sexta-feira, 13 de junho de 2014

França investiga Le Pen por enriquecimento ilícito de 1,1 milhão de euros

França investiga Le Pen por enriquecimento ilícito de 1,1 milhão de euros

  • Kenzo Tribouillard/AFP
    Ex-presidente do partido ultraconservador Frente Nacional, Jean-Marie Le Pen, discursa no Dia do Trabalho, próximo a estátua de Joana d'Arc em Paris
    Ex-presidente do partido ultraconservador Frente Nacional, Jean-Marie Le Pen, discursa no Dia do Trabalho, próximo a estátua de Joana d'Arc em Paris
Depois de ter revelado, em fevereiro, que a procuradoria de Paris abrira uma investigação preliminar sobre a fortuna de Jean-Marie Le Pen, o jornal Mediapart afirmou na quarta-feira (11) que a causa da investigação foi um enriquecimento suspeito de 1,1 milhão de euros por parte do presidente honorário da Frente Nacional.
Segundo o site de notícias, a Comissão pela Transparência Financeira na Política avaliou "o enriquecimento pessoal [do eurodeputado] em 1,127 milhão de euros entre 2004 e 2009 e o considerou suspeito".
"Provavelmente uma herança…"
Em sua declaração patrimonial, Le Pen teria justificado essa "variação de seus bens" da seguinte forma:
- O fato de que a Frente Nacional teria "desistido em 2006 de lhe cobrar uma dívida de 198 mil euros contraída em 1991, sem fornecer provas". Segundo Jean-Marie Le Pen, questionado pelo Mediapart, essa dívida estaria associada "à sua condenação no caso do 'detalhe' [referente às declarações sobre as câmaras de gás durante a Segunda Guerra Mundial]".
- Um pagamento de 300 mil euros de seu micropartido, o Cotelec, em 2008, "sem fornecer justificativas". "Provavelmente um empréstimo para [sua] campanha eleitoral [de 2009], que teve de ser reembolsado", afirma o presidente honorário da FN.
- Um pagamento em 2008 de "aproximadamente 150 mil euros" por "um cartório de sua comuna de Saint-Cloud (Chargelegue Marchand Bories), (…) ainda sem nenhum vestígio comprovatório". "Provavelmente uma herança", desconversa Le Pen.
- Uma "restituição" de aproximadamente 400 mil euros obtida do fisco em 2006, após uma negociação. Também nesse caso "sem justificativa". Segundo Le Pen, "o fisco havia estimado em um valor anormalmente baixo os aluguéis que eu pagava como locatário à empresa imobiliária proprietária de Montretout" – uma empresa da qual ele "é o principal acionista", segundo o Mediapart.
"Perfeitamente transparente"
O Mediapart ressalta que a Comissão pela Transparência Financeira na Política, extinta no final de 2013 para dar lugar à Autoridade Superior da Transparência da Vida Pública após o caso Cahuzac, "tinha uma enorme carência de recursos de investigação e não podia contar com uma colaboração ativa do fisco, ao contrário de sua substituta, agora autorizada a bombardear o ministério das Finanças de perguntas."
Em fevereiro, quando foi revelada a abertura da investigação, Jean-Marie Le Pen havia garantido ser "perfeitamente transparente" sobre a questão de seu patrimônio:  "Os franceses podem ficar tranquilos, se uma investigação de fato for aberta, oportunamente seis semanas antes das eleições municipais e três meses antes das eleições europeias, ela será concluída com o encerramento do caso pelo fato de que meu patrimônio é perfeitamente transparente e que não há nada de anormal a se relatar, como sempre."
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Franceses celebram Dia da Bastilha com desfile militar15 fotos

3 / 15
14.jul.2013 - Nove aeronaves da Força Aérea Francesa soltam trilhas de fumaça nas cores da bandeira francesa (vermelha, branca e azul) ao sobrevoarem o Museu do Louvre durante o desfile do Dia da Bastilha, neste domingo Thomas Coex/AFP
Tradutor: UOL

TeVê

TV paga

Estado de Minas: 13/06/2014



 (Jim Fiscus/Showtime)

Pé de pato, mangalô, três vezes


Só podia mesmo ser numa sexta-feira 13! A HBO estreia hoje, às 22h, a série de suspense Penny Dreadful (foto). Com toques sobrenaturais, a trama se passa em Londres no século 19 e combina a narrativa dos protagonistas da série com personagens clássicos, como Conde Drácula, dr. Frankenstein e Dorian Gray. No elenco, Timothy Dalton, Josh Hartnett e Eva Green.

Marmanjos se dão bem
na oficina e na cozinha


O Discovery estreia hoje, às 21h30, a série Acumuladores de carros, que acompanha o trabalho de Chuck Palumbo e Rick Dore, especialistas em restaurar e cpersonalizar automóveis de todos os tipos. Com um pouco mais de delicadeza e sensibilidade, os rapazes de Homens gourmet vão preparar hoje um cardápio de dar água na boca dos namorados. Sim, a atração está atrasada um dia, mas continua valendo. Ainda mais com delícias como vieiras com purê de alho-poró e molicata de limão siciliano. Às 22h30, na Fox Life.

Burle salva Maya e ainda
surfa uma onda gigante


E por falar em homem,
cabra-macho é Carlos Burle, campeão de ondas gigantes. Ele e seus pupilos Pedro Scooby, Maya Gabeira e Felipe “Gordo” Cezarano embarcam para Nazaré, Portugal, onde surfam o swell de suas vidas. Foi lá que Maya Gabeira sofreu um grave acidente, e Burle conseguiu fazer um resgate histórico, e ainda volta para surfar uma onda que pode ser a maior já surfada na história. Confira às 23h, no Off.

Canal Futura continua
batendo o maior bolão


No segmento dos documentários, o Futura exibe, às 14h35, no programa Sala de notícias, Vizinhos queridos, falando da rivalidade entre brasileiros e argentinos quando o assunto é futebol. No mesmo canal, às 15h, a série Nota 10 apresenta o episódio “Jovens no trabalho”. No Curta!, duas atrações: Sala de milagres, às 22h15, e As origens da rebeldia cultural, às 23h30. E ainda tem episódio inédito de Alienígenas do passado, às 23h, no canal History, investigando portais misteriosos em cavernas e ruínas.

