinach.
No dia 31 de agosto, Ruby Trauz, uma senhora de 81 anos, morreu no estado de Nebraska após sofrer forte diarreia que evoluiu para uma hemorragia gástrica e falência renal (como andou acontecendo com o pepino orgânico na Europa, diz aqui vosso philosopho). Casos semelhantes começaram a ocorrer em 26 estados americanos: 205 pessoas foram internadas nos dias seguintes com os mesmos sintomas.
No dia 20 de setembro uma criança de dois anos morreu em Idaho e muitas pessoas continuavam sendo hospitalizadas com falência renal. Betty Howard foi a última vítima do espinafre orgânico a morrer, em 28 de janeiro de 2007, depois de quatro meses hospitalizada. O espinafre contaminado, produzido em uma área do tamanho de um quarteirão, deixou quatro mortos e dezenas de pessoas com sequelas da doença renal espalhadas pelo país.
Agora, volto ao assunto com o apoio da Universidade de Stanford, que não fica na Baixada Fluminense e é considerada uma das mais importantes do mundo. Pois fique o leitor sabendo que em 2011, somente nos EUA, os orgânicos movimentaram cerca de 24,4 bilhões de dólares. O Piscinão de Ramos anda entupido de prateleiras orgânicas, das quais fujo sempre que faço compras. E fico feliz de saber que os pesquisadores de Stanford contestaram o vínculo entre a saúde e os alimentos produzidos pelos métodos orgânicos.
Depois de se debruçarem sobre 237 levantamentos que eles julgaram mais importantes, os pesquisadores concluíram que a comida orgânica não traz benefícios diferentes daqueles obtidos na alimentação convencional: “Ficamos surpresos ao descobrir que os orgânicos não são sempre mais saudáveis e nutritivos”, disse Crystal Smith-Spangler, pesquisadora da Divisão de Clínica Médica de Stanford, que publicou seus resultados na revista Annals of Internal Medicine.
Em linhas gerais, tudo se resume ao preço: os orgânicos são muito mais caros. Se lhe são caros (no sentido de amados, prezados, queridos), você, prezadíssimo leitor do Estado de Minas, pode pagar mais caro por eles, que o problema é seu, não do philosopho. Estimo ab imo pectore, isso é, do fundo do meu coração, que os orgânicos não lhe tragam a bactéria E. coli O157:H7, comum no intestino de diversos animais, pelos estragos que andou causando nos Estados Unidos, muitos dos quais devem ocorrer aqui no Brasil.
Pilhas AAA
Dia desses recorri à calculadora chinesa Sheng KA-9178A, que me custou R$ 9 em BH há mais de dois anos, para calcular a idade da ministra da Cultura, nascida em março de 1945. Digitei 2013 +, seguido do sinal de -1945, antes do “igual”, e apareceram três resultados inteiramente malucos.
Com a perspicácia de um agente da Abin, depois de muito pensar, concluí que as duas pilhas AAA estavam fracas. Troquei-as por pilhas novas e a Sheng não acendeu, o que se explica: trocar pilhas sempre foi tarefa superior às minhas forças philosophicas, porque é função típica de menino de 6 anos.
Teimoso feito porca parida, insisti no estrênuo trabalho e consegui que a calculadora funcionasse para me dizer que a mãe de Supla tem 68 aninhos. Dia desses, a ministra esteve em Juiz de Fora. Pelas fotos nos jornais, não estava produzida. Preciso perguntar ao jovem prefeito Bruno Siqueira (PMDB-MG), vítima do trabalho de recepcionar a ministra, sobre a impressão que teve de Sua Excelência. E o pior é que já sei que o prefeito vai dizer que “foi a melhor possível”, porque é rapaz educadíssimo.
O mundo é uma bola
12 de dezembro de 1098: conquista de Ma’arrat al-Numan pelos exércitos da Primeira Cruzada, fato que ignorei até hoje, mas aprendi e me apresso a repassar ao pacientíssimo leitor.
Em 1602, os genebrinos repulsam o ataque dos duques de Saboia, feito que passou a ser conhecido como L’Escalade. Em 1804 a Espanha declara guerra à Inglaterra. Em 1897, aí sim, temos notícia da melhor supimpitude: inauguração da Cidade de Minas, que a partir de 1901 passou a se chamar Belo Horizonte, BH, Belô ou Belzonte.
Em 1963 foi proclamada a independência do Quênia, em suaíli Jamhuri ya Kenya, lema “Harambee”, que, como é do conhecimento geral, quer dizer “Vamos trabalhar juntos”.
Em 1915 nasceram Frank Sinatra, cantor e ator, e Augusto Ruschi, agrônomo, advogado, ecologista e naturalista brasileiro, que não foi poupado em 1986 de uma pajelança em que pontificaram o cacique Raoni e o pajé Sapaim, ritual de purificação de um ridículo inominável.
Hoje é o aniversário de BH.
Ruminanças
“O universo é verdadeiro para todos nós e diferente para cada um” (Marcel Proust, 1871-1922). 

Paladar eletrônico

Aparelho simula sabores por meio de eletrodos colocados em contato com a língua. No futuro, ideia pode levar à criação de canudos que permitiriam uma pessoa beber água e sentir outro gosto


Roberta Machado
Estado de Minas: 12/12/2013



Brasília – A interação homem-máquina está prestes a cruzar uma nova fronteira: a do sabor. Ao menos, esse é o sonho do engenheiro do Sri Lanka Nimesha Ranasinghe, cujo trabalho é dedicado a criar tecnologias vestíveis que estimulem os sentidos. Foi nos estudos de doutorado em Cingapura que ele desenvolveu uma interface eletrônica de paladar, capaz de causar na língua uma sensação similar à de provar um alimento. O aparelho não usa nenhum tempero ou composto químico: o gosto artificial é criado unicamente por pulsos eletrônicos projetados para enganar as papilas gustativas.
Em um vídeo, o pesquisador cingalês aparece realizando o sonho de muitos internautas: passa os dedos por desenhos de sobremesas em um laptop e os leva à boca, como uma criança que finge provar a cobertura de um doce de mentira. Em outro cenário, lambe a tela do computador na qual é exibido um bolo de morango. Mas, claro, essa é só uma interpretação do que o cientista quer criar no futuro. Por enquanto, a invenção limita-se a um dispositivo um pouco menor do que uma caixa de sapato em que eletrodos são usados para simular o sabor.
A interface de língua, como é chamada, tem duas placas eletrônicas conectadas a um sistema que controla a temperatura. Encaixadas na parte de baixo e de cima do órgão, as peças metálicas usam um estímulo elétrico para transmitir a falsa sensação de gosto para as papilas. Para cada gosto, uma sequência de aquecimentos e resfriamentos e uma corrente de diferentes amplitudes são disparadas na boca do usuário, enganando o paladar.
As “receitas” dos sabores eletrônicos não estão em nenhum livro culinário. Ranasinghe formulou os gostos artificiais com base em estudos feitos com mais de 200 pessoas, que intercalavam lambidas no material metálico e colheradas de soluções com intensidades diferentes de cada sabor. Assim, ele descobriu que, para reproduzir o azedo, teria de aquecer os eletrodos, enquanto o salgado exige uma frequência elétrica mais baixa. E o sabor amargo seria detectado pelos participantes expostos a uma corrente média na parte de baixo da língua.
O gosto mais difícil de reproduzir é o doce. O tão cobiçado sabor do açúcar só foi obtido com uma complicada manobra de inversão contínua de temperatura. A técnica, que leva alguns segundos, não é perfeita. Nem todos os voluntários foram capazes de detectar o doce sabor elétrico da interface. Outras descobertas foram um pouco mais óbvias: para ser obtido um falso sabor picante é necessário apenas aquecer o aparelho, e a refrescante sensação mentolada surge do resfriamento do metal. Até então, a simulação de sabores só era possível com o uso de químicos depositados na língua do usuário.
Depois de vários testes, o engenheiro definiu que o melhor lugar para usar os eletrodos saborosos seria na ponta da língua. É ali a parte mais sensível do órgão, que tem zonas mais propensas a sentir os diferentes sabores. O salgado, por exempo, é notado com mais facilidade na lateral da língua, e o azedo se destaca na parte de trás do órgão. Mas todos os sabores podem ser sentidos de alguma forma em todas as áreas da língua. “Se, em um trauma, uma pessoa perde um pedaço da língua, não deixa de sentir o gosto doce. Esse gosto é distribuído na língua, mas tem uma concentração maior nessas regiões, onde tem intensidades de estímulos diferentes”, explica Águida Aguiar Miranda, da Sociedade Brasileira de Estomatologia.
Tocar a ponta da língua com uma placa de metal, portanto, tem resultados, mas nunca será o mesmo de mastigar um alimento da forma tradicional. “A experiência pode não ser exatamente comparável a gostos naturais, e algumas vezes você pode sentir o gosto metálico”, descreve Ranasinghe, que confessa ter provado da própria criação várias vezes desde que começou a trabalhar no projeto, há três anos. Ele ressalta que continua trabalhando para melhorar os resultados, mas não espera substituir a comida de verdade por alimentos eletrônicos. “É besteira pensar assim, já que precisamos de todo o tipo de nutrição por meio de comidas reais”, ressalta.
Prato gourmet O dispositivo resume o sabor artificial a um sistema relativamente simples: os cinco sabores básicos são transmitidos na intensidade baixa, média ou alta. O telespectador, portanto, não poderá provar tão cedo aquele prato gourmet mostrado em programas da tevê. “Sabores complexos, como de vinho ou café, por exemplo, poderão ser gerados com apenas um eletrodo de prata?”, questiona Osvaldo Novais de Oliveira Jr., pesquisador do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da Universidade de São Paulo (USP) e criador de uma língua eletrônica brasileira.“Eu apostaria que, para gerar um sabor completo, o sistema terá que ser muito mais sofisticado”, avalia.
Nimesha Ranasinghe acredita que sua invenção possa ter uma aplicação nos utensílios usados para a alimentação, como um tipo de realçador eletrônico de alimentos completamente livre de calorias. A interface poderia, por exemplo, dar origem a um canudinho equipado com eletrodos de sabor – mesmo tomando água pura, o cérebro seria levado a acreditar que o líquido tem o gosto transmitido pelo dispositivo. “Mas ainda há várias questões a serem sanadas, de problemas de higiene a efeitos pessoais e diferenças de sensação de gostos”, enumera o inventor.
O cientista desenvolveu até mesmo o conceito de um aplicativo que permite que uma pessoa envie uma mensagem de texto saborosa – bastariam alguns toques no telefone para dar a um amigo uma mostra de uma barra de chocolate ou de um salgadinho. Para ele, a invenção leva para a esfera digital o velho costume de colegas partilharem um alimento em um momento de convivência. Ou, no mínimo, as fotos de refeições do Instagram poderiam ser muito mais interessantes.