Ação, drama e comédia
no pacotão de cinema


No pacote de filmes, o destaque é a comédia Hahaha, às 22h, na Mostra Internacional de Cinema, na Cultura. No mesmo horário, o Arte 1 exibe Bagdad Café, de Perdy Adlon. Ainda às 22h, o assinante tem mais cinco boas opções: Nascido para matar, no Max Prime; Até que a sorte nos separe, no Telecine Fun; A trilha, no AXN; Elysium, na HBO 2; e Yossi, no Max. Outras atrações: Eu queria ter a sua vida, às 20h, no Universal; Hancock, às 22h30, no Megapix; Rejeitados pelo diabo, às 23h55, no Telecine Action; e Forças do destino, à meia-noite, na MGM.

TNT abre espaço para os
garotos do One Direction


A TNT reservou para hoje, às 23h, um especial da boy band One Direction, um dos maiores fenômenos do pop na atualidade e que passou recentemente pelo Brasil. No Multishow, à meia-noite, tem o Bonnaroo Festival, em Manchester (EUA), com o rapper Kanye West.


CARAS & BOCAS » Ela vai voltar!
Simone Castro

Marília Pêra grava participação de sua Darlene ainda na atual temporada de Pé na cova (João Cotta/TV Globo-21/3/13)
Marília Pêra grava participação de sua Darlene ainda na atual temporada de Pé na cova

Para alegria dos fãs da atriz, Marília Pêra voltou a gravar, anteontem, a série Pé na cova, um dos melhores programas da atualidade. A expectativa é de que ainda neste mês – fala-se no episódio do dia 24 – ou no máximo no início de julho, Darlene dê o ar da graça nesta terceira temporada, em que ficou de fora desde o início. Na trama, o motivo do desaparecimento da alcoólatra Darlene foi sua internação, ficando incomunicável em uma clínica psiquiátrica, sob os cuidados do estranho doutor Zolta (Diogo Vilela). Longe da ficção, a atriz teve que se submeter a um tratamento de desgaste ósseo no quadril. “Nos momentos em que fiquei doente todas as pessoas se manifestaram, recebi flores, telegramas, foi uma coisa maravilhosa, não dava conta da quantidade de gente solidária. Foi muito bonito, me senti acarinhada”, afirmou a estrela ao site Uol. No Instagram, Miguel Falabella, criador da série, comemorou o retorno da companheira de elenco. “Ela voltou!!!! Que alegria! Que orgulho! Que privilégio o meu!”, escreveu na legenda de uma foto em que aparece com Marília. Episódio atrás de epísódio, sua Darlene sempre foi lembrada, principalmente nas recordações do ex-marido Ruço (Falabella). No passado, ainda jovem, a personagem é interpretada por Paula Frascari com uma perfeição assustadora. Com o inseparável copo de gim nas mãos, Darlene de Marília abrirá um sorriso para Ruço e anunciará: “Voltei!”. Retorno em grande estilo! Em tempo: Darlene vem, Odete Roitman vai. O dia do retorno às gravações de Marília também marcou a despedida da atriz Luma Costa
das gravações. Grávida, ela se prepara para dar à luz.

JORNAL DA ALTEROSA
EM RITMO DE COPA


Em sua segunda edição, às 18h40, o Jornal da Alterosa, com apresentação de Ana Cristina Pimenta, também está em ritmo de Copa do Mundo, atualizando o telespectador sobre alguns detalhes da competição. O torcedor, muito otimista, entra em campo e capricha na decoração de unhas e maquiagem.

JOÃO EMANUEL CARNEIRO
FALA SOBRE NOVA TRAMA


Em entrevista ao programa Roberto D’Ávila, da GloboNews (TV paga), que vai ao ar no domingo, o autor João Emanuel Carneiro fala sobre sua próxima trama na Globo. “É a primeira novela em que faço de um homem meu personagem principal. Não é mais uma mulher ou mulheres, como foram as últimas novelas que fiz”, revelou, afirmando que já trabalha em cima da sinopse, que tem estreia marcada para 2015, às 21h. A última trama, Avenida Brasil, exibida em 2012, foi um estrondoso sucesso, que se repete por vários países, cerca de 120, dublada em18 línguas. Uma possível cobrança por audiência da emissora o pressiona? “Foi uma novela de muito sucesso, que virou referência e continua sendo. Mas não fico com medo disso. Ao contrário, me estimula a continuar”, disse.

 (Lucas Jackson/Reuters-21/1/11)


SUSPENSE TOTAL

No domingo, vai ao ar o último episódio da quarta temporada da badalada série Game of Thrones, exibida na HBO (TV paga). É aí que os telespectadores vão saber qual o destino de Tyrion Lannister, interpretado pelo ator Peter Dinklage (foto), depois de ter sido condenado à morte pelo seu pai, Tywin Lannister (Charles Dance). Produtores o classificaram como “o melhor final já feito”. Ao site Entertainment Weekly, David Benioff e D. B. Weiss afirmaram: “As performances de nosso elenco, a direção de Alex Graves, os efeitos visuais, as novas composições de Ramin Djawadi, tudo isso contribuiu para que esse fosse, talvez, o melhor episódio que já produzimos. Estamos imensamente orgulhosos de The Children. E um pouco intimidados pelo episódio, porque agora temos que nos virar e descobrir uma maneira de superá-lo na quinta temporada”. Alex Graves comentou: “Sem dúvidas, o episódio mais difícil foi o 10. Não só porque é, de longe, o maior episódio que eu já fiz, mas a tectônica e a história são as maiores que já presenciei”. E emendou: “Os personagens estavam indo a lugares que nunca foram e fazendo coisas que nunca fizeram em circunstâncias extraordinárias. Foi muito difícil e muito divertido”. O episódio final contará com 66 minutos, o que é inédito na trajetória da série.

VIVA
Ângela Vieira com a corda toda na trama de Em família (Globo) como a venenosa e engraçada Branca.

VAIA
Patrícia Poeta e Galvão Bueno, das duplas mais desanimadas na cobertura da  Copa do Jornal nacional.

O país nas telas - Mariana Peixoto

Documentários em cartaz  mostram que o cinema tem assumido o papel de refletir sobre os grandes temas da história e da sociedade brasileira atual

Mariana Peixoto

Estado de Minas: 13/06/2014


Setenta, de Emília Silveira, recupera a história do grupo que sequestrou o embaixador da Suíça no Brasil   (Marcelo Montecino/Divulgação)
Setenta, de Emília Silveira, recupera a história do grupo que sequestrou o embaixador da Suíça no Brasil


Há alguns dias, depois da exibição do documentário Setenta para estudantes de área de risco do Rio de Janeiro, a diretora Emília Silveira ouviu comentário de um deles que a deixou desconcertada: “Gostei do filme, mas o que é ditadura?”. Em cartaz em algumas capitais, incluindo Belo Horizonte, o longa-metragem mostra o que ocorreu, 40 anos depois, com grupo que sequestrou o embaixador da Suíça no Brasil, Giovanni Enrico Bucher, em dezembro de 1970. Emília Silveira, ela mesma perseguida pelo regime, foi atrás de 18 das 70 pessoas envolvidas. Na época, foram expulsas do país e exiladas no Chile.

 Antes de chegar ao circuito comercial, Setenta foi exibido em festivais. Estreante na direção de documentários para cinema, Emília tem acompanhado de perto as sessões. “O que me surpreendeu é que as pessoas entenderam nossa intenção com o filme. Entendem que só foi possível fazê-lo muito tempo mais tarde, com uma visão distanciada do caso. Entendem também que não é um filme histórico, mas humano e que tem autocrítica.” Mas como está lidando com públicos diversos, Emília tem consciência de que a percepção é bem distinta. “É difícil para um garoto entender hoje que, naquela época, era proibido que mais de duas pessoas conversassem numa esquina.”

O filme de Emília não está sozinho nessa busca por apresentar diferentes olhares para o próprio Brasil. Outros dois documentários, também em exibição em BH, têm a mesma intenção, ainda que tratem de temas diversos. Mas no fim os filmes acabam se tornando complementares. Junho, de João Wainer, mostra o caminho que levou para a eclosão das manifestações que tomaram conta do país há um ano. E Tim Lopes – Histórias de arcanjo, de Guilherme Azevedo, conta a trajetória do jornalista investigativo que foi assassinado pelo narcotráfico há 12 anos.

Protesto contra o aumento da tarifa de ônibus em São Paulo, que faz parte de Junho, de João Wainer     (Lalo de Almeida/Folhapress)
Protesto contra o aumento da tarifa de ônibus em São Paulo, que faz parte de Junho, de João Wainer


“Para que o filme não ficasse datado, fechamos o recorte para o mês de junho, do dia 1º ao dia 30. Ou seja, independentemente do que aconteceu depois, o filme mostra como foi a origem de tudo”, comenta Wainer, que acredita que seu não filme não tem a pretensão de explicar o porquê de todas as manifestações, mas contextualizar o período. “Um documentário joga luz sobre determinados temas, para que as pessoas possam discutí-lo”, acrescenta Wainer.

Já Azevedo, repórter cinematográfico que foi parceiro de Tim Lopes durante muitos anos na Rede Globo, propôs em seu filme um olhar para além da tragédia. “As pessoas conheceram o Tim como o jornalista que foi assassinado por traficantes na Vila Cruzeiro. A ideia era resgatar a vida dele (o projeto foi realizado em parceria com Bruno Quintella, filho de Tim, também jornalista, e autor do roteiro do longa), pois a factual da morte já tinha se esgotado. O Tim, por exemplo, fez a primeira matéria sobre arrastões nas praias cariocas. Ou seja, os temas são muito atuais.”

Filme sobre Tim Lopes mostra como o jornalista sempre esteve envolvido com temas sociais (Globo Filmes/Divulgação)
Filme sobre Tim Lopes mostra como o jornalista sempre esteve envolvido com temas sociais


Ainda que tenham conseguido chegar ao circuito comercial, os três documentários têm exibição restrita. Em BH, todos com somente um horário. Os diretores têm consciência da dificuldade de chegar ao grande público, e que a vida de um documentário é diferente de filmes de ficção. Tanto por isso, para além da tela grande, eles serão exibidos em outras plataformas. Junho estreou simultaneamente no cinema e no iTunes, a loja virtual da Apple. Está disponível para 80 países e, entre os documentários nacionais, está em primeiro lugar na loja. Assim que sair dos cinemas, Setenta será exibido no Canal Brasil e, um mês depois, na Globonews. Estuda-se ainda a possibilidade de levá-lo para o iTunes. Já Tim Lopes também será apresentado no Canal Brasil.

Olhar coletivo

Trinta e dois câmeras aparecem nos créditos finais do documentário 20 centavos, que estreia neste domingo na programação do site de streaming Netflix depois de ter aberto o festival É tudo verdade. Ainda que o diretor seja o paulista Tiago Tambelli, o filme de 55 minutos contou com colaboradores de diferentes cidades. A ideia do projeto era seguir a linha que marcou as manifestações de 2013.

Em 16 de junho de 2013, um dia antes da explosão das manifestações em todo o país, Tambelli, criador da produtora Lente Viva Filmes, começou um debate via Facebook sobre aquele momento específico. “Onde estão os cineastas políticos brasileiros?”, questionou. Trinta pessoas responderam e, um dia mais tarde, todas foram para as ruas de São Paulo com suas câmeras para registrar o que estava ocorrendo.


Em 20 centavos, de Tiago Tambelli, as câmeras buscam reproduzir o olhar dos manifestantes (Daniel Kfoury/Divulgação)
Em 20 centavos, de Tiago Tambelli, as câmeras buscam reproduzir o olhar dos manifestantes


Em poucos dias, novos agregados chegaram, gente do Rio e de Brasília. “Ali, não havia a intenção de fazer o documentário. A gente filmava e descarregava o material no ator”, relembra Carlos Maga, produtor e roteirista de 20 centavos. Mas a partir do momento em que iniciativas semelhantes pipocaram na internet, ele e Tambelli resolveram recuar. Continuaram, com sua equipe de diferentes olhares, a registrar as manifestações. Mas com o objetivo de fazer dos registros um filme.