CLIMA » Satélite registra aumento do degelo na Antártida‏

CLIMA » Satélite registra aumento do degelo na Antártida 



Estado de Minas: 12/12/2013


Paris – A cobertura de gelo no Oeste da Antártida parece estar recuando muito mais do que alguns anos atrás, revela um estudo climático divulgado ontem. Estudos anteriores, realizados entre 2005 e 2010, estimaram que a cobertura de gelo contribuiu com 0,28 milímetro ao ano para a elevação do nível do mar. Mas três anos de observações do satélite europeu de monitoramento do gelo CryoSat sugerem que a contribuição agora seria 15% maior, anunciou a Agência Espacial Europeia (ESA).
O fenômeno está vinculado ao afinamento nos fluxos de gelo em três grandes geleiras – Pine Island, Thwaites e Smith –, afirmou o cientista especialista em ambiente polar Malcolm McMillan, da Universidade de Leeds, na Grã-Bretanha. Climatologistas observam com preocupação as poderosas coberturas de gelo da Groenlândia e da Antártida. Ali permanecem muitas dúvidas sobre como este gelo armazenado está respondendo ao aquecimento global, mas a perda de apenas uma parte significativa dele ameaçaria cidades costeiras vulneráveis. A média do nível do mar global subiu 19cm entre 1901–2010, uma média de 1,7mm ao ano, e acelerou para 3,2mm ao ano entre 1993 e 2010. O CryoSat usa um radar que mede a variação da altura do gelo com precisão elevada, permitindo aos cientistas calcular o volume da cobertura de gelo.
SOL Na revista Nature, um estudo do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) divulgado ontem indica que o aumento da luminosidade do Sol provocará a evaporação dos oceanos e o desaparecimento da água na Terra dentro de um bilhão de anos. O modelo, concebido por uma equipe francesa do Laboratório de Meteorologia Dinâmica, reavalia estimativas anteriores que situavam a transformação na escala “de centenas de milhões de anos”, destacou o CNRS. A evolução prevista do clima terrestre na escala de tempo geológica (da ordem de uma centena de milhões de anos) não tem vínculos com o aquecimento global provocado pelo homem. Nesse caso, o responsável é o aumento da radiação solar. As temperaturas terrestres também devem aumentar nas próximas centenas de milhões de anos, provocando uma intensificação do aquecimento global. Os oceanos começariam a ferver e o efeito estufa seria agravado.