“Filmamos até o final de julho e resolvemos ir além das grandes manifestações midiáticas”, continua Maga. Há imagens de passeatas de menor porte no Capão Redondo e Jardim Míriam, periferia de São Paulo. Com isso, foram atrás de outros movimentos que fossem além do Passe Livre, como o dos negros e dos povos indígenas. Tanto que 20 centavos abre com a invasão de índios no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília, em abril de 2013. As imagens, por sinal, foram realizadas por um índio do Xingu.

Programe-se

Junho, de João Wainer, está em cartaz às 18h40 no Cine Belas Artes. Setenta, de Emília Silveira, às 17h, no Cine 104. E Tim Lopes – Histórias de arcanjo, de Guilherme Azevedo, às 14h30, no Ponteio.

Para aperfeiçoar os drones, pesquisadores se inspiram em diferentes animais

Imitações da natureza 
 
Para aperfeiçoar os drones, pesquisadores se inspiram em diferentes animais, como moscas, morcegos e até peixes saltadores
 
Roberta Machado
Publicação: 13/06/2014


Brasília – A popularização dos drones, pequenos veículos aéreos não tripulados, logo encontrou diversas utilidades para essas máquinas voadoras, que vão desde o monitoramento militar à entrega de pizza. Mas o sonho de ter assistentes realizando tarefas tão variadas em pleno ar também exige uma diversidade igualmente grande de modelos que possam planar, pular, pousar, decolar e fazer todas as outras atividades que se espera deles. Para atender a esse dilema de engenharia de proporções inéditas, pesquisadores procuraram inspiração na mãe natureza. Um conjunto de trabalhos publicados em uma coletânea especial da revista especializada Bioinspiration and Biomimetics mostra alguns dos mais curiosos trabalhos que unem o talento animal à sabedoria da ciência.

Os grupos de diferentes países deixaram as ferramentas de lado por um tempo para buscar exemplos de bichos que poderiam ensinar aos drones como voar melhor. Além de pássaros, foram observados morcegos, insetos, esquilos, cobras e peixes – qualquer bicho capaz de sair do chão por um tempo prolongado tem algo a ensinar aos cientistas.

“Pássaros são criaturas incríveis, e seu desempenho ainda é, de muitas formas, insuperável pelos drones. Como inspiração, estávamos procurando algo mais simples, e o planar do esquilo voador e do peixe voador nos forneceu princípios claros de design”, justifica Alexis Lussier Desbiens, autor de um dos projetos e pesquisador da Universidade de Sherbrooke, no Canadá. Outros grupos trabalham no aperfeiçoamento de moscas robóticas menores que uma moeda, enquanto o mesmo bicho ainda é estudado por equipes que querem entender com mais detalhes os segredos do voo desse inseto.

Se depender desses cientistas, drones tomarão os céus aos montes. Particularmente, um grupo de pesquisadores da Hungria está investido em toda uma revoada de nove robôs para realizar tarefas em conjunto. “O mais importante que aprendemos é que a intuição que padroniza o movimento coletivo é o pré-requisito para manter um voo em grupo estável e seguro”, conta Csaba Virágh, pesquisador da Universidade Pázmány Péter Sétány, em Budapeste. A tecnologia foi testada com um grupo de quadricópteros que seguiu um carro em movimento em uma cena que poderia ser de uma versão de ficção científica de um filme do Hitchcock.

» Manobras sutis
A dinâmica do voo da mosca ainda é um fenômeno pouco compreendido pelos cientistas, e surpreende pela destreza com que esses bichos podem mudar de direção e velocidade em um piscar de olhos. Reflexos tão eficientes seriam perfeitos para pequenos robôs que voassem em conturbados cenários urbanos. Para tentar simular as manobras do mundo animal, pesquisadores da Universidade de Washington e do Instituto de Tecnologia da Califórnia, ambos nos EUA, criaram um modelo robótico que reproduz a estrutura do corpo da mosca comum e usaram o protótipo para entender como esses insetos ajustam a velocidade de voo para se manter estáveis no ar. Os estudos mostraram que os pequenos animais controlam a aceleração com mudanças muito sutis da posição das asas, e que essa habilidade pode ser transferida para os drones com um simples ajuste na inclinação das máquinas.

» Avião saltador
Uma pesquisa feita em conjunto pela Universidade de Sherbrooke (Canadá) e pela Universidade de Stanford (EUA) criou um pequeno aeroplano inspirado nos animais capazes de saltar longas distâncias, como esquilos, cobras e peixes. O grupo estudou vídeos de pulos de algumas dessas espécies e fez uma longa pesquisa para entender como eles conseguem planar com tanta suavidade, mesmo sem ter asas. A equipe, então, criou dois modelos de planadores que podem ser usados para calcular a distância e a velocidade desse tipo de máquina, além de estudar o uso de diferentes designs para saltar em superfícies variadas. Robôs que saltam e voam podem ser usados para ultrapassar grandes obstáculos antes de ganhar distância pelo ar. 

» Debandada de máquinas
Baseados em um trabalho anterior sobre revoadas de pombos, cientistas da Hungria desenvolveram um novo modelo para os chamados enxames de robôs voadores. Como dividem suas habilidades com diversas unidades, as revoadas robóticas contam com a vantagem da redundância de dados e são capazes de realizar levantamentos mais precisos do que um único mecanismo voador. A distância de um objeto, por exemplo, pode ser medida por meio da média obtida por todos os sensores ultrassônicos. As gangues de drones podem ser utilizadas ainda como um sistema de monitoramento móvel e para estabelecer redes de comunicação por rádio, além de servir como ferramenta de patrulha de grandes áreas e para operações de busca e salvamento.

» Bat-drones
Diferentes trabalhos voltaram as atenções para os morcegos em busca de soluções para robôs voadores mais eficientes. Um grupo de pesquisadores da Suíça, da Alemanha e dos Estados Unidos usou simulações de computador para compreender como os mamíferos podem aproveitar a aerodinâmica para ganhar altura enquanto planam. Outro trabalho americano estudou como esses bichos ativam os músculos para ganhar mais rigidez nas asas durante o voo. E uma terceira equipe escolheu usar uma asa mecânica idêntica à do morcego para simular os movimentos que o animal faz em pleno ar. A máquina foi programada para executar diferentes movimentos e teve as forças aerodinâmicas e mecânicas medidas em laboratório. O equipamento permitiu aos pesquisadores da Universidade de Brown fazer experimentos que seriam muito penosos para cobaias reais.

» Pequeno voador
As moscas também foram a inspiração de uma equipe da Universidade de Harvard que desenvolveu um algoritmo capaz de ajudar na fabricação de drones minúsculos. O grupo trabalha há mais de uma década no projeto de um inseto mecânico que pesa apenas 80mg e é menor que uma moeda. O dispositivo funciona a partir de um sistema piezoelétrico, que usa materiais de cerâmica especial para transformar sinais elétricos em movimentos. O robô, que bate as asas de apenas 3cm numa frequência de 120 vezes por minuto, é feito a partir de uma estrutura de fibra de carbono, cujo mecanismo exige um delicado trabalho de montagem. A recente pesquisa é mais um passo para o aperfeiçoamento do voo da mosca mecânica, que, no futuro, poderá ser produzida em massa. Atualmente, o inseto artificial é capaz de se manter no ar por 20 segundos.

» Para voar e agarrar
Assim como aves de rapina agarram presas do chão em pleno voo, o quadricóptero criado pelas universidades Carnegie Mellon e da Pensilvania colhe e deposita objetos. A manobra é rápida e funciona até mesmo com itens sensíveis. A habilidade foi ensinada por meio de algoritmos e testada com um objeto cilíndrico. O drone conta com um sistema de captura de movimentos externos que fornece informações precisas da posição dos alvos. A função também foi testada em robôs mais simples. Logo, a tecnologia pode estar acessível à maioria dos drones.   

Eduardo Almeida Reis - Cautela‏

De outra feita e num sufoco financeiro dos diabos, numa sexta-feira 13 vendi dois tourinhos a um sujeito que só conhecia de vista


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 13/06/2014





Será que alguém já se deu conta de que hoje é sexta-feira 13? É possível que o dia tenha passado despercebido, pelo tanto que se falou do jogo de ontem no Itaquerão. Sei que é bobagem, mas não gosto do 13 nem das sextas-feiras 13. Numa delas, passei parte da noite preso por briga de rua, idiota como todas as brigas de rua. Ninguém se machucou, mas é chato parar numa delegacia, 10 sujeitos bêbados depois de uma trombada no trânsito do Rio, cinco em cada automóvel, um Citroën e um Fusca. O condutor do nosso Citroën era editorialista do Globo, rapaz inteligentíssimo. No Fusca viajava um sujeito imenso, instrutor de artes marciais, apelidado Vermelho. Se resolvesse brigar, matar-nos-ia num átimo. Apesar de bêbado, foi quem acalmou as coisas, conduzindo os “inimigos” para a delegacia: de bonde, porque os dois carros ficaram quebrados.

De outra feita e num sufoco financeiro dos diabos, numa sexta-feira 13 vendi dois tourinhos a um sujeito que só conhecia de vista. Pagamento com um cheque assinado por ele apoiando o talão na capota do carro. Voltei para a fazenda achando que minha cisma com as sextas-feiras era bobagem. Dia seguinte, sábado, o comprador me telefonou pedindo que rasgasse o cheque: tinha desistido da compra. Ainda me lembro de que o pedido era para “assustar” o cheque.

Chamadas
 Segunda-feira, pouco depois das seis da matina, resolvi copiar as chamadas do provedor Terra para publicar sem comentários. Penso, e o leitor concordará comigo, que as chamadas são ótimas para dar ideia do mundo em que vivemos, do que é ou não é notícia, dos assuntos que devem ser do interesse dos internautas brasileiros. Em duas horas de consultas selecionei as seguintes: De pernas de fora, Sabrina Sato lambe o próprio pé em ensaio; Após sucesso de esmalte azul, G. Antonelli troca de cor; Bruna Marquezine e Neymar estão namorando escondido; Fernanda Paes Leme posa só de calcinha para revista; Castração de gatas: saiba como funciona e os benefícios; Maísa, do SBT, sonha em conhecer 25 de Março; Desafio do Amor é harmonizar duas realidades, diz vidente; Angélica e Luciano Huck vão à praia com a filha Eva.

Pronto: diante da notícia de que Angélica e Luciano Huck foram à praia com a filha Eva, achei que podia parar de transcrever literalmente as chamadas. Nada mais importante, neste ano da Copa das Copas, do que a ida à praia de Angélica e Luciano Huck com a filha Eva, ainda mais importante do que as notícias de que Sabrina Sato lambeu seu próprio pé e G. Antonelli trocou a cor do esmalte.

Horários
Um programa de tevê veiculado aos sábados depois de meia-noite, mais precisamente aos cinco minutos dos domingos, não é feito para ser assistido. Ou os telespectadores estão dormindo ou saíram de casa para curtir a noitada, considerando que podem acordar mais tarde aos domingos.
É o que vem acontecendo com as entrevistas do Roberto D’Ávila, quase sempre boas. Pena que a GloboNews não anuncie exaustivamente os horários alternativos, em horas educadas, para que o telespectador, que ela chama de “assinante”, possa dar um jeito de assistir ao programa. Aos sábados, logo depois de meia-noite, não dá, a não ser para meia dúzia de cavalheiros e damas insones, que devem ser minoria.

O mundo é uma bola

13 de junho de 1373: Portugal assina com a Inglaterra a Aliança Luso-Britânica, a mais antiga aliança entre nações ainda em vigor. Baseado na Wikipédia, escrevi diversas vezes sobre essa aliança, o que me faz supor que as assinaturas tenham diversas datas. Dia desses, tivemos em Ouro Preto uma reunião de juristas da América Latina, que inspirou o repórter da rádio que ouço na falta de sinal da CBN a falar de “juristas latinos-americanos”. Furioso com o plural de latino-americano, desliguei o rádio. Está ficando difícil. Ainda bem que a Aliança Luso-Britânica continua em vigor.