Consumo e empresas nas favelas Luiz Barretto‏

Consumo e empresas nas favelas 
 
Luiz Barretto
Presidente do Sebrae Nacional

Estado de |Minas: 12/12/2013


O aumento de renda registrado nos últimos anos e o mercado interno de mais de 100 milhões de consumidores criam uma conjuntura muito positiva para  empresas no Brasil. A inclusão recente de 40 milhões de pessoas na classe média é uma oportunidade que estimula o consumo e a abertura de negócios. Um exemplo claro desse processo é o retrato atual dos pequenos negócios nas favelas, onde o empreendedorismo se reforça como alternativa de geração de renda e de emprego e se beneficia diante de um novo público com mais condições de comprar serviços e produtos.

De um total de 11,7 milhões de brasileiros que moram em favelas, cerca de 20% vivem economicamente de um pequeno negócio. Quase a metade desses empreendedores iniciou essa atividade há menos de três anos, em sintonia com o incremento do poder de consumo registrado no país nos últimos anos. Esses dados são de uma pesquisa realizada pelo Instituto Data Popular, com apoio do Sebrae, que registra um movimento positivo em 63 comunidades do país.

O estudo entrevistou 2 mil pessoas e revelou avanços do empreendedorismo nas favelas: 64% dos donos de pequenos negócios entrevistados informaram que estão indo bem ou muito bem na sua atividade. Trinta por cento avaliaram o andamento dos negócios como estável e 90% dos empreendedores nas favelas esperam manter ou expandir os negócios nos próximos 12 meses.

Os pequenos negócios encontram nas favelas um grande potencial de consumidores. A pesquisa indicou que 65% dos moradores das comunidades pesquisadas pertencem à classe média. O poder de consumo desse público está estruturado mais no aumento do número de trabalhadores formais e menos nas políticas de transferência de renda. Os moradores das favelas brasileiras têm uma renda anual superior a R$ 63 bilhões, valor próximo ao PIB da Bolívia.

O Sebrae está trabalhando diretamente com esses empreendedores para aumentar essa riqueza. Um exemplo são as ações executadas no Rio de Janeiro, onde a coleta de dados e os atendimentos empresariais foram viabilizados com o trabalho de pacificação em favelas antes dominadas pelo tráfico de drogas. Desde 2010, foram feitos mais de 30 mil atendimentos no Rio. A experiência carioca está sendo replicada em outros estados e deve ser expandida.

O empreendedorismo nas favelas foi muito estimulado com a criação da figura do microempreendedor individual (MEI), em 2009, que incentivou, desde então, a formalização de quase 4 milhões de pessoas em todo o país. São profissionais que trabalham por conta própria, com faturamento bruto anual de no máximo R$ 60 mil. A formalização é gratuita e pode ser feita em poucos minutos pela internet. A carga tributária mensal é inferior a R$ 40.

Os MEIs são destaque no crescimento significativo dos pequenos negócios, que representam quase 8 milhões de empreendimentos no país. Há uma década, metade das empresas não completava dois anos. Atualmente, de cada 100 novas empresas, 76 conseguem superar essa fase crítica inicial. Esse quadro positivo é reflexo direto de fatores como o aumento do nível de escolaridade dos empreendedores.

São indicadores positivos como esses que desejamos reforçar nas favelas. Assim, será mais viável e mais rápido concretizar algumas das intenções manifestadas pelos entrevistados. O estudo apontou uma alta identificação dos moradores com suas comunidades: 81% deles gostam de viver onde moram e 66% do total de pessoas ouvidas não querem sair da favela. Mais da metade dos entrevistados acreditam que a favela melhorou e 76% acreditam que vai melhorar ainda mais.

Sem dúvida, o empreendedorismo tem muito a contribuir para realizar essas expectativas. Quanto mais atividades empreendedoras, maiores a força e a estabilidade da economia de um país. Esse é um caminho promissor para a melhoria da qualidade de vida não só nas favelas, mas em toda a sociedade brasileira.