Em 1569, também no dia 13 de junho, o corsário inglês Francis Drake fracassa ao atacar a cidade de Lisboa. Considerando que Lisboa fica em Portugal e Sir Francis Drake, corsário, navegador, pirata famoso, político da era elisabetana e vice-almirante do Reino Unido era inglês, sou levado a crer que a Aliança Luso-Britânica nunca foi confiável. O vice-almirante britânico morreu em janeiro de 1595 depois de um assalto fracassado a San Juan, Porto Rico. Causa mortis: afitamento, afito, borra, caganeira, câmaras, carreirinha, caseira, corredeira, corrução, destempero, ligeira, maculo, mal de bicho, piriri, reira, sedeca e/ou soltura.

Em 1808: criação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Em 1859, o presidente Benito Suárez, do México, desapropriou todos os bens da Igreja, talqualmente o prefeito Eduardo Paes, do Rio de Janeiro, fez outro dia com alguns prédios da Rua da Carioca pertencentes ao Opportunity Asset Management. Grupo que pretendia, pelo aumento dos aluguéis, acabar com o Bar Luiz, cuja salada de batatas é patrimônio material da humanidade. Hoje é o Dia do Turista.

Ruminanças

“Ganhar uma batalha é crer que se a ganhou” (Joseph de Maistre, 1753-1821). 

A Copa e o tráfico humano‏

A Copa e o tráfico humano 
 
A exploração sexual e infantil é frequente no Brasil 
 
Luciano Gomes dos Santos
Professor de filosofia e sociologia
Estado de Minas: 13/06/2014


A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil promoveu, neste ano, a Campanha da Fraternidade sobre Tráfico Humano, que é o cerceamento da liberdade e o símbolo do desprezo do ser humano. A vida é reduzida a produto que pode ser negociado. O mau explora as pessoas em diversas atividades: construção, confecção, entretenimento, sexo, serviços agrícolas e domésticos, doações ilegais, remoção de órgãos e outras. Essa é uma discussão muito oportuna, especialmente em função da Copa do Mundo no Brasil. O tráfico humano gera, por ano, aproximadamente, R$ 65 bilhões no mundo. É uma cifra espantosa. As pessoas são atraídas por trabalho, porém, quando chegam ao destino, descobrem que serão exploradas, terão que se prostituir. O tráfico está vinculado à migração. Milhares de estrangeiros deixam suas culturas em busca de dignidade e, quando se encontram no novo país, tornam-se “escravos” em diversos trabalhos, principalmente se estiverem vivendo de forma ilegal.

No Brasil, temos nos deparado com a exploração de mulheres, crianças e adolescentes tanto no mercado do sexo quanto nas atividades produtivas agrícolas ou urbanas, nesta última, na confecção de roupas. Os traficantes se aproveitam da fragilidade econômica e social dos indivíduos em processo de migração para aliciá-los. Nessa perspectiva, o tráfico humano é crime que deve ser denunciado e eliminado de nossa sociedade. A pessoa é desonrada em sua dignidade, ferida em seus sentimentos. A sua vida é subtraída nos aspectos físicos e psicológicos. Destacam-se como formas de tráfico humano exploração no trabalho, exploração sexual, extração de órgãos e doação ilegal de crianças e adolescentes. Esses crimes aumentaram nos últimos anos devido à competição econômica e à mercantilização do trabalho. O Brasil, como sede da Copa do Mundo neste ano, torna-se vulnerável ao tráfico humano, principalmente no que diz respeito às explorações sexual e do trabalho. Milhares de brasileiros e estrangeiros estarão circulando pelas principais capitais do país. Nesse contexto, abrem-se diversas possibilidades para a exploração do ser humano. A Copa deve ser a oportunidade para denunciar e combater o tráfico humano, pois bilhões de pessoas estarão sintonizadas nos jogos no Brasil. A mídia, a política, a família, a escola e a religião devem unir forças para combater esse crime que vem destruindo a vida de milhares de pessoas em todo mundo. O período dos jogos da Copa poderá ser utilizado por todos nós, cidadãos brasileiros, buscando identificar causas, vítimas e causadores do tráfico humano.

Também podemos reivindicar programas de reinserção dessas vítimas na vida familiar e social, além de cobrar e promover ações de prevenção e de resgate da cidadania das pessoas em situação de tráfico. O tráfico humano deve ser combatido por toda a sociedade. O ser humano possui em si o pertencimento ao seu ser, nasceu livre e deve permanecer livre para construir sua vida no seio da humanidade. Ninguém merece ser reduzido a mercadoria. A pessoa é valorativa em si mesma e não pode valer por utilitarismo. Extirpar o tráfico humano deve ser o grande projeto da humanidade neste início do século 21. A Copa torna-se o grande espaço para promover não apenas os jogos e a interação de diversas culturas, mas o lugar da promoção da vida que se encontra na vulnerabilidade social.

COLUNA DO JAECI » Na sorte e com ajuda do apito‏

COLUNA DO JAECI » Na sorte e com ajuda do apito 
 
"Entendo que estreia é sempre nervosa e alguns jogadores tremem, mas a Seleção continua instável, sem jogadas, sem criatividade"
Jaeci Carvalho
Estado de Minas: 13/06/2014


Senti uma sensação estranha. Pela primeira vez nos últimos 20 anos não estava na abertura da Copa do Mundo. Por causa da grande audiência do Alterosa no ataque, que comando de segunda a sexta-feira, preferi privilegiar nossos telespectadores nesta primeira fase, prometendo acompanhar o Brasil in loco a partir das oitavas de final. Todos sabem minha firmeza como analista em afirmar que a Seleção não vai ganhar a Copa nem chegar à final. Como torcedor, porém, quero ver o time no Maracanã em 13 de julho, para ganhar, quem sabe?, da Alemanha, repetindo o desfecho de 2002, ou da Argentina, em decisão inédita. Para isso, porém, teremos de nos superar e jogar futebol que jamais mostramos com Mano Menezes ou Felipão.

Não gostei de ver nossos jogadores chorando antes de entrar em campo. A Croácia mostrou a postura defensiva esperada, jogando por uma bola. E foi dela a primeira boa jogada, numa cabeçada que assustou Júlio César. Logo em seguida, ela abriu o placar, em gol contra de Marcelo, reserva do Real Madrid.

O gol deixou os brasileiros nervosos. Eles não conseguiam jogadas, perdiam rebotes e não criavam. Aviso há tempos: o time é fraco, com jogadores limitados, reservas em seus clubes. O Brasil começou a melhorar aos 20min, chutou três bolas que quase entraram, mas o rival se safou. Lembram-se quando escrevi que o time tem muita sorte? Pois é. Ela não o abandonou quando Neymar pegou uma sobra de disputa no meio-campo, ajeitou e bateu fraco, de canhota. O goleiro pulou atrasado, a bola tocou na trave e entrou.

O gol não foi uma ducha nos croatas, mas os anfitriões melhoraram um pouco, criando algumas situações. Nada que empolgasse, mas pelo menos chegaram mais ao gol. Felipão, incontrolável, queria ganhar até lateral no grito. Deveria é treinar o time melhor. Apesar da melhora, o empate no primeiro tempo foi lucro. Um reflexo do que tem sido em jogos contra adversários bem armados.

Quando o jogo recomeçou, esperava um Brasil mais solto, criando jogadas, fazendo Fred aparecer. Não entendo a cadeira cativa de Hulk, péssimo. Mas nosso técnico optou por Hernanes no lugar de Paulinho, trocando seis por meia-dúzia. Esperar algo mais ousado de Felipão é utopia. Enfim, ele tirou Hulk e pôs Bernard, boa opção, pela velocidade. Mas o árbitro japonês inventou um pênalti em Fred, Neymar bateu mal, o goleiro tocou na bola, mas ela entrou. A sorte de novo. Ganhar é bom, mas com pênalti roubado dá um sentimento ruim.

Os croatas ficaram inconformados. Jogavam melhor, mas um erro da arbitragem definiu o resultado. Entendo que estreia é sempre nervosa e alguns jogadores tremem, mas a Seleção continua instável, sem jogadas, sem criatividade. O rival se perdeu e ficou como barata tonta. O Brasil teve chances de ampliar, mas não era noite de Fred.

Vimos no finzinho um grande sufoco da Croácia. Felipão ainda arrumou tempo para pôr Ramires e tirar Neymar. Talvez para evitar que o craque levasse outro cartão e, expulso, ficasse de fora do próximo jogo. No apagar das luzes, a sorte atuou novamente. Oscar, de bico, acertou o cantinho, em outra falha do goleiro. É isso. Futebol de qualidade não temos, mas da sorte e da arbitragem não podemos reclamar.

Já disse que não sou ufanista. Se o adversário fosse melhor, dificilmente venceríamos. Fosse Felipão, eu fecharia a equipe na Granja Comary e ensaiaria mais jogadas. O Grupo A não é da morte, mas é complicado. Claro que uma vitória sobre México terça-feira, em Fortaleza, praticamente nos levará à próxima fase. Mas, para ser o primeiro da chave, é preciso jogar mais e não depender de arbitragem.

ZONA MISTA » Holofotes no apito Kelen Cristina

Estado de Minas: 13/06/2014 


 (DIMITAR DILKOFF/AFP)

O pontapé inicial da Copa do Mundo no Itaquerão, com Brasil 3 x 1 Croácia, não poderia ter sido mais controverso. Da pobreza estética da cerimônia de abertura aos lances polêmicos nos 90 e poucos minutos de bola rolando, quase tudo virou motivo de discussão. O gol contra de Marcelo – o primeiro de um brasileiro na história dos Mundiais – para muitos foi emblemático, diante dos protestos contra a realização do torneio no país. Para completar a piada, o lateral ainda vestiu a camisa da Croácia depois do jogo. O apagão em parte dos refletores no estádio foi outro capítulo comentado. Mas foi o pênalti marcado pelo árbitro japonês Yuichi Nishimura (foto) no atacante da Seleção Brasileira Fred que apimentou de vez o mundo real e virtual.

Houve esportista dando pitaco (o ex-goleiro dinamarquês Peter Schmeichel mandou os árbitros voltarem para casa, e o tenista espanhol Feliciano López criticou a Fifa, ao afirmar que o “mais triste é ter os meios para que erros assim não se repitam e não querer solucionar, citando o Hawk eye, tecnologia usada no tênis para dirimir dúvidas) e jornais mundo afora destilando ironias e fazendo pesquisas com seus leitores.

O prestigiado francês L’Équipe postou uma enquete no ar tão logo a cobrança foi convertida por Neymar e divulgou o resultado assim que o jogo acabou: vitória de goleada dos que discordaram da marcação da penalidade (92%). Já o diário argentino Olé lançou mão de seu estilo provocativo para alfinetar os brasileiros: convocou os internautas a opinar no Twitter, usando a hashtag Penal regalado (em tradução livre, pênalti de presente). E perguntou: “Vocês se indignaram com a ajuda ao Brasil na estreia para ganhar da Croácia? Vocês, brasileiros, não têm vergonha de ganhar assim?” Houve até charge com o árbitro japonês carregando duas malas cheias de dinheiro. O espanhol Marca também não deixou barato, escrevendo, em manchete: “Um favor para começar” e logo em seguida: “Mergulhaço de Fred”. E assim, com o apito ganhando mais manchetes que os jogadores, começou a nossa Copa do Mundo…

De camarote
Muitos esportistas foram ao Itaquerão assistir à estreia brasileira, como a atacante da Seleção Feminina, Marta; o lutador de MMA Júnior Cigano e os treinadores Muricy Ramalho e Ney Franco. O brasileiro Leandrinho, que atua pelo Phoenix Suns na NBA, foi o cicerone do amigo Steve Nash, jogador do Los Angeles Lakers. O armador Kaká, do Milan, lamentando ter ficado de fora da lista de Felipão, levou o filho Luca – que ganhou um abraço caloroso de Neymar antes do jogo.

De olho no Itaquerão
A primeira partida da Copa foi acompanhada por seleções de vários países. Os alemães se reuniram no hotel em que estão hospedados, no Sul da Bahia, em registro feito pelo goleiro Neuer. Os ingleses também programaram as atividades do dia em Manaus de maneira que estivessem liberados no horário da partida no Itaquerão. Mas nem todos puderam ver o jogo entre brasileiros e croatas. Os atletas de Colômbia e Grécia, que se enfrentarão amanhã, no Mineirão, estavam chegando a BH enquanto a bola rolava na capital paulista.

Jantar garantido
O tenista mineiro Marcelo Melo, que disputa os torneios de duplas da ATP com o croata Ivan Dodig (eles são os atuais vice-campeões de Wimbledon), não se fez de rogado e, otimista com a equipe de Felipão, resolveu desafiar o parceiro das quadras. Eles apostaram um jantar pela vitória da seleção de seu país, sendo que o empate também valia para Dodig, tamanha era a confiança de Marcelo no Brasil – acreditava em goleada por 3 a 0. O placar passou perto, mas, pelo resultado, o jantar foi garantido.


BOMBANDO
“Primeiro objetivo cumprido! Honrado por ter entrado e roubado a bola do nosso terceiro gol!”
Ramires (@Rami7oficial 5), volante da Seleção Brasileira, tirando sua casquinha do gol que selou a vitória sobre os croatas

“Parabéns ao meu irmão Oscar pelo gol”
Hazard (@hazardeden10), armador belga e companheiro de Oscar no Chelsea

“Craque! Neymar! Irmão! Bravo!”
Balotelli (@FinallyMario), atacante da Itália, enchendo a bola do camisa 10 da equipe canarinho

“Hoje o grupo mostrou maturidade na estreia diante da dificuldade! Nossos craques apareceram na hora certa!
Vai, Brasil!!”

Ronaldinho Gaúcho (@10Ronaldinho), mostrando não guardar ressentimentos pela ausência na Copa

BOMBA DO JAECI » Muito, mas nem tanto‏

BOMBA DO JAECI » Muito, mas nem tanto "Felipão ganha R$ 350 mil mensais, não R$ 850 mil, como saiu num site. Parreira, coordenador, fatura o mesmo"



Jaeci Carvalho
Publicação: 13/06/2014

Um site divulgou que Felipão é o quarto treinador mais bem pago entre os 32 da Copa do Mundo. Falso. Há alguns meses, em amistoso nos Estados Unidos, o presidente da CBF, José Maria Marin, revelou a este colunista que acertou com o técnico por R$ 350 mil mensais. Assim, em 12 meses, dão R$ 4,2 milhões, uma bela quantia, mas bem distante dos R$ 850 mil publicados no site. O dirigente foi além: o salário foi o que menos pesou no acerto, e o coordenador Carlos Alberto Parreira ganha igual. Aqui no Brasil parece tudo certo entre Felipão e o fisco, mas não custa lembrar que em Portugal ele é processado por suspeita de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

 (Marcelo Régua/Reuters)

AQUI NÃO!
O hotel em que a Seleção se concentrou em São Paulo foi invadido na quarta-feira por empresários e amigos de jogadores. A cada hora chegava um, liberado pelo chefe da segurança do time. Ao saber disso, o presidente eleito da CBF, Marco Polo del Nero, ligou para a comissão técnica e deu uma bronca, determinando que o fato não se repita. Desde que a equipe se reuniu em Teresópolis (foto), a ordem era para nenhum empresário se aproximar dos atletas, mas parece que teve gente fazendo ouvido de mercador. O cartola chegou a ameaçar demitir o chefe da segurança, mas recebeu a garantia de que era a última vez neste Mundial. Os jogadores que receberam os visitantes se calaram, temendo represália.


COM OS NETINHOS
Maior ídolo da torcida do Flamengo e um dos maiores jogadores da história do futebol, Zico não vai comentar a Copa para nenhuma emissora de TV. Prefere ficar em casa, curtindo os netos, filhos e a mulher. Ele me disse que acredita no Brasil como um dos favoritos. Questionado sobre o time titular ter reservas em clubes, disse que o futebol mudou e não pode mais viver de saudosismo. Ele só vai ao Maracanã na final, seja quem forem os finalistas, mas é claro que torce para o time canarinho estar lá em 13 de julho. Zico não foi campeão do mundo pelo Brasil, mas se orgulha de fazer parte de uma seleção eleita como das melhores de todos os tempos, a de 1982. Mesmo eliminada pela Itália, pelo grupo de craques que tinha, ela jamais será esquecida.


UM OLHO NO MUNDIAL, OUTRO NA FMF
O presidente eleito da Federação Mineira de Futebol, Castellar Guimarães Neto, esteve ontem no Itaquerão, como os demais presidentes de federações, com as mulheres, para assistir à abertura da Copa. Ele tomará posse na FMF na segunda-feira. O novo dirigente está contratando Paulo Bracks, auditor do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, para sua equipe de trabalho. O escolhido, que é mineiro, se desliga hoje do STJD. O próximo passo será reduzir a dívida fiscal, da qual quase R$ 25 milhões parecem ter prescrevido. Ele pretende manter algumas pessoas em seus cargos, entre elas a assessora de imprensa, Nina Abreu, e o tesoureiro, e interventor, Cristiano Aguiar de Pinho, mas quer diminuir o quadro da entidade. Castellar também procura um andar para instalar a sede da Federação.


PRÊMIO E LIMPEZA
A CBF levou todos os diretores, com as mulheres, para a abertura da Copa. Uma espécie de prêmio aos “fiéis” colaboradores da gestão Ricardo Teixeira mantidos no cargo. Logo depois da competição, o presidente eleito, Marco Polo del Nero, pretende fazer uma limpeza na casa, preenchendo cargos com gente de sua confiança. Ele só assumirá em abril de 2015, mas ganhou carta branca de Marin. A diretoria de finanças, ocupada antes por Antônio Ozório, é tocada desde o ano passado pelo próprio Del Nero, que anda enxugando contas e fiscalizando até compra de sabonetes.